quinta-feira, 28 de julho de 2022

A UMBANDA POR RODRIGO CASSANO

Por Rodrigo Cassano 
Postado em 16/11/2021 acessado em 28/07/2022 às 20:21hrs
 




A Umbanda que eu conheci desde pequenino foi a Umbanda dos povos de Congo, Angola, Cabinda, Lunda, Moçambique etc. A história da Umbanda que eu, minha família de santo e todos os nossos antepassados conheceram aconteceu na encruzilhada, foi construída nos cruzos e pertence ao povo que a edificou. A minha Umbanda é a Umbanda do boêmio, cria do samba, nata da malandragem carioca, jongueiro, amante do partido alto e homem preto conhecido por nós como Exu Toquinho da Guiné. A minha Umbanda é a Umbanda de Vovó Cambinda que, manifestada no corpo de uma mulher preta chamada Eunice, salvou a vida de um bebê que sufocava com seu próprio catarro. A minha Umbanda é a Umbanda do Caboclo Arranca Toco que se identificava como filho de uma mulher indígena com um homem africano e que fazia a laranja doce amargar. A minha Umbanda é a Umbanda da Pomba-gira da encruza que sarou uma ferida grave na perna de uma pessoa acidentada utilizando apenas charuto, cachaça e bife.

A história que conheço tem inicio antes do século XIX e tem seu auge de desenvolvimento acontecendo na Pequena África, onde nomes como Luzia Pinta, Assumano Henrique Mina do Brasil, Tia Ciata, Juca Rosa, Pai Gavião, Tia Chica do Vavá, Henriqueta da Praia, João Alabá, Cipriano Abedé, Benedito Espírito-Mau e outros tantos makumbeiros serão retratados como feiticeiros, praticantes de baixo-espiritismo, adeptos da magia negra, álcoolatras, malandrões, charlatões, aproveitadores de senhoras, etc. Corpos e existências que foram apagados da história oficial ou oficiosa — já que esse processo de invisibilização ocorre simultaneamente ao embranquecimento social que foi imposto pelo movimento de eugenia que visava simplesmente exterminar a população preta e toda a memória coletiva africana.

A região do centro do Rio de Janeiro conhecida como Pequena África é um terreno fértil para os intercâmbios culturais que possibilitaram a grande amálgama que são alguns sistemas espirituais afro-diaspóricos.

O Samba é parido paralelamente a construção da história das Makumbas, da Umbanda, do Omolokô e de todas as práticas espirituais de base centro-africana que, hoje, seríamos incapazes de nomear. É impossível falarmos dessa parte ignorada da história da Umbanda sem falarmos do Samba e de África.

Recentemente, eu li algo que me trouxe um enorme desconforto: "Deixem que a ciência e a academia decidam sobre a história da Umbanda". Essa frase tem ecoando na minha cabeça há alguns dias e eu não consegui digerir o conteúdo dessa fala. Para algumas pessoas, essa pequena frase poderia soar como um simples apelo da ciência implorando para contar a verdade ao povo, mas o objetivo aqui foi estratégico. Há mais ou menos 113 anos está em curso um projeto epistemicida que se organiza atropelando memórias, práticas, saberes, corpos, ritos, hábitos, modos de viver, elementos ritualísticos, crenças, cosmogonias, divindades, identidades, pertenças e os nomes dos nossos ancestrais.

Um ditado Yoruba diz que "Um rio que esquece a sua fonte, seca". Ou seja, os ancestrais veneráveis e heróis civilizatórios que constituem a nossa história precisam ser lembrados dentro das nossas comunidades de terreiros e devem ocupar espaço de prestígio em nossos cultos, porque a Umbanda é um território de culto aos espíritos daqueles que retornaram para Mpemba através da Kalunga. Somos, porque todos eles foram antes de nós.

