NDUNGA
(pl. ZINDUNGA OU BADUNGA)
Os ZINDUNGA são grupos de mascarados que ainda hoje se encontram em terras de Cabinda: no Kizu, Ngoio, Kinzazi e Susu.
Se actualmente está a perder parte do seu carácter secreto, do género de seita secreta - a instituição dos ZINDUNGA era tida de carácter secreto e a única que se conhece ter existido em Cabinda. O P. Bittremieux quer compará-la à sociedade secreta dos BAKHIMBA, do Maiombe ex-belga.
Ainda hoje, se está bastante divulgada e se não se reveste dos cuidados e segredos de outrora, muita coisa se desconhece a seu respeito e é rodeada ainda esta instituição das máximas cautelas e sigilo.
Inicialmente era formada a seita por nove mascarados. Mais uma vez se nota aqui o número sagrado destes clãs. Posteriormente juntou-se-lhe mais um décimo mascarado. Mas ninguém nos soube dar uma explicação que satisfaça plenamente. Chegam a dizer que foi no tempo do Sr. Dr. Corte Real que passaram a ter dez mascarados.
O Sr. Dr. Corte Real teria gostado que fossem em número par...
Daremos, mais para o fim, os nomes de cada mascarado e, tanto quanto possível, a sua explicação.
Em terras de Cabinda, todos, tanto pretos como brancos, conhecem hoje os Zindunga. Aparecem com frequência nas grandes solenidades e, como folclore, raro faltam nas festas do aniversário do tratado do Simulambuku e tendo as suas exibições na aldeia de Nova Estreia.
Nas solenidades do MPOLO ou NZIMBU (que descreveremos) relacionadas com os funerais dos nobres e ricos senhores, solenidades que hoje se realizam um ano após a morte, os Zindunga estão sempre presentes.
Mas a presença dos Zindunga obriga a grandes despesas.
Outrora, os cadáveres eram enterrados semanas, meses e até anos depois da morte, para dar tempo a que se juntassem as coisas necessárias para um enterro de grande senhor.
Com a obrigação do enterramento logo após as 24 horas sobre a morte, todo o cerimonial do MPOLO fica para o primeiro aniversário da morte do nobre ou rico senhor.
Os homens que fazem parte desta Instituição dos Zindunga apresentam-se escondidos debaixo de grandes máscaras, pintadas e sarapintadas de várias cores, e com uma espécie de coroça, que os cobre até aos pés, feita de folhas de bananeira.
A Lisisa-sisa é tida por planta sagrada.
A falta de resposta-ou de poder responder - a estas perguntas, além das leis e regras que regem a instituição, é que lhe dão aspecto de seita secreta.
Uma coisa é certa: nunca se houve pronunciar o nome seja de quem for. Nunca se ouve dizer: debaixo daquela máscara está fulano; sicrano e beltrano, etc., etc.... são Zindunga. Nada. Nadinha.
Se os conhecem - e cremos que não - não o dizem. Nem sequer mostram curiosidade em o saber. Aquenta-os e corta-lhes a curiosidade o receio, até um quase terror, de que alguma coisa de mal lhes aconteça ou que os Zindunga os castiguem.
O chefe de família do defunto arquiva a dádiva reconhecido.
Com antecedência suficiente os Zindunga preparam tudo o que lhes é necessário. A máscara há muito que está pronta. Mas a vestidura de folhas de palmeira é feita de novo. Bem a tempo, tudo fica em ordem. Não esquecerão aquela espécie de vassoura, a Nsense.
Para não serem reconhecidos, as deslocações fazem-se sempre de noite e com as maiores cautelas e silêncio. É pela meia noite que se deslocam. Em local escolhido e já préviamente preparado se escondem e vivem sempre que deixam o lugar das cerimónias e danças.
Este recinto é cercado com folhas de palmeira, suficientemente altas e espessas, de modo a não permitirem olhares indiscretos.
Aliás, entre os negros, o medo é grande. Instintivamente fogem do local onde estão escondidos os Zindunga e não se lhes atiça a curiosidade. Até para satisfazerem as suas necessidades, os Zindunga têm lugares escolhidos e suficientemente resguardados.
Mas os Zindunga não comparecem somente em funerais ou festas relacionadas com eles. Assistem também às festas do Nfumu-Nsi (chefe da terra, do clã) a fim de o abençoarem, depois da eleição e consagração pelo Nkisi-Nsi e reconhecimento por todo o povo.
É que o Nkisi-Nsi é o espírito protector da terra, é o maior de todos, é o que toma perante os homens o lugar de Deus, urna vez que Este, sendo tamanho, imenso, e estando tão longe, não pode incomodar-se com os pobres mortais!...
