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segunda-feira, 1 de maio de 2023

ORIXÁS DO MEL, NO DENDÊ!!! (BATUQUE)

Esta postagem foi elaborada em 26/04/2026, para os seguidores do Batuque do RS, pudessem amigavelmente falar sobre os costumes do Batuque e suas tradições. 

O intuito foi estudar o novo costume de temperar com azeite de Dendê orixás que no Batuque são tratados com o mel.


A seguir:



Recentemente algumas pessoas tem publicado que Oxalá Oromilaia, Oxum Oloba e Oxum Jimu, estão sendo tratados no dendê.

Abro espaço para comentarem seus pensamentos ou experiencias, não há necessidade de citar famílias ou pessoas.

As respostas a seguir:



Erick Wolff
William Saupe agradeço a contribuição, mas devemos lembrar que Osaguian é cultuado no candomblé.
Talvez o novo segmento do Batuque o Batuble possa estar cultuando Osaguian pelo aculturamento, no entanto, Osala Obokun não tem ligação com está divindade.

Luiz Cláudio Soares
Erick Wolff vdd

Bàbá Ifaburè Dirojaye
Nosotros entendemos que el único Òrìṣà que tiene prohibido el dendê es Òṣànlá y por consecuencia, todo el agrupamiento de Òrìṣà que encierra esa denominación. El resto, no tendría a nuestro criterio, problema con el dendê.


Adilson Piedras Junior
No batuque, nas casas que já vivi e presenciei a presença dos orisas, sempre notei que em diversos rituais,que se era condicionada a proximidade de comidas e elementos de Osun e Yemanjá a Osala.
Isso já é um motivo suficiente para não utilizar o dendê que é rejeitado por esta divindade.
Outro ponto é que Orunmilá é confundido com Osala Oromilaia...
De fato não são a mesma divindade!

Diego da Rosa
Sei que colocam um pouco de dendê, um pouco Oi, nos orixás obokun, miwa e panda , poisé ser colocado, oxuns novas não vejo tanto receio e são antigos na religião que falam. Ao eu

Chico Neto
Pergunta:
Se colocar epô ( dendê) nos orixás de praia, como despacha junto com os de Mel depois??

Eduardo Borges
Peço licença para um simples comentário...
Em primeiro lugar se faz necessário interpretar o conteúdo da postagem do irmão Erick Wolff que fala sobre o TRATO de tais divindades... diferente de se falar em "ebós" as mesmas!
No batuque RS Oxum, Iemanja e Oxalá não são tratados no epô por vários motivos, no meu ponto de vista, o principal foi o resumo de informações passada aos adeptos ao longo dos anos o que prejudicou o entendimento do que se trata como "tradição", "feitura", "lado" e na minha visão um ponto extremamente relevante, a HISTÓRIA! Negar a história como vejo muitos fazendo em nome de uma tradição RECENTE como o batuque x o culto a orixá é um tremendo desserviço a sabedoria milenar em orixá! Axé 🙏🏻
 
Erick Wolff
Saudações Iya Peggie Abike, por gentileza, só mais uma pergunta, quando menciona a ifa,,se refere ao termo antigo do jogo de búzios do batuque ou a ifa-orunmila ?

Erick Wolff
Jairo D'Adjolá por gentileza meu irmão, neste debate, saberia informar se onde a oxum Oloba ia dendê, na hora da levantação ela ia junto com os de dendê?

Jairo D'Adjolá
Erick Wolff não foi comentado na epoca

Erick Wolff
Saudações Thiago Oliveira, na sua família, Oromilaia seria uma qualidade de qual orixá?

Thiago Oliveira
Erick Wolff oxalá

Erick Wolff
Por gentileza Jeferson Cordova, a sua fala não ficou clara, pois informa que:
"Nos orixas sempre mel nunca epô,"
Entretanto, na mesma fala afirma que:
"mas existe algumas situações q quando se faz uma oferenda para oxum q vai um pouquinho de epô."

