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quinta-feira, 19 de outubro de 2023

ESCLARECIMENTOS SOBRE A CAMBINA/CAMBINI (CABINDA) SER NAGÔ

Postagem publicada na comunidade Nação Cabinda do RS, em 18/10/2023.

Nesta postagem tem por finalidade fornecer informações sobre a Kanbina, segmento do Batuque do RS.





"Visando esclarecimento público e o combate a desinformação, respondemos especialmente ao Ile Ase Igbomina (Por eso la Cabinda jamás la consideram NAGO) que os recentes estudos dos professores acadêmicos, especialmente o professor Denis que a Cambina/Cambini (Cabinda) é Nagô, conforme exposto no extrato do canal Heranças Afro:

[veja o vídeo completo no canal https://fb.watch/bDb9J4WvBR/]"


Comentários:


"Ile Ase Igbomina

En mí país se dice DE QUE SIRVE REPUJAR CUANDO LA TENEMOS CORTA ....

NO VOY A DISCUTIR SOBRE ESO YA QUE EL PRINCIPAL AUTOR SE ESTE INVENTO FALLECIÓ ANTES QUE YO NACIERA

EL BABALORIXA WALDEMAR SE SANGO

QUE FUE EXPULSADO DE LA FEDERACION DEL ANTONIO DE OSUN

POR TAL ECHO

POR MISTURAR

PERO QUIEREN QUE LA Cabinda sea nago es nago

El pai cleon dijo una vez a los 4 vientos LA CABINDA NO SE MISTIRA Y LA CABINDA NO DALE DE BRASIL

y su ex novio el pai Tadeo Ferreyra cuando escribe el libro con fundamento ìjèsà diciendo que era Cabinda

Pero si Kieren vivir una fantasía vivan aún es gratis

Ago para todos

 

Erick Wolff

[Ile Ase Igbomina]

Eu não pretendia responder, porém, devido a sua falta de respeito ao se dirigir a Cambina (Cabinda), e na sua insistência em ignorar estudos e pesquisas no âmbito acadêmico, decidi faze-lo. De fato, só se discute algo quando se tem fatos que podem se comprovar.

Primeiro, tu não tens respeito pela nação Cambina (Cabinda) por seu fundador ter nascido no Brasil, por isso, é preciso dizer, que não há documentação que cientificamente comprove a origem africana de nenhum ancestral fundador de nenhuma nação afro-brasileira.

Afirmas tu que pai Waldemar foi expulso da federação do pai Antônio, porém, é imperioso que tu cite as fontes desta afirmação para que se possa considera-la.

Não é o fato de querermos que a Cambina (Cabinda) seja nagô. Tua fala é jocosa e desreipeitosa com os professores que trabalharam honestamente a pesquisa ... são os estudos baseados no Conceito de Nação que apontam para esta conclusão.

Que provas tem que pai Tadeu era namorado e não filho do pai Cleon, depreciando a memória de ambos? Novamente, tu falta o respeito a ambos.

A fantasia que nos atribui lhe veste propositadamente, pois tu não se atualiza dos recentes estudos, e repetes atacando gratuitamente a Cambina (Cabinda) e seu fundador.

Se tiveres documentações ou fontes legítimas que comprovam tua fala para contestar os professores, por favor, apresente ... caso não ... então, pedimos que tenha mais respeito com a Nação Cambina (Cabinda) e aos ícones, da mesma forma que sempre você foi respeitado.


Ile Ase Igbomina

[Erick Wolff] agọ ahora es faltar el respeto NO CREER EN PERSONA QUE HABLAN Y SE DICEN SER HISTORIADORES DE LIBROS ....

YO VIVO CON ANTIGUOS NO OLVIDE QUE MI MAE DE SANTO TEM 63 AÑOS DE FEITURA

Y ESTUVO A LADO DE VARIOS ANTIGUOS

EMPEZANDO POR SU PAI QUE FALLECIÓ CON 82 ANOS DE FEITURA

CON EL ALÁGBE DONGA DE NANA CON OBA Y UDS LOS HISTORIADORES DICEN QUE ERA DE YEMOJA

SIGAN LEYENDO LIBROS DE PACOTILLAS Y Creyendo EN SUS PROPIAS MENTIRAS ....

NI SIQUIERA SABEN CUAL ES SUS RAICES YA QUE PULAN PARA EL LADO QUE EL VENTO LOS FAVORECE....

EÈPÀÀ BÀBÁ SANTA PACIENCIA...

