terça-feira, 18 de junho de 2013

A violência invisível - com Monja Coen Roshi

Por Bàbá Erick Òòṣàálá




Atualmente a palavra da moda é RACISMO, ouvimos isso a todo momento, até mesmo quando algum racista nos acusa de estarmos roubando a identidade do negro, só porque um homem caucasiano foi iniciado na religião de Matriz Africana e se posiciona como Afro-descendente, Mas o que impede de um sacerdote se posicionar como um Afro-descendente? A cor da sua pele?

O RACISMO é praticado diariamente, no entanto, ainda vemos pessoas que não perceberam serem vitima do próprio preconceito, e assume o SINCRETISMO como se fosse uma tradição, isso porque foi criado assim e acostumado a carregar o peso da cruz, não consegue se livrar do sincretismo, assim como não consegue entender que a liberdade depende do indivíduo saber quem ele é....

E foi através do discurso da Monja Coen Roshi, que eu percebi a minha fala, eu venho repetindo estes discurso há muitos anos, e venho sendo taxado de revolucionário, mas como podemos acreditar que uma entidade ou ancestral negro, possa ser reconhecido, ou, representado por uma imagem de um santo católico com traços Europeus, isso é o que eu considero um racismo velado e criminoso para  a nossa cultura, apesar de que muitos consideram fundamento.


Ouçam a fala da Monja e veja como ela de fora traduz a mesma fala que eu venho repetindo há anos; 

[…] mais tarde quando veio a escravatura, que coisa medonha né, nós todos tivemos uma participação nisto, por que nossos ancestrais estavam fazendo isso, nós estávamos lá, como eles estão aqui agora em nós, mas a diferença é o que nós  fazemos com estas informações, nós não podemos repetir aquilo que nós achamos que não foi digno,  de um ser humano… não foi ético…  não foi coerente com princípios, de PAZ, DE NÃO VIOLÊNCIA… Não permitam que você manifeste a religião que você escolheu, por que eu acho que ela não presta…. Aí começaram a esconder a misturar, daí vem a Umbanda... VAMOS FAZER O SINCRETISMO, vamos esconder as nossas deidades, as nossas entidades, por trás dos santos que vocês reconhecem... será que nós ainda não fazemos um pouco disso... no nosso dia-a-dia com filhos maridos, com irmãos parentes, pessoas com quem trabalhamos... tente fazer-me reconhecer o que você esta escolhendo para a sua vida... procure transforma para a minha linguagem [...] (o grifo é nosso)

Observem que a Monja Roshi, relata a violência passiva através do sincretismo e relata que através deste  uma cultura esmaga a outra e sufoca a fé e a liberdade de um povo...

Pos isso se puderem repensar e rever seus conceitos, quem sabe possamos ser mais respeitados e reconhecidos....

http://www.youtube.com/watch?v=nHWmHmwuhoA
próximo aos 21 segundo


Àdimó ore

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Ialorixá Mãe Stella de Oxóssi é a nova 'imortal' da Academia de Letras da BA


Mãe-de-santo foi eleita pelos acadêmicos na tarde desta quinta-feira (25).
Ela ocupa cadeira 33, que era do historiador e professor Ubiratan Castro.



A ialorixá do terreiro Ilê Axé Opó Afonjá, Mãe Stella de Azevedo dos Santos, também chamada de Mãe Stella de Oxóssi, a partir desta quinta-feira (24), passa a ocupar a cadeira de número 33 da Academia de Letras da Bahia.

A mãe-de-santo recebeu 22 votos dos acadêmicos em sessão realizada nesta quinta-feira (25) com objetivo de escolher o novo nome para vaga deixada pelo historiador Ubiratan Castro, que morreu em janeiro.

Mãe Stella foi comunicada pelo presidente da Academia, Aranis Ribeiro Costa, e aceitou ser a nova "imortal". "Acredito que é a primeira vez que uma mãe-de-santo entra em uma Academia de Letras. Isso é absolutamente pioneiro, não tenho conhecimento disso em nenhum outra do Brasil ou do mundo. Representa o reconhecimento de uma cultura, de uma raça e da história de um povo. É uma figura notável", comemora.

O poeta Castro Alves é o patrono da cadeira 33, que já foi ocupada por nomes como Francisco Xavier Ferreira Marques, Heitor Praguer Frois, Waldemar Magalhães Mattos, além de Ubiratan, que era presidente da Fundação Pedro Calmon.

A Academia de Letras da Bahia tem 40 membros, entre eles, João Ubaldo Ribeiro, José Carlos Capinan, Myrian Fraga, Cid Teixeira, Ruy Espinheira Filho, Consuelo Pondé, Hélio Pólvora, Florisvaldo Matttos e Edivaldo Boaventura.

