domingo, 15 de novembro de 2015

A PRATICA DA FEITIÇARIA COMO ELEMENTO FOMENTADOR DA INTOLERÂNCIA RELIGIOSA

Luiz L. Marins

15/11/2015



Sei que gera polêmica, mas é preciso falar sobre o assunto. A intolerância religiosa não pode e não deve ser embasada apenas no fundamentalismo e no fanatismo evangélico. Eles existem, sabemos, mas não são os únicos motivos da intolerância religiosa contra as religiões afro-brasileiras.

A maioria das religiões afro-brasileiras visam a prática do bem. Os sacrifícios, quando necessários tem um objetivo de promover a cura, a prosperidade, a proteção espiritual, restabelecer a paz, promover a união, como também o louvor aos Orixás. Esta é a finalidade da maioria das religiões afro-brasileiras, mas nem todas. 

Há outra prática que vem sendo ignorada por aqueles que lutam contra a intolerância religiosa. É um segmento menor, praticado por uma minoria, com finalidades menores ainda, mas que existe e precisa ser sociologicamente debatido: a prática da feitiçaria dentro das religiões afro-brasileiras. 

Basta uma rápida pesquisa no YouTube para mostrar que elas existem:

Neste outro vídeo que selecionamos, arquivado na Biblioteca Orixás, o feiticeiro explica: https://drive.google.com/file/d/0B0QWMww0gZVYNXFNWFVtZjVBYTQ/view?pli=1  

Não julgaremos os vídeos. O leitor terá discernimento suficiente para fazê-lo. 

Os projetos de lei apresentados pelos evangélicos para a proibição dos sacrifícios em rituais religiosos tem a finalidade de combater a prática da feitiçaria, muito mais do que fundamentar sua própria religião. Esta prática causa uma revolta social. 

A única forma que a sociedade civil, evangélica ou não, tem para defender-se dela, é por vias legais, criando leis. A sociedade de uma forma geral não pode se curvar ante um segmento menor que pratica feitiçaria, ainda que se alegue inconstitucionalidades. Cabe aos líderes afro-religiosos esclarecerem a opinião pública e lutarem contra tal prática. 

 Assim, sugiro que incluam este tema nos fóruns que de forma isenta, pretendem debater a intolerância religiosa.



domingo, 1 de novembro de 2015

Homenagem a Waldemar Antonio dos Santos, patrono e fundador da tradição Kànbína do Batuque do R.S.

Por Erick Òòsàálá
02/11/2015

Revisado e aumentado em 14/09/2021


Imagem 1 - créditos ignorados; à saber









QUEM FOI WALDEMAR
Waldemar é o patrono e fundador da Raiz religiosa Kànbína (Cambina ou Cambini como tradicionalmente era chamado antigamente, e que atualmente é chamada de Cabinda). Teria nascido em 04 de agosto de 1883, em solo brasileiro, morrendo em 15 de setembro de 1935. Sabemos que Waldemar, era filho de Pedro dos Santos e Maximiliana dos Santos, e faleceu dia 15 de setembro, aos 52 anos, por complicações do coma, causado pela diabetes. Deixando a viúva Ottilia Tavares dos Santos e os filhos Antonio (21 anos), Manoel (16 anos) e Nair com (6 anos).

Filho de escravos, ele nasceu livre, pois a lei nº 2.040, lei do ventre livre, de 28 de setembro de 1871, que liberou as crianças nascidas de pais escravos, e, mais tarde quando ele estava com cinco anos, veio a Lei Áurea, Lei Imperial nº 3.353, sancionada em 13 de maio de 1888, extinguindo a escravidão.

Waldemar deu início a uma tradição, que pode perpetuar os costumes Ioruba no Rio Grande do Sul, alinhada e estruturada com conceitos que encontramos até hoje na tradição Ioruba. Sendo filho de Sàngó Agodo, Waldemar uniu fundamentos das atuais tradições por meados de 1930, dando início a Kànbína que atualmente agrega descendentes religiosos em todo o Brasil e outros países da América do Sul. (fonte: 
KANBINA: ORIGENS IORUBÁ E CONTINUIDADE NO BATUQUE DO RS, Edição do autor, Ano 2019)

EÉGÚN
Imagem 2 - créditos ignorados; à saber

Ao lembramos dos mortos, e recordamos daqueles que conviveram conosco, ou nos deram a origem. Damos o nome de Eégún (osso, referindo-se aos mortos) para aqueles que morreram e pertenciam a família carnal ou religiosa.