Jeferson Cordova
Erick Wolff quis falar q nos acentamentos de oxum, yemanja e oxalá vai mel sempre. E em algumas situações em oferendas ou trabalhos usa-se dendê em pouca quantidade 
 
Erick Wolff
Por Gentileza, querido irmão Diego da Rosa, se puder responder alguns pontos para estudo e pesquisa:
No caso do "orixás obokun", quem coloca dendê o cultua como Osala?
E miwa seria um nome de um orixá ou seria uma qualidade de orixá?
Ainda a tempo, estes orixás do mel com dendê são despachados entre os de dendê?

Diego da Rosa
Erick Wolff perdões minha tela está quebrada , baba Erick, conheço quem coloque um pouco de dendê e mel para Obokun tanto na frente quanto a deixar em "axeeo" assim o mesmo para Oxum Panda e /Miwa, dito assim pois sei de casos em familia que orsticam isso umas não dividem a miwa como qualidade

William Saupe
Erick Wolff não sei se é pertinente ao assunto mas comparam muito "Obokun" com "osalaguian" e esse é tratado com dendê no culto tradicional mesmo sendo um orixa funfun

Diego da Rosa
Axero praticam corrigindo os erros

Erick Wolff
Me perdoe, não me fiz claro Diego da Rosa, me referia a levantação, este orixá de mel tratado também com dendê, ele vai junto com os de dendê na bacia?

Diego da Rosa
Até onde eu saiba mel

Erick Wolff
Ainda a tempo Iyá Pati Iemanjá, por gentileza, tratam Oxalá Oromilaia no dende ou no mel?
E se possível me retire uma dúvida, na sua família, não usam okuta, mas sentam este orixá na vasilha e também entregam cabeça?

Iyá Pati Iemanjá
Erick Wolff sou Jeje Nagô de Bobokesha - não sentamos Oromilaia, e não fazemos filho de cabeça. Nossa feitura é específica para uma obrigação feita para ter o axé de Ifá, feita no mel e não damos ocutá
Maiores detalhes irmão Erick Wolff meu whats 51.98955-0156

Thiago Oliveira
Minha família Oyo/jeje usa epo para oromilaia

Ruan Carlos Lima Munhoz
Erick Wolff Para a minha ẹbí , Òşùn, Yèmojá e Òşàálá, são todos no mel.
Observação: Independente de classe e qualidade.

Jairo D'Adjolá
Participei de um debate aqui n face em que um irmão dizia tratar Oxum Oloba com dende

Andrew Monteiro
Na tradição que sigo, não há prática de vincular dendê à Oxum Demum e Oxalá Oromilaia.

Òmò Òrìsà Léo Agandjú Ïomí
Ijimum/Demum não me causa estranheza, aprendi sobre dendê pra esta qualidade de Oxum.
Mas pra Orunmilá/Oromilaia no batuque acho diferente, sendo que é aglutinado à Oxalá.
Mas deve ter famílias que praticam.

Chico Neto
Diego da Rosa mas como mistura os Orixás de mel junto com os Orixás de mel que também vai dendê, de certa forma os que são tratados somente com mel, vai acabar com dendê também..
Poderia descrever mais sobre esse assunto?
 
Erick Wolff
Obrigado Diego da Rosa, pela atenção.

Luiz Cláudio Soares
E no caso de um toque onde se faz duas balanças, povo de epô e do mel , onde ficaria o pessoal se Orumilaia neste caso, na primeira ou segunda balança? 
 
Erick Wolff
Saudações irmão Eduardo Borges, referente a sua fala, é justamente o intuito das minhas postagens, distante de levantar qualquer critica ou costume da casa de alguém ou família religiosa, desejamos registrar o que é comum entre todas, ou de cada família, para mapearmos a origem de novos costumes e tradições.
Desta forma os mais novos terão oportunidade de entender os novos segmentos do Batuque.
"Negar a história como vejo muitos fazendo em nome de uma tradição RECENTE como o batuque x o culto a orixá é um tremendo desserviço a sabedoria milenar em orixá!"
 
Erick Wolff
Bom dia irmão Jeferson Cordova, neste caso, o orixá de mel, que está sendo tratado com o dendê, ele ficaria entre os orixás de dendê?