Enquanto um homem branco e um Padre Jesuíta protagonizam a história da Umbanda, pessoas como Tata Tancredo da Silva, Orlandino Cobra Coral, Maria Batayo, Chica Boi, João Gambá, Vovó Maria Joana, Tia Maria, Tia Benedita, Tia Fé, Mano Eloy, Zé Espinguela, Tia Tomásia, Mãe Mosinha de Oxum, Tata Cai N'Água, Mãe Maria Coral, Seo Júlio do Exu Cemimba, Tia Chica da Mocidade, Seo Nicanor do Caboclo Cuguruçu e tantas outras que ficaram esquecidas nas prateleiras das bibliotecas, nos documentos empoeirados, nos álbuns das famílias convertidas ao neo-pentecostalismo que foram jogados no lixo, nos registros policiais, nos jornais e revistas da época, etc.

A história pertence ao povo e o povo precisa ter o direito democrático de contar sua própria história para que personagens históricos sejam celebrados e honrados. O mito de fundação e o congresso racista de Umbanda funcionaram como ferramentas de aniquilamento de tudo aquilo que é preto, popular e africano. É como se jogassem uma capa de invisibilidade sobre a história e impedissem que enxergássemos o passado com transparência. É como se tivessem tentado sepultar a história com uma pedra imensa.

Apesar disso, todos aqueles que vieram antes de nós agiram de forma estratégica e conseguiram preservar vestígios fundamentais de suas histórias, vivências e práticas. Sabendo disso, é importante que façamos o exercício de olhar para trás para aprender com os nossos antepassados, reconstruir os nossos espaços, fortalecer as nossas alianças e garantir que as futuras gerações possam acessar as informações, os conteúdos e as sabenças que tem sido negados ao povo até os dias de hoje.

Essa disputa pela narrativa tem esgotado e adoecido nosso povo há décadas. A reivindicação pelo nosso espaço de direito na linha do tempo da Umbanda é mais do que legítima... É essencial. Por isso, precisamos investir em democratizar o conhecimento para que outras pessoas possam acessar a informação e se libertar da escravização mental e espiritual impostas por esses sucessivos projetos de colonização.

Da mesma forma que, até bem pouco tempo, eu não conhecia os detalhes sobre o mito, eu também desconhecia os nomes e a histórias dos que me antecederam. Ter a chance de olhar para trás me possibilitou a oportunidade de poder reconstruir uma relação com os personagens que teceram esse legado cultural, espiritual e politico em que estou inserido. Portanto, a ideia é olharmos para além da linha do mar e partirmos em busca dos rastros que nos foram deixados para que possamos nos reencontrar com a versão mais honesta da história. Saibam que continuaremos ouvindo falar sobre o mito, porque mitos ainda emplacam no Brasil... "Com tanto pau no mato, a Embaúba é coronel..."

Pemba de Angola para fora! Pemba Branca para dentro!
Fundanga para queimar a língua do falador!
Água fresca para agradecer a terra e pedir que os nossos passos firmes nos levem por caminhos sempre abertos!

E, lembremos: A Lemúria não existe e Umbanda é uma palavra de origem Bakongo.

📸
Foto da Capa do Jornal "Diário Carioca" do ano de 1941 anunciando mais uma investida contra os "makumbeiros" dessa enorme cruzada que enfrentamos há séculos. "Coincidentemente", o fato ocorre no mesmo justamente no ano do Primeiro Congresso de Umbanda. Quantos dos nossos antepassados não foram presos, perseguidos e proibidos de praticar suas religiosidades? Quantos não tiveram sua espiritualidade criminalizada e demonizada? 


Imagens comprobatórias


NAÇÕES AFRO-BRASILEIRAS E O BATUQUE DO RS.

Postado em 27/07/2022

Revisado e aumentado em 19/10/2023





REVISTA OLORUN n. 46, janeiro de 2017
ISSN 2358-3320 – www.olorun.com.br

NAÇÕES RELIGIOSAS AFRO-BRASILEIRAS NÃO SÃO NAÇÕES POLÍTICAS AFRICANAS

Erick Wolff
Março de 2016



SOBRE NAÇÕES

Nos diversos segmentos religiosos afro-brasileiros todos querem legitimar-se afirmando que sua “nação” é originalmente oriunda de solo africano, desta ou aquela região, iniciado por fulano ou ciclano cujo nome jamais poderá ser checado, supostamente nascido na África. É louvável o desejo da legitimização africana, se não fosse ilusório. 

