Aare Isese que é seguidor de Orunmila e titulado pelo
Alaafin,
O Elegun Sango
O sacerdote Aaje de Obatala
Todos me deram a seguinte informação:
Nenhum Orisa “nasceu” através de odu. Existem odus
específicos que falam sobre Orixás específicos,
e é habito dizer que “o odu pertence a certo Orisa”. Por exemplo:
o Eerindilogun Ejilasebora fala de Sango e pertence a Sango, assim como
Okaranmeji pertence a Sango nos Ikin Orunmila.
Dentro do conhecimento deles, isso [que Orisa nasce
de odu] não é verdade. Mas por favor, caso tenham conhecimento de algum odu,
onde o itan fala que “nasceu” certo Orisa, estamos dispostos a aprender.
Aqui no Brasil, há um conceito crescente, afirmando
que o sacerdote de Orisa, não pode fazer Orisa, sem que um Babalaô esteja
presente.
Partindo deste conceito, invalidam as feituras e
iniciações as quais não tiverem presente, ou seja, o culto a orixá sem um
Babalao, não existe.
Por não participar deste conceito e não concordar que
eu procurei explicar no texto.
Saudações.
Reproduzirei aqui um parte da conversa que tive faz
alguns meses, com o Babalaô Marcos Arino, em sua página <
http://blog.orunmila-ifa.com.br>
o qual respeito pela sua lucidez, clareza e firmeza com que expõe seus
pensamentos.
Segue o diálogo:
“Já tive discussões enormes por causa disso, pois a palavra
"nascer", neste contexto, além de equivocada, está muito mal
empregada. O único objetivo deste pseudo conceito é subjugar as religiões
afro-brasileiras, algo que não podemos admitir de forma alguma.
[...]
Enquanto os babalaôs quiserem fazer valer o pseudo conceito absolutista,
totalitarista e ditador que "o orixá nasce do odu" ou, "odu é
quem dá nascimento a orixá" ou, "não existe orixá sem odu",
ficará difícil tal interação, pois se tratará apenas de uma aproximação para
subjugar, controlar e dominar.
Um exemplo disso é o Batuque (RS) onde não existe odu-ifá, não tem, nunca teve,
e nunca terá, pois tem oráculo próprio baseado nos Orixás, e não nos odu. Os
Orixás no Batuque existem vivos e fortes, sem que nunca fosse preciso tirar um
odu, seja de Ifá ou de búzios.”
Babalaô Marcos Arino:
“Luiz, fui de Candomblé e sou de Ifá. Estudei Ifá por longos anos, muitos
mesmo [...] Essa palhaçada que eles falam que orixá nasce em Odu querendo se
colocar acima ou conhecedores é apenas farofa [...] Temos culto de orixá ha
dezenas de anos. Orixá aqui sempre nasceu sem isso.”
[...]
Caro Luiz L. Marins, antes de mais nada saiba que sou
um admirador do seu trabalho. Quanto ao Marcos Arino, conheço pessoalmente e
sem dúvida, é um grande estudioso e sacerdote.
Contudo, permita - me discordar:
Se assim fosse, na Umbanda também existem orisàs como
se tem noticias na África. O batuque tem força sim, mas a questão do nascimento
dos orisàs não é tão fácil quanto gostaríamos que fosse.
Caro Daniel, vou repetir o que eu ouvi de um filho,
sacerdote de Ifá, que procurou o Batuque para se iniciar, por que na família
dele, Ifá não dá pleno poderes, é há diferença entre “dar um ojubó de Orixá
através de odu” e “fazer uma iniciação em Orixá”.
E ele ainda fala que quando determinada divindade emerge Olôdumare, este
momento é registrado, que os odu são somente registros de acontecimentos, que
podem ser acessados conforme a necessidade, diferente de Orixa, que estão
vivos, individualizados e conscientes.
E realmente o Batuque não usa e nem nunca usou Odu em seu jogo, e rituais, por
que temos oraculo voltado para o culto a Orixá, e nossos rituais são presididos
ou testemunhados pelas divindades, que nos sancionam ou corrigem qualquer coisa
que estamos fazendo.
Bem, até onde pude alcançar, no Batuque os Orixás só
são feitos pelas mãos dos Babalaôs. Ainda vou escrever sobre isto.
Alguns batuqueiros usam a palavra "babalaô"
como expressão idiomática para referir-se ao babalorixá, e não ao babalaô do
culto de Ifa-Orunmila.
Hendrix Silveira, sobre o conceito de Babalaô, não
estamos nos referindo ao sacerdote de Orixá, nem aos iniciados em Oxalá Orunmilaia,
no Batuque, mas aos sacerdotes de Ifa-Orunmila
Ficando bom... Queria ver opiniões dos babalaôs
gaúchos. Escrevem ao vento, este é o momento, gosto muito deste tema. Tenho
pavor desta pseudo supremacia idiota.
Voltando ao estudo do uso do verbo “nascer” utilizado
nas expressões “orixá nasce de odu ... tal odu da
nascimento a tal orixá”, entendemos que o significado desta
expressão é “está registrado em tal odu … tal odu
registra que”, e não que odu-ifá seja uma divindade criadora, que
tenha criado os Orixás.
Comparando com nossa vida social, os odu-ifá seriam os livros de registro de
nascimento dos cartórios civis. Todo recém-nascido para existir socialmente
como pessoa precisa ter um registro de nascimento. Sem isso, a pessoa não
existe.
Assim, a pessoa "nasce" a partir daquele livro de registro, ou o
livro de registro "deu nascimento" à aquela pessoa. Neste exemplo, o
verbo "nascer" aí é meramente figurativo para os fins sociais a que
se destina.
A pessoa propriamente dita já havia nascido de fato
de sua mãe biológica. A pessoa não nasce do livro do cartório, e nem é este que
dá nascimento à pessoa.
No link a seguir vemos o uso do verbo
"nascer" para diversos elementos, e não apenas para orixá <
http://www.ifayemi.com.br/itadogun.php>
(ao abrir a página, digite control+F, e na janela de pesquisa que abrir,
digite a palavra ..nasce.. tecle enter para navegar entre as várias entradas.)
[obs. não se trata de nenhuma crítica ao site citado,
que aqui aparece apenas como referencia].
O que ocorre com estas expressões, a meu ver, é uma inversão de seu sentido
verdadeiro, que está sendo utilizado oportunamente por sacerdotes para
arrebanhar seguidores e controlar, filosoficamente e teologicamente, as
religiões afro-brasileiras.
Concluindo: Não, orixá não “nasce” de odu ... isto é uma inversão de conceito,
não troquem seus Orixás por filosofias utópicas.
Concordo plenamente e complemento: odu, como signo de
peixes, que foi época de março que eu nasci... Registra uma época, período,
etc.
Bom, confirmando o conceito de que Orixá “não” nasce
de Odu, o Batuque é o melhor exemplo que, sem usar Odu em seus rituais,
ministra iniciações e rituais perfeitamente, e seus ebós são feitos
adequadamente sem necessidade de odu.
Também corroborando nosso pensamento que, em odu-ifá,
o significado de “nascer” é “registrar”, vemos no site Ifanilorun <
http://ifanilorun.com.br/?page_id=1656>
um itan onde está registrado o "nascimento", do opon, e do
irofa.
O articulista conclui: “...Desta
forma nasceu o Opon Ifá, o Irofá, ferramentas religiosas dos sacerdotes de
Ifá.”
[obs. não se trata de nenhuma crítica ao site citado,
que aqui aparece apenas como referencia].
Então é isso...finished.