CABINDA E NAGO, VALE ES NAGO AHORA TA FELIZ PAULISTA

SABE COMO LES LLAMAN SUS COLEGAS DOIDO A SUS ESPANDA Y SE RIEN DE SU REVISTITA DE COLEGIO .... Y EN SU FACE LE ALIENTAN A QUE SIGA ESCRIBIENDO PARA SEGUIR RIÉNDOSE DR UD ....

O PAI ABRE SUS OJOS


Erick Wolff

Prezado [Ilê Asé Igbomina]

Não pretendia fazer uma tréplica, mas como insistes em tua falta de respeito, julguei necessário resenhar novamente tua fala, para que todos vejam a forma desrespeitosa como trata teus irmãos de fé.

Vejamos:

"a hora es faltar el respeto NO CREER EN PERSONA QUE HABLAN Y SE DICEN SER HISTORIADORES DE LIBROS "

Não és obrigado a acreditar em nada, e em ninguém, mas, se quer contestar, apresente as fontes e os fundamentos de tua crítica, pois somente tua fala não serve como argumento. A ciência assim exige.


“YO VIVO CON ANTIGUOS NO OLVIDE QUE MI MAE DE SANTO TEM 63 AÑOS DE FEITURA, Y ESTUVO A LADO DE VARIOS ANTIGUOS EMPEZANDO POR SU PAI QUE FALLECIÓ CON 82 ANOS DE FEITURA CON EL ALÁGBE DONGA DE NANA CON OBA Y UDS LOS HISTORIADORES DICEN QUE ERA DE YEMOJA”

Meus respeitos aos teus antigos. Entretanto, se tu queres apoiar-te nas informações orais deles, faça um artigo coletando dados citando-os corretamente como: nome, cargo, família, casa de axé, tempo de religião, cidade e data da coleta destes dados ... também, a forma como coletaste estas informações, dados bibliográficos completos e corretos, etc.

Não será simplesmente jogando folhas secas ao vento que conseguirás forrar o chão.


“SIGAN LEYENDO LIBROS DE PACOTILLAS Y Creyendo EN SUS PROPIAS MENTIRAS ... NI SIQUIERA SABEN CUAL ES SUS RAICES YA QUE PULAN PARA EL LADO QUE EL VENTO LOS FAVORECE...”

Falta novamente o respeito chamando-nos de mentirosos, mas não apresenta nenhuma fonte que possa confirmar o que tu dizes. De que lado está a mentira?


“CABINDA E NAGO, VALE ES NAGO AHORA TA FELIZ PAULISTA”

Debochas da fala do professor, que fez um trabalho sério, mas tu mesmo não apresentas nada além de tua própria palavra sem que possa confirmar cientificamente o que tu afirmas ou acreditas ... praticando ainda a discriminação no lugar, que em nosso país, é crime.


“SABE COMO LES LLAMAN SUS COLEGAS DOIDO A SUS ESPANDA Y SE RIEN DE SU REVISTITA DE COLEGIO ....”

Novamente fazes a depreciação da pessoa e do nosso trabalho sem apresentar nenhuma argumentação fundamentada.


“Y EN SU FACE LE ALIENTAN A QUE SIGA ESCRIBIENDO PARA SEGUIR RIÉNDOSE DR UD ....”

Estudiosos sérios que realmente em conteúdo não agem assim, antes, apresentam uma argumentação fundamentada que se coloca à mesa de debates de forma respeitosa.

Se tu realmente queres ser ouvido, comece pelo respeito às diferenças.

Se tu realmente queres ser ouvido, comece por citar suas fontes corretamente.

Se tu realmente queres ser ouvido, comece por fazer uma crítica honesta e fundamentada.


“O PAI ABRE SUS OJOS”

Concluo recomendando a ti o mesmo conselho:

“O filho, abra seus olhos”

Àse o!"


Link - https://www.facebook.com/groups/1444295859135612/permalink/3617532515145258/?comment_id=3618036288428214&notif_id=1697725389134425&notif_t=feedback_reaction_generic&ref=notif

 

Imagens comprobatórias:







segunda-feira, 28 de agosto de 2023

INFORMAÇÕES KANBINA, POR MARY FALEIRO

Este ensaio tem por finalidade registrar alguns detalhes de alguns percussores da Kanbina, atualmente conhecida como Cabinda.

Coletamos esta postagem na pagina da Mãe Mary Faleiro, do Facebook na data 28/08/2023, onde reafirma uma postagem compartilhada a seis anos atrás. 


"Bom.. devido a marcações em meu nome para que me manifeste ,questionamentos inbox,Whats etc..aqui vai o fundamento vindo de meu pai através de sua yá Mãe Madalena, pronta de frente a fundo por pai Valdemar.

