Por yemoja_arike
Postado em 28/05/2021 acessado em 05/02/2022 às 18:43
Por yemoja_arike
Postado em 28/05/2021 acessado em 05/02/2022 às 18:43
Por Erick Wolff de Oxalá
Postado em 05/02/2022
Neste tópico, não entrarei nos fundamentos, mas apresentarei algo que noto que está invadindo o nosso batuque, talvez pela influência do batublé, que não fazia parte, e agora percebo que muita gente tem usado. No entanto, o sabão da costa ou ose dudu (sabão preto), ele é composto de cinza e dendê, o que para nós do batuque, nem todos podem passar dendê na cabeça. ose dudu; sabão da costa.
Fonte - https://iledeobokum.blogspot.com/2020/06/ose-dudu-sabao-da-costa.html
Por Erick Wolff de Oxalá
Postado em 04/02/2022
ÀBÁMỌDÁ
Crédito imagem: acervo do Kóbi |
As folhas sempre estiveram presentes nos rituais, iniciações e cerimonias. A folha da fortuna é muito usada em rituais de orí, justamente pelas suas propriedades e fundamentos. No Batuque do RS não é diferente, por isso falaremos sobre a ÀBÁMỌDÁ:
O uso mágico das folhas na religião iorubá sempre vem acompanhado de expressões de encantamentos que visam despertar o àṣẹ das folhas utilizadas. Estes encantamentos são chamados ọfọ̀.
Vamos apresentar aqui, periodicamente, uma folha e seu respectivo ọfọ̀, na singela intenção de dividir cultura e conhecimento.
Àbámọdá = Kalanchoe pinnata: Folha da Fortuna
Ewé Esù, Òṣàala, Ṣàngó e Òrìṣá funfun
ỌFỌ̀
Àbámọdá àbá mi kò ṣe àìṣẹ
Àbá ti alágẹmọ bá dá, l'Òrìṣá oke ngbà
Mo dá àbá owo
Èjí obgè
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Àbámọdá, que a minha aspiração será realizada
Òrìṣá Oke aceita o aspiração do camaleão
Que eu aspire o dinheiro
Para receber dinheiro
Fonte: Pierre Fatumbi Verger
“Ewe, o uso das plantas na sociedade iorubá”, 1995.
Fonte - https://iledeobokum.blogspot.com/2010/03/abamoda.html
O “Príncipe Negro” ou Príncipe Custódio de Xapanã é uma das mais importantes e controversas personalidades dentro da formação e estruturação da religião afrosul, denominada Batuque do Rio Grande do Sul, praticada sobretudo nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina (além de outros estados em menor proporção) e também em países como Argentina e Uruguai, para onde este culto migrou através de seus sacerdotes.
A figura de Custódio, é sempre associada ao povo Fon (Jeji) e a ele se atribui a vertente Jeji/Jeje-Glefe/Jeje-Nagô, praticadas nas liturgias do Batuque, e os Voduns que fazem parte do mesmo. No entanto é uma precipitação atribuir esta personalidade como sendo um Fon/Daomeano, ou mesmo dizer que ele foi o responsável pela estruturação do culto de alguns Voduns no Batuque (que nesta religião não tem um culto exatamente organizado e que são cultuados segundo a cultura yorubá, na forma de “qualidades de Orixás”). O Príncipe Custódio de fato era africano, mas não daomeano. Trata-se de um dos príncipes da dinastia do povo Bini ou Edo, habitantes do antigo Reino de Benin, localizado a sudoeste da antiga cidade de Ifé (hoje, Lagos), na atual República da Nigéria.
Para entendermos um pouco da cultura do povo Bini ou Edo, vamos analisar como esse povo emergiu como civilização.
