quarta-feira, 14 de março de 2018

ERINDINLOGUN NÃO TEM LIGAÇÃO COM IFÁ


Paula Cristina Gomes
Oloye do Alaafin Oyo

Texto publicado no Facebook
Grupo Orisa University
Debate Erindinlogun x Meji

14/03/2018

Bom dia a todos, o tema deste debate é interessante e gostaria também de participar com a seguinte informação de que segundo pesquisas feitas por membros da Unesco o sistema de adivinhação do eerindilogun é um sistema de CONTAGEM primordial. Este sistema não é geomântico, nem binário, isto quer dizer que este sistema nunca pode ser meji, e a contagem da caída nunca pode ser interpretada como figuras geomânticas.

Os dois sistemas de adivinhação são diferentes e distintos, no momento em que se tentam unir ou interlaçar se perde a sua metodologia original e se perde o patrimonio.

O sistema de adivinhação do eerindilogun baseia-se em apenas numa única caída, o que faz deste sistema ser bastante complexo, pois o sacerdote além de ter que ser bastante dotado e ter anos de pratica, conhecimento e uma diversidade de itans num único Odu para poder dar a solução ao problema apresentado. Enquanto que num sistema geomântico e binário como o de ifá o sacerdote tem o apoio de 2 pernas, 2 odu que formam o meji para arranjar solução.

O sistema do eerindilogun é dividido em dezesseis categorias numéricas antigas conhecidas em ioruba como Ònkà àgbà. Cada uma acumula inúmeros versos e histórias ainda não oficialmente registradas, como formas narrativas orais de histórias de famílias, de cidades e de um povo, entre outros conceitos culturais, que são registrados nesses versos formando um compêndio histórico, cultural e mitológico iorubá.

De acordo com relatos orais, antes dos búzios serem introduzidos como um instrumento, os pedaços de marfim, nozes e sementes eram usados para adivinhação e não adoração. Por este motivo, o novo sistema geomântico de Ifá quando introduzido ao povo ioruba foi primeiramente rejeitado, pois os iorubas não adoravam sementes como é o caso de ifá, em que as sementes são adorados como Orunmila. Somente a partir do sec. XVI este novo sistema foi oficialmente reconhecido entre o povo ioruba e adicionado ao panteão dos orisas.

A contagem antiga do eerindilogun é também conhecida como Ònkà àgbà e segue esta ordem que pode variar um pouco por zona, sendo as últimas quatro 13, 14, 15, 16 categorias não cantadas, devido à sua antiguidade.

1. àgbà Èkín-ní Òkànràn,
2. àgbà Èkejì Èjì Òkò,
3. àgbà Èketa Ògúndá,
4. àgbà Èkerìn Ìrosùn,
5. àgbà Èkarùn-un Òsé,
6. àgbà Èkefà Òbàrà,
7. àgbà Èkeèje Òdí,
8. àgbà Èkejo Èjì-Ogbè,
9. àgbà Èkèsàn-án Òtúá,
10. àgbà Èkwàá Òfún,
11. àgbà Èkokànlá Òwónrín,
12. àgbà Èkejìlá Èjìlá Asébora,
13. àgbà àgbà Èkín-ní Òkànràn àgbà,
14. àgbà àgbà Èkejì Èjì Òkò àgbà,
15. àgbà àgbà Èketà Ògúndá Àgbà,
16. àgbà àgbà Èkerìn Ìrosùn Àgbà


Onisegun

Outra questão interessante é a nova geração de curandeiros na terra ioruba que são conhecidos como Onisegun. Todos o sacerdotes de orisa são Onisegun, mas nem todos os Onisegun são devotos ou seguidores da religião ao orisa.

Com isto quero dizer que com a entrada de novas religiões, como o cristianismo ou islão, muitos abandonaram a religião ao orisa se convertendo a outra religião, e levaram consigo a sabedoria da medicina tradicional como profissão, então estes curandeiros tradicionais de profissão, usam o eerindilogun misturando tudo, para poder vender o seu mercado.

Então, temos os novos oniseguns muçulmanos e cristãos, curandeiros tradicionais a usarem o eerindilogun com um novo sistema adaptado, que não tem nada haver com a religião do orisa e sua origem.

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