Esta é nossa vertente. Esta é minha página, se alguém se sentir desconfortável se retire.
Leba: não cultuamos no lixo
Lodê: sim, damos cabeça para mulheres
Oyá Diran: nossa legítima Oyá de rua, também damos cabeça.
Ogum Avagan: damos cabeça
Não cultuamos zina e nem anjos, esta era uma peculiaridade de meu falecido amigo Henrique de Oxum, assim como meu irmão Adão de Bará tinha a sua com Maria Pandilha.
Xangô Kamucá: nosso Rei, não é egun e sim Orixá.
Falo de minha vertente, os demais façam o que quiserem.
Sem mais."


Link https://www.facebook.com/mary.faleiro.7/posts/pfbid02NF6kC66frTMpdmrQs2HyFAGFiP3oT7rc8euyancL8e5bZ8fVRKqNUfd8zbpsxBLpl 

Imagem comprobatória 



sexta-feira, 18 de agosto de 2023

BRUNO DO ODE, TAMBOREIRO (KANBINA/JEJE)

Este artigo é para registros das memorias do Batuque do RS, para que gerações futuras possam pesquisar e estudar a historia Batuqueira. 

Este trabalho relata a trajetória do tamboreiro Bruno Silva, conhecido religiosamente como Bruno de Odé.


Bruno de Odé.
Reside em Porto Alegre, iniciado em 16/05/2003.

Bruno é filho de Chico de Ogum que foi filho de Mãe Eulália de Oxum, filha do pai Enio de Oxum, neta do Pai Romário do Oxalá. Saiu da mão do pai Enio da oxum, mãe Eulália foi para a mão do pai Luiz Antonio do Xangô (Jeje), após foi para a mão do pai Romário do Oxalá.

 



Imagens e informação pessoal, fornecidas através do WhatsApp.

sexta-feira, 5 de maio de 2023

RESUMO: AS NAÇÕES DO RIO GRANDE DO SUL

Por Afrobras - Federação das Religiões Afro-Brasileiras

Postado em 01/05/2023

RESUMO: AS NAÇÕES DO RIO GRANDE DO SUL.

Os rituais do batuque seguem fundamentos, principalmente das raízes da nação Ijexá, proveniente da Nigéria, e dá lastro as outras nações como o Jêje do Daomé, hoje Benim, Kambina não confundir com Cabinda (enclave Angolano) e Oyó, também, da região da Nigéria.

O batuque surgiu como diversas religiões afro-brasileiras praticadas no Brasil, tem as suas raízes na África, tendo sido criado e adaptado pelos negros no tempo da escravidão. Um dos principais representantes do batuque foi o Príncipe Custódio de Xapanã. O nome batuque era dado pelos brancos, sendo que os negros o chamavam de Pará. É da Junção de todas estas nações que se originou esta cultura conhecida como batuque, e os nomes mais expressivos da antiguidade, e da atualidade, que de uma maneira ou de outra contribuíram ou contribuem para a continuidade dos rituais são:

IJEXÁ:
Paulino de Oxalá Efan, Maria Antonia de Assis (Mãe Antonia de Bará), Manoel Matias (Pai Manoelzinho de Xapanã), Jovita de Xangô; Miguela do Bará, Pai Idalino de Ogum, Estela de Yemanjá, Ondina de Xapanã, Ormira de Xangô, Pedro de Yemanjá,Pai Tuia de Bará,Pai Tita de Xangô; Menicio Lemos da Yemanjá Zeca Pinheiro de Xapanã, Mãe Rita de Xangô, entre outros.

OYÓ:
Mãe Bibica de Ogum Ipolé, Mãe Cesária de Xangô Oba-Leri, Mãe Emília de Oyá Lajá, Pai Donga da Yemanjá, Mãe Gratulina de xapanã, Mãe “Pequena” de Obá, Mãe Andrezza Ferreira da Silva, Pai Antoninho da Oxum, Nicola de Xangô, Mãe Moça de Oxum, Miguela de Xangô, Acimar de Xangô, Toninho de Xangô, Tim de Ogum, Pai André do Ogum, Mestre e Pai Fernando de Bará, Pai Jauri de Oxum Funiké, Mãe Ritinha de Xangô Aganju, Pai e Mestre Borel de Xangô, Pai Clovis de Xangô, Mãe Sueli de Iemanjá, Mãe Neneca de Xangô, Mãe Araci de Odé, Mãe Dirce de Nanã, Pai Fábio de Oxum, Mãe Eulinda de Oyá, Pai Máximo de Odé, Pai Mozart de Iemanjá, Mãe Ieda de Ogum, Pai Hélio de Xangô, Pai Chiquinho de Oxalá, Mãe Jane de Oxum, Mãe Vera de Ossanha, Mãe Norinha de Oxalá, Pai Gululu de Oxum, Mãe Zeti de Bará, Mãe Ercília de Bará, Mãe Vera de Oyá, Mestre e Pai Adãozinho de Bará, Mestre e Pai Passarinho de Bará, Pai Adilson de Oxum, Mãe Sueli de Xangô, entre outros.

