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Aí é que começa a história do igbá-orí, literalmente, cabaça da cabeça, pois os assentamentos eram feitos em cabaças – igbá, daí o nome ter virado sinônimo de assentamento de Òrìsà, a cabaça do orí. Costuma-se fazer assentamentos com as mais variadas coisas para representar o orí de uma pessoa.
Esta variedade de
coisas deve-se, a que o orí seja o que individualiza o ser humano. Como no caso
das impressões digitais, ninguém tem orí igual ao de outra pessoa, cada orí é
único e exclusivo daquela pessoa. Então, faz-se o assentamento numa cabaça ou
tigela, o mais comum entre nós, e esse assentamento é cultuado como igbá-orí,
ou seja, a representação física do orí-inú da pessoa.
Tudo bem, este
comportamento é usual e corrente. Mas, sem querer ser o único certo, longe de
mim isso, eu não concordo com esse tipo de igbá-orí, porque eu penso que a
melhor representação do nosso orí-inú é o nosso orí físico, ou seja, a nossa
própria cabeça. A nossa cabeça física é a materialização da nossa cabeça
interior, acho eu. Qual o melhor objeto para representar o nosso orí-inú, que
não a nossa própria cabeça? É dentro dela que se instala a outra do òrun, por
isso, chamado orí-inú (cabeça interior).
Mas interior
onde? Da cabeça física que também, acho, tem o formato do igbá (cabaça).
Quando fazemos um borí, nós estamos cultuando esta cabeça interior. E onde nós fazemos os preceitos? Diretamente em nossa cabeça, pois é ali que mora o nosso ori-inú e o nosso Òrìsà. Então, é à nossa cabeça que devemos reverenciar, não aquela tigela com alguns objetos que dizem, ser o igbá-orí. Digo isso por que acredito assim.
Quando fazemos um borí, nós estamos cultuando esta cabeça interior. E onde nós fazemos os preceitos? Diretamente em nossa cabeça, pois é ali que mora o nosso ori-inú e o nosso Òrìsà. Então, é à nossa cabeça que devemos reverenciar, não aquela tigela com alguns objetos que dizem, ser o igbá-orí. Digo isso por que acredito assim.
E algumas vezes,
quando sou questionado por algumas pessoas que por “n” motivos, perguntam o quê
fazer com seu igbá-orí. Outros, preocupadíssimos porque seus zeladores não
querem entregar ou que pior ainda, despacharam seus igbá-orí.
Então, converso com elas dizendo isso que acredito. Grande parte delas se acalma e acaba concordando comigo. Não que eu seja o dono da verdade, mas, há lógica em minha teoria.
Então, converso com elas dizendo isso que acredito. Grande parte delas se acalma e acaba concordando comigo. Não que eu seja o dono da verdade, mas, há lógica em minha teoria.
Entretanto, se
não houver, é um bom assunto para ser pensado por todos. Igbá-orí não deveria
existir, pois não há lugar melhor para cultuar orí-inú que sobre orí-òde, porém
ficou convencionado o uso dele.
Quanto ao
igbá-orí, a representação material do Ori, a bandeja onde guardamos o double,
este contém alguns itens de conhecimento restritos àqueles que tem o seu ori
"assentado", posso, porém assegurar que entre estes itens jamais
encontrarás um òkúta (ota). Igbá-orí, segundo a tradição [iorubá] de Òrìsà, não
leva òkúta. (o grifo é nosso).
Leia a matéria
completa na Revista Olorun N. 24, Março de 2015, com o título:
“ A
reafricanização filosófica de Altair Togun”