Luiz Cláudio Soares
Segundo relatos de pessoas mais velhas da tradição OYO, oromilaia não possuía okuta.
Pelo que observei o dendê neste oxalá pode ser recente. (Iemanjá nunca vi dendê , Oxum Jimun já vi)

Iyá Pati Iemanjá
Luiz Cláudio Soares sou Jeje Nagô de Bobokesha e não usamos ocuta para Orunmilá.

Luiz Cláudio Soares
Ricardo Regis mas nesse caso teriam que começar tirando o sincretismo, que ao menos teria alguma justificativa, do que apenas incluir um elemento. ( precisaria ter uma fundamentação para incluir)

Ricardo Regis
A questão é que estão misturando tradição Yorùbá que quase todos orixas usam dendê com a tradição do batuque em que oxum / yemanja é oxala usam mel

Bàbá Ifaburè Dirojaye
Ricardo Regis , que usted no haya visto en batuke tal o cual cosa, en todo caso solo demuestra que usted no lo vio, y no que sea una mixtura. Òrìṣà es Òrìṣà, aquí y en África. Lo que le gusta allá, le gusta acá. Que haya elementos que por alguna razón … Ver mais
 
Erick Wolff
Saudações Iyá Pati Iemanjá, meus respeitos.
Pelo que entendi o Luiz Cláudio Soares informa que não possuía, pelo que parece passaram a usar okuta, para sentar oxalá Oromilaia.


Erick Wolff
Para contribuir com as divindades que possuímos registros que eram cultuadas nos anos 80.
Oxalás cultuados no Batuque
Oxala Obokun, Oxala Olokun, Oxala Dakun, Oxala Jobokun e oxala Oromilaia.
Oxum cultuadas no Batuque
Oxum Epanda, Oxum Jimu, Oxum Oloba , Epanda Ibeji e Oxum Doko.


A Afrobras em 30/04/2023, faz um anuncio público sobre as tradições da Religião Batuque do R.S.

Em nota, fala sobre a divindade Osaguian, veremos a seguir:

Afrobras - Federação das Religiões Afro-Brasileiras 

"NOTA AFROBRAS:
A Federação das Religiões Afro Brasileiras - AFROBRAS vem esclarecer aos seus filiados que a divindade Orixá "Osaguian" NÃO É CULTUADO NO BATUQUE AFRO GAÚCHO.
Nossa Federação NÃO RECOMENDA feituras de Orí para esta divindade, visto que não pertence ao culto batuqueiro. mas, sim ao Candomblé e a outras vertentes afro brasileiras.
Não compactuamos com o pensamento de uma tradição mista, cada herança ancestral, na diáspora, possui suas características e fundamentações que respeitamos de forma natural.
O Batuque RS possui sua estrutura litúrgica e fundamental, pertence à todos os seus prosélitos e rende satisfações a nossa ancestralidade, NENHUM SACERDOTE tem a autoridade para transformar o Batuque em "Batucamblé".
Lembramos que o Orixá "Obookun" não tem relação sincrética com "Osaguian".
Estamos a disposição para outros esclarecimentos aos nossos associados.
Muito Axé !"


Imagem comprobatória: 


Link https://www.facebook.com/photo?fbid=642703677900173&set=a.579643120872896


Imagens comprobatórias:









Outros artigos que possam contribuir para o estudo:

sábado, 10 de setembro de 2011

Tradição ou fundamento

A formação religiosa da tradicional comunidade Afro-Brasileira discute muito sobre o que pode ou não ser feito em determinadas horas e ou como deve ser feito.

Acredita-se que aqui no Brasil algumas divindades gostam de ser tratadas com dendê ou com mel, até mesmo em determinados casos o uso da banha vegetal é mais apropriada, pois se acredita que algumas divindades dão preferência a tal elemento ao invés do mel e ou do dendê.

No entanto vemos o caso de Yemonjá, que somente aqui no Brasil ela é cultuada no mar, como a rainha das águas salgadas, mas para quem já teve acesso aos Itan africanos, pode constatar que o verdadeiro dono do mar é Olokun, o senhor dos mares, então de onde tiraram que Yemonjá é a rainha dos mares? Bom eu não sei de onde tiraram, mas com certeza não veio da África este conceito...  Este equivoco deve ter ocorrido em determinado momento entre o sincretismo da igreja e ou da Umbanda que por sua vez pode cultuar Iemanjá no mar, afinal a umbanda possui um credo e fundamento diferente da matriz africana e deve ser respeitado.

