quarta-feira, 30 de agosto de 2023

CONTO FICTÍCIO: OS NOBRES CLÃS DE Ọ̀ṢÙN

Este ensaio tem por finalidade registrar um debate no Facebook, na página do professor Walter Kiffmann, que usa o codinome Bàbá Àkẹ̀renà.

Usando do direito constitucional do livre pensamento, o autor Baba Akerena cria uma obra fictícia para crianças (segundo ele), uma nova mitologia teológica para a comunidade de terreiro. Segue:

"Os Nobres Clãs de Ọ̀ṣùn - Parte I.
- Ìjìmú, as Bruxas-Cegas: Clã de Ọ̀ṣùn soberano em Ọ̀yọ́ e único na sua capital Kósò. Elas são o oráculo vivo do Aláàfin, sendo elas as Senhoras dos Segredos das Profundezas dos Poços, capazes de revelar o futuro e as suas infinitas possibilidades, videntes que premeditam todos os acontecimentos. Um clã inteiramente feminino, um bebê macho será conduzido a outro clã.
- Opará, as Senhoras da Guerra: a casta bélica das guerreiras mais cruéis do Àiyé. As Opará, sendo chamadas assim, mas que também possui homens em suas fileiras, são uma força implacável de soldadas que exterminam qualquer adversário, não importa quem seja. Elas podem tornar cada gota d'água uma arma voraz contra qualquer inimigo. Este clã é o exército do Reino Ìjẹ̀ṣà e possuem uma cidade-estado própria, próxima da capital Oṣógbó. Apesar de ser matriarcal, muitos homens descendentes de Ọ̀ṣùn se destacaram nessa linhagem.
- Abòtò, a Realeza de Oṣógbó: Este é o Clã mais proeminente em conjurações, pactos e conhecimentos de fórmulas de feitiços. Além do mais, são grandes políticas e conselheiras da Rainha-Mãe, soberana de Ìjẹ̀ṣà. Conhecem os caminhos do pós-morte, graças a sua capacidade ímpar de manipular as águas dos mundos dos mortos, poder próximo do controle do lodo espectrak dos Clãs de Nanã e da capacidade de manejar as águas primordiais dos Clãs de Yemọja, logo, são capazes de projetar as suas formas, e transitar, entre os mundos espirituais. Além das mulheres, homens e transsexuais fazem parte da estrutura do Clã.
-Ayálà, as Mães dos Segredos: este clã é aquele que guarda todos os conhecimentos, fundamentos e histórias dos Clãs de Ọ̀ṣùn e dos seus membros. A função deste clã é a manutenção da vontade de Ọ̀ṣùn em absoluto, ou seja, vigiar e interferir, quando for a vontade da Imọlẹ̀, caso algum clã, ou membro notável, se perca da direção que deveria seguir. Ayálàs não vivem em terras firmes, mas sim em ilhas flutuantes, possuem grande rivalidade com o Segundo Clã de Ọya, as Padà, e abominam qualquer Yèyéòkè que venha a surgir entre os Clãs, por se considerarem as verdadeiras conhecedoras dos mistérios Oṣórongá."

Para fundamentar nosso registro, selecionamos e adaptamos e alguns comentários do debate: 

"Erick Wolff

Bàbá Àkẹ̀renà independente de conhecer e apesar de não conter fontes para validar o texto, marquei para conhecimento geral, já que a dra Paula e ministra cultural.

Penso que a matriz não tenha conhecimento da maioria das osun cultuadas na diáspora.

 

Paula Cristina Gomes

Erick Wolff bom dia, eu não conheço. Nunca ouvi falar. Importante saber as referências onde foi buscar estas informações.

Bàbá Àkẹ̀renà

Paula Cristina Gomes Professora, é uma história fantástica para entretenimento! Não são para estudo ou pesquisa!

É um conto!

 

Paula Cristina Gomes

Bàbá Àkẹ̀renà entendo, mas contos tem sua origem oral e eles foram contados por alguém.

Esse alguém faz parte de uma referência e de uma história vivida que virou parte de uma história oral que foi passada de geração em geração.

