quarta-feira, 23 de março de 2011

Museu de Jacareí recebe exposição sobre orixás

sosni - Museu de Jacareí recebe exposição sobre orixás

Por Erick Wolff8
A mostra traz oito telas com 17 orixás. As visitas podem ser feitas de terça-feira a domingo, até o dia 20 de abril, com entrada gratuita


O Museu de Antropologia do Vale do Paraíba recebe até o dia 20 de abril a exposição A Benção dos Orixás de Terreiro. Localizado em Jacareí, a 80 km de São Paulo, o museu traz essa exposição que é composta por oito telas de 17 orixás, com 2x2 metros cada. As obras foram idealizadas pelo umbandista Sidney Lorca e pintadas pelo artista plástico Cláudio Koca.

Criou-se um mito no Brasil dizer que o povo Africano costuma não dar feições às divindades africanas, pelo simples fato de considerar que as mesmas não deveriam ser retratadas, porem não é verdade, pois eles modelam imagens no barro, madeira, forjam estatuas no ferro e costumam até pintar os deuses com rosto, segundo a sua cultura algumas divindades desceram do Ọ̀run (céu), se instalando aqui para viver como os seres humanos, seus descendes, mistura de homens e divindade foram chamados de Ẹbọra, e se tornaram ancestrais, que através dos seus grandes feitos tornaram-se Òrìṣà, um exemplo mais famoso deles é Ṣàngó.

Contudo a cultura Africana divide-se em várias etnias, numa diversidade que chega a gerar certa confusão, mesmo assim eles se entendem, contudo aqui no Brasil, formaram-se alguns mitos em volta de algumas divindades, que necessita ser quebrado, não sabemos ao certo como isso começou, mas os candomblecistas e a tradicional família afro-brasileira estão corrigindo os conceitos e fazendo um Up Grade dos Ìtan (História) da cultura.

Um exemplo claro de renovação dos Ìtan é explicar que Ọ̀sányìn um Òrìṣà conhecido pela sua sabedoria em manusear folhas medicinais, por isso conhecido como o dono das folhas, não deve ser retratado pela forma feminina, visto que ele possui um papel importante na religião afro-brasileira sendo uma divindade masculina. Uma das delas da exposição retrata Ọ̀sányìn como uma divindade feminina, não sei se foi influencia de Sidney Lorca (Umbandista) que não deve dominar a cultura Africana, reforçando o mito da duplicidade na personalidade de Ọ̀sányìn, ou se foi o artista Cláudio Koca, que decidiu mudar a forma deste Òrìṣà.  Sendo importantíssimo para a Umbanda, que segundo a liturgia desta religião, não fazem o uso do Ẹ̀jẹ̀ (sangue animal) trocando o mesmo pelo sangue vegetal, retirado da maceração de folhas de Ọ̀sányìn.

A exposição deve ser vista, afinal a cultura Afro-brasileira está recebendo espaço e devemos considerar uma vitória num país onde considera o “Estado Laico”, porem vemos uma cruz cravada nas câmaras municipais e estaduais de todo o País, obrigando à todos ficarem de baixo de um único símbolo, sem respeitar a diversidade religiosa, esta que em momento algum é lembrada.


Serviço – O Museu de Antropologia do Vale do Paraíba está localizado na Rua XV de Novembro, n.º 143 – Centro – Jacareí. As visitas podem ser feitas de terça a sexta-feira, das 9h00 às 18h00, e aos sábados e domingos, das 11h00 às 17h00, sempre com entrada gratuita. Para agendar visitas ou obter mais informações sobre a exposição, o telefone para contato é (12) 3953-3574.

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