A LEI 7.716/89, CHAMADA TAMBÉM DE LEI CAÓ
A Lei trata do crime de preconceito de cor, raça, religião, etc.
Entretanto, é preciso que se diga, em nenhum momento a Lei cita, ou prevê, "racismo religioso". Portanto, "racismo religioso" não existe ponto de vista legal.
Segue o texto da Lei para que possam analisar com mais profundidade o tema. Sugiro que digitem control +F para abrir janela de busca, e procurem pela palavra "racismo". Poderão constatar que ela não existe no texto da lei:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7716compilado.htm
Outrossim,
também é preciso registrar que, segundo o IBGE 2010 (temos os dados),
os evangélicos são formados por uma maioria preta/parda, o que derruba a
tese de racismo contra as religiões afro-brasileiras.
quinta-feira, 19 de abril de 2018
quarta-feira, 18 de abril de 2018
IFA EM SAMUEL JONHSON
IFÁ
EM SAMUEL
JONHSON
THE
HISTORY OF THE YORUBA, 1921, pags. 32, 33, 34
Tradução
de Diego Sango
Facebook:
https://www.facebook.com/diego.tsango.98
18/04/2018
Este
é o grande oráculo de consulta no país Yoruba e foi introduzido em
um período tardio pelo rei Onigbogi, que foi dito ter sido
destronado por ter feito isso.
Outra tradição diz que foi introduzida no país iorubá por um Setilu, nativo do país Nupe, que nasceu cego. Isso foi no período da invasão maometana.
Os
pais de Setilu lamentando sua infelicidade em ter um filho cego, a
princípio duvidaram de que curso deveriam seguir, se matariam a
criança, ou se poupariam sua vida para se tornar um fardo a família.
Os pais decidiram que poupariam a criança. Cresceu como uma criança
peculiar e os pais ficaram espantados com seus extraordinários
poderes de adivinhação.
Na
idade de 5 anos, ele começou a excitar sua admiração e curiosidade
ao predizer quem lhes pagaria uma visita no decorrer do dia e com que
objeto. À medida que avançava em idade, começou a praticar magia e
medicina.
No
início de sua prática, ele usou 16 pedrinhas e impôs com sucesso a
credulidade daqueles que se reuniam em sua angústia pela consulta. A
partir dessa fonte, ele ganhou um meio de vida confortável.
Descobrindo
que os adeptos estavam rapidamente se tornando seguidores de Setilu,
e que mesmo sacerdotes respeitáveis não escaparam do contágio
geral, os maometanos resolveram expulsar Setilu para fora do país.
Feito
isso, Setilu cruzou o rio Níger e foi para o Benin, ficando por um
tempo em um lugar chamado Òwò, daí para Ado. Posteriormente, ele
migrou para Ilé Ifè, e encontrando aquele lugar mais adequado para
praticar sua arte, ele resolveu fazer dele sua residência
permanente.
Logo
se tornou famoso lá também, e suas performances também
impressionaram o povo, e a confiança depositada nele era tão
absoluta, que ele teve pouca dificuldade em persuadi-los a abolir as
marcas tribais em seus rostos, pois tais marcas de distinção não
eram praticadas em Nupe, o próprio país de Setilu.
No decorrer do tempo, nozes de palma, pedaços de ferro e bolas de marfim foram utilizados em vez de seixos. Nos dias de hoje, apenas as [sementes de] palmeiras são usadas, pois são mais facilmente propiciadas. As outras exigem sacrifícios dispendiosos e até mesmo sangue humano.
Setilu iniciou vários de seus seguidores nos mistérios da adoração de Ifá, que gradualmente se tornou o oráculo de consulta de toda a nação iorubá. Para se tornar um sacerdote Ifá, é necessário um longo curso de estudo sério.
Para
consultar Ifa, o modo mais comum, 16 nozes de palma devem ser mexidas
juntas na cavidade de ambas as mãos, enquanto certas marcas são
traçadas com o índice atrasado em uma tigela plana polvilhada com
farinha de inhame ou yerosun em pó.
Cada
marca sugere ao sacerdote consultor os feitos heróicos de alguns
heróis fabulosos, que ele conta de antemão, e assim ele continua
com as marcas em ordem, até que ele encontre certas palavras ou
frases que pareçam ter sobre o assunto do requerente antes ele.
Muitas vezes as respostas são dadas muito depois, [como] o antigo
oráculo de Delfos.