 

Bàbá Àkẹ̀renà

Paula Cristina Gomes Professora É um história fantástica. Uma ficção. Tem embasamento nas religiões de matriz africana e etc.

O intuito, sim, é que através da literatura e produção audiovisual haja mais proximidade das pessoas com as culturas africanas em geral, não apenas nagô. Eu criei essa história, usei a mitologia nagô como base.

 

Bàbá Àkẹ̀renà

Paula Cristina Gomes EU SEMPRE ESTOH AVISANDO QUE SE TRATA DE UMA OBRA PARA ENTRETENIMENTO E NÃO PESQUISA OU ESTUDO.

 

Erick Wolff

Bàbá Àkẹ̀renà o texto não começa explicando que é apenas uma ficção, não temos nada contra, entretanto, Quem olhar e não estiver familiarizado pensara que se trata de registros.

 

Bàbá Àkẹ̀renà

Erick Wolff TEM UM AVISO FIXO NA PÁGINA!

 

Bàbá Àkẹ̀renà

Erick Wolff Povo de Orixá carece mesmo de união. Estou me sentindo criticado aqui. O que é um absurdo. Ninguém parou para ler os avisos.

Não esperava isso. Contudo, não tenho que ficar me explicando. Alcançarei meu sonho e metas de qualquer forma, tenho os Imọlẹ̀s comigo.

O que faço é por amor e vontade. Povo de Orixá precisa apoiar iniciativas culturais que evidenciem e divulguem a nossa cultura.

Procurar defeitos e não nos apoiarmos, resulta nessa fragmentação de mentalidades e concepções megalomaníacas de detenção de verdades absolutas.

Espero que apoiem, leiam e entendam. Se não, okay, tudo bem.

Obrigado.

 

Paula Cristina Gomes

Bàbá Àkẹ̀renà entendo e parabéns pelo bonito trabalho, mas seria importante em cada postagem k fizer sempre avisar, pois hoje em dia existe tanta coisa na internet.

 

Erick Wolff

Paula Cristina Gomes sim, concordo, e referente a introdução, seria interessante que começasse com ela antes do texto, assim o leitor teria a compreensão do conteúdo fictício.

 

Bàbá Àkẹ̀renà

Vinicius Oliveira todo esse conteúdo é parte do Universo, da minha franquia de livros, "Os Monges de Oko".

Instagram: @baba_akerena

Terminando o terceiro.

 

Erick Wolff

Caro Bàbá Àkẹ̀renà, não se trata de uma crítica nem censura, apenas estamos tentando entender do que se trata o texto, partindo do princípio que ele não inicia explica do que se trata de uma ficção. Não temos nada contra a ficção, apenas, o texto falta a introdução referida.

 

Erick Wolff

Bàbá Àkẹ̀renà

Apenas completando que o trabalho do blog Ilê Axé Nagô Kóbi  https://iledeobokum.blogspot.com é registrar história e memórias do povo de terreiro, o que podemos incluir literatura fictícia, desde que tenha fonte e informação devidamente esclarecendo do que se trata, sem isso não podemos fazer os devidos registros para apoiar e divulgar o trabalho dos autores, estudiosos, pesquisadores.

Grato pela sua gentil atenção.

 

Bàbá Àkẹ̀renà

Erick Wolff Entendi, mas que fonte você quer? Eu retiro informações de dicionários, artigos, trabalhos acadêmicos, dados mitológicos de várias religiões e culturas africanas.... Tudo para embasar, então, eu resignifico e adapto a historicidade da obra.

 

Erick Wolff

Caro Bàbá Àkẹ̀renà, conforme falado, o texto pode ser uma ficção, porém necessitamos que informe do que se trata, pois para preservar o autor, e o trabalho, não podemos adulterar o conteúdo.

Desta forma bastaria iniciar explicando como fez na entrada da sua página antes dos textos.

