“Ako okuta, é indispensável no ojubo de Ògún - (na família de Ogunrogba em Òyó )
O okuta é lavado com às folhas, preparado, e se torna o elemento fundamental de Ògún no ojubo. Ojubo com ferramentas, e sem okuta, não existe em minha tradição.
Através do ako okuta que oferecemos o epo/dendê e o sal/iyo. É através do okuta que evocamos e apaziguamos Ògún com esses elementos. Todas às vezes que Ògún vai receber algum sacrifício animal, o seu okuta deve ser devidamente lavado.
Lembrando que os okutas eram normalmente usados dentro das forjas pelos artesãos ferreiros, na confecção das ferramentas.
Ako okuta, é o primeiro elemento de representação de Ògún em seu ojubo. “ - tradição da família De Òyó Ogunrogba
Texto do meu irmão Diego Guimarães iniciado em Ògún na cidade de Òyó.
Ìyáwó é o segundo grande centro das atenções do Candomblé, só perdendo para o òrìṣà. Mas a grande roda do Candomblé gira em torno dessa figura tão importante para a religião, sua iniciação e as chamadas obrigações de ano. Antes do ìyáwó, há o abíyàn, e todos um dia foram um abíyàn.
Toda ìyálórìṣà ou bàbálórìṣà, palavra que designa a pessoa que possui conhecimento para manipular as energias do òrìṣà, são em algum estágio de sua vida religiosa um ìyáwó, pois é neste período que ele adquire os conhecimentos mais básicos do culto. Até mesmo, pode-se dizer que uma pessoa sempre será ìyáwó diante de uma pessoa mais velha. Bem, são as guerras de Ego dentro da religião.
A palavra significa esposa, essa é uma verdade já bem comum, mas há duas origens para o uso dela: Uma está atrelada à formação do candomblé no Brasil; outra se dá pelo corpus literário de Ọ̀rúnmìlà-Ifá, um culto à parte e com suas raízes bem fincadas na Nigéria e Benin.
Ìyáwó no Candomblé
A palavra foi usada pela origem da religião ter se dado inicialmente por mulheres, era um culto matriarcal. Esta origem podemos ver claramente em muitos pontos, como vestimentas (Gèlè – pano de cabeça, Aṣọ oke – pano da costa) e acessórios litúrgicos (Ààjà – sineta).
No início, não havia manifestação pública masculina de òrìṣà, somente as mulheres que incorporavam esta energia divinizada da natureza. Aos homens cabiam a parte mais bruta dos terreiros, o ilé òrìṣà, a Pequena África, como também era conhecido. E sempre havia, como há, muito trabalho para todos em uma casa de òrìṣà!
Nisso, a mulher ao se iniciar, firmava um compromisso com as divindades, um casamento, com elas figurando como as esposas (Àwọn ìyáwó – àwọn é o formador de plural no idioma Yorùbá). E um tempo antigo, a dedicação era bem maior do que hoje, a abnegação da vida profana era enorme, com algumas simplesmente morando nos terreiros e se quer casando.
Mas, com o passar dos tempos, os homens passaram também a serem iniciados da mesma forma que as mulheres e suas saídas serem públicas, mas o termo continuou:Ìyáwó.Porém, agora com o sentido de iniciado ao
òrìṣà, conotativamente. Tornou-se uma palavra sem gênero definido, podendo tanto ser usado para a pessoa do sexo masculino, quanto para a pessoa do sexo feminino.
A palavra foi usada por causa deste sentido de compromisso que as mulheres tinham com o òrìṣà. No entanto, há muitas outras palavras em Yorùbá que podem ser usadas para definir um iniciado, alguns cultos possuem palavras próprias:
Ọmọòrìṣà = filho de òrìṣà;
Ẹlẹ́gùn = aquele que é possuído por energias (Não é aquele que é montado por espírito!!);
Ẹlẹ́sìn = devoto, religioso (Oní + èsin/ Aquele que possui + religião, culto);
Abòrìṣà = cultuador de òrìṣà, aquele que cultua òrìṣà.
