segunda-feira, 28 de julho de 2008

Òòṣàálá

 
Revisado e aumentado em 18/10/2023

Òrìṣàálá ou Obàtálá na África, "O Grande Òrìsà" ou "O Rei do Pano Branco" para os Yorubás, criador do mundo, dos homens, animais e plantas. Foi o primeiro Òrìṣà criado por Olodumare, é considerado o maior de todos os Òrìṣà

É o mais velho dos Òrìsás, o rei de vestes brancas, raiz de todos os outros Òòṣàálá

Representa a massa de ar, as águas frias e imóveis do começo do mundo, controla a formação de novos seres, é o senhor dos vivos e dos mortos, preside o nascimento, a iniciação e a morte.

Obàtálá é quem rege tudo o que é branco sobre a terra em todos os sentidos da palavra; pureza... Obàtálá - Oba (rei) alá (branco) Òòṣàálá - Palavra de origem árabe, mais precisamente de inshalla, com o significado de "se Deus quiser, se Deus o permitir".

Òrìṣà-Nla, Òrìàálá ou (Orixalá e Oxalá em português) é o primeiro Òrìṣà Funfun nascido diretamente de Olórun (DEUS) (tudo desses Òrìṣà é de cor branca).

O Reverendo Samuel Johnson, no livro The History of the Yorubas, Lagos, 1937, escreve: "Òòṣàálá é encarregado do poder criador e é considerado um co-trabalhador de Ọlọ́run. Supõe-se que o homem tenha sido feito por Deus e modelado por Òòṣàálá.

Seus adeptos se distinguem pelo uso de colares de contas brancas e pelas roupas brancas. Não podem beber vinho de palmeira.

Os sacrifícios por eles oferecidos não podem conter sal.
Os albinos, os anões, os estropiados e os corcundas são considerados sagrados por esse Òrìṣà.
Òòṣàálá é o nome comum, conhecido e adorado em diversas cidades e sob diversos nomes: Òrìṣà Oluofin em Iwofin, Òrìṣàko em Oko, Òrìṣàkire em Ikire, Òrìṣàgiyan em Ejigbo, Òrìṣàeguin em Owu, Òrìṣàjaye em Ijaye, Obàtálá em Oba." Òòṣàálá é o Òrìṣà associado à criação do mundo e da espécie humana.

Apresenta-se de duas maneiras: moço – chamado Òrìàjiyán, e velho – chamado Oṣalufan. Os símbolos do primeiro é uma idá (espada), "mão de pilão" e escudo. O do segundo Òrìṣàjiyán é o branco levemente mesclado com azul, a de Oṣalufam é somente branco. O dia consagrado para ambos na africa é a sexta-feira.
No Nàgó é domingo.
Sua saudação é ÈPA BÀBÁ !
Òòṣàálá é considerado e cultuado como o maior e mais respeitado de todos os Òrìṣà do panteão africano. Simboliza a paz é o pai maior nas nações das religiões de tradição africana.
É calmo, sereno, pacificador, é o criador, portanto respeitado por todos os Òrìṣà e todas as nações.
A Òòṣàálá pertence os olhos que vêem tudo.

Alguns Oriṣás que pesquisamos:

Òrìṣà Óbokún = O rei de Ijesá, conhecido entre os Nago como Òṣàlá porem foi um guerreiro, filho de mais novo de Odùdúwá (branco rajado de cinza claro ou cinza muito clarinho).
Òrìṣà Olokun - senhor do oceano para os Yorubás, pai de Yemonjá. (branco com cristal 1x1)
Òrìṣà Dakùn  – o fiador de algodão (branco).
Òrìṣà Jobokún – que traz as águas. (branco)
Òrìṣàálá /Obàtálá - é casado com Yemowo, suas imagens são colocadas uma do lado da outra e cobertas com traços e pontos desenhados com efum, no ilésin, local de adoração, dizem que Yemowo foi a única mulher de Òrìṣàlá - Obàtálá um caso excepcional de monogamia entre Òrìṣà e eboras (branco com cristal 1 x 1)
Òrìṣà de Oromilaia = importantíssimo para o culto Yorubá, pois com ele recebemos nosso àṣe de búzios (branco com preto 1 x 1)

