quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Politeismo, a base das religioes espalhadas pelos continentes.

Religião; um tema às vezes tão complexo quanto sua origem. Capaz de expressar a cultura, a estrutura de um povo e relatar a história de vida por meio da fé, levando em consideração a diversidade dos costumes e até mesmo as ramificações de cada religião. Muitas vezes elas se contradizem entre o monoteísmo e abrem poder na trindade, que seriam três personalidades de grande importância no pilar da religião, justamente como o cristianismo, que mesmo sob a bandeira de um Deus maior baseia-se na trindade incorpóreo da fé contrapondo, para alguns, a tese monoteísta.

Indo além, se o cristianismo tem um Deus onipotente, mas é para Jesus que todos recorrem. Jesus Cristo além de mais famoso é considerado mais importante que o próprio Deus dos cristãos. Algumas religiões que o referenciam acreditam que ele tem mais poder que o próprio “Criador” assumindo a frente dos votos e solicitações dos seguidores. Tanto que Jesus é referenciado até mesmo dentro de alguns templos de origem afro-brasileira como a Umbanda, Quimbanda e Espíritas.

Uma grande contradição paira sobre a cultura africana, até mesmo as religiões com influência dos Deuses negros (orisás). Uma religião que acredita num Deus supremo com nome de Olódúmarè - agregando o povo do céu chamado de Irum - baseia-se na criação do universo. Desta forma, Olódúmarè desejou criar a Terra e pediu para um Irum descer e iniciar a criação, seu nome é conhecido por todos como Odùdúwa, assim ele fez a Terra e onde começou a criação é conhecido até hoje por Ilé-Ifé. Deste ponto surge o planeta, os reinos e o homem.

Ilé-Ifé é conhecido por ser o primeiro local a ser tocado pelas demais divindades e foi nesta cidade que se iniciou o culto aos Iruns que mais tarde passariam a ser chamados de Orisás (os que escolhem as cabeças – Ori = cabeça; sá = escolhem).

Com grande quantidade de Orisás cultuados no planeta, a religião africana e as religiões afro-brasileiras se contradizem ao afirmar que são monoteístas, pois para que isso seja feito existe a necessidade de cultuar um Deus único, ou seja, sem as demais divindades chamadas de Orisás.

Para os africanos e seus descendentes religiosos Olódúmarè, o grande Deus, tem a finalidade, apenas, de criar os Iruns . Ele não exerce mais atividade e não é cultuado nos templos. Assim, acreditar num ser Onipotente como o gerador deste poder e não cultuá-lo não quer dizer que os seguidores da cultura afros são monoteístas.

Para o monoteísmo reinar dentro da cultura afro haveria necessidade de uma revolução religiosa e o poder dos Orisás caírem para simples intercessores de Olódúmarè. Cada terreiro deverá descer a comunheira do dono da casa e dos Orisás do Ilê, deixando todos os demais assentamentos sagrados para fora e cultuar apenas Olódúmarè. Como foi feito por Akenathon no antigo Egito, durante a revolução religiosa, onde ele parte para Heliópolis e funda o templo do deus Rá. Abandonando o panteão egípcio e assumindo Rá como o deus supremo.

Observando que cada Orisá possui o poder de criar e mudar o destino do povo da Terra, conforme seus caprichos, nos faz acreditar que a religião afro-brasileira é politeísta mesmo acreditando em um deus central, “Olódúmarè”.

Não há registro de algum templo erigido para Olódúmarè em lugar algum do planeta. Sabe-se apenas que os templos religiosos afro-brasileiros são estruturados e fundamentados para a divindade da cabeça do seu fundador ou de algum antepassado. Até mesmo na África os templos são destinados a alguma divindade, não existem imagens ou sacrifícios para “Olódúmarè” dentro dos templos.

Para as casas de cultura afro-brasileiras, o orisá é uma ramificação do deus maior com poder e manifestações que invocam grandes forças e revelações, como os deuses egípcios, gregos e os demais citados abaixo.

Com a vinda dos negros para o Brasil houve um telefone sem fio quebrando o elo da tradição das aldeias e seus orisás. Contudo, a herança religiosa e a fundamentação de uma nova religião, no culto aos orixás, se formaram no Brasil Imperial. Mais tarde, com a estruturação das nações definiu-se bem a origem do culto dividindo-se em Vodum, Nikissi e Orisás. Tal diferença se faz notável dentro de cada nação, pois alguns se diferenciam em elementos da natureza e antepassados. Para o homem moderno, a religião afro-brasileira busca o resgate do elo perdido com os escravos, aquele que rompeu com a vinda dos negros e com o assassinato cultural das religiões imperialistas ao tentar sufocar a cultura afro-brasileira no Brasil.