NAGÔ:
Grandes nomes desta nação, podemos citar: Paulo de Agandju, Imbrain de Oyá Mesan, Aldirio de Xangô, Aída Ricciardi Chiarelli de Agandju, Volni de Ogun, Enio Gonçalves de Ogun, Leda Feijó de Oxum, João Carlos Lacerda de Oxum, Norma Feijó de Xangô, Baba Evanisé de Xangô Alafin Exê, João Cunha de Xangô Djakuta, Veleda de Bará, Arminda de Xapanã, Vó Lúcia de Xango (embora da Nação Oyo, influenciou muito o Nagô em Pelotas) , Zé Coelho de Odé Otulú, Professor Lino Soares de Odé, Albertina de Bará, Vó Diva de Odé, Vô Lourenço de Odé, Paulo Vieira Nunes de Bará-Odé.

JEJE:
Mãe Chininha de Xangô, Príncipe Custódio de Xapanã, João Correa de Lima (Joãozinho do Exú By) responsável pela expansão do batuque no Uruguai e Argentina, Zé da Saia do Sobô, pai Santiago de Oxum, mãe Otília de Ogum, Loreno do Ogum, Nica do Bará, Alzira de Xangô, Pai Pirica de Xangô;Mãe Dada de Xangô; Leda de Xangô; Pai Tião de Bará; Pai Nelson de Xangô, Mãe Haidê de Oxum, Pai Vinícius de Oxalá, Pai Max de Xangô Agodô; Mãe Cleusa de Bará,Pai Ivonir de Ogum Onira, pai Pedro de Oxum, mãe jalba de yansa, pai Alexandre de oxalá, pai Mário de oya, mae juvelina de yansa, mae nirlete de Yemanjá, pai Ivan de Yemanjá, mãe Dulce de Oxum doco, pai luis do bara talade, pai Marco Aurélio de Oxum, pai Alexandre de xango entre outros.

KABINDA(Cabinda):
Gululu de Xangô, Waldemar Antonio dos Santos (Tiemar) de Xangô Agodô, também conhecido por Waldemar de Kamuka; Pai Cleon de Oxalá, Maria Madalena Aurélio da Silva de Oxum, Palmira Torres de Oxum, Pai Henrique de Oxum, Pai Romário de Oxalá, Pai Gabriel da Oxum, Mãe Marlene de Oxum, Pai Tati de Exú Lanã, Mãe Ole de Xangô, Pai Genercy de Xangô Agandju, Pai Adão de Bará, Pai Mário da Oxum, Pai Nazário do Bará, Pai Didi de Xangô, Mãe Alice de Oxalá, Pai Enio de Oxum Miuá, Mestre e pai Xamim de Xangô, Mestre e Pai Antônio Carlos de Xangô e Mestre e Pai Jango de Xapanã entre outros.

O uso do nome Kambina (Cabinda) parece ser recente na etnografia, pois a tradição oral coletada por Norton Correa (1996, 55)[1] registra o nome de Cambina ou Cambini. Devido à similaridade, pode ter sido associada ao enclave angolano citado. Estudos recentes mostram possibilidades da nação Cambina ter suas origem entre os Iorubás, e não os bantus (Wolff, Revista Olorun, Julho 2014, n. 18)[2], Revisada e aumentada (Wolff, Revista Olorun, Fevereiro 2016, n. 35) [3].

As entidades cultuadas são as mesmas em quase todos terreiros, os assentamentos, tem rituais e rezas muito parecidos, as diferenças entre as nações é basicamente em respeito ás tradições próprias de cada raiz ancestral, como no preparo de alimentos e oferendas sagradas.

O Ijexá é atualmente a nação predominante, encontra-se associado aos rituais de todas nações.
#viasoaxe





Imagens comprobatórias:




Link - https://www.facebook.com/story.php?story_fbid=pfbid0229ekyVtpQog1EB6cyUgv2GQHzDyYxmPkr9DeiyLSsuzYG5WZzPKYLGiiBRdztzXAl&id=100064816385412&mibextid=Nif5oz

quarta-feira, 19 de abril de 2023

A CABINDA E OS CABINDAS NO RIO GRANDE DO SUL

A CABINDA E OS CABINDAS NO RIO GRANDE DO SUL

Por Vinicius de Aganju (Doutor em História/UFRGS)

Nos últimos dias se desenrolou um debate sobre a existência ou não de africanos identificados como “cabindas" no Rio Grande do Sul, pois, segundo afirmação de Erick Wolff (https://olorun.com.br/site1/index.php), a região de Cabinda na África teria sido oficialmente criada, com este designação, apenas no século XX. E dessa forma não poderíamos ter tido africanos “cabindas" por aqui, já que o tráfico escravista para o Brasil findou em 1850 e a citada região inexistiria neste momento.