Os Zindunga são também os defensores da ordem e das leis.
Estão estritamente ligados ao Nkisi-Nsi, ao Ntoma-Nsi e ao Nfumu-Nsi. Por isso, comparecem logo que o ou Ntoma-Nsi adoecem.
Neste caso, a primeira reunião, dança e cerimonial, realiza-se no próprio local onde se encontra o Nkisi-Nsi, ordinariamente, como já sabemos, no maio da floresta ou em lugar ermo.
Ninguém pode assistir a essa primeira "prece" junto do Nkisi-Nsi Chamasse a isto o Kubila Kinkisi-Nsi - Saudar o Nkisi-Nsi (para que cure o doente).
Tem lugar pela meia noite esta dança-prece. A dança é intercalada de comes e bebes. Continua secreta a reunião e a dança. Nem as pessoas de família lá são permitidas.
Conferenciam entre eles. Já saberão, mais ou menos, pelo que lhes disseram a respeito do doente ou por que algum deles o foi ver, se é muito grave ou não o seu estado; se há probabilidades de que tudo passe em nada e não passe de um susto; se pode haver a possibilidade de se juntar ao activo da instituição um "milagre"!
Far-se-ão tanto mais caros quanto mais provável é o dito "milagre"!
Ao cantar do primeiro galo, depois de conferenciarem, vão descansar. De manhãzinha, o Chefe dos Zindunga vai falar com o doente - o Ntoma-Nsi ou Nfumu-Nsi - e levá-lo a convencer a família de que é necessário apaziguar o Nkisi-Nsi ou atrair-lhe a sua bênção.
Ora, o apaziguamento do Nkisi-Nsi ou o atrair as suas bênçãos sobre alguém - conforme os casos - só se consegue através da actuação dos Zindunga que, como o doente bem deve saber, são as «esposas» do Nkisi-Nsi.
Por outro lado, os Zindunga só podem dançar, actuar, comendo e bebendo bem e sendo bem pagos! E daqui se não sai.
O doente, tanto quanto lhe é possível, e já escolhem quase sempre ocasião em que o pode fazer, ergue o tronco e levanta as mãos ao céu em sinal de agradecimento.
Os Zindunga, seguros do êxito, continuam por mais dois ou três dias nessa «boa vida», a comer, beber e a ser muito considerados. Depois de também muito bem pagos, voltam à vida normal.
A esta cerimónia se costumava chamar Vakuisa Nfumu-Nsi ou Ntoma-Nsi - Fazer pagar o tributo ao Nfumu-Nsi ou Ntoma-Nsi.
Se contra toda a esperança e depois de todo o cerimonial dos Zindunga o Nfumu-Nsi ou Ntoma-Nsi vier a falecer, não há problema.
São obrigados, os infractores - ele e ela - a dançar nús, ou apenas com umas fracas folhas a cobrirem o sexo, e que acabam por cair durante a dança, diante de todo o povo da aldeia. Também não falta gente vinda de fora. O caso torna-se público e assim é necessário para melhor apaziguar o Nkisi-Nsi
Ao ritmo da música da dança Mbitika - Mbitika-Mbítika ié, Mbítika-Mbumba Mbítika ié são batidos e fustigados pelos presentes, incluindo os Zindunga.
Imagine-se o tormento. Não são, ainda hoje, comuns estas faltas. É que o terror que inspira esta dança acalma os mais e as mais fogosas.
São faltas contra o Nkisi-Nsi. É preciso guardar pura a raça. E para a. continuação da raça a mulher só se pode dar depois das cerimónias da Nzo-Kumbi.
O mesmo Ntoma-Nsi e Nfumu-Nsi têm a máxima consideração pelos Zindunga. Estes, até certo ponto, porque são as esposas - bakama - do Nkisi-Nsi, são superiores a eles. Portanto, cautela com o repartir das coisas: dinheiro, aguardente e mais bebidas...
Se os Zindunga não se julgarem suficientemente bem pagos e remunerados, pode bem ser que acarretem males e desgraças sobre o Nfumu-Nsi e Ntoma-Nsi.
Segundo a Tradição do povo de Cabinda - Bauoio - a instituição dos Zindunga foi inspirada por Lusunzi.
Por isso, como veremos, posto que o primeiro mascarado tenha o nome de MABOBOLO, o verdadeiro chefe dos Zindunga é chamado Nganga-Lusunzi (sacerdote de Lusunzi),
Ao Nganga-Lusunzi compete o velar e zelar, com os mais Zindunga, por todos os actos espirituais, pela moralidade do povo e bons costumes antigos.