E muitos outros, mas usando qualquer um desses, torna-se facilmente compreendido que estamos falando de uma pessoa iniciada ao culto de òrìṣà.
Ìyáwó – Segundo o Corpus Literário de Ifá
Qualquer dicionário decente de idioma Yorùbá irá traduzir a palavra ìyáwó como esposa, disso não tenho sombra de dúvidas. Mas qual a origem desta palavra? Todos sabem que sou fã de etimologia das palavras, elas nos guiam para caminhos mais seguros quanto às traduções. Nunca engoli ìyáwó sendo – mãe do segredo.
Segredo em Yorùbá é awo, sem acentuação indicando tom alto ao final. Só isso já denuncia, assim quando falam que òrìṣà significa guardião da cabeça (Orí é cabeça e não òrì!!).
No corpus literário de Ifá, encontramos as explicações de tudo que nos rodeia, a origem de muitas coisas. Ele é a enciclopédia do povo Yorùbá e seu registro se deu todo de forma oral. Cada odù, ou filhos, omo odù, conta uma história, um ìtàn em seu ẹ̀sẹ̀, poemas divinatórios de Ọ̀rúnmìlà. Lá encontramos a origem da palavra ìyáwó, no odù Ogbè – Sùúrù!
Conta o mito que: Uma bela princesa, filha do Ọba de Ìwó, estava disponível para o casamento. Ela era imensamente bela. Nenhum homem comum poderia desposá-la, apenas um homem com enorme qualificação e que ela mesma escolhesse. Mas a princesa também não estava tão disposta a casar, iria fazer de tudo para afugentar seus pretendentes.
Ògún, Ọ̀sányìn e Ọ̀rúnmìlà souberam da fama e da beleza da princesa, logo se colocaram prontos para a missão. Ògún foi o primeiro a se arriscar na tarefa e após constatar a exuberante beleza da mulher, usou toda sua determinação para conquistá-la.
A princesa, ardilosa, exigiu como acordo para o casamento, que ele ficasse na casa do pai dela e lhe contasse seus àwọn èèwọ̀ (interditos, tabus). Embebecido com a beleza da mulher, Ògún contou que era àdín e ver sangue menstrual – àṣẹ́. Passado um tempo, a princesa preparou um prato com àdín para Ògún e sentou-se ao seu lado sem conter seu sangue menstrual.
Ògún ao saborear a comida, sentiu o gosto do àdín, assustou-se. A princesa se levantou e ele viu o ẹ̀jẹ̀ no assento. Ele enfureceu-se e atacou a princesa que correu para os aposentos do pai. Este, com seu poder, transformou Ògún em um malho para ferreiros. E assim Ògún fracassou. Ele havia deixado de fazer os sacrifícios indicados pelo bàbaláwo.
Ọ̀sányìn caiu na mesma armadilha e quando tudo ocorreu conforme havia ocorrido com Ògún, o rei o transformou em um pote de água, quando a princesa correu para seus aposentos pedindo socorro.
Ọ̀rúnmìlà foi instruído a fazer sacrifício antes de ir: um Òbúkọ para Èṣù e a ter muita paciência (Sùúrù), de nada reclamar ou se exaltar. Assim ele fez e seguiu em busca dos irmãos e para desposar a princesa.
Ele disse à princesa que seus interditos eram:èkútè,ẹjá,ewurẹ́,adìẹ, bucho de cabra eàṣẹ́(sangue menstrual), quando havia perguntado. Somente oàṣẹ́é seu interdito, todos os outros são comidas favoritas de
Ọ̀rúnmìlà. E assim, começou a princesa de Ìwó maquinar contraỌ̀rúnmìlà.
Usando as desculpas de que não havia comida em casa, dia pós dia, ela foi oferecendo todas as comidas que ela pensava serem àwọn èèwọ̀ deỌ̀rúnmìlà e ele, mostrando-se calmo e compreensivo, dizia que por amor ele iria comer aquilo que ela oferecia. Ela nada entendia, pois o candidato não perdia a cabeça. Então, ela usou sua última arma: o sangue menstrual.