Todas as nações religiosas afro-brasileiras, de todos os segmentos, nasceram no Brasil, são afro-brasileiras, não são africanas, não representam nenhum Estado ou Cidade africana, não praticam nenhum culto na forma tradicional africana mesmo que possuam nomes de cidades africanas em suas definições afro-sociais. É verdade que foram formadas por elementos de matrizes africanas aqui repensadas e reestruturadas, mas estas heranças culturais e religiosas não fazem de nenhuma nação de religião afro-brasileira uma nação pura africana. NENHUMA!

Entretanto, o fato de terem nascido no Brasil não significa que são uma fraude, pois se assim fosse, todas os segmentos religiosos afro-brasileiros seriam, mas não, todas são legítimas para o Brasil. O erro está em considerar que a nação do outro é uma fraude, e a sua é verdadeira, porque é supostamente original de algum lugar da África. 

A nação afro-brasileira de kétu refere-se a uma nação afro-religiosa do candomblé, e não à cidade ioruba africana de Kétu, localizada no Dahome. (José Beniste) 

A nação afro-brasileira angola refere-se a uma nação afro-religiosa do candomblé, e não ao país africano de Angola. 

A nação afro-brasileira Jeje refere-se a uma nação afro-religiosa do candomblé, Batuque ou tambor de mina. Segundo o professor Reginaldo Prandi (USP), não existe nenhuma nação política denominada “Jeje” em solo africano. O mesmo vale para a nação religiosa afro-brasileira “nagô”. 

A nação religiosa afro-brasileira Oió refere-se a uma nação religiosa do Batuque, e não à cidade Iorubá de Oió, na Nigéria. 

A nação religiosa afro-brasileira Kambina, do Batuque, refere-se a uma nação religiosa criada e estrutura aqui no Brasil, tanto quanto as outras, e não à alguma cidade ou nação na África. Se as outras aqui formadas são legítimas para o Brasil, a Kambina também é. Alguns sacerdotes tentam equivocadamente afirmar que a Kambina trata-se de Cabinda, província de Angola, sem apenas pela semelhança do nome. Não existe nenhuma nação religiosa afro-brasileira, de qualquer segmento, que seja a extensão pura e legitima de uma cidade, estado ou nação africana, que exista aqui tal qual existe em África. Acreditar nisto é utopia, ou má fé. Todas, sem exceção, foram pensadas, criadas e estruturadas no Brasil. As nações afro-religiosas da forma como existem aqui não existem na África, e vice-versa. Que isto fique claro para que não se arvorem prepotentemente sobre falsos conceitos de pureza. Não existe ninguém puro (Mãe Stella). Sobre o conceito de nação religiosa afro-brasileira separamos alguns extratos de pessoas altamente conceituadas e referenciadas na bibliografia afro-brasileira:


 




SOBRE REIS E PRÍNCIPES 

O conceito que um rei de uma nação afro-brasileira precisa ter sangue nobre africano para ser reconhecido é utópico. Não existe nenhuma prova exata e certa que algum rei, rainha, príncipe ou princesa africanos que aqui fundaram qualquer nação pura, tal qual em África. 

Sempre em algum momento da história das religiões afro-brasileiras surgiram “reis” desta ou aquela nação religiosa aqui formada que, ou se auto intitularam, ou foram titulados pelos seus seguidores. Reis não nasceram com o mundo, eles foram feitos reis pelos homens, e para os homens. 

Se as nações religiosas afro-brasileiras não são nações políticas africanas, reis e os príncipes religiosos afro-brasileiros também não são, nunca foram. Exigir sangue nobre como base para seu reconhecimento e legitimação não faz sentido, até porque tal, mesmo que verdade fosse, não se poderia provar. 

Afirmar através de documentações discutíveis que um africano puro vindo de uma nação africana pura, veio ao Brasil há “duzentos” e aqui fundou uma nação pura, é zombar da inteligência dos estudiosos e explorar o boa fé dos leigos. 

O que dá legitimidade a um “rei” religioso afro-brasileiro (ou em qualquer lugar do mundo) é o reconhecimento de seus súditos e a reverencia a ele prestada, independente de ser auto intitulado, ou de ter sido titulado após a morte. É importante para uma nação religiosa afro-brasileira aqui formada conhecer suas origens e ser respeitada através de um ícone. 