 

Bàbá Àkẹ̀renà

Erick Wolff

Os Monges de Oko é um conto, uma saga fantástica, que explora um mundo regido pelos Òrìṣàs e os seus descendentes. Cada Òrìṣà detém Clãs que os seguem, alguns menos, outros mais, que têm as suas próprias relações políticas e territórios divididos em Reinos e Impérios por Quatro continentes: Àríwá (Norte) Ìlà-Oòrùn (Lests), Ìwọ-Oòrùn (Oeste) e Gúsù (Sul)

Os Monges de Oko, ou Já-Osá, são agricultores-monásticos homens, mulheres e não-binários que seguem os ensinamentos de Òrìṣà Oko através da luta pacífica e desarmada, usando a arte do Punho de Fàdákà, transmitida por este.

A história começa com dois irmãos gêmeos idênticos: Akinjole e Adeagbo que escolhem os seus próprios caminhos, por meio das adversidades, exploram esse mundo (Àiyé) e enfrentam as forças malignas existentes neste e que pretendem tomá-lo para si.

Os caminhos dos dois irmãos está entrelaçado e definirá o destino do Àiyé (mundo) e do Àgbáyé (universo).


Bàbá Àkẹ̀renà

Acabei fazendo quase uma sinopse kkk"


CONSIDERAÇÕES 

Não há a informação no inicio do texto que se trata de uma obra fictícia para crianças. Apesar do foco ser infantil, há de ser analisar que abrange uma teologia modificada.

Sobre Walter Kiddmann

Professor de história formado pela universidade Estácio de Sá, Pós-Graduado (LATO-SENSU) PELA UERJ em História Antiga e Medieval. Motivado e apaixonado pela educação. Tenho todo aquele gás e uma visão de mundo otimista com relação à educação.

A minha especialidade é desenvolver trabalhos socioeducativos que aprimorem a noção de inclusão e a percepção do aluno obre si e o seu papel na sociedade, além do reconhecimento das identidades culturais do Brasil.

Link da Postagem 








segunda-feira, 28 de agosto de 2023

DIA DO ORIXÁ REI DA NAÇÃO KABINDA, POR RÔH FARIAS ROSANNA

Este ensaio tem por finalidade registrar um debate que ocorreu na comunidade "Nação Cabinda do RS", postado pela Rôh Farias Rosanna, na data 24 de agosto às 21:33.

A postagem faz uma homenagem ao fundador da Kanbina.

DIA DO ORIXÁ REI DA NAÇÃO KABINDA

"Hoje é um dia especial para o adeptos da Nação Kabinda .

Em 24/08/1883 nascia o Babalorixá Waldemar Antônio dos Santos de Shangô Kamucá Baruálofina . E junto com seu nascimento a nação Kabinda em si no RGS já que ele, o orixá Shangô o elegou ainda no ventre então ele é considerado O Rei da Nação Kabinda no RGS. O que causa muito desagrado aos adeptos de outras linhas e até mesmo falatório tentando denegrir está nação . Talvez isso ocorra pelo fato de não terem eles nem um registro de origem de seus ancestrais . O que não vem ao caso aqui . Orishá é sempre orishá ! Sejá a linha que for .E nós só queremos homenagear este grande ancestral e também este grande orishá
Salve a ancestralidade !
Kaô Kabecilê! Shangô Kamucá Baruálofina!"
PALAVRAS DO REI:
"Depois de mim nesta terra, NÃO haverá mais de um, sendo um NÃO me apresentarei duas vezes...
Eu como UM, só serei UM, NÃO mais pegarei cabeça, NEM MAIS serei assentado, permanecerei como protetor da minha nação"
ORGULHO de ser CABINDA!!!!
RESPEITE meu Ancestral!!!!
Salve o dia 24/08/1883.
Único merecedor de possuir uma
👑
!!
CABINDA, MINHA NAÇÃO!!"


Para facilitar o registro, selecionamos e adaptamos e alguns comentários do debate: 

[...] Erick Wolff

Boa noite a todos e linda homenagem ao pai Waldemar.

Para registros seria de grande importância para memória e cultura do Batuque, sabermos quem coletou, quando e local, está fala:

"Depois de mim nesta terra, NÃO haverá mais de um, sendo um NÃO me apresentarei duas vezes...

