FESTA DOS RAPAZES
A CIRCUNCISÃO BúKUA ou TíNTUA
Hoje podemos dizer que a circuncisão é:
No meio desse círculo colocava-se o operador da circuncisão - o Nganga masutu (Lisutu, pl. masutu - prepúcio).
Os rapazes colocavam-se em fila. Em volta do terreno capinado encontram-se os membros masculinos da família dos pequenos.
Só podiam assistir homens ou rapazes circuncidados.
Dos que vão ser circuncidados, cada um por sua vez, é deitado no chão de barriga para o ar. Um homem senta-se levemente no peito e dois mais seguram-lhe fortemente as pernas, um a cada uma.
Aliás, o rapaz fará por se mostrar forte e corajoso.
O Nganga masutu marca com a própria saliva o lugar por onde será cortado o prepúcio. Puxa-o duas vezes e, à terceira, corta, lançando fora e para longe a pele do prepúcio. Dá sinal para largarem o rapaz e logo vem em seguida um segundo, um terceiro, etc. ,etc. até findar.
Entre certas regiões dos Bauoio havia uma interessante particularidade na ocasião da operação: o corte teria de ser feito enquanto se atirava ao ar um grão de coconote, Enquanto subia e descia, o operador tinha de cortar o prepúcio. Se o coconote caía antes já não operava esse rapaz. Teria de esperar para o operar no dia seguinte.
Os rapazes, à medida que iam sendo operados, seguiam para junto de uma fogueira que o Nganga masutu mandara acender no começo da cerimónia. Se os rapazes forem muitos, haverá tantas fogueiras quantas forem necessárias.
Com tempo, foram feitas umas pequenas argolas de folhas de bananeira, das folhas verdes e tenras - nsoko itebe. Deixar-se-á em cada argola o orifício estritamente suficiente para passar o pênis do circuncidado permitindo ficar de fora a parte operada.
Essa argolita era segura por fios atados atrás das costas.
O Nganga masutu opera, ata a tal argolita e, então, o rapaz vai para junto da fogueira deitando-se de costas e abrindo, tanto quanto possível, as pernas e aproximando do fogo, ao máximo, a parte operada.
Todas as manhãs a ferida era metida em pequenas cabaças com água simples para amolecer o sangue, sendo em seguida bem lavada. Embrulha-se uma tenra folha de bananeira, depois de a amolecer um pouco ao fogo, ata-se de novo a pequena argola e volta-se para a cura do fogo. Nos dias seguintes à operação o tratamento fica a cargo das pessoas de família, homens.
O tratamento anda à volta de água fria, calor da fogueira, folhas tenras e verdes de bananeira aquecidas - vuba va mbazu - cinza quente e seiva de Nsonha (Synadon dactylon), seiva da planta Mvuluka (Jatropha curcas, L.), cinza quente da raiz de palmeira, etc,
Quando a cura completa está próxima a família vai juntando galinhas, animais de caça, vinho, aguardente, etc. para o dia da festa.
No mato, cada dia após o banho, os rapazes são pintados com tukula, cobrem-se de missangas e adornam-se.
Quando a cura está terminada e a festa marcada voltam à aldeia. Tomam banho aparecendo completamente limpos e com novos panos.
Na aldeia, nesse dia do regresso, todo o dia e toda a noite se canta, dança, come e bebe.
No Ndinge e em algumas regiões de Kakongo havia, por vezes, umas pequenas diferenças no ritual.
Juntavam-se os garotos, dos oito aos doze anos, ou mesmo com a idade de umas duas semanas, depois da queda do cordão umbilical.
Não sendo circuncidados em pequenitos, logo após a queda do cordão umbilical, sê-lo-iam depois dos 8 e até aos 12 anos.
No dia marcado o operador (até já aconteceu ter sido uma mulher) começa logo de manhã a gritar: Mbele mbongo, Mbele mbongo (que é a faca da circuncisão mas que, traduzindo-se à letra, quereria dizer a «faca do dinheiro»).
Iam para trás de uma casa onde se juntavam todos os pequenos. Toda a gente podia ver, a não ser os que tivessem tido relações sexuais na noite anterior.
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