Mas estas origens estão aqui mesmo no Brasil, todas as nações religiosas afro-brasileiras tem seu fundador mítico. Estas nações devem respeitar-se mutuamente respeitando seus fundadores. Se o rei em questão é reconhecido por seus súditos, então ele é rei, independente do sangue de família e de sua suposta origem africana, ou não. O mesmo conceito vale para os príncipes e princesas. 

Entre os iorubas, o conceito de principado é diferente do europeu, pois não é preciso ter sangue nobre para ser príncipe. Quando um rei é coroado, todas as crianças que nascem no lugar de origem do rei, a partir desta data, são considerados príncipes (Nathan Lugo).



Algumas considerações


O Batuque possui identidade, rituais e origens próprias, por isso, é completamente errado, como vemos alguns autores dizendo que o Batuque seria um tipo de Candomblé gaúcho. Não, não é, assim como o Candomblé não é um Batuque nem precisa ser.

O Candomblé possui várias Nações com costumes, idioma, divindades e tradições diferentes. 

O Batuque possui segmentos atualmente destacam-se Oyo, Nagô, Kanbina, Jeje e Ijesa que cultuam as mesmas divindades, possuem os mesmos costumes, iniciações e tradições, portanto, podemos dizer, conforme o Conceito de Nação, que o Batuque é uma nação com alguns segmentos.

Concluindo que tanto o Candomblé quanto o Batuque nasceram aqui, não veio da África, sendo que até o momento não temos registros que existiu ou existe Batuque ou Candomblé em qualquer lugar da África.

Sobre o conceito de Reis, Rainhas, Príncipes e Princesas africanas nem sempre se baseiam em sangue real, mas são denominados conforme os ritos ou costumes de uma região.

O mesmo ocorre no Brasil, onde Reis, Rainhas, Príncipes e Princesas recebem suas condecorações pelos seus súditos. 

segunda-feira, 25 de julho de 2022

PAI ANTONIO CARLOS FALA: MÊS DE AGOSTO NÃO REPRESENTA NADA PARA NÓS

Por Terreiro de Pai Leandro 

Postado em 10 de agosto de 2020, acessado em 25/07/2020 às 12:21








Link - https://www.facebook.com/watch/?v=286141989343074&extid=CL-UNK-UNK-UNK-IOS_GK0T-GK1C-GK2C&ref=sharing

quinta-feira, 21 de julho de 2022

OS MISTÉRIOS DE "ORI":

Postado em 20/07/2022, acessado em 21/07/2022 às 16:59




Um dos grandes fundamentos do Batuque afro gaúcho é a manutenção do Orí do iniciado no culto.

Para tanto é importante saber que Àtúnwá (reencarnação) e/ou àtúnbí (renascer), é o processo divino de continuidade da vida.

O Ori é a bússola do sagrado que nasce com cada indivíduo, é a morada de nossa pura essência, nosso "Deus" particular.

Quando nascemos, o Orí (cabeça), é o primeiro orixá que recebemos.
E quando damos obrigação ao Ori, trazemos as impressões que estão gravadas no inconsciente, a nossa origem no universo.

Orí é fonte da inteligência para a sobrevivência no ayé (Terra) e dele (Orí), geramos toda a força propulsora que nos conduz em nossa jornada não somente para a vida em si, mas também na saúde, prosperidade e equilíbrio.
Nosso Orí está diretamente ligado ao "Orí òrun", portanto ele conhece nosso destino e desta forma nos conduzirá na passagem do mundo físico para o mundo espiritual e vice e versa.

Assim, Orí = "Origem do Ser"
“Nada se faz sem um bom Orí"

Um bom Orí é aquele que está sempre alerta, sempre buscando evolução, sempre melhorando seu caráter e suas maneiras.

Cultue seu Orí através do Obori.

Seu Orixá só age na sua vida através de Orí e com a permissão dele, ou seja, quem cultua Orixá, sem cultuar e conhecer Orí, perde muito tempo de vida e não recebe respostas com a intensidade que espera.
Muito Axé !