Mãe Stella é colunista do jornal A Tarde e autora de livros como "Meu tempo é agora", "Òsósi - O Caçador de Alegrias" e "Epé Laiyé- terra viva". Em 2009, recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade do Estado da Bahia (Uneb).

Fonte
http://www.geledes.org.br/areas-de-atuacao/questao-racial/afrobrasileiros-e-suas-lutas/18322-ialorixa-mae-stella-de-oxossi-e-a-nova-imortal-da-academia-de-letras-da-ba

segunda-feira, 22 de abril de 2013

O Tabu da Ocupação

Por Erick Òòsàálá
22/04/2013


O dia em que o Tabu da Ocupação no Òrìsàismo Afro-sul cair, esta religião poderá perder o seu maior fundamento, correndo o risco de deixar de existir sufocada pelo Candomblé e pela Umbanda.



O Tabu da Ocupação no Batuque mantém em sigilo os atos secretos da preparação de uma divindade, dá o direito do sacerdote receber o seu cargo independente da ocupação e sanciona a integridade do iniciado, diante dos fatos do indivíduo não saber que há possessão de uma divindade.

E no caso de quem sabe que se ocupa, será que aceitará passar pelos atos do Axé de fala e testes que são feitos com a divindade?

Independentemente da Ocupação do indivíduo é possível rodar ou não em alguma entidade, pois muitos que rodam não se ocupam.

Sem o Tabu da Ocupacão haverá restrinções para o iniciado receber seu apronte e abrir uma casa, que será determinado pelo indivíduo ter que ser iniciado com a presença da sua divindade, ou seja, ele deverá estar Ocupado (possuído) pela sua divindade, desta forma terá que ser criado o toque de bolar (toque que promove a possessão da divindade) e todos os indivíduos irão se Ocupar no salão, para aqueles que não se ocupam poderão receber apronte? Como ficariam os cargos no Batuque?

As divindades poderão chegar mais que uma vez no mesmo dia? 

Sabendo que se Ocupam, todas as vezes que o sacerdote ou mais velho se ocupar os filhos e netos deverão se ocupar também, ou a hierarquia e respeito à divindade mais velha não será posto em prática?

Deveremos pensar e refletir sobre este assunto, que poderá determinar a diferença entre Batuque, Candomblé e Umbanda... 


Saiba mais sobre o Tabu da Ocupação no Òrìsàismo Afro-sul

Os individuos iniciados no Batuque não sabem que passam pela possessão da sua divindades, que é chamado de Ocupação, sendo que;

Aqueles que se Ocupam não podem mistificar, pois não sabem que se ocupam, como irão fingir algo que não sabem.

O indivíduo quando está ocupado passa por provas e testes que somente são praticados para divindades.

Se o indivíduo não sabe que se ocupa não possui vaidade, não expõe sua divindade na internet e não põe  em duvidas o seu axé e Òrìsà.

Desde a fundação do Batuque, o Tabu da ocupação é respeitado, o que difere da maioria das culturas de matriz africana o tabu da ocupação mantém a ordem e a hierarquia deste povo, pois muitos sacerdotes são iniciados e não se ocupam, desta forma é possível abrir uma casa sem que haja possessão  do Òrìsà dono da casa. 

www.olorun.com.br

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Maracatu dos Urucungos Puítas E Quijengues e ato de Protesto à PM de Campinas

Por Alessandro Oluandeji


Domingo de alegria no Maracatu de 25 anos dos Urucungos Puítas E Quijengues, festa que emanou a tradição Banto e respeito aos ancestrais emanando uma linda energia aos tambores regidos por Alceu José Estevam que fez em suas falas um ato de repúdio ao racismo Institucional, lembrando-se da PM promoveu quando soltou um ofício que seus soldados deveriam abordar negros e pardos no bairro nobre de Campinas – SP


Aquecendo os tambores, impossível não demonstrar meus respeitos a Rainha Ana, a doce e meiga Sinhá que interpretou a dama da Boneca e a Viviane Silva uma linda grávida que mostrou seu amor pelo trabalho com muita leveza e delicadeza, mas elas eram apenas parte de uma família que juntos fizeram com danças e tambores um tributo a nossa ancestralidade.


