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quinta-feira, 7 de julho de 2022

OBÀTÁLÁ CRIA O SER HUMANO

Por Erick Wolff de Oxalá

Postado em 07/07/2022



Este ensaio tem por finalidade demonstrar que Obàtálá, cria o ser humano sozinho, enquanto ele cria as árvores, e, que também planta todas as sementes do mundo.  


O livro Obàtálá e a criação do mundo Ioruba, do Luiz Marins, coleta e reúne versos que até então estavam fragmentados. Neste texto coletamos somente os versos que envolvem a criação do homem, a seguir: 


 [...]

165. Ele procurou uma lagoa

166. Ele viu sua imagem refletida na água

167. E sua própria imagem que o inspirou

168. Obàtálá começou a criar os corpos

169. Ele escolheu vários tipos de amó (barro)

170. De todos os tipos, de várias cores.

171. É por isso que ele é chamado de Alámòrere (Dono do barro bom)

172. Ele começou a modelar ara (corpo)

173. Ele fez okùrin (corpo do homem)

174. Ele fez obinrin (corpo da mulher)

175. Ele fez orí (cabeça)

176. Ele fez apá (braços)

177. Ele fez esè (pernas)

178. Ele juntava tudo para formar um corpo

179. E colocava para secar embaixo do òòrùn (sol)

180. Òòrùn ìmólè (Luz do Sol)

181. Era isso que secava os corpos

182. Depois que os corpos secavam,

183. Ele os colocava num lugar escuro e fechado

184. Para cada ser humano que ele criava

185. Ele criava também uma árvore

186. Ele trabalhou, trabalhou, trabalhou

187. Até que ele ficou cansado

188. As sementes que ele plantou já haviam nascido

189. Todas as árvores já haviam crescido

190. As palmeiras já haviam crescido

[...] (pg. 32 a 33)


Considerações

Notamos que no òrun (mundo espiritual) não existe a participação de nenhuma outra divindade enquanto Obàtálá cria o ser humano. Observamos que Obàtálá cria os homens e mulheres completos com todos os membros, inclusive os diferenciando sexualmente.  


Referencia
MARINS, Luiz L. 
Obàtálá E A Criação Do Mundo Ioruba, 4 edição, Edição do Autor, São Paulo, 2021.
Link - 
https://luizlmarins.files.wordpress.com/2022/05/obatala-e-a-criacao-do-mundo-ioruba-quarta-edicao-gratuito2.pdf  

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Considerações sobre o ritual Afro-Gaúcho e o conceito do Bọrí

Observando a riqueza dos rituais Afro-Gaúchos, no Batuque e suas vertentes, eu percebi que muitas das comidas ofertadas para as divindades cultuadas por este povo sempre são acompanhadas de guloseimas e algumas vezes frutas. Sabemos que a fruta é um elemento muito comum em várias nações, já os docinhos como quindim, cocada, brigadeiros, pudim, sagu e etc... Estes são muito comuns nos rituais pertinentes ao culto ao Orí. [a imagem ao lado ilustra uma Orí]



Pesquisando intensamente os fundamentos dos Batuqueiros eu entendi que, o que ocorreu foi uma aglutinação de conceitos, onde a Orí e o Òrìṣà estão partilhando do mesmo ritual, mesmo contendo os itens necessários para a fundamentalização na hora de dar a comida a Orí, este povo deixou para trás em algum lugar do passado as rezas e saudações para a Orí.



Os elementos estão presentes para o conceito e noção de pessoa segundo o ritual da Orí, como o Igbá-Orí, búzios, moeda, uma mecha de cabelo do iniciado, mel, dendê, banha de Orí, entre outros elementos que fazem parte do Bọrí, mas tudo isso sem as tradicionais rezas de saudação declarando a Orí como o primeiro Òrìṣà a ser cultuado. 
[a imagem ao lado ilustra um dos formato do Igbá-Orí  usado no culto]  



Foi aí que comecei a perceber que numa mesa de Bọrí sempre continham os docinhos e guloseimas que fariam parte de toda a obrigação, porem, uma comida de uma determinada divindade poderia ser ofertada sem os docinhos, contudo não existem registros de docinhos arriados sem as comidas. Não é possível afirmar com certeza que os docinhos foram distribuídos para cada Òrìṣà na intenção de agradar a Orí daquela pessoa através da divindade ao qual foi iniciado. Mas é muito claro e conciso que os rituais foram assimilados para aglutinar os fundamentos do Bọrí e da feitura.



Eu cheguei a ver durante os rituais do Bọrí e ou iniciação para o Òrìṣà na cultura Afro-Gaúcha, o sacerdote dar o Bọrí ao mesmo tempo em que iniciava o Ẹlẹ́gùn a determinado Òrìṣà, muito diferente de outras nações que separam os rituais, com o conceito para fortalecer a Orí antes do Ìyáwó fazer seu santo.



Para esclarecer o meu pensamento, observem que algumas famílias do Batuque dão o Bọrí e a feitura ao mesmo tempo sem separar as aves do Bọrí com as aves do Òrìṣà, muitas vezes na mesma bacia descansam o Bọrí e o Òrìṣà. Enquanto algumas nações aboliram o Igba-Orí, o Batuque manteve o recipiente, mas sem o conceito e noção de pessoa, diferente das outras nações que exaltam a Orí em seus rituais e buscam o conceito e na noção de pessoa.



O Bọrí de Òrìṣà é considerado como uma feitura ou um Bọrí para o Òrìṣà e não para o Ẹlẹ́gùn nesta cultura? Este mesmo Bọrí é feito com a mesma reza dedicada ao Òrìṣà iniciado, eu posso considerar que exista uma ligação com a Orí e o Òrìṣà, porem o Bọrí não deveria ser executado com a reza do Òrìṣà daquele iniciado e sim com a reza da Orí.



Eu acredito que o Bọrí deva ser separado da iniciação para o Òrìṣà, pois são energias diferentes apesar do fundamento equivalente. E a grande dificuldade do Batuque contemporâneo é resgatar as rezas e saudações antigas desta cultura que ficaram para trás. Quem sabe daqui alguns anos após a febre da africanização possam ver o resgate do conceito, rezas, saudações e fundamentos do culto ao Orí na riquíssima Cultura Afro-Gaúcha.
[Ilé-Orí,-Yorùbá,-Nigeri]

Por Erick Wolff8

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