Imagem comprobatório

sábado, 16 de julho de 2022

TIPOS DE MARCAS TRIBAIS EM YORUBALAND

Por Sangodele Sangomayowa Ibuowo 

Postado em 14/07/2022 acessado em 16/07/2022 às 09:35

TYPES OF TRIBAL MARKS IN YORUBALAND


1. PELE: PELE tem variantes diferentes e comuns em Ile Ife. As variantes incluem; Pele Ifé, Pele Ijebu, Pele Ijesha, Pele Akoko.

2. OWU: Este é o tipo de marca indígena para Owu em Abeokuta, Estado de Ogun. Você pode encontrar esta marca facial no chefe Olusegun Obasanjo. Também é conhecido como a marca tribal Egba

3. Gọmbọ: Esta marca tribal é nativa de Ogbomosho.

4. ABAJA: É muitas vezes referido como “Abaja Alaafin Mefa Mefa”. Esta marca tribal é exclusiva dos indígenas de Oyo, na Nigéria. Você pode encontrar esta marca no HRM. Oba Lamidi Adeyemi III, o ALAAFIN da OYO.

6. Outras marcas tribais iorubás incluem; Ture, Mande, Bamu e Jamgbadi, Soju, Jaju 


Fonte - 
https://www.facebook.com/photo/?fbid=1812361938967381&set=a.130877117115880

sexta-feira, 15 de julho de 2022

ORI APERE

Por Agbeke Orator 

Postado em 05/07/2022 acessado em 15/07/2022 às 10:53 hrs

 


Link - https://www.youtube.com/watch?v=rfGL_Xtzfv8

TEMPLO DE OSUN OSOGBO

Por Orisa Brasil

Postado em 09/07/2017 acessado em 15/07/2022 às 10:50



Fonte - https://www.facebook.com/watch/?v=1367315513385312

domingo, 10 de julho de 2022

ORÍKÌ OLÓDÙMARÈ (LOUVOR A OLÔDUMARE)

Louvor a Olódùmarè



 

ORÍKÌ OLÓDÙMARÈ

1 L'ojú  Olórun! L'ojú Olódùmarè!

2 Elédàá, Eléèmìí, Olùpilèsè

3 Òyígíyigì Ota Aìku

4 Ògàá àgo Oba òrun

5 Atérere Káyé, 

Eléni à té'ka

7 Oba a sè kan má kù

Olórun nikan l'ógbon

9 Ar'inur'ode

10 Olùmònokàn

11 Oba Aìrìí Awamaridi

12 Oba Adáké dá'jó

13 Oba Mimo ti kò l'éèrí

14 Alalàfunfun òkè

15 Isé Olórun tóbi

16 Alábàáláàse, a rán rere si i àwa.


 LOUVOR A OLÔDUMARE

1 Na presença de Olórun! Na presença de Olódùmarè!

2 Criador, senhor dos espirítos, fundador do mundo.

3 Pedra imutável e Eterna

4 Mais Alto Glorioso Rei do Céu,

5 Aquele que Se espalha sobre toda a terra,

6 Dono da esteira que nunca se dobra

7 Rei cujos trabalhos são feitos com perfeição

8 Olórun é o único que tem sabedoria

9 Aquele que não podemos ver.

10 Aquele que conhece os corações.

11 O Rei invisível que não podemos ver

12. Rei que mora em cima, e que julga em silêncio

13 Rei Puro, que não tem mancha.

14 O Rei puro que não mancha

15 Os trabalhos de Olórun são poderosos

16 Alábàáláàse envie as coisas boas para nós. 


MARINS, Luiz L. Obàtálá E A Criação do Mundo Ioruba, 4 Edição, Edição do Autor, São Paulo, 2021, pg 9 a 10.

Link acessado em 10/07/2022 às 09:43hrs -  https://luizlmarins.files.wordpress.com/2022/05/obatala-e-a-criacao-do-mundo-ioruba-quarta-edicao-gratuito2.pdf  

quinta-feira, 7 de julho de 2022

OBÀTÁLÁ CRIA O SER HUMANO

Por Erick Wolff de Oxalá

Postado em 07/07/2022



Este ensaio tem por finalidade demonstrar que Obàtálá, cria o ser humano sozinho, enquanto ele cria as árvores, e, que também planta todas as sementes do mundo.  