Escrevo estas linhas com o objetivo de contribuir para o debate a partir da apresentação de algumas poucas referências a documentos históricos do escravismo no estado. Digo poucas referências não porque elas sejam raras, mas justamente por serem abundantes os documentos históricos que registram africanos “cabindas” no Rio Grande do Sul, desde as origens da ocupação portuguesa no século XVIII. Existem dezenas de artigos, livros, teses e dissertações de pesquisadores que se debruçaram sobre documentação nos arquivos históricos. É algo a muito tempo conhecido e consensuado: a formação cultural do Rio Grande do Sul (e de todo o Brasil) contou com a contribuição dos africanos bantos (oriundos da África Central Atlântica, atuais Congo, Angola e entornos) identificados não só como cabindas, mas também como congos, mongombes, monjolos, anjicos, benguelas, angolas, ambacas, cambambe, cassange, etc. Além dos homens e mulheres originários da África Ocidental, berço da cultura dos orixás: os minas, os jejes, os ijexás, os haussás, os nagôs, etc. E aqueles da África Oriental: moçambiques, inhambanes, etc (Russel-Wood, 2001, p.13-14; Moreira e Tassoni, 2007).

Se temos ou não elementos banto no Batuque de Nação do RS é uma discussão mais complexa e em aberto, sobre a qual muito já foi dito, mas foge do foco desta pequena reflexão que proponho por ora. Meu objetivo não é adentrar a questão interna aos fundamentos desta nação, até porque não sou feito nela e não vivenciei suas especificidades. Busco apenas evidenciar a presença dos cabinas enquanto grupo. A ampla produção da Historiografia da Escravidão e da Liberdade no Brasil evidencia que africanos procedentes da região de Cabinda estava por aqui desde nosso período colonial, e assim era reconhecido pelos documentos oficiais do comércio escravista e pelo estado brasileiro.

Quanto ao Rio Grande do Sul, sugiro a leitura da dissertação de mestrado do historiador Gabriel Berute, em que analisa o tráfico de escravizados para o estado nos primórdios da ocupação portuguesa (1790 a 1825). O autor evidencia o destaque numérico dos africanos identificados como cabinas entre os que chegavam para ser vendidos no RS. Em seu texto existem diversas indicações de leituras que embasam o o que afirmo neste e no parágrafo anterior (Berute, 2006, p. 73 - acesso no link: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/10917).

O Arquivo Público do Estado do RS (APERS) disponibilizou gratuitamente, em pdf, diversas publicações com resumos de documentos históricos da escravidão no estado, onde é possível verificar as identificações de origem dos africanos que aqui viviam (documentos de registro de compra e venda de escravos, cartas de alforria, inventários e processos criminais em que aparecem escravizados, testamentos). Estes documentos podem ser acessados nos seguintes links: https://www.apers.rs.gov.br/acervo-judiciario - e - https://www.apers.rs.gov.br/acervo-tabelionatos
Verbetes sobre as cartas de alforria de Porto Alegre encontram-se igualmente publicadas na obra de Moreira e Tassoni (2007).

Entre os trabalhadores escravizados citados nestas obras estão, por exemplo, o cabinda João, que em 1806 tinha cerca de 40 anos e residia em Pelotas, sendo escravizado de Luiz Pereira. E Ventura, que em 1785 vivia em Porto Alegre e tinha cerca de 30 anos, identificado como sendo cabinda (Fonte: APERS. Documentos da escravidão - inventários: o escravo deixado como herança. Porto Alegre: CORAG, 2010. Volume I, p. 24 e 38 - acesso disponível nos links disponibilizados acima).

Como já referi, existem dezenas de publicações que reforçam e embasam o argumento que venho expondo. Não vou citá-los pois a lista é longa. Sugiro a leitura deste guia bibliográfico, com longas listagens de obras que podem ser buscadas e lidas: XAVIER, Regina. C. Lima. História da escravidão e da liberdade no Brasil meridional: guia bibliográfico. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2007. v. 1. 392p .