Saudação: Epaô Baba!
Dia da Semana: Domingo
Número: 08 e seus múltiplos
Cor: Branco para todos com exceção de Branco com preto para Òòṣàálá de Oromilaia ou cinza bem claro para Óbokún
Guia: toda branca fora 01 branca, 01 preta, 01 branca para Òòṣàálá de Orumiláia
Oferenda: canjica branca, Igbin, merengue e coco ralado
Ferramentas: jóias em prata, caramujo, sol, cajado, pomba de prata, moedas e búzios, para Òòṣàálá de Oromilaia acrescentamos olhos de prata.
Ave: Galinha branca com exceção de galinha branca mais galinha preta para Òòṣàálá de Oromilaia
Quatro pé: cabrita branca e cabrita branca com pequenas manchas pretas para Òòṣàálá de Oromilaia.


Yemonjá



Iemanjá, Yemanjá, Yemaya, Iemoja ou Yemonjá, é um Òrìṣà africano, cujo nome deriva da expressão Iorubá "Yèyé omo ejá" ("Mãe cujos filhos são peixes").

Na Mitologia Yoruba, o dono do mar é Olokun que é o pai de Yemonjá, ambas de origem Egbá.

Yemonjá, que é saudada como Odò (rio) ìyá (mãe) pelo povo Egbá, por sua ligação com Olokun, Òrìṣà do mar (masculino (em Benin) ou feminino (em Ifé), muitas vezes é referida como sendo a rainha do mar em outros países. Cultuada no rio Ògùn em Abeokuta

História
Pierre Verger no livro Dieux D'Afrique registrou: "Iemanjá, é o Òrìṣà dos Egbá, uma nação Yorubá estabelecida outrora na região entre Ifé e Ibadan, onde existe ainda o rio Yemonjá. Com as guerras entre nações Yorubás levaram os Egbá a emigrar na direção oeste, para Abeokuta, no início do século XIX. Não lhes foi possível levar o rio, mas, transportaram consigo os objetos sagrados, suportes do àse da divindade, e o rio Ògùn, que atravessa a região, tornou-se, a partir de então, a nova morada de Iemonjá. Este rio Ògùn não deve, entretanto, ser confundido com Ògún, o Òrìṣà do ferro e dos ferreiros."

Saudação: Omim odò!

Dia da Semana:
Sexta - feira

Número:
08 e seus múltiplos

Cor:
azul claro, azul forte ou incolor, dependendo da característica da Mãe
Guia: toda da mesma cor, o tom do azul claro ou se for incolor varia com a característica da Mãe

Oferenda:
canjica branca, canjica branca temperada com cheiro verde e cocada branca

Alguns Oriṣás Yemonja que pesquisamos:

Yemoja Bomí ou Soba = fiandeira de algodão, foi esposa de Orunmilá (azul claro)

Yemoja Bocí
 = voluntariosa e respeitável, mensageira de Olokun (azul claro, podendo acrescentar o cristal 1 x 1)

Iya Masemale/Iamasse = mãe de ṣangò (azul claro leitoso)

Olobomi ou Awoyó/Iemowo
= a mais velha de todas, esposa de Òṣàlá (azul claro, podendo usar azul claro com cristal transparente, 4 azul clara e 1 transparente)

Nanã Burukun - esta divindade é considerada muito velha, e na cultura Nàgó’Kọbi é cultuada entre as Yemonjas, mesmo não sendo uma yemonjá, ela foi agregada em determinado momento da estruturação da cultura, veja algumas Nanã cultuadas:



Obáíyá
= é um Òrisà ligado a água, a lama e aos pântanos.

Ajàosi
= é uma Nàná guerreira e agressiva que veio de Ifé, e confunde-se às vezes com Obá. É uma divindade das águas doces, e que se veste de azul com vermelho.


Yewá é outra divindade aglutinada  entre as Yemonjá.


