OS BASUNDI EM TERRAS DE KAKONGO
Estes «nossos» Basundi, no dizer do P. Bittrernieux, são, antes, um Sub-clã, uma ramificação dos de Mboma.
(De uma carta do P. Bittremieux ao autor , 1945).
Na história dos primeiros Reis do Congo (D. João I, D. Afonso I) fala-se muito na província de Sundi, a nordeste de Mbanza Kongo (S. Salvador).
Essa província, tornada mais tarde num ducado, era confiada ao príncipe herdeiro da coroa do Congo.
O que veio a ser D. Afonso I, do Congo, e que levou o Sundi a ducado, quando Rei, havia sido o Mani Sundi, o Senhor do Sundi.
Os seus habitantes dever-se-iam chamar Basundi.
Algum ramo destes Basundi, a quando da emigração das terras de S. Salvador, então Mbanza Kongo, teria passado para a margem direita do Zaire dando a descendência aos «nossos» Basundi?
Cremos bem que sim, posto que o P. Bittrernieux, bem maior autoridade, diga que são um ramo de Mboma.
Povoar novamente aquela terra necessário se tornava. Do outro lado do rio Lukula havia bastante gente: os Basundi. Não eram muito bem quistos e as melhores terras eram para os «donos».
A Missão tinha que ter gente para educar e ensinar e, não haja dúvida, para evangelizar.
Os nossos padres começaram por captar a simpatia dos «bafumu-babuala», dos chefes de aldeia. Procuraram alunos para a catequese e para a escola e internato, vestindo-os, alimentando-os e educando-os gratuitamente.
Acabou por se conseguir que os donos de Kakongo dessem terras aos Basundi para que pudessem vir para o nosso lado.
E assim se fez.
O Superior da Missão do Lukula que tanto trabalhou nesse sentido foi o P. Biech. Ainda hoje anda na memória das gentes, passando o seu nome de pais a filhos. Mas ainda há gente viva baptizada por ele. São bons velhos.
Foi o P. Biech quem deu aos Basundi, vindos do outro lado da fronteira, as sementes (de milho, de feijão, paus de mandioca) para as primeiras plantações.
As gentes ficaram-lhe gratas. Em sinal de gratidão, comprometeram-se a dar à Missão uma pata traseira de cada animal abatido na caça. O uso ainda estava de pé quando lá cheguei, em 1941, e pelos anos seguintes.
O P. Biech veio a falecer na Europa a 20 de Maio de 1910.
Foi o Mansasa de Kakongo quem, com o P. Biech, andou a demarcar os terrenos para cada um dos chefes Basundi que vieram fixar-se em terras de Kakongo em Cabinda.
O Mansasa desse tempo 1900 - era Vito Tempo. Em 1941, quando o conheci e tudo isto me contou, com o nome das terras concedidas e mais o dos chefes Basundi, passava bom dos 60 anos.
Fig. P 17 - O Mansasa Vito Tembo com um colar de dentes de leopardo |
Os nomes desses chefes e das terras que tomaram:
Não me lembro de ter visto o Madundo-Manduta e nem o Nguli-Nsungu.
Conheci e estive em suas aldeias com todos os outros chefes Basundi.
Também nas aldeias de Uângulo, Kiobo, parte de Santo Eugénio, aldeia de S. João, aldeia de S. Miguel, parte do Fubu - tudo pertencente à Missão Católica do Lukula - se vieram fixar gentes Basundi.
E mais ainda no Kindende, Kai-Kongo e parte do Kakata.
Pode afirmar-se, sem perigo de grande erro, que a população da Missão Católica do Lukula, em 1941 e anos seguintes, era formada, no mínimo, por 80% de povos Basundi vindos do Congo ex-Belga.
Vamos voltar ao nosso Mansasa.
A lista dos Mansasas fornecida pelo Víto Tembo:
Os Mansasas, em tempos passados, também eram senhores da faca Mbele Lulendo (Kulenda = Odiar, detestar) - a que outros chamam Mbele Lusimbu (de Kusimba = Segurar, ter em mão) - que passava de descendente para descendente e que servia nas sentenças capitais.
Insígnias do Mansasa:
O «Ngundu» - espécie de barrete que, outrora, era confeccionado com fibra da folha do ananás.
Também uma «Kinzemba» - espécie de murça, romeira.
Segundo Vito Tembo, as autoridades de Kakongo eram as seguintes:
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