Usando Yemonjá ainda como fonte, podemos notar que na África ela é tratada com dendê, ou melhor, a maioria das divindades adora dendê, com exceção da intervenção de Oxalá, que é proibido de receber qualquer oferenda com este óleo. Agora fica pergunta é costume dos brasileiros tratarem Yemonjá apenas com mel ou azeite doce, e ou, será algum fundamento particular? Qual a origem e ou a fonte que determinou que Yemonjá não devesse receber nada com dendê?

E não muito distante o povo Afrosul, costuma não despachar o Bará quando o tempo está chuvoso, mas por quê? Se a base do Ekomi (preparado à base de agua, farinha e dendê) é a agua? Além do que, sempre que vão despachar o Bará sai o Ekomi, a comida do Bará e a quartinha, que ao despachar ambos, a quartinha é descarregada ali em cima, mas neste caso não está molhando o chão?

Da mesma forma que fica a pergunta, quando o dia está chuvoso não se joga? Afinal o orixá não fica preso no quarto de santo, logo devemos pensar que ele não percorreria qualquer espaço entre o local ao qual ele está até o quarto de santo em dia chuvosos, sendo que ainda não inventaram o tele transporte africano... Conceitos e pensamentos contraditórios...

Por outro lado vemos que a maioria dos sacerdotes não costuma fazer seus despacho em pleno dia, mas por quê? Será que o sol teria algum efeito danoso ao ebó? Ou alguma divindade de desintegraria ao ver o sol? São tantas perguntas que prefiro acreditar que é apenas costume e não fundamento!

Sendo que eu despacho ebó, preparo osé (trato e manutenção dos assentamentos dos orixás) a qualquer hora  do dia, pois meus orixás não temem o Sol, Chuva, Lua cheia e ou qualquer elemento da  natureza, sendo que a maioria deles interagem com os próprios elementos da natureza, como Xangô que é o senhor do fogo e não teme o sol.

Conceitos e fundamentos misturados que geram um ritual errado na atual sociedade religiosa, que deve ser eliminado, quem sabe os religiosos possam estudar mais e acompanhar a evolução natural do mundo e perceber que muitos conceitos estão equivocados...

Espero realmente que possamos conviver harmoniosamente e prosperar, afinal as nações afro-brasileiras são lindas e devem ser respeitadas.

Abraços à todos.

domingo, 15 de junho de 2008

Bara

Revisado e aumentado em 18/ setembro
 
Divindade muito popular na cultura no Batuque do RS, talvez por carregar várias características pertencentes aos homens, Bara se apresenta como o Òrìṣà mais humano de todos os deuses africanos, o mais marcante, que responde sempre da mesma forma de como e tratado, se ganha o que lhe pertence, encontraremos um Òrìṣà prestativo e presente, segurando todas nossas futuras necessidades, caso contrário devemos nos preparar, sem exagero, para alguma coisa desagradável.

O povo do Batuque o considera dono das chaves, dos portais, encruzilhadas e caminhos. Deve sempre ter suas saudações, obrigações e cortes, este último quando necessário são feitos em primeiro lugar, assim nós humanos garantimos a segurança do nosso ritual, assim como no ritual e o Òrìṣà responsável pela boa abertura dos trabalhos, está para nossos negócios e vida, destrancando caminhos e abrindo portas, ou até trancando e fechando, dependendo de nossos merecimentos e cumprimento de tarefas.

É costume entre a nossa família sentar um Bara para cada Ẹlẹ́gùn (iniciado), formando assim o primeiro do seu Irúnmọlẹ (divindades que faz parte das obrigações do templo).

