RIQUEZAS DO SOLO E SUBSOLO DE CABINDA - COMÉRCIO E INDÚSTRIA
É do domínio público, nacional e estrangeiro, que o País de Cabinda (7.270 quilómetros quadrados) é rico, não só em qualidades e virtudes de suas gentes, com características muito especiais, mas também em riquezas naturais do solo e subsolo, que contribuem para o volume sempre crescente do comércio e indústria.
Quanto ao petróleo: Foi por 1955/56 que se fizeram as primeiras prospecções.
Mas bem me lembro de que por 1943/44 já o comerciante do Fubu (Tando Zinze) João Martins falava na existência de petróleo, havia pedido aos Serviços de Geologia e Minas uma concessão para esse fim e foi encontrar a morte numa viagem que fazia ao Kimbuande, na fronteira Leste com a actual República do Zaire, onde se ia avistar com o Dr. Edmond Dartevelle para assentarem nos moldes de uma futura sociedade e prospecção.
As prospecções de 1955/56 começaram por dar esperanças bem fundadas. A partir de 1963 essas esperanças bem fundamentadas vão aumentando até que, em 1967, é descoberto um grande jazigo de petróleo a juntar a outros já descobertos.
Com a presença do Governador de Cabinda, então Brigadeiro América Agostinho Mendóça Frazão e do Presidente da Câmara de Cabinda, Manuel Coelho de Abreu, é feita, a 26 de Novembro de 1968, a primeira bombagem de petróleo de Cabinda para o petroleiro «GULF SCOT» de 43 mil toneladas.
Admite-se que o campo petrolífero já descoberto possa vir a permitir, por 1973, uma produção da ordem dos 15 milhões de toneladas anuais.
Mas, desde há muito, outras têm sido as riquezas exploradas no solo de Cabinda: óleo de palma e coconote, café e cacau e, especialmente, madeiras.
São bem conhecidas as florestas do Maiombe. Mas todo o País é rico em madeiras. Nas florestas de Cabinda se encontram das melhores madeiras de todo o mundo.
De começo, essa exportação era feita só em toros e com toros cuja densidade fosse inferior à da água, para poderem flutuar, pois era pelo sistema de jangadas que se levavam as madeiras para os barcos, ancorados a duas, três e mais milhas da costa, Infelizmente não havia, e ainda não há, cais acostável para barcos de grande calado.
O Grémio das Madeiras do País de Cabinda tem, porém dado solução a imensos problemas da madeira. As suas barcaças, puxadas por rebocadores, carregam madeiras serradas em pranchas, barrotes ou tábuas, bem como madeiras pesadas que não possam ser transportadas em jangada. Os mesmos rebocadores levam para junto dos barcos as jangadas de toros.
O aumento de fábricas de serração, as fábricas em construção para folheados e contraplacados (a da JOMAR), para lamelados e contraplacados (a da MABEL) vão permitir maior possibilidade de aproveitamento das madeiras e de todos os resíduos não exportáveis.
Apresentaremos os nomes das espécies mais conhecidas que têm sido exportadas. A classificação de madeiras de 1.a, 2.a, 3.a e 4.4 classes foi-nos fornecida, em tempos, pela Direcção dos Serviços de Agricultura e Florestas da 6.8 Zona Florestal do País de Cabinda.
A classificação científica, botânica, colhêmo-la ou confrontámo-la em Gossweiler e num estudo do Eng. Silvicultor Fernando Marçal Cameira. Neste estudo e no capítulo dedicado às «Espécies Florestais em Exploração» a qualificação das madeiras é designada por Sub-classe I, Sub-classe lI, Sub-classe III e Sub-classe IV.
Mantendo a qualificação antiga (1, 2, 3 e 4 classes), indicaremos, tanto quanto possível, a Sub-classe I, etc., etc. apresentada pelo Eng. Cameira.
MADEIRAS DE PRIMEIRA CLASSE
MADEIRAS DE SEGUNDA CLASSE
KUNGULU - Mimusops Djave (Lanen) Engl. (Autranella Congolensis A. Chev. (Sub. -classe III)
MADEIRAS DE TERCEIRA CLASSE
SONGATI ou MUNGUENGO - Alstonia Congensis Engl.
MADEIRAS DE QUARTA CLASSE
Segundo o Relatório do Grémio das Madeiras do Estado de Cabinda do ano de 1969, por ordem de quantidade, foram exportadas madeiras das espécies seguintes:
Foram exportadoras as seguintes firmas: (são nomeadas por ordem de quantidades):
Companhia de Cabinda, S. A. R. L Barreto & Filhos, Lda. Forte de Faria & Irmão, Lda. Cabinda Agrícola & Industrial, Lda. Sociedade Industrial, Com. e Agrícola, Lda. Sociedade Comercial Almeidas, Lda. Anibal Afonso e João de D. G. Bruno João Serrano Almeidas, Lda. Soc. Madeireira de Cabinda, Lda. Alexandre Moreira H. Serrano Manuel Moreira H. Serrano Mota & Comp., Lda. Simões & Comp., Lda. União Exploradora de Madeiras, Lda. Melo & Comp., Lda. A Florestal, Agric. & Industrial, Lda. Madeiras do Belize, Lda. Serrano & Oliveira, Lda. Sociedade Agrícola do Lucola, Lda. Soc. de Representações de Cabinda, Lda.
Fig. P 78 - Madeira magnifica que aguarda embarque
Fig. P 79 - Mais madeira para Melo , Jomar, C.C., etc., que vai embarcar
ÁRVORES DE FRUTA, LEGUMINOSAS, ETC. MAIS USADAS PELOS NATURAIS DE CABINDA NA SUA ALIMENTAÇÃO
A PALMEIRA DO DENDÉM - Elaeis guineensis Jacq.
Dela se tira o dendém donde se extrai o óleo de palma, o vinho de palma, o coconote, ramos para construção das casas, ramos para «mutetes», etc., etc.
MANDIOCA - Manihot
São duas as principais espécies de mandioca que se cultivam nas terras de Cabinda.
1 - A Manihot esculenta
Esta mandioca, para poder ser comida, deve ser deixada em água durante alguns dias a fermentar. Diz Gossweiler: «Os tubérculos, como é do conhecimento geral, contêm uma substância tóxica cianogenética que, por decomposição, dá o ácido prússico.»