O Reino de Benin e o Povo Edo
O Reino de Benim formou-se entre os séculos XII e XIII, onde tem sua História montada através das investigações arqueológicas e também através dos mitos que envolvem sua fundação. Os mitos que envolvem a fundação de Benin, estão intimamente relacionados aos mitos de fundação de Ifé; Acredita-se que Ifé fora fundada por Odudua, um dos orixás da criação, a mando do deus supremo, Olorum. Benin, por sua vez, teria sido fundado por Oraniã, orixá das profundezas da terra e filho de Odudua. A lenda sobre Oraniã ainda faz referência a um suposto filho que ele teve, Eweka, que teria sido o primeiro rei, ou Obá (nome adotado dos Yorubás), de Benin. O fato é que o Reino de Benin contou, ao longo de sua trajetória, com poderosos Obás. No século XV, um desses obás, Ewuare, promoveu intensas reformas no reino, transformando Benin em uma grandiosa potência subsaariana. A língua falada por este povo chama-se igualmente edo, aproximando-se a língua yorubá, e sua cultura também encontra-se atrelada a cultura do povo Yorubá.
Obá Ovonramwen de Benin e Osualele Okizi Erupé
Ovonramwen Nogbaisi (Obá de Benin, entre 1888-1897), também chamado Overami, foi o Obá (rei) do Reino de Benin até a expedição punitiva britânica de 1897.
No final do século XIX, o Reino de Benin ainda havia conseguido manter a sua independência com relação ao monopólio britânico. O território, no entanto, a muito estava sendo cobiçado por um influente grupo de investidores por seus ricos recursos naturais, como óleo de palma, borracha e marfim. O reino foi em grande parte resistente ao controle britânico, e uma pressão contínua de figuras como o vice-cônsul britânico James Robert Phillips e Capitão Gallwey, que se empenhavam para a anexação britânica do Império Benim e a remoção do Obá Ovonramwen.
A força de invasão britânica chefiada por Phillips, foi estabelecida, para derrubar o Obá em 1896. O plano de Phillips era ganhar acesso ao palácio de Ovonramwen, dizendo que queria fazer negociações. Mensageiros de Ovonramwen no entanto emitiram várias advertências para não violar a soberania territorial de Benin, alegando que o Obá era incapaz de ver Phillips naquele momento devido a deveres cerimoniais. Tendo sido avisado em várias outras ocasiões no caminho, Phillips provocou o Obá, um insulto deliberado destinado a provocar o conflito que iria fornecer uma desculpa para a anexação britânica. A expedição de Phillips no entanto falhou e muitos de seus homens mortos. Posteriormente, uma operação militar contra o Reino de Benin, em 1897, liderada por Harry Rawson resultou na queima da Cidade de Benin (capital do Reino) e na mortes de um número incontável de seus habitantes. Embora os britânicos tivessem ordem para executar o Obá, Ovonramwen escapou, mas logo depois se rendeu, conseguindo fazer um acordo com os britânicos, que ele e sua família iriam se exilar. Ovonramwen foi exilado em Calabar com suas duas mulheres, e lá morreu em 1914.
Segundo os relatos citados em muitas bibliografias que abordam o Batuque Afrosul, um dos filhos de Ovonramwen era Osuanlele, considerado por alguns como seu primogênito. A Osuanlele é atribuida a figura de Custódio Joaquim Almeida (nome adotado no Brasil), o nome que ele teria adotado ao mudar-se para o Brasil, onde residiu até o final de sua vida na cidade de Porto Alegre/RS.
Um conflito na História
No entanto, apesar de a Custódio ser atribuído ser Osuanlele, o filho de Ovonramwen e por conseguinte “príncipe” de Benin, existem muitas discordâncias históricas; uma delas é que na história do Reino de Benin, não há nada que relate alguns dos filhos de Ovonramwen sendo exilado no Brasil.
Outra discordância seria assimilar um nobre de etnia Edo, ao culto Vodun e chamá-lo de pai dos Jejis no Rio Grande do Sul, pois há inúmeras evidências de que Custódio Almeida praticava um culto nàgó. Com estas evidências alguns escritores e historiadores chegam a acreditar que Custódio teria tido conhecimento do exilio do Obá e sua família e teria se aproveitado do fato para se intitular um nobre, um dos príncipes Edo.
Há também escritos que denominam Custódio como “Príncipe de Ajudá”, referindo-se ao porto de Ouidah, na atual República de Benin (antigo Reino de Danxomè), de onde partiram vários negros de etnia yorubá para o Brasil e talvez esse teria sido o motivo de uma associação entre a figura de Custódio e o povo Jeji, no entanto não há nenhuma evidência história de que algum “Príncipe de Ajudá” tivesse vindo para o Brasil, ainda mais em épocas tardias da escravidão como se referem os relatos voltados a figura de Custódio.