Alguns Oriṣás que pesquisamos:

Bara Elegbára ou legba = Senhor da força.
Bara Lanã ou Elẹbọ = Senhor das oferendas e caminhos.
Bara Abanadá ou Elẹrú = Senhor do ẹrú (carrego) - aquele que leva o carrego.
Bara Olọ̀be = Proprietário e senhor da faca.
Bara Odara = aquele que guia (mostra o caminho, vai na frente) que trás boa sorte.
Bara Ijelú ou Ajelú = O senhor de Ijelú.
Bara Olóde ou Lóde = Aquele que fica fora no relento, ou a frente, o Ojúbọ muito importante encontrado nos templos Nàgó’Kọbi e Batuque Afrosul.
Bara Adaque = Aquele que cuida dos caminhos.
Bara Toki = Aquele que carrega coisas pequenas, miniaturas, dono dos fetiches.


Saudação: Alúpo ou Láàlú-po - Láàlú (o famoso da cidade, ou, o rico da cidade) uma saudação feita para Èṣù e àngó, po (completamente).


Dia da Semana: Segunda-feira (quando descarrega o Asé do Ẹ̀kọmi e algumas seguranças da Ilé)


Número: 07 e seus múltiplos


Cor: Vermelho


Ilẹkẹ̀: Corrente de aço (para o Lóde), 7 vermelho escuro e 1 preta (legba), vermelha para qualquer um deles.


Oferenda: Pipoca (a pipoca pode ser oferecida para quase todas as divindades, simboliza clareza, fartura), milho torrado (saúde e dinheiro), 07 batatas inglesas assadas (representa a esperteza de Èṣù,  reza um Itan que ele enterrou 7 raízes assadas para enganar ao rei, que mais fez brotar) tudo temperado com Epo Pupa (azeite de dendê)


Ferramentas: Corrente, chave, foice, tridente, moeda, Ọ́g (um cedro com formato fálico), búzios, entre outros.


Ave: Galo Vermelho


Quatro pé: Cabrito branco osco ou marrom


Mo ju iba, Èṣù Oba Baba awon Èṣù! Iba se, o!
Saudações, Eshu Senhor e Pai de todos os Èṣù!
Que esta homenagem se cumpra !

O - A máa s'ère ó níba  Èṣù abánà dá, a máa s'ère ó níba  Èṣù abánà dá
R - A máa s'erè ó níbà  Èṣù abánà dá, a máa s'erè ó níbà  Èṣù abánà dá

Bara
Bara é um Òrìà africano, também conhecido como: Exu, Èṣù, Eshu, Bará, Ibarabo, Legbá, Elegbara, Eleggua, Akésan, Igèlù, Yangí, Ònan, Lállú, Tiriri, Ijèlú. Algumas cidades onde se cultua o Bara são: Ondo, Ilesa, Ijebu, Abeokuta, Ekiti, Lagos

Èṣù é o Òrìṣà da comunicação. É o guardião das aldeias, cidades, casas e do àṣe, das coisas que são feitas e do comportamento humano.

Ele é quem deve receber as oferendas em primeiro lugar a fim de assegurar que tudo corra bem e de garantir que sua função de mensageiro entre o Ọ̀run e Àiyé, mundo material e espiritual, seja plenamente realizada.




Lendas

Èṣù vinga-se e exige o privilégio das primeiras homenagens
Èṣù era o irmão mais novo de Ògún, Odé e outros Òrìṣà.

Era tão turbulento criava tanta confusão que um dia o rei já não suportando sua malfazeja índole, resolveu castigá-lo com severidade. Para impedir que fosse aprisionado, os irmãos o aconselharam a deixar o país. Mas enquanto Èṣù estava no exílio, os seus irmãos continuavam a receber festa e louvações. Èṣù não era mais lembrado, ninguém tinha notícias de seu paradeiro. Então, usando mil disfarces, Èṣù visitava seu país, rondando, nos dias de festa, as portas dos velhos santuários.

Mas ninguém o reconhecia assim disfarçado e nenhum alimento lhe era ofertado. Vingou-se ele, semeando sobre o reino toda a sorte de desassossego, desgraça e confusão.