São vários os nomes a citar, e um trabalho maravilhoso a ser ressaltado, pois como disse Mestre Topete da Escola de Capoeira Angola Resistência:
“Tudo o que fazemos é com amor e alegria e somos a própria resistência dos movimentos pela preservação da identidade negra”
Tenho que citar os parceiros que vieram prestigiar e participar, como Fazenda Roseira, Capoeira Ibeca, Jongo Dito Ribeiro, Ponto de Cultura Ibaô, Grupo de Teatro Savuru, Mandato do Vereador Pedro Tourinho (PT), Militantes do (PT), Militantes do (PSOL), Diretor de Cultura Gabriel Repassi (PCdoB) e um grande número de pessoas do Movimento Negro.

O cortejo com mais de 200 pessoas percorreu algumas ruas do Bairro do Bonfim e em determinado momento passamos na porta do batalhão em que o Capitão Ubiratan chocou o país com o Ofício de que Negros e Pardos devem ser abordados de forma explícita e bizarra, mas ao passar pela PM foi feito um minuto de silêncio e passarmos pelos policiais com olhares de reprovação, voltando a tocar e dar seguimento ao cortejo com eles as nossas costas num ato de protesto que identificou que o silêncio grita pelo fim do Racismo Institucional e deixa o recado que a população Negra e os cidadãos de bem de Campinas não irão tolerar a descriminalização centenária.
Depois do ato, parece que os Deuses milenares nos abençoaram com a chuva quase que imediatamente, nos proporcionando ainda mais energia, rogamos que Nzambi abençoe a todos e que faça deste mundo um lugar melhor para se viver.
Quando o Cortejo voltou à sede dos Urucungos Puítas E Quijengues, tivemos quitutes e a Capoeira de Angola do Mestre Topete, que é mais linda do que havia mencionado meu amigo Leo Lopes que é um militante da cultura afro brasileira.
Eu Oluandeji me orgulhei do movimento cultural e político ali envolvidos nessa linda festa, obrigado Urucungos Puítas E Quijengues pela linda tarde e pelo espetáculo que presenciei.
Para Repercussão, nós somos todos suspeitos!
Fonte - http://religioesafroentrevistas.wordpress.com/2013/02/10/maracatu-dos-urucungos-puitas-e-quijengues-e-ato-de-protesto-a-pm-de-campinas/

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

O sagrado e o profano.



Erick Òòṣàálá
03/02/2013

A população afro-brasileira, insatisfeita com os abusos e crimes religiosos que diariamente acontecem, forçando-nos a convivem com a impunidade, infelizmente não há leis que protejam nossos rituais e ou possam coibir os crimes que são cometidos contra nossa sociedade religiosa.

Porem o mais desagradável é testemunhar o abuso por parte dos adeptos da própria religião.


Sabemos que nem todos os adeptos passaram pelos mesmos rituais e conceitos religiosos, por isso, chega a criar um problema para julgar o que é sagrado e o que não é, da mesma forma que percebemos que muitas vezes não conseguem nem sequer saber o que é uma divulgação e o que não passa de exploração da cultura Afro-brasileira.

Uma iniciação requer um ambiente saudável e seguro, há inúmeras preparações que vão desde colher ervas até mesmo preparar comidas e banhos de purificação. Por séculos a nossa cultura luta contra o sistema que tenta nos sufocar e destruir um povo e seus deuses.

Rezas, cantigas, orikis, itan, banhos, oferendas, ebós, entre tantos outros rituais que praticamos nos templos não deveriam sair dos templos, preservando assim a tradição e o sagrado. Somente os iniciados que passaram pelo ritual sabem do poder de repetir uma tradição secular que nos conecta com nossas divindades... Ficamos dias reclusos para alcançar o ápice do sagrado e poder nos carregar de  energias e benção das divindades.... Por isso, cada ritual é sagrado e  deve ser preservado.

Há adeptos que não praticam a maioria dos rituais e por isso acham que é menos importante que os demais, e aceitam que sejam praticados em boates, condomínios e ambientes que não são adequados para eles... O que não quer dizer que o abuso contra a nossa cultura seja aceito por todos os sacerdotes e adeptos que foram devidamente iniciados para as divindades.

Sabemos que por inocência e ou por ignorância certos rituais são ridicularizados, como o ritual de lavagem de uma escada e ou a lavagem da cabeça de um individuo, rituais sagrados que se repetem ano-a-ano nos mais antigos terreiros, o que para quem pratica tais rituais é uma ofensa velos jogados em locais que não são adequados para o ritual.

A Globo no último final de semana, fez uma festa temática vinculada a cultura Afro-brasileira, que não houve representações muito menos rituais, a diferença entre usar um tema e abusar da fé é tão grande, que em determinados momentos fico realmente assustado de ver que a maioria não consegue perceber o que é um símbolo e um ritual... Claro que para isso, o individuo deveria ter acesso a cultura e a rituais que não chegaria a ter por vídeos e mídias virtuais.... Pois não basta ficar estudando na net e ou escolas, é preciso mais que isso... É preciso que seja devidamente iniciado, pelas mãos de sacerdotes reconhecidos e sérios...