Eu como UM, só serei UM, NÃO mais pegarei cabeça, NEM MAIS serei assentado, permanecerei como protetor da minha nação"


Malony Saint Pierre

Erick Wolff eu tinha ouvido falar que é uma qualidade de xango que pega cabeças ainda, embora muito raro, é uma afirmação e tanto


Erick Wolff

Caro irmão Malony Saint Pierre , segundo o professor denis:

 


Malony Saint Pierre

Erick Wolff A respeito de assentamentos, meu pai de santo, filho do pai Henrique D'Oxum, também havia comentado que assentamentos desse orixá vieram a ser moda de uns tempos para cá, pois antigamente (cerca de 40 anos atrás), ao menos aqui na cidade de Pelotas,apenas se fazia seguranças para o Kamuka enterradas no pátio do ilê, e que os assentamentos deste orixá no centro do quarto de santo vieram a se espalhar depois de um pai de santo a qual não vou nomear falar sobre ''dando aval'' e normalizando a prática.


Andrew Monteiro

Malony Saint Pierre, desculpe, mas segurança dentro do quarto de santo ou no centro do salão (centro da roda de Orixá)?


Erick Wolff

Caro irmão Malony Saint Pierre, a mãe Mariza do Kamuka foi feita pelo pai Henrique da Osun, temos registros de uma mãe de santo que faleceu a pouco tempo que possuía um Kamuka no quarto de orixá, feito pelo pai Henrique…

E ainda há informações de mais pessoas que possuíam Kamuka sento, porém ainda não confirmei.


Malony Saint Pierre

Erick Wolff Pois então, eu havia ouvido do meu pai de santo que Kamuka ainda seria um orixá como qualquer outro, com a diferença que haviam criado todo um culto para louvar o ancestral.

A mulher de um tio de santo que há pouco tempo nos deixou, afirmou que ele tinha um filho de santo filho do Kamuka, e que seria uma pessoa muito tranquila e não causava alvoroços , porém essa moça não é uma pessoa a qual eu possa confiar para assinar embaixo desta fala.

Obs: Perguntei a ele sobre a Oxum Gama há um tempo atrás, e ele me disse que era muito cultuada antigamente, que até mesmo todos se abaixavam na roda do batuque na reza dela, porém isso já se perdeu.


Erick Wolff 


Malony Saint Pierre

Erick Wolff na minha casa esta segurança não seria possível, visto que no momento que ela é feita no salão, não se pode mais tocar tambor para mais nada além dos orixás, fazendo com que as terreiras fossem todas na ruas, tenho um irmão de santo que não quis consultar o pai, correu na frente e fez, ficou complicado por um bom tempo tocando terreiras apenas na rua.


Andrew Monteiro

Malony Saint Pierre, meu avô de santo tinha há 60 anos segurança de Kamucá no meio do salão e utilizava o mesmo espaço para giras de Umbanda.


Erick Wolff

Caro irmão Malony Saint Pierre, na sua família o que possuem a segurança do Kamuka no salão fazem os arissun onde ?


Erick Wolff

Malony Saint Pierre Nos anos 80, na família do pai cleon os filhos que possuíam a Segurança no salão, faziam seção de caboclo no salão, porém, após os anos 2000 não sei se mudou.


Erick Wolff

Malony Saint Pierre surgiu uma dúvida, os registros que possuo é que o pai cleon fazia a segurança no salão, enquanto o pai Henrique possuía o Kamuka… saberia informar mais sobre a segurança do salão na família do pai Henrique?


Malony Saint Pierre

Sim, pai henrique tinha uma filha, ou um casal de filhos que viriam a ser filhos de xango kamuka, tinha a segurança deste orixá, porém o local desta já era guardado apenas para os mais próximos pois antigamente essas coisas eram bem fechadas e muito poucos tinham acesso [...]


Considerações

Retornando ao tema, não há registros de quem coletou, quando e local, esta informação que possa corroborar tal fala como original: 

"Depois de mim nesta terra, NÃO haverá mais de um, sendo um NÃO me apresentarei duas vezes...

Eu como UM, só serei UM, NÃO mais pegarei cabeça, NEM MAIS serei assentado, permanecerei como protetor da minha nação".