O livro Obàtálá e a criação do mundo Ioruba, do Luiz Marins, coleta e reúne versos que até então estavam fragmentados. Neste texto coletamos somente os versos que envolvem a criação do homem, a seguir: 


 [...]

165. Ele procurou uma lagoa

166. Ele viu sua imagem refletida na água

167. E sua própria imagem que o inspirou

168. Obàtálá começou a criar os corpos

169. Ele escolheu vários tipos de amó (barro)

170. De todos os tipos, de várias cores.

171. É por isso que ele é chamado de Alámòrere (Dono do barro bom)

172. Ele começou a modelar ara (corpo)

173. Ele fez okùrin (corpo do homem)

174. Ele fez obinrin (corpo da mulher)

175. Ele fez orí (cabeça)

176. Ele fez apá (braços)

177. Ele fez esè (pernas)

178. Ele juntava tudo para formar um corpo

179. E colocava para secar embaixo do òòrùn (sol)

180. Òòrùn ìmólè (Luz do Sol)

181. Era isso que secava os corpos

182. Depois que os corpos secavam,

183. Ele os colocava num lugar escuro e fechado

184. Para cada ser humano que ele criava

185. Ele criava também uma árvore

186. Ele trabalhou, trabalhou, trabalhou

187. Até que ele ficou cansado

188. As sementes que ele plantou já haviam nascido

189. Todas as árvores já haviam crescido

190. As palmeiras já haviam crescido

[...] (pg. 32 a 33)


Considerações

Notamos que no òrun (mundo espiritual) não existe a participação de nenhuma outra divindade enquanto Obàtálá cria o ser humano. Observamos que Obàtálá cria os homens e mulheres completos com todos os membros, inclusive os diferenciando sexualmente.  


Referencia
MARINS, Luiz L. 
Obàtálá E A Criação Do Mundo Ioruba, 4 edição, Edição do Autor, São Paulo, 2021.
Link - 
https://luizlmarins.files.wordpress.com/2022/05/obatala-e-a-criacao-do-mundo-ioruba-quarta-edicao-gratuito2.pdf  

terça-feira, 5 de julho de 2022

O VALOR DO EJE: MENOS É MAIS

Por Erick Wolff de Oxalá

Postado em 04/07/2022

Imagem 01, sacralização para Ògún, crédito Awosipe


Este texto apresenta ao leitor alguns conceitos que envolvem o uso do eje

Sobre oferendas comunitárias o professor Hendrix (2015), assim comunica:


[....] Em África, durante as grandes festividades em homenagem às divindades, são realizadas procissões onde os assentamentos dos òrìsà são lavados com água da nascente de um rio e, posteriormente, são imolados animais que se tornam o prato principal de um banquete comunal nessa "economia teologal "acompanhada de grandes festas coletivas, muitas vezes patrocinadas pelo rei local ou dono de mercado. 

 

Existem vários tipos de oferendas destinadas às divindades e aos antepassados. Os yorùbá eram agricultores ou pastores, por isso as oferendas se constituem da mesma forma. Quando os yorùbá faziam a colheita, o primeiro prato era para a divindade da família ou da cidade ou da comunidade. Da mesma forma quando pretendiam fazer, por exemplo, uma comida a base de galinhas. Antes de comer o animal, devia-se sacrificá-lo aos òrìsà, para, daí sim, poder consumir a carne. [...] (pg. 11)


E o professor Hendrix completa:


[...] Para os yorùbá todo ser vivo foi criado por Òòsàálá, portanto a sua vida devia ser respeitada. Para poder alimentar, o yorùbá deve primeiro devolver aos òrìsà,, o àse, a energia vital divina, assim ao consumir a carne do animal, seja uma galinha, um carneiro, ele está em comunhão com a própria divindade. [...] (pg. 11)


A seguir mostraremos a fala do Bàbálawo Ifaodunnola Aworeni:


[...] Meu irmão na realidade quem vai definir a sacralização é Orunmilá e os Orisás através do Ikin ou Meridigolun.[...]