Ifá foi aceito pelos Iorubas através de Oduduwa, que conheceu Setilu em Ilé Ifè, mas sua adoração só foi oficialmente reconhecida pelo Aláàfin Ofiran, filho de Onigbogi.
_________________________________
Transcrição:
Luiz L. Marins – www.luizlmarins.com.br
sexta-feira, 6 de abril de 2018
O ÌTÀN E O ESE NA ACULTURAÇÃO DA PALAVRA
Luiz L. Marins
Atualização em
Abril de 2018
Aos
estudiosos mais atentos, uma explicação técnica sobre o uso da palavra ìtàn (história)
no corpo de um léselése (poema) se faz
necessária, esclarecendo o conceito das palavras ìtàn (história) e ese
(verso), e o seu uso.
Algumas
palavras da língua ioruba, em virtude das convenções gráficas adotadas depois
da colonização europeia, vêm recebendo importantes modificações conceituais e
criando alguns embaraços linguísticos. Uma destas palavras é a palavra ìtàn (história).
Em língua
portuguesa, uma história geralmente é contada em prosa[1],
mas pode ser em verso[2], como no
caso de “Os Lusíadas”, de Camões, sem deixar de ser, ou ter, o conceito de
história. Portanto, história, para os falantes da língua portuguesa, pode ser
em prosa ou verso.
Mas, em
ioruba, isto não ocorre, pois, a palavra ioruba para história é ìtàn, enquanto que a palavra para verso,
é ese. Como o idioma
ioruba era originalmente ágrafo. Supomos que, talvez seja este o motivo pelo
qual os dicionários de ioruba não registraram uma palavra nesse idioma que
carregue os dois conceitos, tal qual ocorre com a palavra “história”, na língua
portuguesa.
Na
diáspora afro-brasileira a palavra ese
não é usual, ficando restrita ao meio intelectual. A palavra ìtàn, ao contrário, é muito conhecida,
mas adquiriu o conceito utilizado em português para palavra “história”.
Assim,
arriscamos a afirmar na área da linguística que a palavra ioruba ìtàn está aculturada, mesmo em terras
iorubas. A seguir, vamos dar alguns exemplos disso:
Pierre
Verger apud Julio Braga, “O jogo de Búzios”, 1988, p. 27 na transcrição
abaixo relata um encontro mensal dos babalaôs. Repare que Verger usa a palavra
“história” quando está referindo-se aos versos de Ifá, percebendo-se claramente
embutido o conceito europeu sobre a
palavra “verso” (ese):
“[...] escuta-los repetir docilmente, verso por verso, uma nova história. É assim que os babalaôs
presentes transmitem uns aos outros a sua ciência.”
Wande
Abimbolá em Ifá, A Exposition of Ifá
Literaty Corpus, 1976, p. 43, referindo-se aos ese Ifá, da mesma forma, utiliza o conceito inglês da
palavra story, assim conceituando:
“[...] Ese
Ifá pode ser uma simples história sobre [...]
Juana
Elbein em “Os Nagô e Morte”, 1993, apresenta dois interessantes registros
etnográficos da tradição oral por ela recolhida em pesquisa de campo na
Nigéria, os quais trazem, em língua nativa, o uso da palavra ìtàn (história) em dois extensos ese (poemas) do odù òsétùrá[3] de Èsù, utilizando esta
palavra de forma aculturada, mesmo em língua ioruba:
“Èyè
ni ìtàn Òsetùá odù Ifá. Ìtàn Èsù ni ònà ti Èsù ti Èsù
gbà tí n fi'n gbé ebo lo sí esè Olódùmarè
[...] (p. 139)
“Esta
é a história de Òsetùwá tal
qual é revelado pelo Odù Ifá. Diz a
história como Èsù chegou a
transportar todas as oferendas aos pés de Olódùmarè
[...] (149)
Itàan Èsù! Níbi tí Èsù gbé gba àgbà [...] (p. 171)
A história de Èsù, do modo como Èsù tomou a primazia [...]
Pelo exposto, do ponto de
vista técnico, é correto o uso da palavraa ìtàn
com o significado de história para um ese
(poema) ioruba, devido à aculturação linguística. Tal forma procura atender aos
conceitos da diáspora, dos falantes de língua portuguesa, mantendo, porém,
tanto quando possível, a forma do poema ioruba tradicional na sua construção
poética. Tecnicamente o classificamos como “um poema de versos livres”.
[1] A
maneira natural de falar ou de escrever, sem forma retórica ou métrica, por
oposição ao verso. (Aurélio, 1995, p. 533)
[3] Signo
divinatório de Ifá.
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