Os Zindunga eram invioláveis em todos os seus actos. A sua autoridade, absoluta. A sentença que deles proviesse, dada pela voz de um deles, voz fingida para não ser reconhecida, era irrevogável, mesmo que fosse sentença de morte. E era prontamente aplicada.
A comparência dos Zindunga, além das ocasiões mencionadas atrás, podia ser provocada pelos motivos seguintes:
1. - Actos ofensivos à povoação do Kizu (sede dos Zindunga de Cabinda, a ROMA DOS BAUOIO como lhe chamou o falecido A. J. Fernandes) ou às outras povoações dotadas de Zindunga.
Essas ofensas, na crença deles, podiam provocar a falta de chuvas, da pesca, da caça, etc.
2. - Falta às leis de Lusunzi, à moralidade pública, no que diz respeito a actos sexuais cometidos com raparigas antes de passarem pela «casa da tinta»; faltas a certas leis conjugais (v. g. relações sobre o solo, relações com pessoas do mesmo Mbingo, etc., etc.)
3. - Se do Kizu (Kinzazi, Ngoio, Susu, terras que possuem os Zindunga) os Zindunga podem rogar pragas e trazer malefícios, seja para quem for, também podem prodigalizar bênçãos e libertar de todos os males.
E lá se juntam ou são chamados para as doenças dos grandes chefes. As pessoas de poucos meios não o podem fazer.
4. - Por actos de simples representação: aniversários de festas, solenidades públicas, nomeação de algum grande chefe.
5. - Em calamidades públicas, que sempre se atribuem à falta e malícia dos homens: carência de chuvas, sol tórrido, seca das plantações, ausência de caça e de pesca, etc., etc.
Nos casos de falta às leis de Lusunzi, injúrias ou actos ofensivos contra os Zindunga (ou povoações em que têm a sua sede), em calamidades públicas, os Zindunga podem reunir-se por sua própria iniciativa.
Nestes casos iam à povoação em que se deu o caso e precediam a sua actuação por actos de verdadeiro saque antes de serem recebidos pelo Nfumu-Nsi.
Os ritos e espécie de rezas que fazem nos seus «santuários», e muitas vezes em florestas e com o Ntoma-Nsi, são de absoluto segredo. A isso se chama Lombe.
Os actos públicos realizados nas povoações, resumindo-se em cantos e danças, chamam-se Kukina Mpuela - dançar a Mpuela.
Quando apareciam em público, nas festas de representação, ao deixarem a terra benziam-na, bem como as pessoas e coisas, sobretudo instrumentos de trabalho, quer dos homens quer das mulheres.
Havendo culpados, deviam comparecer, depois, no Kizu - ou povoação da respectiva instituição de Zindunga - e pagar a multa que lhes fosse imposta. Aliás, os Zindunga desceriam ao «povoado» e ficar-lhes-ia muitíssimo mais caro! O representante dos Zindunga recebia as multas.
Fig. P 25 - Simulacro de morte na danca guerreira Sanga. Note-se a presenca da figura do leopardo |
Fig.P 26 - Outro aspecto da danca guerreira Sanga na festa do Mpolo |
Os Zindunga estarão metidos no classificação de seita «aniotica», palavra derivada, dizem, da língua de Stanleyville e que quer dizer «homens-leopardos»?
a) - Os Zindunga destinam-se, primariamente, a zelar pelas leis morais e sociais e a castigar os desvios dos seus usos e costumes.
b) - Se as suas danças não são verdadeira m ente danças guerreiras, não é raro apresentarem-se juntamente com um grupo que executa essas danças, tendo a figura de um leopardo, feito em madeira, no meio do recinto.
OS QUATRO DIFERENTES GRUPOS DE ZINDUNGA QUE NOS FOI DADO CONHECER OS ZINDUNGA DO KIZU
O Kizu é a aldeia que se encontra no alto do morro do mesmo nome, fronteiro a Cabinda e a nascente.
Ao Kizu lhe chamava Roma dos Cabindas A. J. Fernandes.
Ngimbi Nkonko, de uns 68 anos de idade, é o chefe e guarda dos Zindunga (o Nganga-Zindunga).
Sabemos já que não são conhecidos da população os mascarados. São chamados, convocados para cada função. Passa de pais a filhos a honra de fazer parte dos Zindunga.
No fim de cada actuação, a não ser que haja outra imediatamente a seguir é queimada a espécie de coroça, feita de folhas de bananeira com que se vestem.
São cuidadosamente guardadas as máscaras e os panos que as ornam. Há para isso um lugar escolhido e escondido na floresta, lugar a que ninguém se atreve a ir, com pena de ficar cego, dizem, se se der com as máscaras fora de funções públicas.