Assim o rei decidiu proibir todas as atividades religiosas, até que descobrissem as causas desses males. Então os Babalòrìṣàs reuniram-se em comitiva e foram consultar um babalaô que residia nas portas da cidade. O babalaô jogou os búzios e Èṣù foi quem falou no jogo. Disse nos Odù que tinha sido esquecido por todos. Que exigia receber sacrifícios antes do demais e que fossem para ele os primeiros cânticos cerimoniais. O babalaô jogou os búzios e disse que oferecessem um bode e sete galos a Èṣù.

Os Babalòrìṣàs caçoaram do Babalaô, não deram a menor importância às suas recomendações e ficaram por ali sentados, cantando e rindo dele. Quando quiseram levantar-se para ir embora, estavam grudados nas cadeiras. Sim era mais uma das ofensas de Èṣù!

O Babalaô então pôs a mão no ombro de cada um e todos puderam levantar-se livremente. Disse a eles que fizessem como fazia ele próprio: que o primeiro sacrifício fosse para acalmar Èṣù. Assim convencidos, foi o que fizeram os pais e mães-de-santo, naquele dia e sempre desde então.
(Mitologia dos Orixás, p. 82)


Èṣù atrapalha-se com as palavras
No começo dos tempos estava tudo em formação, lentamente os modos de vida na Terra forma sendo organizados, mas havia muito a ser feito.

Toda vez que Orumiláia vinha do Orum para ver as coisas do Àiyé, era interrogado pelos Òrìṣà, humanos e animais, ainda não fora determinado qual o lugar para cada criatura e Orumiláia ocupou-se dessa tarefa.

Èṣù propôs que todos os problemas fossem resolvidos ordenadamente, ele sugeriu a Orumiláia que a todo Òrìṣà, humano e criatura da floresta fosse apresentada uma questão simples para a qual eles deveriam dar resposta direta, a natureza da resposta individual de cada um determinaria seu destino e seu modo de viver, Orumiláia aceitou a sugestão de Èṣù.

E assim, de acordo com as respostas que as criaturas davam, elas recebiam um modo de vida de Orumiláia, uma missão, enquanto isso acontecia, Èṣù, travesso que era, pensava em como poderia confundir Orumiláia.

Orumiláia perguntou a um homem: "Escolhes viver dentro ou fora?". "Dentro", o homem respondeu, e Orumiláia decretou que doravante todos os humanos viveriam em casas.

De repente, Orumiláia se dirigiu a Èṣù: "E tu, Èṣù? Dentro ou fora?". Èṣù levou um susto ao ser chamado repentinamente, ocupado que estava em pensar sobre como passar a perna em Orumiláia, e rápido respondeu: "Ora! Fora, é claro", mas logo se corrigiu: "Não, pelo contrário, dentro", Orumiláia entendeu que Èṣù estava querendo criar confusão, falou, pois que agiria conforme a primeira resposta de Èṣù, disse: "Doravante vais viver fora e não dentro de casa".

E assim tem sido desde então, Èṣù vive a céu aberto, na passagem, ou na trilha, ou nos campos, diferentemente das imagens dos outros Òrìṣàs, que são mantidas dentro das casas e dos templos, toda vez que os humanos fazem uma imagem de Èṣù ela é mantida fora.
(Mitologia dos Orixás, p. 66)

Èṣù
instaura o conflito entre Yemonjá, Oyá e Ọ̀ṣún.

Um dia, foram juntas ao mercado Oyá e Ọ̀ṣún, esposas de Ṣàngó, e Yemonjá, esposa de Ògún.

Èṣù entrou no mercado conduzindo uma cabra.

Ele viu que tudo estava em paz e decidiu plantar uma discórdia.

Aproximou-se de Yemonjá, Oyá e Ọ̀ṣún e disse que tinha um compromisso importante com Orunmila.

Ele deixaria a cidade e pediu a elas que vendessem sua cabra por vinte búzios. Propôs que ficassem com a metade do lucro obtido.

Yemonjá, Oyá e Ọ̀ṣún concordaram e Èṣù partiu.