“Cabinda" é o termo pelo qual passou a ser denominado, pelos dominadores portugueses, um dos tantos grupos étnico-culturais da África Central Atlântica, região de cultura banto que atualmente corresponde às regiões de Angola, Congo e seus entornos. Como o Pai Fabiano de Oxalá já demonstrou em sua página no Facebook (com base no livro de Martins, 1972) o termo cabinda para se referir a uma região na África não é uma denominação surgida no século XIX, muito menos no século XX. Longe, disso, já era utilizada desde o século XVIII (em 1783/4 foi construída a fortaleza portuguesa de Santa Maria de Cabinda, no antigo porto de Tchioua, no Ngoio, conforme pesquisa de Müller, p. 87)

O fato da atual província de Cabinda, em Angola, ter sido formalmente denominada por este nome apenas em 1956 não é suficiente para supor que antes disso o termo não fosse utilizado na África e nas Américas como denominação de um grupo cultural, como uma região na África ou recorte político-cultural. E insistir neste raciocínio, descartando a possibilidade de nossa ancestralidade batuqueira possa ter - ainda que hipoteticamente - de alguma forma bebido da herança da cultura banto (ou do grupo étnico dos cabindas) é, no mínimo, superficial.

Supor ainda que a cultura afro-brasileira teria se formado independentemente da existência dos povos oriundos da região de Cabinda, como afirmado por Erick Wolf no resumo de seu artigo lançado em fevereiro de 2022 (Revista Olorum, n. 89) não encontra embasamento nenhum na historiografia sobre a formação do Brasil, país que recebeu mais de 4 milhões de africanos escravizados, muitos deles chamados de cabindas.
 

Obras consultadas:
BERUTE, Gabriel Santos. Dos escravos que partem para os portos do sul: características do tráfico negreiro do Rio Grande de São Pedro do Sul, c. 1790- c. 1825. Dissertação (Mestrado em História) Porto Alegre: UFRGS, 2006.
MARTINS, Joaquim. Cabindas: histórias, crenças, usos e costumes. Comissão de Turismo da Câmara Municipal de Cabinda. Angola, 1972.
MOREIRA, Paulo R. Staudt; TASSONI, Tatiani de Souza. Que com seu trabalho nos sustenta: as cartas de alforria de Porto Alegre (1748-1888). Porto Alegre: EST Edições, 2007.
MÜLLER, Paulo Ricardo. Historicidade, pós-colonialidade e dinâmicas das tradiCòes: Etnografia e mediações do conhecimento em Cabinda, Angola. Tese (doutorado em Antropologia Social/UFRGS), 2015.
RUSSELL-WOOD, A. J. R. Através de um prisma africano: uma nova abordagem ao estudo da diáspora africana no Brasil colonial. Revista Tempo (UFRJ), vol. 6, n. 12, 2001.

Imagens comprobatórias:




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COPIR - Coordenadoria de Promoção de Igualdade Racial
Rua Santana esquina Duque de Caxias - Bairro: Centro
Uruguaiana - RS - E-mail: copir@uruguaiana.rs.gov.br
Link http://antigo.uruguaiana.rs.gov.br/copir/evento_2022-02-16_cabinda.php

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NOTA DE ESCLARECIMENTO PARA O RECENTE ARTIGO “ALGUNS DADOS SOBRE CABINDA”


Erick Wolff
16/02/2022  

Imagem 1
Imagem 2 

A Revista Olorun, número 89, fevereiro de 2022 publicou o artigo “Alguns dados sobre fundação da Cabinda” (província africana de Angola) que despertou elevada a discussão devido à questão da transtemporalidade apresentada.

A palavra transtemporalidade vem de transtemporal:

“Que transcende seu tempo ou que vai além do temporal.      

Dicionário Michaelis,

https://michaelis.uol.com.br/palavra/EZxo7/transtemporal/

 

“Que está além ou fora do tempo; que está para lá do tempo e, por isso, é relativo a todos os tempos; que transcende o que é temporal. 

https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/transtemporal


No artigo “Alguns dados sobre fundação da Cabinda”, não estamos querendo dizer que não vieram negros de Mafuka M`binda, mas que o atual nome Cabinda, não era de conhecimento da época entre os nativos.

Sabemos que há registros nacionais da palavra Cabinda que datam do século 19 e anteriores, entretanto, muito possivelmente, trata-se de uma temporalidade dos autores ao utilizarem uma palavra recente, para um histórico ou lugar antigo.

Um exemplo disso ocorre com a palavra Brasil, ao dizermos que Cabral o descobriu em 1.500. Ora, como pode Cabral ter descoberto um Brasil que ainda não existia, e nem ele sabia por qual nome os nativos chamavam estas terras?