Mas, apesar de por dentro enfurecido, Ọ̀rúnmìlà recordou-se do conselho de Ifá e surpreendeu a princesa indo lavar as roupas dela sujas de sangue, assim como a almofada onde ela se encontrava. Ela ficou confusa e recorreu a algo ainda mais provocador, pois não conseguira tirar Ọ̀rúnmìlà de seu centro: arrumou um amante para se deitar perante a presença dele!
Havia chegado a hora, é dito que a Testemunha do Destino leva até 3 anos para se enfurecer e quando isso ocorre, faz uso das forças mais poderosas para se vingar e era agora. Ọ̀rúnmìlà foi buscar água para que o amante da da noiva se banhar pois já ia embora; invocou Èṣù fora da cidade quando o homem já ia embora e Èṣù deu uma cabeçada forte nele, nisso, Ọ̀rúnmìlà apontou seu ìrúkẹ̀rẹ̀ para o azarado que o transformou em ìgbín. O paciente noivo quebrou o ìgbín e com seu líquido, ẹ̀jẹ̀ funfun, lavou a mulher, purificando seu corpo dos atos tido com o amante.
Atônita, a princesa contou ao pai os atos de bravura, paciência e sabedoria de Ọ̀rúnmìlà, escolhendo-o como seu marido para sempre. O Oba de Iwó concedeu a mão da filha e após ela ficar grávida, ele retornou para casa com a esposa. Após toda a aflição passada na casa de Iwó, Ọ̀rúnmìlà conseguiu sua bela esposa e daí o nome: Ìyáwó = ìyà = aflição, ní = em, no, na, ilé = casa, habitação, Ìwó = cidade onde a princesa morava, fica em Ìbàdàn.
Ìyà + ní + ilé + Ìwó = ìyáwó (Note como ìyà perde a acentuação indicativa de entonação baixa para ní e ilé, com o “a” de ìyáwó ganhando entonação e acentuação alta).
REFLEXÕES RELIGIOSAS NAS MÍDIAS SOCIAIS DE PESQUISADORES E ESTUDIOSOS, SOBRE A INTER RELAÇÃO ENTRE O CANDOMBLÉ E O BATUQUE, NO RIO GRANDE DO SUL.
Este artigo tem por finalidade registrar as falas de estudiosos e afro-religiosos, sobre questões que envolvem o Candomblé e o Batuque, no Rio Grande do Sul.
Leia a Lei dos Direitos Autorais, especialmente, o artigo 46, parágrafo I, incisos a e b:
O Santuário de Oosa Elewura é o 8 Santuário Antigo de Orisa em Oyo a ser oficialmente registrado no Governo do Estado como Patrimônio Cultural e Histórico.
Solo Sagrado de Obatala ...... Herança Sagrada
O templo de Obatala Elewura tem a área de 9.46 SQ.MTS, localizado na comunidade Sairo na área de Oke Aafin Oyo.
O OJUBO Oosa Elewura em Oyo é o 8 santuário de Orisa entre os 21 santuários diferentes de Orisa, a serem oficialmente registrados pelo governo do estado de Oyo como um local de oração oficial….
Vamos continuar a preservar ..... !!!!!!!!
Agradecemos a todos os membros envolvidos nesta nova conquista !!!!!!!
A Fundação Cultural Paula Gomes, com o apoio da comunidade continua a jornada de resgate e preservação do patrimônio histórico e cultural da cidade de Oyo.
Os edifícios restaurados são antigos e são utilizados métodos e materiais de construção tradicionais, de forma a perder a originalidade como estética natural.
Os santuários restaurados até hoje são 7, 1. Santuário Aaje Olobatala 2. Santuário Elemosa Olobatala, 3. Santuário Sango dentro do Palácio, 4. Santuário Obatala dentro do Palácio, 5. Santuário principal Sango em Koso, 6. Santuário Elewura Olobatala 7. Santuário de Egungun. A restauração continua a cidade histórica e cultural.