Despendemos muitas centenas de escudos para fotografar os Zindunga em função por nós provocada, e mesmo em outras funções de carácter público. Por dinheiro nenhum pudemos conseguir que nos fosse permitido ver o «santuário» onde eram guardadas as máscaras. A negativa de Ngimbi Nkonko foi acompanhada do «descurpa, ser os nosso costume» E nada feito.
Ngimbi Nkonko diz que todos os dias vai ver e limpar as máscaras para as defender do salalé ou de qualquer outro insecto que as possa detiorar. Estão sempre ao abrigo da chuva.
Certo é que as tem em óptimo estado de conservação.
Esse cuidado é tanto mais necessário, quanto é certo que a madeira de que são feitas (Sanga-Sanga ou Sa-Sanga, Ricinodendrum africanum Mueel. Arg.) é fraca e levíssima depois de seca, e se trabalha e corta, como cabaça, quando verde.
Figs. C 12 - Os Zindunga preparam-se para uma actuaçao |
Figs. C 16 - Gimbi Kondo sai da floresta com os Zindunga do Kizu |
Figs. C 26 - Ntendekele (10) |
Os Zindunga do Kizu têm os nomes e explicações seguintes:
1. - MABOBOLO ou Nunu Kinguáli (Nunu Kinguáli - Chefe das perdizes).
É o chefe de todos os Zindunga ou Bakama. Tem, no cimo da máscara, o carapuço Nzita, bem como uma bengala, a indicar a sua superioridade e qualidade de chefe.
Leva na boca uma espécie de cachimbo a que chamam Mbonzo.
Mas Mbonzo é um nkisi.
Mbonzo:
Kanga liambu ku nsia ntima.
Mbonzo:
Amarra (guarda) a questão dentro do coração,
- Sê franco e não te feches em ti mesmo como o Mbonzo que guarda as coisas em seu recipiente.
Mabóbolo, ngongie, nkuluntu ndunga.
O Mabóbolo, anuncia o «ngongie» (instrumento para avisar o povo de que o chefe vai dar ordens), é o chefe dos Zindunga.
2. - MAMPANA
Mampana, ngazi mbi, mângina mu vi sásulu.
O Mampana, como é o mau coconote, não quer ir para a lixeira.
3. - KILAMBA
Teria sido a máscara adicionada posteriormente
Deus, o que faz, fá-lo bem feito e sem que nada falte.
4. - KUMBUKUTU ou MATONA MAMBUAMBU
Kumbukutu indica superioridade. Por isso o mascarado KUMBUKUTU se apresenta com a representação de uma pequena espingarda e de uma espécie de lança. É homem forte, cabo de, polícia que vai à frente em tempo de guerra. Mas, nem por isso, deixa de fumar a sua cachimbada! Pode notar-se que nas actuações dos Zindunga o KUMBUKUTU é quem mais se movimenta e finge agredir os presentes.
Mas também é homem que se mete a tudo, mesmo a cozinhar, Por isso tem também a representação de um pequeno molho de lenha.
Ou MATONA MAMBUAMBU (por ter cara bexigosa)
Há coisas que marcam a nossa vida para todo o sempre.
5. - VANGA NSI
Ou:
Faz a terra, despreza (se queres) a terra: Mas não desprezes a gente. Sem ela nada és.
Tem a representação de uma gancheta.
Usar meios proporcionados à empresa a que a gente se abalança.
Leva ainda a representação de uma pequena canoa-buatu.
6. - MBENGE MESO
Olhos vermelhos como que queimados pela noz de cola (a ficarem com a cor da noz de cola):
Traz a representação de uma parede-cumeeira (sem perdoar o cachimbo). A cumeeira está voltada em sentido contrário.
Mbaka kuntelama:
Babonso mamana ufuá v'ikanda uonso ko muntu ueki sakanena.
Quando a parede está virada:
É por que todos morreram na família e, assim, todos abusam.
Ou:
Dangamuna kendala:
Ntelama podi ko.
A parede cumeeira:
Não pode virar-se ao contrário.
Não se tira o direito a quem o tem, a razão a quem está de posse dela.
7. - DUENGIE MESO
Duengie meso, nkuluntu, umona.
O Duengie Meso é chefe que vê.
Está atento a tudo o que se passa sem nada deixar escapar, ainda que pareça estar de olhos fechados.
Ou Duengie meso, olhos limpinhos, claros, que tudo vêem.
Na boca, estão representados dois dentes.
Estou a rir-me de vós: Tudo o que fazem eu vejo.