Portanto, quando um livro de história do Brasil diz que Cabral descobriu o Brasil em 1.500, está fazendo uma transtemporalidade de um nome que só veio a existir depois.

Devido a esse mal-entendido (ou mal-explicado talvez) a partir da publicação desta nota, usaremos a palavra “Mafuka” para referimos a este território quando do início século 19 e anteriores, e Cabinda para o momento histórico contemporâneo, século 20.

Conforme informações da prefeitura de Cabinda:

[...]

O nome Cabinda tem a sua origem na junção de dois nomes “Mbinda” e “Nfuka”, ficando “Mafukambinda”. Estes foram os primeiros indivíduos com que os navegadores europeus estabeleceram contactos quando chegaram ao reino de Ngoio.

[...] Cabinda teve a sua elevação a cidade no dia 28 de Maio de 1956. [...] (PMC, pp. 13)

Assim sendo Mafukambinda passou a ser chamada Cabinda, por influência dos portugueses:

[...]

De tanto ouvir falar de Mafuka Binda, os colonizadores portugueses, que tinham dificuldades em pronunciar nomes locais, omitindo por vezes certos guturais (sons mais fortes da garganta), começaram a juntar a última sílaba de mafuka com binda (Mafu Kabinda), dando assim origem ao topónimo Kabinda. E foi assim que os europeus acabaram por atribuir a esta terra, incluindo aos seus habitantes, o nome de Cabinda [...] (AAP, pp. 05)

Referencias

ANGOP Agência Angola Press. Internet. Saneamento básico impulsiona nova imagem a cidade de Tchiowa, maio 2021. Acesso em 16/02/2022. Disponível em: https://www.angop.ao/noticias/sociedade/cabinda-saneamento-basico-impulsiona-nova-imagem-a-cidade-de-tchiwoa/

WOLFF, Erick. Alguns dados sobre fundação da Cabinda, Revista Olorun, Internet. Acesso em 16/02/2022. Disponível em: https://olorun.com.br/site1/component/html5flippingbook/publication/revista-olorun-n-89-fevereiro-2022/93/component.html

PMC, Perfil do Município de Cabinda. Internet. Biblioteca Terra, Angolanet. Julho 2007. Acesso em 16/02/2022. Disponível em:

http://bibliotecaterra.angonet.org/sites/default/files/perfil_cabinda_municipal_-_nov_2007.pdf

 
Créditos das imagens

Imagem 1 - 17th-century map of the Kingdom of Congo. This map was published as an inset labelled Congi regni in Africa Christiani nova descriptio. alongside a larger map Abissinorum sive Pretiosi Joannis imperium. It was published as an update to Mercator's Atlas sive cosmographicae meditationes de fabrica mundi et fabricati figura of 1595 (in spite of the filename, this is not a map made by Mercator himself!).

Imagem 2 - http://ultimatehistoryproject.com/uploads/3/5/0/1/35012707/2692801.jpg?409

Link original - https://iledeobokum.blogspot.com/2022/02/nota-de-esclarecimento-para-o-recente.html



terça-feira, 15 de novembro de 2022

HISTÓRIA DA FAMÍLIA DO PAI WALDEMAR DE XANGÔ

Em 15/11/2022 acessado às 11:57h

Este registro da família da mãe Otilia, nos enriquece mais ainda a história do legado do pai Waldemar e seus descendentes. 

"No dia 14/11/1925. há exatamente 97 anos, num sábado de manhã, em Porto Alegre, aconteceu o casamento de ANTÔNIO WALDEMAR SANTOS E OTÍLIA TAVARES ( Pai Waldemar de Xangô Kamuká e Mãe Otília de Ossanha). A princípio acredito que eles já viviam em matrimônio e essa data apenas oficializaram seu matrimônio, embora seja uma das várias especulações que ainda tenho sobre a história deles. Um casal cheio de mistérios e encantos, que a cada passo me fascina mais e mais pela busca de suas extraordinárias histórias. Espero logo sair das especulações e compartilhar comprovações. Da união de Pai Waldemar e Mãe Otilia, deixam alguns filhos registrados como Nair Tavares dos Santos, tive a oportunidade de conhecer duas filhas de Dona Nair, falecida em 2018.

A data de hoje também marca a entrada de Eliane de Oyá Dirã, neta de Pai Waldemar e Marcio de Oxalá, bisneto de Pai Waldemar para minha casa religiosa, uma grande surpresa pra mim quando fui convidado a ser seu Sacerdote, os procurei por histórias e recebo essa grande missão, cuidar de descendentes daquele que tenho como maior ancestral, um Baba Egun a qual reverencio e agradeço todos os dias por ter criado a família a qual me manteve religiosamente, tenho muito orgulho de ser Cabindeiro ou Kambindeiro, indiferente do termo, mas sentir pertencer a essa família, sem nunca ter duvidado disso. Eliane e Marcio sejam bem vindos.