Para se libertarem do veneno e dizem que muitos suínos têm morrido comendo as cascas ou bebendo a água onde esta mandioca esteve em infusão - é que esta qualidade de mandioca é sempre colocada na água para, assim, mais facilmente ficar livre da casca e do ácido prússico. É nos rios ou lagoas que a colocam a fermentar.
Não é comida sem ser fervida ou cozida ou assada.
2 - A mandioca Mundele-Mpaku
É bastante doce e tem um sabor corno que a castanha crua e não precisa de ser cozida ou posta em água. Cria-se facilmente e os tubérculos atingem comprimentos e grossuras verdadeiramente extraordinárias.
Na aldeia do Uângulo, a uns 4 quilómetros da Missão do Lukula-Zenze, vimos nós arrancar um tubérculo desta qualidade de mandioca que media perto de seis metros de comprimento e, na parte mais grossa, uns 20 centímetros de diâmetro. Era, na verdade, extraordinário. Mas tubérculos desta qualidade de mandioca, com 50 e mais centímetros de comprimento, são frequentíssimos no País de Cabinda.
De qualquer das qualidades de mandioca (da primeira, depois de fermentada) fazem farinha que acaba por ser sempre torrada.
É cozinhada como «farinha de pau» ou comida, a seco, misturada com um pouco de açúcar.
BANANEIRA - Musa
Há muitas espécies:
Musa Nana (banana anã), banana prata, banana ouro, banana maçã, banana pêssego, etc., etc.
Banana prata e banana ouro, por causa da cor exterior da casca.
Banana maçã, pêssego, por causa do sabor que têm nos lembrar aquelas frutas.
Há ainda a banana pão - Musa sapientum var. Parasidiaca Linn.
BATATAS INHAMES - Dioscorea alata Linn e Sativa
Comem-nas cozidas. Têm boa fécula.
BATATA DOCE - lpomoea batatas Poir
Muitíssimo comum. Não há ninguém que a não cultive. Comem-na cozida ou assada. Onde se planta a batata doce dificilmente cresce ao lado capim ou outras ervas.
Tókula - Caladium esculenta
Fazem esparregado de suas folhas.
Planta também usada em ornamentação, devido a suas folhas muito largas e muito verdes.
FEIJÃO - Plantam várias qualidades
O feijão «frade» (Vigna sinensis, Endl.) é chamado feijão makundi. Este é plantado nos terrenos mais altos e arenosos.
UANDO (GUANDO) - Cajanus flavus
AMENDOIM - (Mpinda, pl. Zimpinda) - Arachis hipogaea, Linn.
Cultivado por todos vias terras secas e arenosas.
MACOBA - (Nkongo - pl. Zinkongo) - Voandzeia subterrânea, Thouars.
ANANÁS - (Lifubu - pl. Mafubu) - Ananas ovalis, Miller.
Este é o ananás comum, mesmo comuníssimo nas terras e matas de Cabinda. Dá-se. em toda a parte e é sub-espontâneo. A variedade chamada «abacaxi», nome brasileiro, também se dá optimamente, mas é necessário que não esteja junto do ananás comum. Degenera fogo.
O Abacaxi é o Ananás comosus (Linn) Merr. ou A. Sativus Schult,
MAMOEIRO - (Lilolo - pl. Malolo) - Carica Papaya, Linn.
óptimos frutos, muito saborosos e odoríferos.
ABACATEIRO - Persea gratíssima, Gaertn.
Dá-se optimamente nas terras de Cabinda. As árvores ficam repletas de frutos. Não há homem nem animal de espécie alguma, que não goste de abacate. Os abacateiros de Cabinda dão frutos muito grandes e muito gostosos, maiores do que as maiores pêras que se possam encontrar na Europa. É fruto muito rico em proteínas.
GOIABEIRA - Psidium Guajava, Linn.
Bastante comum e dando-se bem. É mais apreciado pelas crianças.
MANGUEIRA - Mangifera indica, Linn.
Espalhada por toda a parte. Dá muitos frutos e saborosos, ainda que algumas qualidades tenham um forte sabor a teberentina.
SAPOTILHA - Sapota Achras, Mill
Boa árvore e muito bem ramificada. Dá frutos redondos do tamanho de ovos de galinha e revestidos de casca acastanhada e áspera. O fruto é dulcíssimo. Só vimos sapotilhas na Missão Católica de Cabinda, plantadas pelo Irmão Evaristo de Campos.
ANONAS
Sap-Sap (ou Sape-Sape) - Annona muricata, Linn.
São estas quatro qualidades de anonas que, com facilidade, se encontram nas terras de Cabinda.
MILHO (Lianha - pI. Manha) - Zea mays, Linn.
É plantado por todos logo no início da época das chuvas. Serve de alimento comido assado, em espiga verde, ou cozido, depois de descaroçado.
COQUEIRO - Cocos nucifera, Linn.
Dá-se bastante bem nas terras junto ao mar.
Os naturais bebem-lhe a água, comem-lhe a parte interior, branca e carnuda, e fazem fogo com a parte exterior e fibrosa, depois de bem seca.
ARVORE DA FRUTA - PÃO - Artocarpus incisa, Linn.
Dá-se muito bem nas terras de Cabinda. Arvore bastante grande e frondosa. Frutos redondos e grandes. Atingem, em média, diâmetros de 15 a 18 centímetros. O fruto não tem semente. É com rebentos, com raiz, que se replanta.
CANA DO AÇÚCAR - Saccharum officinarum, Linn.
Não há verdadeiramente produção ou cultivo da cana do açucarem terras de Cabinda. Mas é rara a aldeia que não tenha alguns pés aqui ou ali.
Serve de entretém para as crianças.
CAJUEIRO - Anacardium occidentale, Linn.
Dá-se bem mas é pouco cultivado. Comem a castanha, assando-a.
SAFUEIRO - Pachylobus edulis, Don.
Espontâneo no Maiombe e em quase todas as florestas do País, mas em menos grau do que nas daquela região.
O fruto é apreciado, mesmo pelos europeus, que o comem cozido com sal.
BERINGELA - Solanum incanum, Linn.