E sabemos que ninguém pode dar nada que jamais recebeu de alguém... Por isso a iniciação é muito importante....


quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Movimento Òrìsàista Afrosul.


Por Erick Òòsàálá 
30/01/2013




A cultura Òrìsàista Afrosul, se posiciona e mostra publicamente o seu DNA, através da mídia televisiva e seus adeptos, após o último dia 21 de janeiro de 2013, algo mudou no Brasil,  ou seja, os adeptos pela primeira vez perceberam a necessidade de protestar, e não se calarem, não serão condizentes com a discriminação e a intolerância religiosa.

A voz dos religiosos Afrosul se destacou no programa que segue, e chama atenção para os problemas e dificuldades que assolam a comunidade religiosa Afro-brasileira, este vídeo que verão aborda de uma boa didática e simples os costumes e desejos dos adeptos Afrosul, que refletem os mesmos desejos dos Afro-Brasileiros.



Como puderam observar a grandeza desta produção, os adeptos apresentaram o Amalá de Sàngó, feito com quiabos que é o tradicional Afro-brasileiro, usado pela diáspora candomblecista, deixando de apresentar o tradicional Afrosul, feito com folhas.

Sem esquecer o motivo que nos movimentou no ultimo dia 21, o dia Nacional de Combate a Intolerância religiosa, oficializado pela Lei nº 11.635, em 2007. Iyalorisá do terreiro Axé Abassá de Ogum, em Salvador, Mãe Gilda morreu de enfarte, após ver sua foto publicada no jornal de uma igreja evangélica, acompanhada de texto depreciativo. Semanas antes, o terreiro de Mãe Gilda fora invadido por evangélicos. A Igreja Universal do Reino de Deus, responsável pela publicação da Folha Universal, foi condenada a indenizar a família da Iyalorisá.

Chamo a atenção para a fala do Bàbá Diba, que explica a instalação do Batuque no Sul, observamos que esta nação trabalhou para manter seus rituais, minimizando a influencia do candomblé e seus costumes de sala, sabendo que muitos dos adeptos da cultura Afrosul são caucasianos, os sacerdotes se preocuparam em manter a tradição da ancestralidade negra, conforme os seus fundadores trouxera. Poucas mas importantíssimas adaptações foram feitas, como o jogo de búzios que é diferente do sistema candomblecista e é voltado para o òrìsà, que eu acredito ser uma das maiores riquezas do povo Afrosul.


Vendo este àpejo, elaborado pelos adeptos do Sul, observamos que deram o start naquela região para que o Brasil perceba que o povo do santo está vivo e quer ser notado, e que não irá se calar diante das impunidades e armadilhas da lei e da bancada politica que age contra os afro-religiosos.

Vendo o Teólogo Jayro Pereira, citar os formadores de opinião e sacerdotes,  como bàbá Diba, mãe Vera é preciso acrescentar ao lado o bàbá Hendrix que o acompanha por muitos anos e  luta lado-a-lado dos adeptos, tanto que entra na fala logo a seguir, e se destaca por levar o conceito religioso do Teólogo Jayro Pereira, conceituando assim as similaridades do candomblé e o Batuque.

O que vale muito a pena ver, é o Alagbe Borel, um tamboreiro que manteve o mais próximo possível o dialeto, que aos poucos foi modificando, ao ouvir o Borel cantando é possível entender algumas palavras do Yòrúba arcaico.


E algo muito importante abordado pelo Diba, é o caso do abate, que ainda sofremos ameaça a cada dia, os que perseguem a religião Afro-Brasileira não entendem que o abate é necessário, pois há toda uma ritualista para manusear a carne que iremos ingerir no templo, ou usar em rituais, por isso, temos um corte especial e utilizamos praticamente tudo que os animais nos fornecem.

Bom o resto está aí no vídeo eu acho que devem ver e repensarem no que ele nos propõe.

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Amalá - principal comida oferecida à Sàngó, feita com quiabo e pirão, ou podendo ser feito com folhas (costume Afrosul) 
àpejo - assembléia, encontro, comício.
Alagbe - Tamboreiro

Òrìsàismo - conjunto das religiões ou a religião dos que cultuam os Òrìsà Yorùbá. Somos, então, Òrìsàistas.

Fonte - http://aulobarretti.wordpress.com/orisaismo/

TIKTOK ERICK WOLFF

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