Professor Denis informa que existem alguns segmentos do Ijesa que cultuam o kamuka, e que não pegaria cabeça, esta informação corroboram com as informações publicada no livro "KANBINA: ORIGENS IORUBÁ E CONTINUIDADE NO BATUQUE DO RS", que pai Waldemar não seria de Kamuka e sim de Agodo, que ficou conhecido por ter um Kamuka no pátio que guardava a família religiosa.

Existem registros de pessoas ainda vivas feitas para o Kamuka; outras famílias que possuem Kamuka sento, outras família possuem a segurança do Kamuka no salão e há famílias que não possuem nenhum dos dois.

De qualquer forma, seja qual for o rito adotado, o orixá apoia a boa casa de axé, de maneira que, a casa que "tem" este ou aquele fundamento, não é melhor que a que "não tem", e nem a que "não tem" tem menos axé que aquele que não tem, porque, afinal, o verdadeiro axé de uma casa está no suporte que o orixá dá a esta casa.

Assim, o melhor procedimento é a consulta oracular, vermos o que o orixá tem a dizer sobre os ritos necessários para cada casa, e nos respeitarmos.


Link: https://www.facebook.com/photo/?fbid=6673010166052471&set=gm.3581043775460799&idorvanity=1444295859135612


Imagem comprobatória 














INFORMAÇÕES KANBINA, POR MARY FALEIRO

Este ensaio tem por finalidade registrar alguns detalhes de alguns percussores da Kanbina, atualmente conhecida como Cabinda.

Coletamos esta postagem na pagina da Mãe Mary Faleiro, do Facebook na data 28/08/2023, onde reafirma uma postagem compartilhada a seis anos atrás. 


"Bom.. devido a marcações em meu nome para que me manifeste ,questionamentos inbox,Whats etc..aqui vai o fundamento vindo de meu pai através de sua yá Mãe Madalena, pronta de frente a fundo por pai Valdemar.

Esta é nossa vertente. Esta é minha página, se alguém se sentir desconfortável se retire.
Leba: não cultuamos no lixo
Lodê: sim, damos cabeça para mulheres
Oyá Diran: nossa legítima Oyá de rua, também damos cabeça.
Ogum Avagan: damos cabeça
Não cultuamos zina e nem anjos, esta era uma peculiaridade de meu falecido amigo Henrique de Oxum, assim como meu irmão Adão de Bará tinha a sua com Maria Pandilha.
Xangô Kamucá: nosso Rei, não é egun e sim Orixá.
Falo de minha vertente, os demais façam o que quiserem.
Sem mais."


Link https://www.facebook.com/mary.faleiro.7/posts/pfbid02NF6kC66frTMpdmrQs2HyFAGFiP3oT7rc8euyancL8e5bZ8fVRKqNUfd8zbpsxBLpl 

Imagem comprobatória 



sábado, 26 de agosto de 2023

VARIANTES DO RITUAL RELIGIOSO DO BATUQUE

Este ensaio tem por finalidade registrar uma variante do ritual religioso do Batuque do Rio Grande do Sul na Argentina no templo Ilé Omi Axé, postado em 25/08/2023.


O costume antigo de apresentação realizado no final do Batuque pelos próprios Orixás vem sendo aos poucos modificado por variantes rituais exercidas pelo próprio sacerdote; além disso, chama a atenção a quantidade muito grande de filhos prontos todos ao mesmo tempo, o que sugere, talvez, uma variação também na forma de aprontamento.






 Link https://www.facebook.com/alejandro.frigerio.3/posts/pfbid0kV6AUkeXWR27yVG1wHmZbFipzhSApeKGwH4WdwfHrqvCzS42c9GmyzNjmpJAgK7zl 

Imagens comprobatórias



terça-feira, 22 de agosto de 2023

PROFESSOR DENIS FALA SOBRE ORIXÁ ANDRÓGINO NO BATUQUE.

Este ensaio tem por finalidade registrar informações sobre a história do Batuque coletadas pelo prof. Denis de Odé.

Devido a importância das informações, coletamos este vídeo postado em 01/12/2021, pelo professor na época pertencia ao segmento religioso Kanbina (Cabinda). 