A cabra foi vendida por vinte búzios. Yemonjá, Oyá e Ọ̀ṣún puseram os dez búzios de Èṣù a parte e começaram a dividir os dez búzios que lhe cabiam. Iemanjá contou os búzios. Havia três búzios para cada uma delas, mas sobraria um. Não era possível dividir os dez em três partes iguais. Da mesma forma Oyá e Ọ̀ṣún tentaram e não conseguiram dividir os búzios por igual. Aí as três começaram a discutir sobre quem ficaria com a maior parte.

Iemanjá disse: “É costume que os mais velhos fiquem com a maior porção. Portanto, eu pegarei um búzio a mais”.

Ọ̀ṣún rejeitou a proposta de Yemonjá, afirmando que o costume era que os mais novos ficassem com a maior porção, que por isso lhe cabia.

Piá intercedeu, dizendo que, em caso de contenda semelhante, a maior parte caberia à do meio.

As três não conseguiam resolver a discussão. Então elas chamaram um homem do mercado para dividir os búzios eqüitativamente entre elas. Ele pegou os búzios e colocou em três montes iguais. E sugeriu que o décimo búzio fosse dado a mais velha. Mas Oyá e Ọ̀ṣún, que eram a segunda mais velha e a mais nova, rejeitaram o conselho. Elas se recusaram a dar a Iemanjá à maior parte.

Pediu a outra pessoa q eu dividisse eqüitativamente os búzios. Ele os contou, mas não pôde dividi-los por igual. Propôs que a parte maior fosse dada a mais nova. Yemonjá e Oyá.

Ainda outro homem foi solicitado a fazer a divisão. Ele contou os búzios, fez três montes de três e pôs o búzio a mais de lado. Ele afirmou que, neste caso, o búzio extra deveria ser dado àquela que não é nem a mais velha, nem a mais nova. O búzio devia ser dado a Oyá. Mas Iemanjá e Ọ̀ṣún rejeitaram seu conselho. Elas se recusaram a dar o búzio extra a Oyá.

Não havia meio de resolver a divisão.

Èṣù voltou ao mercado para ver como estava a discussão. Ele disse: “Onde está minha parte?”.

Elas deram a ele dez búzios e pediram para dividir os dez búzios delas de modo eqüitativo.

Èṣù deu três a Yemonjá, três a Oyá e três a Ọ̀ṣún. O décimo búzio ele segurou.
Colocou-o num buraco no chão e cobriu com terra.

Èṣù disse que o búzio extra era para os antepassados, conforme o costume que se seguia no Ọ̀run.

Toda vez que alguém recebe algo de bom, deve-se lembrar dos antepassados. Dá-se uma parte das colheitas, dos banquetes e dos sacrifícios aos Òrìṣàs, aos antepassados. Assim também com o dinheiro. Este é o jeito como é feito no Céu. Assim também na terra deve ser.

Quando qualquer coisa vem para alguém, deve-se dividi-la com os antepassados. “Lembrai que não deve haver disputa pelos búzios.”

Iemanjá, Oyá e Ọ̀ṣún reconheceram que Èṣù estava certo. E concordaram em aceitar três búzios cada.

Todos os que souberam do ocorrido no mercado de Òyó passaram a ser mais cuidadosos com relação aos antepassados, a eles destinando sempre uma parte importante do que ganham com os frutos do trabalho e com os presentes da fortuna.
(Mitologia dos Orixás, p. 70)


Bara aprende a trabalhar com Ogun 
Bara era um menino muito esperto, todo mundo tinha receio de suas artimanhas, ele enganava todo mundo, queria sempre tirar sua vantagem, sua mãe sempre o repreendia e o amarrava no portão da casa para ele não ir para a rua fazer traquinagem.

Bara ficava ali na porta esperando alguém se aproximar e então pedia seus favores, fazia suas artes e ali se divertia, só deixava passar quem lhe desse alguma coisa.

Sua mãe então chamou Ogun e disse a ele para ficar com Bara e dele tomar conta.

Ogun era responsável e trabalhador, Ogun Avagã sempre ficou morando com Bara, juntos eles moram na porta da casa e se dão bem.

Bara continuou menino danado, mas com Ogun aprender a trabalhar.