Bastante comum. Comem-na frita.
TOMATEIRO - Licopersicum esculentum, Mill
Muito cultivado, especialmente uma qualidade bastante pequenita mas com muito sumo.
EMBONDEIRO - Adansonia digitata, Linn
A parte interna do fruto é comestível e tem um sabor ácido, quando ainda um pouco verde. As crianças apreciam essa acidez.
Fig. P 80 - O fruto, Mpusu, do embondeiro
PIRI-PIRI - (Ndungu - pl. Zindungu, Biazi) - Capsicum frutescens, Linn
É a malagueta picante. Outras há. Mas esta malagueta pequenina é a mais usada, a mais comum, a que não falta em parte alguma.
Os Cabindas não comem nenhuma refeição cozinhada (muamba, saka-folha, kilembe, kienzu, feijão, peixe salgado ou fresco, desde que leve também óleo de palma) sem que leve Zindungu.
ÁRVORE DA NOZ DE COLA - (Likazu - pl. Makazu) - Cola acuminata, Schott e Endl.
É bastante comum esta árvore. Os naturais usam mastigá-la quase continuamente. Serve de tónico.
COMÉRCIO E INDÚSTRIA
Em «O Congo Português e as suas riquezas», de José d'Almeida Mattos, podemos ir buscar os nomes das principais firmas existentes, no País, em 1924. Eram elas:
No Chiloango e Lândana
Companhia de Cabinda; Companhia do Congo Português; Sociedade angola e Congo; Casa Inglesa (Hatton & Cookson); Casa Holandesa; Barata, Sobrinho & Comp. Lda; Martins, Garcia, Meio & Comp. Lda.; Amara] & Costa; Gouveia, Fontes, Oliveira & Comp.; Aniceto & André; Roséli & Comp.; Vicente Nunes Barata.
Na cidade de Cabinda
Companhia de Cabinda; Companhia do Congo Português; Barata, Sobrinho & Comp. Lda.; Casa Inglesa (Hatton & Cookson); Oliveira & Irmão; Martins, Garcia, Meio & Comp. Lda.; Varela & Mendes; União Comercial de Cabinda;, Serrano & Oliveira.
Nesta lista dada por Almeida Mattos deve faltar a firma Alexandre de Oliveira, Lda. que já existia, em Cabinda, em 1924.
A principal exportação era a do coconote e do óleo de palma.
Ainda hoje estes produtos continuam a ser uma das riquezas do País de Cabinda e a principal base de permuta com os naturais.
Alguns dados de firmas hoje existentes:
A Companhia de Cabinda
Data de 1903.
O Diário do Governo de 10 de Julho de 1903 insere os seus estatutos e os nomes dos homens que formaram a sua primeira Direcção.
A Companhia de Cabinda tinha por fim: «a exploração agrícola ou de outra natureza que se ofereça, das propriedades cujo domínio lhe pertence desde já, situadas no Distrito do Congo, e ainda em iguais explorações de quaisquer outras propriedades próprias arrendadas ou aforadas, ou de concessões minerais, ou de outra indústria extractiva, que por qualquer modo venha aí a adquirir ou na construção ou exploração de caminho de ferro.»
O capital inicial é de 450.000$00 reis, dividido em 100.000 acções do valor nominal cada uma de 4$500 reis (note-se, em 1903).
(Cf."Portugal em África" - 1'a Série - ano 1903 - pág. 422)
Os terrenos da Companhia de Cabinda somam um total de 139.600 hectares. Ocupa pois mais de metade do Maiombe e é mais de uma vez e meia a superfície da Ilha de S. Tomé.
Se nos recordarmos de que a superfície total do País de Cabinda é de (+/-) 10.000 quilómetros quadrados, concluiremos que a Companhia de Cabinda é uma boa percentagem do País de Cabinda...
A Companhia do Malembo veio a ser tomada pela Companhia de Cabinda trazendo aos terrenos já existentes mais 334 hectares distribuídos pelas fazendas de Muba-Chinfuca, Vida e Sókoto.
Em 1924 já tinha as roças seguintes:
Barroso, Nunes, Pinto da Fonseca, Alzira, Lucucuta, Caiapanzo, Adriano Coelho, Chimuanga, Lubambe, lzizalti-na e Lufuinde.
Serrações já as tinha nas Roças Adriano Coelho e na Pinto da Fonseca.. Estaleiros para construções de batelões e baleeiras, na Adriano Coelho. Nesta mesma roça havia maquinaria para descasque de café.
Na Roça Pinto da Fonseca estava a principal maquinaria para extracção de óleo de palma e coconote.
Devem-se à Companhia de Cabinda as primeiras estradas abertas do Buku-Nzau ao Nkuto, do Nkuto ao Seva e, depois, do Nsasa-Nzau ao Malembo.
No Nsasa-Nzau veio a ser criada a fábrica de tijolo e telha, que tanto incremento veio dar à construção em todo o País de Cabinda.
Os seus primeiros Directores/Administradores foram:
Pinto da Fonseca, João Nunes e Adriano Coelho.
A Sede da Administração esteve, inicialmente, no Chiloango, de 1904 a 1923. Passou em 1926 para o Malembo e foi andando do Malembo para Cabinda e de Cabinda para o Malembo. Passou definitivamente para Cabinda em 1945, sendo seu administrador Alvaro António Piano.
Não é fácil avaliar-se o quanto o País de Cabinda deve à Companhia de Cabinda mesmo apesar de todas as suas falências e fracassos em 68 anos de existência e nem o desenvolver este assunto pode entrar no âmbito deste trabalho.
Quanto lhe deve a agricultura, o comércio e a indústria, a pecuária, a educação e assistência às populações, especialmente as da região do Maiombe?
Sente-se esta lacuna: a da falta da história verdadeira, com todas as suas glórias, marés baixas e altas, da Companhia de Cabinda. E a história da Companhia seria, em grande parte também, a história do País.
Estando hoje à frente dos destinos da Companhia de Cabinda, como seu Presidente do Conselho de Administração e seu Director-Administrador, em Cabinda, o Ex. Senhor Coronel Augusto Soares de Moura, pessoa de rara visão e dinamismo a quem a Companhia já tanto deve, de lamentar virá a ser não aproveitar esta época para que se dêem à estampa os 68 anos de existência da Companhia de Cabinda.