 

Sobre a quantidade de animais oferendados o Bàbálawo Aworeni, esclarece:


[...] O Oluwo Bàbá Ifateju Aworeni no I Seminário AfroBrasileiro em Porto Alegre em seu discurso falou algumas palavras que repercutiram pesadamente em meus princípios religiosos: ..... Orisá não é vampiro....

Ou seja se Orunmilá determinar que seja usado um adiẹ não deverá ser usado dois, três, quatro ou cem! Deverá ser usado somente UM!

E é isso que justamente o que muitos erram, pois na ânsia de agradar ou por falta de conhecimento saem por ai sacralizando sem nenhum tipo de comedimento. [...] (Aworeni)


Consideração final 


Em consonância aos conceitos apresentado, já algum tempo venho divulgando que podemos observar a orientação do jogo para evitar exageros no abate, afinal o poder está no próprio orixá, no àse que ele carrega de Olodumare 


*Èjè - sangue

Referencias

AWORENI, Bàbálawo IfaodunnolaPai qual o momento certo de usar o Ejé?, J.B Ancestralidade, 2022.

Link acessado em04/07/2022 às 21:20 hrs - https://www.facebook.com/730042267179598/posts/pfbid0s7P8HQygmnSScKGGwqCTWcraPTNBE2qjaaCQ4JKB4e3fSHvQtYRjMrBXdisWsbgEl/


AWOSIPE, Ifatola Sangodare. Feliz início do mês, Ò Ògún, Blog Ilê Axé Nagô Kóbi, 2020 (crédito imagem 1)

Link - https://iledeobokum.blogspot.com/2020/05/feliz-inicido-de-mes-ose-ogun.html


SILVEIRA, Hendrix. Ìpèje: a Imolação nas tradições de Matriz Africana, Revista Olòrun n25, 2015.
Link - https://revistaolorun.files.wordpress.com/2018/10/revista-olorun-25.pdf

Imagens comprobatórias



domingo, 3 de julho de 2022

FESTIVAL DE OSUN EM OSOGBO 2016 - NIGÉRIA - AFRICA

Atenção ao vídeo:

1- Canto a Osun
1.1- Devota deita no chão - dobale. Em 0:36 segundos.
1.2 - Devota toca no chão e na cabeça. Em 1:22
2 - Canto para Yemoja
3 - Em 5:10 Transe da Orisa.
4- Devotos fazendo oferenda no Rio Osun
5- Araba Ifayemi Elebuibon no Festival
6- Arugba de Osun





Fonte - https://www.facebook.com/watch/?ref=search&v=1045039708946229&external_log_id=c6af2f06-7407-4e0a-a8c6-fb2e61fdf4de&q=festival%20oyadara%20em%20osogbo

FESTIVAL DE OYA EM OSOGBO 2022

 Oya na cidade de Osogbo - Nigéria

O elegun é Oyadara Lasigun




Fonte - https://www.facebook.com/myblackfestivals/videos/580713960238669

FESTIVAL DE OYA EM IRA 2022

Festival de Oya em Ira kwara - Nigéria

Créditos : Baba Flávio Monteiro via Oyadara Lasigun




Fonte - https://www.facebook.com/watch/?ref=search&v=299011242039048&external_log_id=7c115112-600f-45c6-90a1-e54053525225&q=FESTIVAL%20OYADARA

sábado, 2 de julho de 2022

OS MONGES DE OKO - Bela obra de ficção

 

Baba Akerena

 

Leia uma breve sinopse do livro

 

Os Monges De Oko: A Vingança De Ajogun

 

Os Monges são guardiões da paz e de um dos tesouros da Criação, descendentes de Orixá Oko, o Deus da Agricultura, da caça e do combate não-letal, dois irmãos gêmeos: Adeagbo e Akinjole, estavam prestes a serem iniciados como sacerdotes de seu Deus Ancestral, mas sua cidade foi invadida por àkúdàáyàs (Mortos-Vivos) sendo este um sinal claro do retorno de um antigo mal... Os Ajogun, entidades que são a personificação dos males do mundo.