Sempre somos julgados, seja pelo que fazemos ou pelo que deixamos de fazer, então não podemos medir nossos erros e acertos pelos o que outras pessoas pensam sobre nós ou nossos atos, medimos pelas respostas que os Orixas nos oportunizam e pelo direcionamentos que nossos ancestrais nos mostram, simples assim."
Link - https://www.facebook.com/110671400398922/posts/pfbid0b9ny5nZdZKPGRD4oq3M4UkYUGfvLLbQS6CTnhiAwuBWaGUx7BpqVQumC1bm4MCbGl/

Imagens comprobatórias



terça-feira, 18 de outubro de 2022

RELIGIÃO TRADICIONAL CABINDA



Postado por TPA Online

Em 12/05/2021



O Conselho provincial debate sobre a importância da RTC (Religião Tradicional Cabindense).


Casamento tradicional - Conselho provincial da família em Cabinda recomenda regulamentação.
Fonte - 
https://youtu.be/9BUptkMwBxQ 



domingo, 18 de setembro de 2022

CABINDA, KANBINA, KANBINI, CAMBINDA

Nado de Oxalá


28/02/2022


Cabinda, kanbina, kanbini, cambinda ... O nome importante, mas o amor, a união e a fé importa.


Sobre os últimos acontecimentos da Cabinda no RS.

Na minha opinião de leigo sobre os assuntos teóricos do nome religioso da nossa nação, pois não conhecedor, nem historiador e estudo pouco sobre a origem e yoruba (gostaria de um dia estudar mais profundamente) e sou muito grato a todos grandes estudiosos e pesquisadores, prefiro não me rotular ou erguer a bandeira de um movimento ao ver que nenhum dos lados tem a plena ou total comprovação, e sim todas com suas razões baseadas em fatos e documentações.

Então “prefiro ser uma metamorfose ambulante” e poder aprender a cada dia com todos grandes pesquisadores “do que aquela velha opinião formada sobre tudo”...

Ao não me rotular e defender politicamente um lado eu posso ganhar mais em cultura e sim, alguns aspectos dos estudos que não parecem confiáveis eu não preciso agregar, já se eu defender apenas um dos lados, teria que defender todas as teses, indiferente se me fizesse sentido ou não.

Enquanto um ataca o outro, chamando de inventor de uma nova religião e que se faz muito arrogante e soberbo, penso que esse lado também não se coloca aberto a uma discussão aberta de paz, vejo os dois lados defendendo suas teorias fantásticas, de muitas pesquisas e inteligentes, mas cada um defendendo como se nada pode haver, se outra realidade não fosse possível a não ser a sua.

Sendo que nossa religião se manteve em grandes aculturações de etnias, tempos,etc… Então ninguém me perguntou nada, mas acredito que isso é novamente mais uma grande oportunidade que os Orixas estão oferecendo para que nós seus seguidores pudéssemos nos unir em nome do sagrado, em nome da memória de um grande Ancestral e em nomes dos Orixás.

Como seria se todos conseguissem sentar e debater, unir suas ideias e estudos e unificar o culto???

Sinceramente, quando adolescente ouvia falar em Cambinda, depois em Cabinda( todos devem ter ouvido falar nesses termos) mas não importa a nomenclatura pois não vai mudar o fundamento que praticamos nem muda nossa fé, ja a oportunidade que os historiadores estão tendo em se unir e unificar algo, isso sim, pode mudar a história e trazer grandes mudanças em nome de nossa religião, não ao fundamento que cada um pratica mas sim na beleza de permitir que o Amor seja o fluxo e meio de comunicação do nosso povo.

Ouvi Sacerdotes falando "esse tal de” ou “ tenho nojo do fulano” isso sim é ir contra o sacerdócio de Orixá, isso sim é causar discórdia em nosso meio e propagar a desunião, lembrando que unir não é convencer que o outro tem que ser ou pensar igual a mim e sim unir dois pensamentos, duas ideias em uma só, e aí está o maior desafio de todos, o Ser Humano engolir seu Ego e permitir que o Sacerdote expanda….  

Parabéns a todos historiadores e pesquisadores Afros religiosos, na esperança de um mundo religioso menos egoigo e mais amoroso e unido"

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   Imagem comprobatória:



Publicado em Facebook:

https://www.facebook.com/Babalorixanado/photos/a.164195241713204/530431965089528/

Acessado em 18/09/2022


TIKTOK ERICK WOLFF

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