Oliveira & Irmão (Daniel de Oliveira, Lda.)
A 9 de Abril de 1920 é fundada a firma Oliveira & Irmão (Daniel de Oliveira e João de Oliveira).
Em 1948, deixa de existir a firma Oliveira & Irmão para dar lugar à firma Daniel de Oliveira, Lda.
Actividades: - Armazéns de venda por grosso, de vidraria e de materiais de construção;
Lojas de modas, de mercearia e de ferragens; Padaria;
Roça «Campo Rico» com fábrica de descasque de café e torrefacção. Daniel de Oliveira, tendo sido um dos velhos colonos constructores da Cabinda actual, mereceu que a edilidade concedesse o seu nome a uma das ruas da cidade.
Serrano & Oliveira, Lda,
Firma fundada a 23 de Maio de 1920 entre Artur Henriques Serrano e João de Oliveira.
Depois da entrada e saída de vários sócios, mas conservando sempre a designação de Serrano & Oliveira, Lda., passa, por escritura de 17 de Janeiro de 1949, a ter como sócios Artur Henriques Serrano e seu filho Alexandre Moreira Henriques Serrano.
Após a morte de Artur Henriques Serrano, a 25 de Agosto de 1960, e por escritura de 6 de Outubro de 1961, a firma Serrano & Oliveira, continuando com a mesma designação, passa a ter como sócios os três irmãos Alexandre, Manuel e Rui Moreira Henriques Serrano.
Artur Serrano, dos grandes e velhos colonos de Cabinda, mereceu receber do Senhor Presidente da República Craveiro Lopes, quando da sua visita a Cabinda, o grau de Cavaleiro da Ordem do Mérito Agrícola e Industrial. A edilidade de Cabinda também concedeu a uma de suas principais artérias o seu nome.
Foi esta firma, Serrano & Oliveira, Lda., quem comprou, a 12 de Julho de 1932, o edifício da filial da casa inglesa Hattoh & Cookson.
Alexandre de Oliveira, Lda.
Casa fundada em 1920, com estabelecimento de comércio geral e padaria. Seu fundador, Alexandre de Oliveira, natural de Mangualde.
Depois de várias transformações e passagem de vários sócios, continuando sempre com a mesma designação, a partir de 1966 pertence a firma à Companhia de Cabinda, Sarl, e a Alberto Nunes da Costa.
Companhia do Congo Português (depois CUF - 1934 - e COMFABRIL em 1954)
Vem de longa data.
Por escritura de 2 de Agosto de 1934, a Companhia União Fabril compra à Companhia do Congo Português todos os seus prédios e propriedades, no País de Cabinda.
Deixa de existir a Companhia do Congo Português e passa a funcionar a Companhia União Fabril (CUF).
A 14 de Julho de 1954 é constituída a Companhia Fabril e Comercial do Ultramar.
Desaparece, pois, a CUF e fica a «COMFABRIL».
Ventura & Irmão - Sociedade Agrícola do Inhobo, Lda. e SICAL
António Ventura e Cristiano Ventura fundam, a 12 de Junho de 1941, uma sociedade em nome colectivo: «Ventura & Irmão».
A Sede é em Lândana onde começam com a exploração de um Hotel.
Dedicam-se também ao comércio geral.
A 3 de Agosto de 1943, com outros sócios, formam a Sociedade Agrícola do Inhobo, Lda. A 25 de Janeiro de 1949 ficam só os dois irmãos Ventura nesta sociedade.
A 17 de Maio de 1953 é fundada a Sociedade Industrial Comercial e Agrícola, Ida. (SICAL), com sede em Cabinda, resultante da fusão das sociedades «Ventura & Irmão» e «Sociedade Agrícola do Inhobo, Lda».
Os dois irmãos faleceram de desastre de viação: o António, com 63 anos de idade, a 17 de Março de 1968; o Cristiano, a 25 de Dezembro de 1969, com 57 anos.
Foram dois grandes obreiros de Cabinda. Foi dado o nome de «Rua Irmãos Ventura» à rua que passa, precisamente, em frente ao Grande Hotel de Cabinda que, com tanto sacrifício e arrojo, ergueram.
Maria da Conceição Rodrigues Mendes & Sobrinho, S. A. R. L.
Mendes, Mesquita & Comp. Lda.
João Marques Pinto & Comp. Lda. (JOMAR)
A JOMAR iniciou as suas actividades em Cabinda em 1950, promovendo o aproveitamento da madeira com a instalação de uma serração mecânica e carpintaria em pleno mato, no Prata.
As madeiras usadas são principalmente as de Cabinda e das suas concessões.
Em 1970 começa a montagem, em Cabinda, de uma nova unidade fabril para contraplacado.
SOCOAL, Lda. - Sociedade Comercial Almeidas, Lda.
Sociedade Transoceânica, Lda - S 0 T R A L
Forte de Faria & Irmão, Lda
Nogueira, Lda.
Manuel Joaquim Antunes Garcia
Industrial Concessionário das carreiras no País de Cabinda, Revendedor e distribuidor, no País, dos produtos da «FINA».
Sociedade Industrial e Comercial de Madeiras, Lda. (SIMAL)
Sociedade constituída em 1962 (a 7 de Março) e que começou as suas actividades em Cabinda, em Março de 1967. Actividades: - Compra e venda de madeiras; Máquinas e ferramentas; Armas, motores, carros, automóveis (Alfa-Romeu), barcos de recreio, carrinhas (CONY), Camions (HINO), etc., etc., etc.
Socoda - Sociedade Comercial de Cabinda, Lda.
Comércio geral. Importação e exportação.
MAIS CASAS COMERCIAIS E EMPRESAS DEPENDENTES DA REPARTIÇÃO DE FAZENDA DE CABINDA:
DE ENTRE AS CASAS COMERCIAIS E EMPRESAS DEPENDENTES DA REPARTIÇÃO DE FAZENDA DE LÃNDANA, PODEMOS FAZER NOTAR AS QUE SEGUEM:
"Esta lista, não completa, de modo algum pode ser tomada com o fim de propaganda".