O Culto dos Voduns Reais
Como se sabe, a realeza daomeana tinha uma maneira própria de culto. Seus Voduns (Hennu-vodun) eram Voduns familiares, ou seja, o culto de seus próprios ancestrais que eram divinizados e tornados Voduns. Não existe no Rio Grande do Sul vestígios ou relatos de algum culto semelhante; diferente do que existe no Maranhão na Casa das Minas, uma casa de tradição Jeji, que teria sido fundada pela rainha Na Agotimé, esposa do Rei Agonglo que teria sido exilada e mandada como escrava para o Brasil por seu enteado Adandozan. A Casa das Minas realiza uma prática única de culto aos voduns ligados a família real de Danxomè (Daomé).
Conclusão
A origem exata de Custódio Joaquim Almeida, apesar de diversos estudos realizados a seu respeito, continua um mistério. Sem dúvida foi uma personalidade que teve muito prestígio e criou laços com personalidades da elite, importantes na época. As conclusões que se pode tirar é que foi e ainda é uma importante figura e um dos pilares na formação do Batuque do Rio Grande do Sul como é conhecido hoje. No entanto, dentre os relatos que o citam, sempre apontam uma forma de culto nàgó, e não Jeji, como afirmam as tradições orais do Batuque. Uma das hipóteses é que ele tenha se integrado a comunidades de negros ditos Jejis que aqui ja estavam e que ele teria se autodenominado Jeji e sua raiz religiosa assim se perpetuou, absorvendo uma porção de costumes e rituais praticados por ele.
Estudo de imagem
Texto: Charles da Silva (Hùngbónò Charles),
Formação em História (Unopar), especialista em História e Cultura Afrobrasileira (Uniasselvi)
Fontes e Referências:
-Redescobrindo o Nàgó do Príncipe Custódio (https://ileaseekundeyi.files.wordpress.com/2013/04/redescobrindo-o-culto-nago-do-principe-culstodio.pdf)
– Alberto da Costa e Silva, Um chefe africano em Porto Alegre, in “Um rio chamado Atlântico”. Rio de Janeiro: Nova Fronteira;UFRJ, 2003
-Mundo Escola – Reino de Benin (http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/reino-benin.htm)
-Thomas Uwadiale Obinyan, The Annexation of Benin, in Journal of Black Studies, Vol. 19, No. 1 (Sep., 1988), pp. 29-40
Fonte - https://ocandomble.com/2016/02/01/o-principe-custodio-de-xapanasakpata-erupe-e-seu-culto-nago/
"Tem pessoas, principalmente ocidentais do Brazil ou Cuba, que afirmam que tem famílias em terra Yorùbá que cultuam apenas um òrìṣà. Ou pior - ainda existe no Brazil e entre pessoas praticantes da Santeria Cubana o mito que apenas um òrìṣà é cultuado em cada cidade, povoado ou aldeia em Terra Yorùbá.
Porém, todas as familias que eu conhecí en terra Yorùbá até agora, que são mais de 20 anos indo pra terra Yorùbá, tem sempre mais de um orisa. Alias, quase sempre são vários òrìṣà numa familia só.
Quem tiver apenas um òrìṣà deve ser porque uma pessoa só da família é de òrìṣà e os demais são muçulmanos e/ou cristãos. Também pode ser o casa de uma familia que voltou à cultuar òrìṣà depois de muitos anos ter deixado o culto dos òrìṣà para o islã ou cristianismo.
E tem varias familias assim que eu conheço pessoalmente - não preciso especificar estes últimos exemplos. Mas existem, e estão recebendo outros òrìṣà aos poucos.
Estou falando de Iorubalândia, tanto na maior parte que fica dentro da Nigéria como também na República de Benin.
***Foto cortesia de @obatala_efunwale do santuário da casa da familia consanguínea de @seyiadebanjo"
Fonte - https://www.facebook.com/oluwin/posts/10158294897337161
Imagem comprobatória:
Por Yemojagbemi Omitanmole Arike
Postado em 03/02/2022
Yemoja não tem um dia fixo de festival em área yoruba.