 

Após a queda de Abomé, ambos se separam e fazem escolhas diferente de acordo com suas crenças e valores, um luta para trazer uma nova ordem aos Nove Òrúns; o outro pela liberdade e sobrevivência do seu povo, mas ambos passarão por provações, desafios e experiências através de lutas e descobertas sobre si mesmos como sacerdotes-èlà, descendentes dos orixás que podem manifestar o axé, a essência vital, herdada da divindade, e canalizá-la através de rezas, feitiços, armas especiais para controlar, criar, curar ou ferir, seja pelos quatro elementos naturais, elementos mistos, ou domínios singulares, os èlà podem ter os mais variados poderes, mas seus dons são ligados a sua ascendência divina.

 

Akinjole e Adeagbo explorarão o Àiyé, a terra, conhecendo cidades, reinos e impérios. Além deles outros heróis, e vilões, estarão nessa campanha, cada um com suas próprias metas, medos e sonhos que , por vezes, acabarão se chocando e isto poderá definir os resultados mais inusitados.

No final, seus destinos se encontrarão.

Ficha técnica:

Título: Os Monges De Oko: A Vingança De Ajogun 

Autor: Walter Kiffmann

 

Formato: eBook Kindle

Tamanho do arquivo: 1443 KB

Número de páginas: 375 páginas

Quantidade de dispositivos: Ilimitado

Vendido por: Amazon Serviços de Varejo do Brasil Ltda

https://livrariapublica.com.br/os-monges-de-oko-a-vinganca-de-ajogun-walter-kiffmann/ 


Extrato:


Geografia - Aiyê: O Labirinto das Cabeças Descartadas - Parte I

 

Existe uma construção no Aiyê, mais precisamente no Estreito de Igbaru, ou "Os Pilares de Tẹ̀llà Òkò", local que liga o continente Àríwá (Norte) com o Ìwọ̀-Oòrùn (Oeste), um labirinto, que por fora é modesto e pequeno, mas por dentro é exuberante, colossal e aterrador.

 

Do lado externo, uma simples porta dupla de madeira encerada e bem acabada; as paredes são de barro branco e preenchidas com pinturas azuis e de outra tonalidade branca referentes a Àjálá, o aspecto de Òṣálá que cria os Orís (Cabeças); e o telhado sustentado por madeira com palha. Do lado interno, a temperatura era baixa, durante todo o tempo cristais de gelo e neve caíam de um teto mágico com pinturas de Ọbàtálá criando o homem: a modelagem com os quatro elementos; a ajuda de Nanã e Yemọjá; o barro e a água primordial; e os moldes defeituosos, as cabeças rachadas e imperfeitas. Portanto, a retratação do aperfeiçoamento de Ọbàtálá até alcançar a perfeição que seriam os Ènìyàn (humanos). O tamanho do labirinto era desconhecido: as paredes detinham dez metros altura, o chão era todo coberto por névoa, as chamas que iluminavam toda aquela imensidão eram incolores, quase cinzas, e por todos aqueles muros havia um número infindo de... Cabeças.

 

Aquelas cabeças eram os modelos falhos, os moldes deficientes de Orís feitos por Ọbàtálá desde a Criação, por isso o labirinto sempre se transformava e expandia, pois o Grande Orixá jamais cessou o seu ofício. Toda vez que sua modelagem saia imperfeita, Ele descartava a Cabeça e o corpo para o Labirinto. 

 

O labirinto se modificava o tempo todo de acordo com o novo descarte de cabeças. A estrutura em si é um Templo de Ọbàtálá, porém, o único inabitável e amaldiçoado pelo Senhor do Pano Branco, porque lá se encontravam as provas que Òṣálá podia errar e tamanha exposição de sua persona divina, o enfurecia. Logo, o Òrìṣà Nlá determinou que aquele local jamais deveria ser visitado, ou explorado, por qualquer ser vivo, além disso, se algum descendente dele ousasse contrariar a sua vontade, este seria renegado por Ele

 

 Informação pessoal complementar via Facebook


 Facebook. Acesso em 02/07/2022

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ADENDO:

Na data de 30/08/2023, Baba Akerena esclarece o público que seu livro "Os Monges de Oko" é uma obra de ficção, que não deve ser usada como embasamento histórico acadêmico.




 

TIKTOK ERICK WOLFF