"É, sim, para que se possa fazer um confronto entre Cabinda, cidade e País, de há uma ou duas dezenas de anos passados e o que é hoje, e entre o que é hoje e o que será daqui para o futuro".
TERMOS E EXPRESSÕES QUE APARECEM NO TEXTO
Bana Basimba (ou Bana Bibasa) - Os gémeos. São tidos por bons «espíritos» e por serem um favor do Nkisi-Nsi. Por isso, nada se lhes deverá negar.
Bananga - Os adjuntos do juiz em uma questão.
Bananga kikumbi - Nome dado às pequenas que fazem companhia à kikumbi durante os dias que está na Casa da Tinta
Banda miando - Pregar pregos em certas figuras de feitiços (Nkonde) ou até em certos embondeiros (v. g. no Nkondo Ikuta Nvumbi, de Cabinda) com a intenção (e persuasão!) de que venham a fazer mal a um inimigo e o... matem.
Bando muna nkondo - Condenar alguém à morte, sendo pregado no embondeiro (nkondo) do sacrifício Usavam paus afiados em lugar de pregos.
Bakisi bakulu - Os espíritos dos antepassados.
Bikúla - Tambores que só existiam em casa dos grandes senhores. Mediam de 80 centímetros a um metro e eram tocados colocados de pé, ao alto.
Bila kinkisi-nsi - Morada do Nkisi-Nsi. Saudação ao Nkisi-Nsi.
Binkiengie - Também nome dado às pequenas que fazem companhia à kikumbi na Casa da Tinta
Buala - Aldeia, povoação.
Búkua ou Tíntua - Circuncisao.
Faca quente - Faca que se aquecia muito bem ao fogo e era aplicada nos acusados ou suspeitos de crime. Conforme a maior ou menor facilidade e rapidez em empolar a pele da vítima, assim se julgava da culpabilidade. Mas o nganga não desconhecia certos ardís para poder fazer passar por culpado o que menor espórtula pudesse dar ou menos influências tivesse.
Fiabiziana - Reunião de família para se proceder à «confissão» de cada um de seus membros e com o fim de, estando algum deles gravemente doente, «confessar» se lhe desejou ou deseja mal ou se algo tem contra ele.
Fidalgos e Titulares - Cf. no fim do Cap. V e no Cap. VI.
Fiote (Bafiote) antes quer dizer negro.
Mbembo bafiote - A língua, palavra, voz dos negros.
Kienzo - Puré feito, o mais comummente, de makoba (Voandzeia subterrânea, Thouars) e com muamba.
Kilala (Bilala) - Cobertura (de mais ou menos 4x6 metros, no máximo) na floresta, especialmente nos locais de mais palmar, em que o homem guarda os seus utensílios e tudo o que é necessário para a recolha do malavo, corte do dendém, fabricação do óleo de palma, etc. É no Kilala que recebe também, pela tardinha, os amigos para umas libações com vinho de palma.
Kimbindi (Bimbindi) - Os «manes» - almas do outro mundo.
Kimpene (Bimpene) - Espécie de chapéu gorro que faz parte da indumentária dos Chefes.
Kina (Bina) - Proibição.
Kinzemba (Binzemba) - Género de romeira, murça, tecida em renda e com borlas. É insígnia de autoridade.
Kitutu-kinfula - Polvorinho, recipiente para pólvora, que pode ser uma pequenita cabaça ou um pequeno chifre de antílope.
Kivu-Kingázi - Espécie de almofariz, em madeira, para pisar o dendém.
Kizila - Tabu imposto ao indivíduo ou ao clã para que não coma certos alimentos, certos peixes e carnes de certos animais.
Kota-Lumbu - Os «preparos» para a defesa de urna questão.
Kubila Nkisi-Nsi - Saudar o espírito, nkisi, do terra.
Kufula-makazu - Borrifar com noz de cola, depois de mastigada, os consulentes que vão ao adivinho, curandeiro ou feiticeiro. A borrifadela é dada pelo respectivo nganga.
Kulosa - Caçar com arma de fogo.
Kusika túkula - Fazer túkula.
Kusumuna kina ou Kusumuna nIongo - Tirar a proibição, tornar lícito. Cerimónia que tem lugar no Nzo Kualama e cujo fim, depois de terminados as festas da «Coso da Tinta» é permitir à rapariga tomar estado e usar do seu direito de mulher feita. Cf. Cap. XV.
Libuku - local de antiga aldeia.
Libula-Mbondo (Mabula-Mbondo) - Argolas de adorno, ordinariamente para os tornozelos, oferecidas pelo marido à esposa. São também o símbolo da dependência da mulher ao homem.
Likuela - Casamento.
Likuku (Makuku) - Ninho (que se torna pequeno morro) da formiga branca, térmites.
Likunzi (Makunzi, Bakunzi) - Juiz, árbitro,
Likunzi - Poste, espeque, escora, principalmente o suporte do pau de fileira das casas.
Likunzi libóbo kinzó - O suporte exterior do pau de fileira.
Lioua - Buraco feito na terra, redondo ou em forma de cruz, onde é lançado vinho de palma (e aguardente, se a houver) para com a terra embebida com esse líquido se marcar os utensílios. É usada sobretudo em cerimónias rituais junto do Nkisi-Nsi, como «benção».
Lisutu (Masutu) - O prepúcio.
Luando - Esteira feito de papiros.
Lubamba - Planta espique (Eremosphata Cobram, De Wild).
Lubongo (Libongo-Zimbongo) - Pequenos panos (de mais ou menos 40x40 centímetros) feitos de fibras de plantas (especialmente de Lubongo lufula) e que correram, sobretudo no Loango e em Cacongo, nos velhos tempos, como moeda.
Mbongo (Zimbongo) - Dinheiro.
Lukosa - Arco feito de lianas fortes e maleáveis e que é empregado para subir às palmeiras.
Lukunhi - Cavaco, acha, lenha.
Lulonga - Prato, travessa,
Luváli - Esquilo.
Mabula-Mbondo - (Cf. Libula-Mbondo).
Makala mambazu - Carvão. Era usado em certos rituais para marcar a face: as mulheres que ficavam viúvas (nos primeiros tempos, pelo menos); as que iam para a Nzo-Mpilo, etc.