Yemoja Tuman/Aynu/Iewa = sobre o mar a névoa das águas (azul claro e branco 1 x 1)

Ferramentas: todos os adornos femininos em prata, peixe, leque, caramujos, barco, âncora, leme, conchas, lua, moedas e búzios

Ave:
Galinha branca

Quatro pé:
ovelha


Lendas

Yemonjá joga búzios na ausência de Òrùnmílá
Yemonjá e Òrùnmílá eram casados. Òrùnmílá era um grande adivinho, com seus dotes sabia interpretar os segredos dos búzios. Certa vez Òrùnmílá viajou e demorou para voltar e Yemonjá viu-se sem dinheiro em casa, Então, usando o oráculo do marido ausente, passou a atender uma grande clientela e fez muito dinheiro.
No caminho de volta para casa, Òrùnmílá ficou sabendo que havia em sua aldeia uma mulher de grande sabedoria e poder de cura, que com a perfeição de um babaláwo jogava búzios. Ficou desconfiado, quando voltou, não se apresentou a Yemonjá, preferindo vigiar, escondido, o movimento em sua casa.
Não demorou a constatar que era mesmo a sua mulher a autora daqueles feitos, Òrùnmílá repreendeu duramente Yemonjá, ela disse que fez aquilo para não morrer de fome, mas o marido contrariado a levou perante Olofim-Olodumarè.
Olofim reiterou que Òrùnmílá era e continuaria sendo o único dono do jogo oracular que permite a leitura do destino, Ele era o legítimo conhecedor pleno das histórias que forma a ciência dos dezesseis Odu. Só o sábio Òrùnmílá pode ler a complexidade e as minúcias do destino, mas reconheceu que Yemonjá tinha um pendor para aquela arte, pois em pouco tempo angariara grande freguesia.
Deu a ela então autoridade para interpretar as situações mais simples, que não envolvessem o saber completo dos dezesseis Odu, assim as mulheres ganharam uma atribuição antes totalmente masculina.


Olokun isola-se no fundo do oceano

Olokun vivia na água e vivia na terra, a natureza de Olokun era anfíbia, Olokun tinha vergonha de sua natureza, pois ela não era nem uma coisa nem outra.
Ela se sentia muito atraída por Òrìsà Ocô, mas não queria ter relações com ele, pois temia ser objeto de ridículo. Olokun, então, pediu conselho a Olofim, que lhe assegurou que Òrìsà Ocô era um homem sério e reservado.
Olokun criou coragem e foi viver com o Òrìsà lavrador, mas este descobriu a particularidade que existia na natureza de Olokun e contou a todos. Todos ficaram sabendo da ambígua natureza de Olokun, a vergonha fez com que Olokun se escondesse no fundo do oceano, onde tudo é desconhecido e aonde ninguém nunca pode chegar.
Olokun nunca mais deixou o mar e agora só esse é o seu domínio, outros dizem que Olokun se transformou numa sereia, ou uma serpente marinha que habita os oceanos, mas isso ninguém jamais pôde provar.