Nos rituais Afro-religiosos, importante lembrar daqueles que se foram, que partiram para o Òrun (Mundo espiritual), e na tradição Kànbína do Batuque do R.S., homenagearmos o seu fundador Waldemar Antônio dos Santos, ao qual cultuamos a sua memória (iránti) no Ibókú (Ilé-ìbó-akú = casa de Adoração aos mortos).

Sabemos que a função de um Eégún (falecido) é proteger e orientar a Ebí (família) religiosa, e deve ser consultado sempre que necessário.

ÒRÌSÀ NÃO VIRA EÉGÚN
Determinados òrìsà possuem uma estreita ligação com Eégún no entanto jamais poderemos confundir òrìsà com Eégún, por que òrìsà não se torna Eégún. Para isso haveria necessidade do òrìsà estar encarnado e depois morrer, por isso, òrìsà não tem fundamento òrìsà ser cultuado no Ibókú ou Igbalè.


SÀNGÓ KAMUKA
Por muitos anos na Diáspora Ioruba Brasileira entendeu-se que Sàngó temia Eégún. No entanto no Batuque do RS. principalmente na tradição Kánbína, jamais Sàngó temeu Eégún.

A tradição Kànbína possui um Ojúbo chamado Sàngó Kamuka, que protege a comunidade contra Ikú (morte) e os inimigos, Kamuka também é responsável pelos rituais à Eégún, o que chegou até a criar um grande equivoco, a ponto de chamar de Sàngó de cemitério ou pensar que Sàngó Kamuka seria um Eégún, sem que seja verdade, ou que este òrìsà seja um Eégún.

As famílias que ainda mantem o culto deste Sàngó vivo possuem uma segurança feita no meio do salão, e ou, o seu próprio Igba-òrìsà, que fica na frente do templo, ao lado do Ilé Olóòde (Ojúbo òrìsà Èsù, que fica no pátio dos templos).

Vale lembrar que outras tradições do Batuque, possuem uma divindade muito semelhante, conhecido como o Sàngó do povo, que alguns o colocam no meio do salão como segurança enterrado, idêntico ao Kamuka da Kanbina, e ou, ele fica sento na frente do templo semelhante ao Kamuka.


Notem que na diáspora a comida preferida de Sàngó é o Quiabo. No entanto as tradições (Kànbína, Jeje, Ijesa e Òyó) do Batuque do R.S., preparam o Amalá de guisado de carne de peito de gado ou carneiro com folha de mostarda, acompanhado com pirão. Muito semelhante ao feito em Oyo, na Nigéria
Imagem 3: Créditos no final do texto

Oríkì Kamuka, tradição oral do templo Ilê Axé Nagô Kóbi.
1. Xangô Camuca 
2. Cabiesilê!
3. Alanã tooro can ayê Alanã tooro corun,
4. Bi Xangô Camuca uô Ilê Caô Cabiesilê, emo ló
5. O uô egun
6. Camuca unbe nilê ua o

1. Saúdo Xangô Camuca
2. Sua majestade!
3. Que cria caminho da terra para o céu
4. Se Xangô Camuca entrar na casa, o perigo vai embora
5. Ele cuida dos ancestrais
6. Camuca está na nossa casa

Sugestão de leitura
Kamuka na Nigéria 
Por Erick Wolff8

RESUMO

Este texto tem por finalidade revelar as recentes informações sobre o tema Kamuka nas atuais terras Nigerianas. O trabalho apresenta o CEP da região Kamuka, informações sobre a etnia Kamuka, além de registros de famílias e, até mesmo o parque nacional Kamuka, devidamente localizado em terras Nigerianas. 

https://iledeobokum.blogspot.com/2020/10/kamuka-na-nigeria.html


Bibliografia

Wolff, Erick, KANBINA: ORIGENS IORUBÁ E CONTINUIDADE NO BATUQUE DO RS, Edição do autor, Ano 2019.
https://iledeobokum.blogspot.com/2019/12/kanbina-origens-ioruba-e-continuidade.html 

AMALÁ DE XANGÔ EM OYO, Revisado e aumentado em 03/12/2020
https://iledeobokum.blogspot.com/2020/12/amala-de-xango-em-oyo.html 

Créditos das imagens 1 e 2 ignorada; à saber

TIKTOK ERICK WOLFF