Makuta - (Cf. Likuta).
Malavu (ou Ngembo-Magembo) - Seiva extraída da flor da palmeira, o vinho de palma, malavo.
Mbangi (Zimbangi) - Testemunha.
Mbanda - Dança executada no fim de um julgamento pelos que ganharam a questão. É dançada desde o local do julgamento até à morada de quem ganhou a demanda.
Mbanza (Zimbanza) - Nervuras, vergastas tiradas da parte mais dura dos ramos de palmeira.
Mbasa - Pote, cântaro para água.
Mbele - Faca.
Mbembo (Zimbembo) - Palavra, voz. Nome também dado a uma dança de outros tempos e que era executada no noite a seguir à das núpcias. Era em honra da noiva, que fora virgem para o casamento, e de seus pais que tão bem a educaram. A letra dos cânticos, entoados por uma mulher da aldeia, era a palavra (Mbembo) que anunciava a facto.
Mbinduku - Tranca da porta, pau com que fecham as portas por fora.
Mbingo - Cf. no Cap. VIII.
Mbondo-Fula - Conjunto das insígnias Reais.
Mbongo (Zimbongo) - Dinheiro.
Mbua - Cão.
Mpakasa - Pacaça.
Mpala - Nome que se dá às mulheres (concubinas) do mesmo homem.
Mbumba-Mbítika - Dança imposta aos cúmplices de acto sexual cometido com rapariga que não houvesse ainda passado pela «casa da tinta», pela Nzo Kualama. Eram obrigados a dançar praticamente nus e batidos ao ritmo de canto apropriado.
Mpinda - Amendoim.
Mpola - Ventosa feita de pequeno chifre de antílope.
Mpolo (ou Nzimbu) - Festa de homenagem a um grande Chefe por altura do primeiro aniversário de sua morte.
Mpungi (Zimpungi) - Defesas (chamadas, impropriamente, dentes) de elefante tornadas instrumentos musicais (como que trompas), e que são apanágio dos grandes senhores.
Mpusu - Fruto e casca do fruto do embondeiro.
Muamba - Molho feito à base de óleo de palma e com que condimentam a maioria de suas refeições.
Muana - Criança, filho.
Muanza - Cobertura, tecto de cosa.
Mvila (Zimvila) - Espécie de título de honra, nobiliárquico, divisa de família.
Ndika - Armadilha, ratoeira para caçar peixe.
Ndoki (Bandoki e Zindóki) - Espírito malfazejo, «comedor de almas".
Nduda (Zinduda) - Amuleto anti-ndóki.
Ndumba - Meretriz, concubina.
Ndundu (Zindundu) - Os albinos. Tidos também por filhos do Nkisi-Nsi.
Ndunga (Zindunga, Bakama) - Grupo de mascarados (10), que fazem parte de um género de seita secreta, de algumas aldeias das terras de N'Goyo que obrigatoriamente mente aparecem (ainda) em certas festas rituais, corno delegados do Nkisi-Nsi e de Lusunzi, em defesa dos usos e costumes ou mesmo como convidados (nestes tempos) para abrilhantar outras.
Ndungu - Nome dado ao tambor comum.
Ndungu-lilu - O grande tambor dos Chefes (podia medir de 2 a 3 metros).
Nfumu Ikanda - Chefe de grupo familiar.
Nfumu-Nsi - O Chefe, Chefe da terra, do clã.
Nganda - Terreiro em frente das casas.
Nganga - Termo genérico para designar curandeiro, feiticeiro, adivinho, sacerdote, operador de circuncisão.
Nganga Masutu - Operador da circuncisão.
Nganga Meza - Curandeiro, sobretudo o que usa remédios à base de plantas medicinais (o Nganga das folhas).
Nganga-Nkisi - Feiticeiro.
Nganga Nzambi - Sacerdote, padre, missionário.
Nganga Tésia - Adivinho.
Ngázi - Dendém.
N'Goyo - Terra de N'Goyo, um dos três Reinos de Cabinda, Reino de N'Goyo governado por Mangoyo.
Ngola-Nhundu - Nome de um animal, tipo de lontra, do qual se guardava a pele, que era usado só pelos grandes senhores, vestindo-o à frente como avental.
Ngoma - Pequeno tambor usado em certas festas rituais.
Ngonda - Lua, mês,
Ngongie - Instrumento de som, com dois sons diferentes, e que servia (e ainda hoje serve no interior?) para avisar o povo de que uma ordem do chefe vai seguir-se.
Ngongolo-nombe - Milipede negro.
Ngulu-Nfumu (Bangulu-Banfumu) - Cf. Kialata.
Ngulungu - Um antílope, o mais comum, listrado de branco.
Ngunda - Gorro pequeno, que pode ser ornado com uma espécie de tufos.
Nhalimina - A mulher, terminado o primeiro mês na Nzo-Buáli, devia passar por todas as casas da aldeia atirando às portas um pouco de túkula misturada com dendém cortado aos pedacitos. Era como que urna «benção». A isto se chamava o Nhalimina.
Nhoka - Cobra.
Nkama-Mponde - Espécie de faixa, tecida corri fibras vegetais, e que a parturiente usava (e não usa?) a começar dos primeiras dez dias depois do parto. 'Era, dizem, para facilitar que o ventre voltasse ao normal. Passava a ser também, o Nkama-Mponde, o símbolo do sacrifício e trabalhos que as mães sofriam em dar seus filhos à luz.
Nkanda - Pele.
Nkanda-nfumu - A pele do chefe. Pele de animal (de Ngó, Ngola-Nhundu, Sinzi, etc.) usada pelos chefes como sinal de sua dignidade.
Nkandi - Coconote.
Nkanka - Espécie de esquilo.
Nkasa (a «Prova da Casca») - Nome, Nkasa, dado não só à árvore (Erythrophloeum Le Testui A. Chev.) mas também cio veneno extraído de sua casca, que contém forte alcalóide, e que era usado na chamada «Prova da Casca».
Os sacerdotes indígenas sabiam, em geral, dosear perfeitamente as quantidades mortais ou eméticas. Desta sorte, na «Prova da Casca», nem sempre morreria o culpado e, às vezes, nem culpado havia - mas antes quem se desejasse que morresse!