Osùn

Ọ̀ṣún, Oshun ou Oschun, na Mitologia Yoruba é um Òrìṣà feminino. O seu nome deriva do rio Ọ̀ṣún, que corre na Yorubalândia, região nigeriana de Ijexá e Ijebu. É tida como um único Òrìṣà que tomaria o nome de acordo com a cidade por onde corre o rio, ou que seriam dezesseis e o nome se relacionaria a uma profundidade desse rio. As mais velhas ou mais antigas são encontradas nos locais mais profundos (Ibu), enquanto as mais jovens e guerreiras respondem pelos locais mais rasos. Ex. Ọ̀ṣún Osogbo, Ọ̀ṣún Opara ou Apara, Yeye Iponda, Yeye Kare, Yeye Ipetu... Em seu livro Notas Sobre o Culto aos Òrìṣàs e Voduns, Pierre Fatumbi Verger escreve que os tesouros de são guardados no palácio do rei Ataojá. O templo situa-se em frente e contém uma série de estátuas esculpidas em madeira, representando diversos Òrìṣàs: "Ọ̀ṣún Osogbo, que tem as orelhas grandes para melhor ouvir os pedidos, e grandes olhos, para tudo ver. Ela carrega uma espada para defender seu povo." Ọ̀ṣún é um Òrìṣà feminino da nação Ijexá adotada e cultuada em todas as religiões afro-brasileiras. É o Òrìṣà das águas doces dos rios e cachoeiras, da riqueza, do amor, da prosperidade e da beleza, em Ọ̀ṣún, os fiéis também buscam auxílio para a solução de problemas no amor, uma vez que ela é a responsável pelas uniões e na vida financeira, tanto que muitas vezes é chamada de Senhora do Ouro que outrora era do Cobre por ser o metal mais valioso da época. Na natureza, o culto à Ọ̀ṣún costuma ser realizado nos rios e nas cachoeiras e, mais raramente, próximo às fontes de águas minerais. Ọ̀ṣún é símbolo da sensibilidade e muitas vezes derrama lágrimas ao incorporar, característica que se transfere a seus filhos identificados por chorões. Candomblé Bantu - a Nkisi Ndandalunda, Senhora da fertilidade, e da Lua, muito confundida com Hongolo e Kisimbi, tem semelhanças com Ọ̀ṣún. Candomblé Ketu - Divindade das águas doces, Ọ̀ṣún é a padroeira da gestação e da fecundidade, recebendo as preces das mulheres que desejam ter filhos e protegendo-as durante a gravidez. Protege, também, as crianças pequenas até que comecem a falar, sendo carinhosamente chamada de Mamãe por seus devotos.


Saudação: Iê iêu!

Dia da Semana:
Sábado

Número:
08 e seus múltiplos

Cor:
Todos os tons de amarelo, a escolha do tom depende da característica da Mãe

Guia:
toda amarela de um mesmo tom, o tom varia com a característica da Mãe

Oferenda:
canjica amarela cozida e quindim, e o famoso omolucum

Alguns Oriṣás que pesquisamos
:
Ọ̀ṣún EPandá Ibedji = muito jovem e vaidosa (cor amarelo ouro claro, podendo usar 4 amarelas e 1 vermelha)

Ọ̀ṣún EPandá
=
outra guerreira é a verdadeira Ọ̀ṣún Ijesa que veio de Ijesa ou de Ipondá (cor amarelo ouro claro, podendo usar 8 amarelas e 1 vermelha)

Ọ̀ṣún Opará
=
mais jovem e guerreira (amarelo ouro claro)

Yeye Odo
=
muito semelhante a docò = é a Ọ̀ṣún das fontes; talvez seja a mesma que íyá mi Odo ou Iya Nodo, confundida com Yemánjá idosa, porem não existe ligação alguma. (cor amarelo ouro escuro, podendo usar 4 amarela e 1 branca)

Yeye Kaiò
=
é um tipo de Ọ̀ṣún mais velha, autoritária é guerreira e agressiva. (cor amarelo ouro, podendo usar 1 amarela e 1 preta)

Ọ̀ṣún Demun ou Jimu
=
intermediaria ligada a magia das folhas e das águas (cor amarelo ouro escuro, podendo usar 4 amarela e 1 verde)

Ọ̀ṣún Olobá
=
jovem idosa (cor amarelo ouro)

Ọ̀ṣún Abalu ou Docô
=
muito velha. (cor amarelo ouro escuro, podendo usar 4 amarela e 1 branca)

Iyá Omi
=
idosa . (cor amarelo ouro escuro)


Ferramentas: todos adornos femininos em ouro, peixe, leque, caramujos, coração, moedas e búzios

Ave:
Galinha amarela

Quatro pé:
cabrita branca ou amarela

Sete folhas mais usadas para Ọ̀ṣún: Efirin, Eré tuntún, Macassá, Teté, Ejá Omodé, Wuê mimolé, Ewê boyí funfun