Agora ele ainda se diverte com todos, mas para todos faz o seu trabalho, todos procuram Bara para alguma coisa, todo mundo precisa dos favores de Bara.
(Mitologia dos Orixás, p. 54)

Legba carrega uma panela que se transforma em sua cabeça
Ifá andava triste e desolado, tendo se desentendido com o seu rei. Ele consulto o oráculo para saber o que fazer. Foi dito que fizesse uma oferenda com tudo quanto era fruto redondo.

Mas o ebó deveriam ser entregue por sua Mae, como a Mãe de Ifá morava longe, Ifá pagou a legba um galo e uns doces para ele ir busca-la. 

Exú chegou a casa da mãe de Ifá e disse que a levaria à casa de seu filho desde que ela lhe pagasse alguma coisa. Mas ela não tinha nada a oferecer a ele. Exu disse que queria o bode de doze chifres que tinha visto no quintal da casa dela. Ela disse que o bode não era dela, ela apenas o guardava. Legba insistiu. Legba tomou o bode e o matou. O sangue do bode jorrou e era puro fogo e o fogo tomou conta de Exu. 

Ele consultou o Babalaô e foi dito que fizesse uma oferenda com os órgãos internos do bode. Ele o fez e em seguida se pôs a cozinhas a cabeça. Mas a cabeça do bode não cozinhavam resolveu voltar à cidade de Ifá, levando a mulher. Usando um pano torcido, Legba fez uma rodilha para carregar a panela nos ombros e a panela grudou nele e se transformou em sua cabeça

Naquele tempo Exu ainda não tinha cabeça. Eles chegaram à casa de Ifá e a mãe narrou ao filho o ocorrido. Ifá lamentou-se por também não ter cabeça. Foi dito que se fizessem sacrifícios com frutas redondas para ganhar um ori. A mãe levou ao rei a cabaça contendo as frutas redondas. 

o rei tomou um mamão e o partiu em dois. uma metade do mamão fixou-se entre os ombros e transformou-se na cabeça do rei. Assim forma nascendo as cabeças. Exu foi o primeiro a ter ori fixado nos ombros.

Precisa fazer sacrificio quem quiser ter uma cabeça. 
(Mitologia dos Orixás, p. 50)

Lenda de  Exú Jelu ( Ijelu ou Ajelu )
Mandaram  Èṣù fazer um ebó, com o objetivo de obter fortuna rapidamente e de forma imprevista. Depois de oferecer o sacrifício, Èṣù empreendeu viagem rumo a cidade de Ijelu.

Lá chegando, foi hospedar-se na casa de um morador qualquer da cidade, contrariando os costumes da época, que determinavam que qualquer estrangeiro recém chegado receberia acolhida no palácio real. Alta madrugada, enquanto todos dormiam, Èṣù levantou-se sorrateiramente e ateou fogo as palhas que serviam de telhado à construção em que estava abrigado, depois do que, começou a gritar por socorro, produzindo enorme alarido, o que acordou todos os moradores da localidade.

Èṣù gritava e esbravejava, afirmando que o fogo, cuja origem desconhecia, havia consumido uma enorme fortuna, que trouxera embrulhada em seus pertences, que como muitos testemunharam, foram confiados ao dono da casa. Na verdade, ao chegar, Èṣù entregou ao seu hospedeiro um grande fardo, dentro do qual, segundo declaração sua, havia um grande tesouro, fato este, que foi testemunhado por enumeras pessoas do local.

Rapidamente, a notícia chegou aos ouvidos do Rei que, segundo a lei do país deveria indemnizar a vitima de todo o prejuízo ocasionado pelo sinistro. 

Ao tomar conhecimento do grande valor da indemnização e ciente de não possuir meios para saldá-la, o rei encontrou, como única solução, entregar seu trono e sua coroa a  Èṣù, com a condição de poder continuar, com toda sua família, residindo no palácio. Diante da proposta,  Èṣù aceitou imediatamente, passando a ser deste então o rei de Ijelu [é um dos sete distritos do estado do Cordofão do Norte, no Sudão].

Bibliografia consultada 
PRANDI, Reginaldo, Mitologia dos Orixás, Companhia das Letras, 2008
VERARDI, Jorge, Axés do Rio Grande do Sul, Editora Palloti Ltda. 1990

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