Nkata - Rodilha.
Nkázi - Esposa.
Nkielo - Resguardo, em barro, dos foles de ferreiro.
Nkiento - Mulher, fêmea.
Nkilika-Nkuti - Dança imposta aos pais (dançada como a Mbumba-Mbítika) que tivessem um filho antes do tempo estipulado pelas leis de Lusunzi.
Nkima - Macaco.
Nkisi - Designação genérica de qualquer feitiço.
Nkiti - Rede de pesca.
Nkoko - Grande antílope das planícies, É o dito «burro do mato».
Nkola - Concha de grandes caracóis (e o próprio caracol - Achatina Schweinfurthi, v. Martens) cuja casca era usada em pequenas rodelas para colares e, ainda, quando livre do molusco (comestível), como recipiente para remédios, pólvora ou corno nkisi, espetado em paus nas plantações, para afugentar os... ladrões!
Nkombo - Bode, cabra.
Nkondo - Embondeiro, baobá (Adansonia digitata).
Nkondo-Liamba - Cachimbo para cânhamo.
Nkonko - Tanta.
Nkotokuanda - Orador dos cerimónias públicas e advogado nos tribunais.
Nkula - Cf. Bikula.
Nlimba - Serpente verde, das palmeiras.
Nlimbu - Bandeira, estandarte.
Nlinge - «Casa-exposição» preparada para a festa de Mpolo e em que se colocam as insígnias do chefe por quem se realiza a festa e se presta homenagem. Diante do Nlinge tinham a sua actuação, em veneração ao morto, cada um dos Zindunga, e em conjunto, e os familiares do falecido.
Nlingo - Moringue, moringa.
Nlunga - Manilha, pulseira de adorno, amuleto.
Nsaka (ou Kilembe) - Espécie de esparregado feito de folhas de mandioca.
Nsanda - É a árvore das "Fundações" dos julgamentos (Ficus religiosa).
Nsema - Nome dado ao condenado à prova da nkasa.
Nsese - Seixa, pequeno antílope das florestas.
Nsinga - Niana, fio, corda.
Nsitu - Floresta, bosque, mata.
Nsókie bá (ou Nsoko ibá) - Ramo tenro, dos do interior, da palmeira.
Nsomo - Garfo.
Nsuá-Ngazi - Pilão, pau de pisar a dendém.
Nsunda (Basunda) - Nome dado à criança que nasce pondo, primeiro, as pernas fora do ventre materno. Fogem, saltam (Kusunda - saltar) à lei geral.
Nsungu - Um caurim.
Ntambi - Pegada.
Ntambu - Armadilha, ratoeira.
Ntangu - Sol, tempo.
Ntanta - Pano, ligadura.
Ntanta manbuli - Banda de pano amarrada em volta da testa, em sinal de luto.
Ntete (Mutete) - Género de cesto feito de ramos de palmeira.
Nti - Arvore, pau, bastão.
Ntima - Coração.
Ntoma-Nsi - O Nganga, sacerdote do Nkisi-Nsi.
Ntútika-nsódu - O tirar de resíduos que ficam da preparação das refeições (pedúnculos de folhas de mandioca, cascas de banana, cascas de amendoim, etc.). Paga o tirar do Ntútika-nsódu o genro à sogra, no último dia em que ela cozinha em casa da filha recém-casada (e esteve lá oito dias), e o marido à mulher, por intermédio de uma sua irmã, no primeiro dia em que ela cozinha para ele.
Nuíkina-bakúlu - O dar de «beber aos antigos, aos velhos» falecidos. Manifestação de veneração pelos velhos falecidos do família, derramando em suas campos em certos dias do ano - dias de festa e de seus aniversários - vinho de palma, bagaceira, aguardente, etc.
Nuni - Marido, esposo.
Nvumbi - Morto, defunto,
NZAMBI - DEUS.
Nzau - Elefante.
Nzimbu - Uma concha marítima (Olivancillaria nana, Lamark) que correu como moeda no Reino do Congo e noutros. O Nzimbu de Cabinda é antes uma Cypreía.
Nzimbu é também termo para designar uma dança que era executada por ocasião da morte dos grandes chefes.
Hoje, Nzimbu, ainda se emprega no mesmo sentido de Mpolo, festa por ocasião do primeiro aniversário da morte de um chefe ou grande senhor.
Nzita - Um chapéu Real.
Nzo-Mpilo - Casa para onde seguiam as mulheres nos seus dias do mês. (Mpilo - mênstruo).
Nzolo - Anzol.
Nzungu - Panela.
Sambi - Caminho aberto propositadamente para a passagem do funeral de um nobre, desde a sua casa ao local onde fica enterrado.
Sanga - Dança guerreira por ocasião dos funerais dos nobres, chefes e grandes senhores (e agora, às vezes, nos festas de Mpolo) e que eram um simulacro de luto contra os Bandóki, os «comedores de almas».
Símbisia makuku - O «segurar dos macucos». Cerimónia do último dia em que a sogra cozinha em casa do genro, no fim dos oito primeiros dias. Junta à do Ntútika-nsódu.
Selengo - Formiga carnívora que é muito voraz e de cor castanha. É a Tenatious Jaws. Houve chefes que chegaram a condenar pessoas, amarrando-as a árvores, a serem comidas pelo selengo.
Sengo - Enxada.
Seve - Uma concha do mar. Usam simbolicamente a seve para certos trocadilhos, e até representada em imagens, testas de panela, máscaras, com o verbo Seva (Kuseva), que significa rir.
Sibizi - Animal roedor. A carne é muito apreciada pelos naturais.
Sinzi - Nome de um felino, cuja pele é reservada aos príncipes.
Sofo (Nsofe) - Antílope das grandes planícies.
Sumba-Mbembo - «Comprar a voz, comprar a palavra». Compra a palavra o noivo e o marido a sua noiva e esposa; compram a palavra os sogros, cunhados e cunhados a sua nora e cunhada. Não o fazendo, ela não falará com eles e a nada lhes responderá. Assim era, pelo menos, em tempos.
Sumbi - Pequeno antílope dos planícies.