Lenda

Quando Òòṣàálá estava criando o mundo, escolheu Ọ̀ṣún para ser protetora das crianças. Ela deveria zelar pelos pequeninos desde o momento da concepção, ainda no ventre materno, até que pudessem usar o raciocínio e se expressar em algum idioma. Por isso, Ọ̀ṣún é considerada a deusa da fertilidade e da maternidade.
Por sua beleza, Ọ̀ṣún também é tida como a deusa da vaidade, sendo vista como uma Òrìṣà jovem e bonita, mirando-se em seus espelhos (abebê) e abanando-se com seu leque (abelê). Quando todos os Òrìṣàs chegaram à terra, organizaram reuniões onde as mulheres não eram admitidas. Ọ̀ṣún ficou aborrecida por ser posta de lado e não poder participar de todas as deliberações. Para vingar-se, tornou as mulheres estéreis e impediu que as atividades desenvolvidas pelos deuses chegassem a resultados favoráveis. Desesperados, os Òrìṣàs dirigiram-se a Olórum e explicaram-lhe que as coisas iam mal sobre a terra, apesar das decisões que tomavam em suas assembleias.
Olórum perguntou se Ọ̀ṣún participava das reuniões e os Òrìṣàs responderam que não. Olórum, explicou-lhes então que, sem a presença de Ọ̀ṣún e do seu poder sobre a fecundidade, nenhum de seus empreendimentos poderia dar certo. De volta a terra, os Òrìṣàs convidaram Ọ̀ṣún para participar de seus trabalhos, o que ela acabou por aceitar depois de muito lhe rogarem. Em seguida, as mulheres tornaram-se fecundas e todos os projetos obtiveram felizes resultados. Senhora soberana das águas doces. Todos os rios, lagos, lagoas e cachoeiras pertencem a este Òrìṣà. O casamento, o ventre e a fecundidade e as crianças são de Ọ̀ṣún, assim como, talvez por consequência, a felicidade.

O ouro e o dinheiro em todas as suas espécies também são de Ọ̀ṣún. Pela hierarquia é o primeiro Òrìṣà doce seguida de Iemanjá e Oalá, formando assim o grupo de Òrìṣàs chamado de Cabeças Grande. Em uma lenda conta-se que quando os Òrìṣàs chegaram ao mundo eram feitas reuniões onde as mulheres não poderiam participar, Ọ̀ṣún insatisfeita com a decisão retirou toda a fecundidade do mundo, nada mais crescia e nada mais nascia. Os homens da terra começaram a desacreditar nos Òrìṣàs, pois a eles recorriam e não obtinham a solução desejada, pois a fecundidade pertence ao Òrìṣà em tal insatisfação. O Grande Pai explicou aos Òrìṣàs que sem Ọ̀ṣún nas decisões sobre a terra nada adiantaria, pois ela tinha o segredo da procriação. Sendo assim Todos foram até a Mãe, que aceitou as desculpas, começou a participar das reuniões e o mundo retomou seu rumo normal.

Ọ̀ṣún é concebida por Yemonjá e Òrùnmílá


Um dia Òrùnmílá saiu de seu palácio para dar um passeio acompanhado de todo seu séqüito. Em certo ponto deparou com outro cortejo, do qual a figura principal era uma mulher muito bonita. Òrùnmílá ficou impressionado cm tanta beleza e mandou Èṣù, seu mensageiro, averiguar quer era ela. Èṣù apresentou-se ante a mulher com todas as reverências e falou que seu senhor, Òrùnmílá, gostaria de saber seu nome. Ela disse que era Yemonjá, rainha das águas e esposa de Oṣalá.
Èṣù voltou à presença de Òrùnmílá e relatou tudo o que soubera da identidade da mulher. Òrùnmílá, então, mandou convidá-la ao seu palácio, dizendo que desejava conhecê-la. Yemonjá não atendeu o seu convite de imediato, mas um dia foi visitar Òrùnmílá.
Ninguém sabe ao certo o que se passou no palácio, mas o fato é que Yemonjá ficou grávida depois da visita a Òrùnmílá. Yemonjá deu a luz a uma linda menina. Como Yemonjá já tivera muitos filhos com seu marido, Òrùnmílá enviou Èṣù para comprovar se a criança era mesmo filha dele. Ele devia procurar sinais no corpo. Se a menina apresentasse alguma marca, mancha ou caroço na cabeça seria filha de Òrùnmílá e deveria ser levada para viver com ele.
Assim foi atestado, pelas macas de nascença, que a criança mais nova de Yemonjá era de Òrùnmílá. Foi criada pelo pai, que satisfazia todos os seus caprichos.
Por isso cresceu cheia de vontades e vaidades, o nome dessa filha é Ọ̀ṣún.