Os estudos e pesquisas do professor Denis tem como base os manuscritos do professor Krebs, que podem ser importantes referencias para estudos e pesquisas para os Povos de Terreiro.


Temas abordados:

  • Bara Agelu, um orixá andrógeno no Batuque do RS;

  • Culto diferente do bara Agelu entre Nações;

  • Animais ofertados para o Bara Agelu;

  • Mudanças nas ritualísticas e nos cultos do Batuque.



  • Vejamos o vídeo a seguir:


Existe Orixá Andrógino no Batuque?



Canal História & Batuque (professor Denis de Odé)
"O tema do vídeo de hoje é sobre se há a existência de um orixá andrógino no batuque."

  • Segundo o professor Denis Bara Agelu seria uma divindade andrógena:
Professor Denis, min 1:22
[...] Orixá andrógino do Batuque do Rio Grande do Sul [...] certos questionamentos ahhh, existe um orixá andrógino no Batuque do Rio Grande do Sul, né como no candomblé, seria Logun Edé, no caso, se eu falei alguma coisa errada o pessoal do candomblé possa me corrigir, pergunto para vocês. Existe orixá andrógino no Batuque? [...] Olha só de acordo com os apontamentos a gente tem estudado muito a obra do professor Krebs, nosso mestre que a gente fala, né, ahhhh, certa vez ele faz uma entrevista, ele estudava muito com Nina Rodrigues... então ele faz um contraponto, existe um orixá andrógino no Batuque do Rio Grande do Sul? Pergunta ele para a finada Mãe Andreza, e a mãe Andreza, olha que eu saiba só tem um, e qual seria? E o Bará Gelu, o bara Gelu ele é Andrógino, ele tem tantos elementos masculinos quantos femininos, uma dualidade dele... [...] 

 

  • Segundo este relato o Bara não comia quatro pés. 

Professor Denis, min 2:32
[...] ai começa explicar... certas pessoas vao na casa de alguém e diz ahh não se corta galo, cabrita pequininha, para o bara Gelu, corta só pombo, realmente se pegar todos os registros, dali ate as décadas de quarenta era só pombos que cortava para o Agelu, ahhh hoje eu corto galo... não quer dizer que esta errado ou que esta certo... a gente tá trazendo o que aparecia... era corte para o Bara Gelu, era pombo, não se cortava galo [...]

 

  • Não são todas as Nações que Bara é masculino.

Professor Denis, min 3:00
[...] Em algumas nações a informação dele é como orixá feminino, e aí, explica lá atras, esta questão da entrevista do Klebs com Andreza... que ela diz que o Gelu que eles chamam era, tinha o elemento masculino e feminino. [...]
 
Professor Denis, min 3:20 
[...] Entao conforme apareceu nos relatos ali nas entrevistas, o orixá andrógino do Batuque seria Bara Gelu.

  • As mudanças começaram nos anos 70.

Professor Denis, min 4:12
[...] houve uma mudança, o batuque a partir dos anos 70, ele tem uma mudança bem forte até, bem forte... a gente estudando a gente vendo bem que 70, eles deram uma boa mudança na ritualística, no culto [....] 

Professor Denis, min 4:40
[...] muitos elementos foram agregados [...]


  • A invenção da orin do bara Agelu 

Professor Denis, min 4:46
[...] Voltando ainda na questão do Bara Gelu, a própria reza, orin cantiga... Bara Gelu Gebó, foi inventada nos anos 80, isso não existia, até os anos 70, começo dos anos 70 não existia, essa reza, esse axé, a isso foi inventado... não vou dizer o nome dele, por não tenho certeza se foi ele, mas foi nessa geração de ser pos ai 70 que ta voltando aos 80, então eles fizeram esta composição, da reza do Bara Gelu, tai isso ta escrito ta anotado, não é uma coisa que a gente tá jogando no vento, ta jogando na rede, ta estas informações estão registradas ali [...] 


Considerações 


Não possuímos registros se o professor Krebs foi iniciado no Batuque, se teve ou não acesso aos rituais internos mais secretos. 