Tambuziana - O fazer as pazes entre pessoas desavindas, comendo-se ou, o mais comum, bebendo-se da mesmo garrafa ou da mesma cabaça (o «receber a saliva um do outro» ... ) Na dia do casamento, em alguns clãs, também existe uma cerimónia a que se dá este mesmo nome de Tambuziana itata. Consiste em a esposa comer do mesmo prato do marido (a comida que o marido lhe deixa) e sem mostrar repugnância nisso, Se a demonstrasse interpretar-se-ia por falta de amor ao marido.
Tata - Pai.
Tata-mikono - Estatueta de um homem (que represento o Rei) e que tem o filho (ou dois filhos) aos ombros. O que os filhos são, em princípio, aos pois o devem. Indica também o dever de obediência e respeito ao Rei e Chefes.
Télika muana ntete - Diz-se da mulher que ainda tem vivo o seu primeiro filho.
Tésia (Kutésia manga) - Adivinhar, fazer adivinhação.
Túkula - Cerne da árvore takula (Pterocarpus tinctórius) reduzido a serrim fino pela fricção de dois. paus de takula um contra o outro e, para facilitar o desgaste, colocando entre eles a areia nseka.
Tula mu ivangu - Meter no cepo. Condenação provisória de delinquentes (ou de loucos violentos) a ficarem presos a UM cepo, forte, grande e pesado, que lhes é colocado e seguro (por cavidades abertas) junto dos tornozelos.
Vuá li mabene - «A de nove seios» (mamas). Não se pode tomar à letra, referindo-se a mulher. Quer significar, antes, a mãe (nguli), a mulher da qual descendem os 9 clãs provenientes e descendentes, segundo a tradição, dos Reis do Congo.
Vuba ikumba kimuana - Chama-se assim do costume que as mães têm de aquecerem muito as palmas dos mãos e, assim quentes, comprimirem a umbigo e cordão umbilical de seus bebés recém-nascidos para que seque e caia depressa.
Zibula munu - O «abrir da boca». O pretendente a uma donzela oferece vinho à noiva e a seus pais e tios para que estes «abram a boca» e digam se consentem no casamento e marquem o dia para, em conjunto com as pessoas mais chegadas das duas famílias, se estipular o alambamento a dar.
LIVROS CONSULTADOS
Para alguns livros lidos e consultados não e possível o autor dar dados mais rigorosos, e até no texto não pôde precisar a página da citação, por, na altura em que os leu ou consultou, lhe ter passado de mente o recolhê-los. E, de mo mento, não lhe foi possível tê-los novamente à mão. Trata-se de dados colhidos a anos de distância e em diferentes bibliotecas.
ADAMS, Augusto - Reinado do Amor (trad. de Augusto Rodrigues).
BITTREMIEUX, Leo - La Société Secrete des Bakhimba ou Mayombe e Symbolisme in de Negerkunst, Brussel, Vromant & CO, Drukkers - Uitgevers, 1937.
BRÁSIO, P. António - Spiritana Monumenta Histórica - Editions E, Nauwelaerts - Louvain - Duquene University Press/Pittsburg Pa.
CAMPOS, Ir. Evaristo - Algumas plantas úteis e, nocivas do Estado de Cabinda (manuscrito)
CHAGAS, M, Pinheiro - História de Portugal, 12 Vol. (Edição Popular Ilustrada).
CAVAZZI, P. João António - Descrição Histórica dos três Reinos, Congo, Matamba e Ngola, Junta de Investigações do Ultramar, Lisboa, 1965, 2 Vols.
CUNHA, Silva - Aspectos dos Movimentos Associativos na África Negra. 2 Vols., Lisboa, Junta de Investigações do Ultramar, 1958 e 1959.
DARTEVELLE, Dr. Edmond. - Les «N'ZIMBU». Monnaie du Royaume de Congo. Bruxelles, Société Royale d'Anthropologie et de Préhistorique, 1953.
DITTIVIER, Kunz - Etnologia General. Fondo de Cultura Economica, Mexico- Buenos Aires, 1960.
FELNER, Alfredo de Alb. - Apontamentos sobre a ocupação e início do establecímento dos Portugueses no Congo, extraídos de documentos históricos. Coimbra, Imprensa da Universidade, 1933.
FERNANDES, António João - Antigo Reino de Ngoio, Arquivo de Quadros Folclóricos (manuscrito).
FIDALGO, M. - A Evolução Sócio-Laboral de Cabinda após 1885 /Portugal e Cabinda/ (1484-1885). in «Trabalho», Boletim do I. T. P. A. S. de Africa, No 20, 1967.
FRANQUE, D. José Domingos - Nós, os Cabindas.
KELLER, Werner - A Bíblia Tinha Razão - Trad. de Vasco Miranda, Edições «Livros do Brasil», Lisboa.
KRAMER, Samuel Noah - A História Começa na Suméria. Publicações Europa-América, 1963.
LEMOS, Maximiano - Encyclopédia Portugueza Ilustrada -Diccionário Universal, 11 Vols., Porto.
MATTOS, José d'Almeida - O Congo Português e as suas riquezas, Lisboa, 1924.
MEIRELES, Artur Martins - Mutilações Étnicas dos Maníacos (Centro de Estudos da Guiné Portuguesa), Bissau, 1960.
PIMENTEL, Jayme Pereira de Sampaio Forjaz de Serpa - Um Ano no Congo. 1 de Maio de 1895 a 1 de Maio de 1896 In «Portugal em África", 1.1 Série, ano de 1899.
PREVOST, Abbé Antoine - Histoire Générale des Voyages. 12 Vols. A la Haye, chez Pierre de Hondt, 1748.
ROONEY, P. C. J. - As Missões do Congo e Angola. In «Portugal em África», 1.1 Série, Ano de 1900.
SIMÕES, Antero - Nós....Somos todos nós. Antologia de Portugalidade. Ed. dos
Serviços de Publicações do Comissariado Provincial da M. P. 2 Vols., Luanda, 1969-1870.
VISSERS, P. João - Alambamento e Amor Conjugal. Separata de «Portugal em África», 2.a série, 1964.
WING, J. Van - Études Bakongo -Sociologie, Religion et Magie. 2.a ed. Desclée de Brouwer, Bruxelles, 1959.
ÍNDICE DAS FIGURAS
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