Ọ̀ṣún exige a filha do rei em sacrifício

Certa vez, o rei de Oloú, precisava atravessar o rio onde vivia Ọ̀ṣún, o rio naquele dia se encontrava enfurecido e os exércitos do rei não podiam passar pelas traiçoeiras correntezas.
Oloú fez um pacto com Ọ̀ṣún para que baixasse o nível das águas, em troca lhe oferecia uma bela prenda, Ọ̀ṣún entendeu que Oloú estava prometendo Prenda Bela.
Prenda Bela era o nome da mulher de Oloú, filha dileta do rei de Ibadã. Ọ̀ṣún baixou o nível das águas e Oloú passou com seu exército. Oloú jogou no rio a bela prenda: uma grande oferenda com as melhores comidas e bebidas, os mais finos tecidos, jóias luxuosas e raros perfumes, correntes de ouro puro, banhos preciosos.
Tudo foi devolvido para as areias das margens de Ọ̀ṣún, Ọ̀ṣún só queria Prenda Bela, a princesa. Tempos depois, Oloú retornou vitorioso de sua expedição e, ao chegar ao rio, este novamente estava turbulento, o rei ofereceu de novo o mesmo que ofertara antes: uma bela prenda com as melhores comidas e bebidas os mais finos tecidos, jóias luxuosas e raros perfumes, correntes de ouro puro, banhos preciosos.
Ọ̀ṣún recusou o oferecido, tudo foi devolvido à praia, intocado, ela queria Prenda Bela, a esposa de Oloú, que estava grávida, contrariado, mas sem ter outra saída, Oloú lançou ao rio sua indefesa e grávida consorte, ao ser lançada às águas revoltas, Prenda Bela deu à luz uma criança, Ọ̀ṣún devolveu a criança; era somente Prenda Bela que ela queria.
Oloú seguiu seu caminho, retornando muito triste a seu reino, o rei Ibadã logo foi informado do fim trágico da filha, declarou guerra a Oloú, venceu-o e o expulsou para sempre do país.

Ọ̀ṣún Apará tem inveja de Oyá

Vivia Ọ̀ṣún no palácio em Ijimu, passava os dias no seu quarto olhando seus espelhos, eram conchas polidas onde apreciava sua imagem bela.
Um dia saiu Ọ̀ṣún do quarto e deixou à porta aberta, sua irmã Oyá entrou no aposento, extasiou-se com aquele mundo de espelhos, viu-se neles.
As conchas fizeram espantosa revelação a Oyá, ela era linda! A mais bela! A mais bonita de todas as mulheres! Oyá descobriu sua beleza nos espelhos de Ọ̀ṣún, Oyá se encantou, mas também se assustou: era ela mais bonita que Ọ̀ṣún, a Bela.
Tão feliz ficou que contou do seu achado a todo mundo, e Ọ̀ṣún Apará remoeu amarga inveja, já não era a mais bonita das mulheres, vingou-se.
Um dia foi à casa de Egungum e lhe roubou o espelho, o espelho que só mostra a morte, a imagem horrível de tudo o que é feio, pôs o espelho do Espectro no quarto de Oyá e esperou, Oyá entrou no quarto, deu-se conta do objeto, Ọ̀ṣún trancou Oyá pelo lado de fora, Oyá olhou no espelho e se desesperou.
Tentou fugir, impossível, estava presa com sua terrível imagem, correu pelo quarto em desespero, atirou-se no chão, bateu a cabeça nas paredes, não logrou escapar nem do quarto nem da visão tenebrosa da feiúra. Oyá enlouqueceu, Oyá deixou este mundo.
Obàtálá, que a tudo assistia, repreendeu Apará e transformou Oyá em Òrìsà. Decidiu que a imagem de Oyá nunca seria esquecida por Ọ̀ṣún. Obàtálá condenou Apará a se vestir para sempre com as cores usadas por Oyá, levando nas jóias e nas armas de guerreira o mesmo metal empregado pela irmã.

TIKTOK ERICK WOLFF