Assim, seus dados carecem de "múltipla atestação" e precisam ser tomados com cautela, pois não sabemos qual a profundidade de suas informações sobre os conceitos ritualísticos e fundamentos do Batuque. 

Se Krebs não foi iniciado, talvez suas informações possam ser superficiais. O acesso às fontes é cientificamente necessário para aprofundamento e aceitação de uma boa pesquisa acadêmica neutra e isenta.

O Professor Denis, sem detalhar, informa que em 1970 ocorreu uma grande mudança no Batuque, e que fez grande diferença.

Informa ainda que existem variações do culto do Bara Agelu em algumas Nações, entretanto, ele não aponta quais seriam.

  • Comentários coletados no canal da postagem: 

@luanaavila3274
Muito bom, estou amando as publicações da página.  Como dizem, conhecimento não ocupa espaço, obrigada por nos presentear com seu conhecimento e suas pesquisas. 🙏🏽

História & Batuque
Muito obrigado , fico feliz em dividir  . Na verdade o canal é de vcs abraço .

@santincwb
Parabéns! Exato! Eu sou nagô, o que hoje chamam de Oyó em Porto Alegre. Tem relatos da finada Mãe Moça sobre esse aspecto dual de Ijelu também. Como disse o Prof. Dênis, não há certo e nem errado, porém, há muitas coisas do desconhecimento da grande maioria. Ijelu era só de pombo antigamente, havia situações que comia frango, mas nunca sem pombo. Recebia axé seco (torrada) e axé cozido (Dependia da situação). Um Bará de mel, em algumas situações um pouco de epô. Ligado ao preto e branco e não ao vermelho... E por aí vai... Com maneira de tratar e se fazer que não se vê hoje em dia... Outro Batuque...

@cristianhoesel3792
Em algumas conversas com antigos, essas questões de agelu ser praia etc, tem haver com Oluayê ou jagum (xapana) por esses motivos habita o quarto de santo, com isso foi transmutado a um bara e todas suas ritualísticas ferramentas etc.
Adorei o vídeo top, debater eleva o saber, ninguém é dono da verdade. Parabéns

@imandre98
Semelhante a Adjolá que foi passado a ser tratado e cultuado como um Ogum.

@Segundo.Sol_Luiz.Claudio
Por favor professor Denis, para colaborar com as pesquisas cientificas e outros estudiosos. O senhor pode por favor, informar onde podemos encontrar este registro do Krebs, neste tema? 
O que o faz ser aceito é a observação das normas e regras cientificas.

@HistoriaeBatuque
No Antigo IGTF , tem alguns documentos .

@Segundo.Sol_Luiz.Claudio
@HistoriaeBatuque  pode trazer o link por favor?!

@rodrigoaruvaje4520
Muito bom vídeo,amigo.
No batuque poucas casas cultuam Dan,e as que fazem é acostado na quartinha.  Não fazem cabeça(Orí).

@HistoriaeBatuque
Correção : Prof Krebs utilizava-se das obras do Nina Rodrigues, não foram contemporâneos .

@joaofranco6421
(06:11) Registrado por quem ? Os textos africanos não falam dessa particularidade do Bara do mercado da aldeia de Ijèlú. Os antigos sabiam muito, mas não sabiam tudo; e o que não sabiam eles inventavam. Tal como é feito até hoje.

@gleniocosta9276
Falou uma coisa bem certa a reza foi inveda não existe Bara ajelu ajebo óia nireu parabéns irmão Grande trabalho suas pesquisas

@gleniocosta9276
Sou de nação ygexa filho pai Tita  de xangô e tamboreiro

@claudiodri5146
Baba . usted sabe decirme , si hay posibilidad . de que bara anjelu tenga relacion con pambu nzila ( nkisi) ?

@HistoriaeBatuque
Pode haver influência sim.

@claudiodri5146
@HistoriaeBatuque   fue una duda que siempre sono en mi. Gracias por su respuesta baba.


Imagens comprobatórias:






Link para acesso do canal https://www.youtube.com/@HistoriaeBatuque 

Link para acesso ao vídeo no canal 
https://www.youtube.com/watch?v=0rVTM_XoQXA&t

TIKTOK ERICK WOLFF