As aparências nada indicam. Por isso, não se fiar nelas.
8. - MAKAIA MAKONDE-KONDE
Makaia Makonde-Konde são as folhas secas de bananeira. Para nada servem. Delas nada se faz.
Ou:
Na sua actuação este Ndunga parece o diabo. Zanga-se por tudo e por nada. Repare-se que até é representado com um olho de cada cor!
9. - BENVO LUMUANA
Tem um Kiela-Kiambavu (espinha do peixe-serra).
10. - TENDEKELE
Respeitar os outros, por pequenos e fracos que sejam.
Ninguém foge do que é seu.
Traz consigo também um Kiela-Kiambavu.
Estudando bem a "instituição dos Zindunga" podem resumir-se os seus fins no que seque:
A) - Tomar parte nas grandes solenidades do clã e abrilhantá-las.
B) - Atrair a «benção» do Nkisi-Nsi na festa da eleição - Kubiala - dos grandes chefes do clã.
C) - Afastar os Babimbindi e Bandoki - «comedores de almas» - nos funerais dos grandes da terra e, nos tempos presentes, nas festas do Mpolo. As danças guerreiras, sempre com movimentos agressivos contra um inimigo hipotético e ausente, não têm outro sentido e explicação.
OS ZINDUNGA do NGOIO, KINZÁZI e SUSU
A - Os do NGOIO, antiga sede do Reino do Ngoio.
1. - MPUNGU BIAMA
2. - NGANGA BALONDA
3. - TENDEKELE
4. - MPENGIE IVIOKA
Mpengie ivioka:
Mpengie ivioka, deixa-me passar.
Todos têm direitos (mesmo os doentes e aleijados)
5. - MANTANDU
6. - MAKAIA MAKONDE-KONDE
7. - MBEIA
8. - KILAMBA
9. - MASUMBA
O mundo é de todos e todos têm direito à vida.
10. - KUMBUKUTU
Ou
Fig. C28 - Makaia Makonde-Konde (do Nogoio) |
B - Os ZINDUNGA do KINZÁZI
KI-NZAZI - A (terra) do Raio.
1. - KIZI (Tchizi)
Nguli Zindunga
2. - MABOBOLO
3. - BEMBELE
Bembele muana
Menino obediente, dócil.
4. - IILU
5. - VUKILI
6 - NKANKA (espécie de esquilo)
7. - TENDEKELE
8. - IENDE
9. - NSUNGU
10. - MABUAKA
MABUAKA makuba ilimbu
O MABUAKA é o porta-bandeira.
C - Os ZINDUNGA DO SUSU
O SUSU é uma aldeia ainda em terras de N'Goyo. Fica na estrada do Subantando ao Kimbuandi a caminho da fronteira Leste com a República do Zaire.
Estão em declínio os «Zindunga» desta aldeia. Não nos foi possível fotografar todas as máscaras. Mas, pela fotografia que apresentamos, pode adivinhar-se a que ponto desceu a «instituição» dos Zindunga do Susu.
Também tinham 10 máscaras. Como o KIZU, NGOIO e KINZAZI haviam acrescentado mais uma ao número primitivo, que era de nove.
Os nomes dos Zindunga do SUSU eram, praticamente, os mesmos dos do Kizu.
Fig P 21 - O que resta dos Zindunga do Susu |
Com que pintavam as máscaras?
Com cores conseguidas ao modo da região.
Dá um negro muito intenso.
Conseguido o pó que se julga suficiente é dissolvido muito bem em água, devendo ficar com uma certa consistência.
A maior ou menor fixação da pintura à máscara (ou ao que pintarem) é conseguida pela mistura da seiva - liká linti - da árvore NUMBU. A seiva desta árvore é misturada com a quantidade de tinta obtida e proporcionalmente, está bem de ver, a essa quantidade. Actua como fixo-cal.
Não deixa de ser bem interessante e curiosa esta dita «INSTITUIÇÃO DOS ZINDUNGA».
O fim principal da máscara não é esconder alguém. É antes um sinal, uma representação de uma força invisível que vela pela comunidade.
Em Pentecôte sur le Monde - n.o 59 - Out. de 1966 - pode ler-se:
Fig. C17 - Mabobolo (1) |
Fig. C18 - Mampana (2) |
Fig. C19 - Chilamba (3) |
Fig. C20 - Matona Mabuambu (4) |
Fig. C 21 - Vanga-Nsi (5) |
Fig. C22 - Mbengie-Meso (6) |
Fig. C23 - Duengie-Meso (7) |
Fig. C24 - Makaia Makonde-Konde (8) |
Fig. C25 - Benvu-Lumuana (9) |
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