terça-feira, 31 de agosto de 2021

O CONCEITO DE PRÍNCIPE ENTRE OS IORUBÁS.

Por Erick Wolff de Oxalá



O conceito que um rei de uma nação afro-brasileira precisa ter sangue nobre africano para ser reconhecido é utópico. Não existe nenhuma prova exata e certa que algum rei, rainha, príncipe ou princesa africanos que aqui fundaram qualquer nação pura, tal qual em África.

Sempre em algum momento da história das religiões afro-brasileiras surgiram “reis” desta ou aquela nação religiosa aqui formada que, ou se auto intitularam, ou foram titulados pelos seus seguidores. Reis não nasceram com o mundo, eles foram feitos reis pelos homens, e para os homens.

Se as nações religiosas afro-brasileiras não são nações políticas africanas, reis e os príncipes religiosos afro-brasileiros também não são, nunca foram. Exigir sangue nobre como base para seu reconhecimento e legitimação não faz sentido, até porque tal, mesmo que verdade fosse, não se poderia provar.

Afirmar através de documentações discutíveis que um africano puro vindo de uma nação africana pura, veio ao Brasil há “duzentos” e aqui fundou uma nação pura, é zombar da inteligência dos estudiosos e explorar a boa-fé dos leigos.

O que dá legitimidade a um “rei” religioso afro-brasileiro (ou em qualquer lugar do mundo) é o reconhecimento de seus súditos e a reverencia a ele prestada, independentemente de ser autointitulado, ou de ter sido titulado. É importante para uma nação religiosa afro-brasileira aqui formada conhecer suas origens e ser respeitada através de um ícone.

Mas estas origens estão aqui mesmo no Brasil, todas as nações religiosas afro-brasileiras têm seu fundador mítico. Estas nações devem respeitar-se mutuamente respeitando seus fundadores. Se o rei em questão é reconhecido por seus súditos, então ele é rei, independente do sangue de família e de sua suposta origem africana, ou não. O mesmo conceito vale para os príncipes e princesas.

Entre os iorubas, o conceito de principado é diferente do europeu, pois não é preciso ter sangue nobre para ser príncipe. Quando um rei é coroado, todas as crianças que nascem no lugar de origem do rei, a partir desta data, são considerados príncipes (Nathan Lugo).


Fonte - Publicado por WOLFF, Erick, Nações religiosas Afro-brasileiras e Nações políticas Africanas, REVISTA OLORUN N. 46 – janeiro de 2017, acessado em 31/08/2021 às 08:20
https://revistaolorun.files.wordpress.com/2018/10/revista-olorun-46.pdf

terça-feira, 24 de agosto de 2021

OS 7 CAMINHOS DE ÒGÚN, NÃO SÃO DIVINDADES DIFERENTES

Por Ìdílé Ọdẹ Ògúnrọ̀gbà
Postado em 31/05/2020



Na tradição de Ògún em Òyó, dentro das famílias de culto, existem 7 divisões exercidas. Deixo claro, que não se trata de 7 tipos de Ògún ou 7 caminhos, Ògún é um só! Outras tradições podem entender como personalidades, não é o caso da minha tradição.

Essas divisões acontecem pelas especialidades que às famílias vão desenvolvendo ao longo das gerações dentro do culto. Estão ligadas aos sacrifícios dos animais ofertados, ao tipo de comida, a confecção de instrumentos, e outras funções específicas. São elas:

Ògún Alara - Famílias que carregam esse título, são aquelas que se especializaram no sacrifício do animal de predileção de Ògún, que é o aja. Não existe animal que tenha maior relevância ritualística, que o cão.
Ògún Onire - Famílias que são responsáveis pelo sacrifício dos carneiros para Ògún.
Ògún Molamola - Famílias que são especialistas na feitura do ekuru, que é ofertado a Ògún, quando da vontade do mesmo.
Ògún Ikola - Famílias que são especialistas em fazer às marcas étnicas faciais. Os instrumentos que são usados nesse processo passam por rituais, e são essas famílias que conduzem esses rituais.
Ògún Onigbajamo - Famílias que são especialistas em cortar cabelos. Os instrumentos que são usados nesse processo, também passam por rituais que essas famílias conduzem.
Ògún Wado wado - Famílias que são especialistas em pescar com instrumentos de ferro, e que ofertam peixes a Ògún.
Ògún Gbenagbena - Famílias que são especialistas em confeccionar esculturas, e que fazem rituais específicos para Ògún.

Lembrando, que existem diversos entendimentos dentro do território Yorubá sobre esse assunto! Podendo até mesmo, existirem tradições diferentes em uma mesma região. Nomenclaturas também podem ter outros significados, e essas diferenças se tratando do culto tradicional, são enriquecedoras. O respeito e o bom senso devem prevalecer, precisamos compreender que não existe uma tradição única de culto para os yorubás.

Foto: Arquivo Pessoal - Trecho Oriki de Ògún.
Fonte texto: Dra Paula Gomes, Embaixadora Cultural do Alaafin de Òyó.
Família de Ògún em Òyó. Referência Link - Ìdílé Ọdẹ Ògúnrọ̀gbà — Publicações | Facebook acessado em 24/08/2021 às 09:32

sábado, 7 de agosto de 2021

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