O candomblé e as nações dos orisás é politeísta e fundamentam-se num grande Deus, que simplesmente teve vontade de criar o Universo e delegou poder para os Iruns fazerem a sua moda e vontade esta criação. Por isso, as religiões de origem direta com a cultura afro têm sua base no politeísmo.

O mesmo acontece com a Umbanda que possui um Deus central, que também é esquecido pelos terreiros e seus sacerdotes dando lugar a Oxalá, orixás e entidades. Peculiarmente a Umbanda possui Orixás muito semelhantes aos orisás das nações africanas, com um diferencial no culto e na origem deles, pois os sacerdotes da Umbanda cultuam apenas os intermediários dos orixás e não diretamente os orixás africanos.

Um bom exemplo de monoteísmo é o espiritismo baseado no Deus maior, seu intercessor Jesus cristo e as entidades. E tudo que é feito nos seus rituais envolve a indulgencia de Jesus para chegar a Deus supremo. Não cultuam orixás ou divindades, nada além de Jesus. Trabalhando com espíritos que já sabemos que são almas e não divindades.


Aproveitei e estendi o convite para alguns sacerdotes das religiões afro-brasileiras.

Tatetu Nkosi Oluandeji – Nação Angola
“Considero Politeísta, porque apesar de ter um grande "Deus" “NZambi Umpungu" como o criador adoramos as divindades os Mikisi, na África era feito por aldeia, cada aldeia cultuava seu Nkisi, seu Deus próprio apensar de NZambi ser o criador”.
Xenu pangi
Tatetu Nkosi Oluandeji
Campinas SP

Josi Moreira - Umbanda
“Eu acredito que a Umbanda seja politeísta pelo fato que cultuarmos orixás”.
São Paulo – SP

Babalorixá Paulo de Oyá do Ilê Aba Axé Oyá Obakosso.
O Candomblé é uma religião monoteísta, pois acredita num único criador supremo - Olorum!
Os Orixás que são os ancestrais divinizados associados aos aspectos da natureza, são parte do todo maior!
São Paulo - SP

Egbomi Omindowo de Yemanjá do Ilê Aba Axé Oyá Obakosso.
Olorum é o Deus único! O grande criador! Os Orixás - ancestrais divinizados e associados com as forças da natureza- desempenham uma função como se fossem anjos. Por isso o Candomblé é monoteísta.
São Paulo - SP

Observe a semelhança das antigas religiões com as religiões afro-brasileiras;

A religião Egípcia era riquíssima com seus deuses (muitos deles com corpo formado por parte humana e parte animal sagrado) e mitos. A cada deus era atribuído um poder, que atuava sobre a natureza ou mortais.
Realizavam muitas oferendas e festas para agradar aos deuses, que possuíam personalidades e vontades.
Cada qual com sua característica e templo, eram tratados pelos sacerdotes aos quais guardavam seus segredos a sete chaves.

A Mitologia Grega também teve grande influência sobre a cultura mundial, os gregos antigos enxergavam vida em quase tudo que os cercavam, buscando explicações para tudo. Poderemos notar também grande influência dos personagens divinos e figuras mitológicas que mesclam corpo humano e animais. Heróis, deuses, ninfas, titãs e centauros habitavam o mundo material, extensão em suas vidas. A Pitonisa, espécie de sacerdotisa, era convocada a interpretar a vontade dos deuses através dos sinais.

Xintoísmo se baseia na cultura nipônica, nos deuses que criaram o Japão e o seu povo em meados de 1868 até 1946. Os japoneses adoravam o imperador como um descendente direto de Amaterasu-Omikami, a deusa do sol e mais importante divindade da religião.
O imperador Hiroíto renunciou ao caráter divino atribuído à realeza, e a nova Constituição do país passou a defender a liberdade de religião.
Contudo, 90% da população japonesa é xintoístas, e os que pertencem a outra religião, permanecem oferecendo sacrifícios devocionais aos deuses e celebrando suas cerimônias e rituais.
O xintoísmo é representado por um portal de madeira vermelho, chamado de Tori. Todas as estradas para os templos possuem este Tori que é formado por duas colunas de madeira ligadas por duas vigas.

Mitologia Nórdica, os vikings são vistos como agressivos, primitivos, violentos e sedentos de sangue, semeando terror e morte. O Odin (Wotan) o deus maior, também com vários outros deuses primitivos alguns com formas animais.

Astecas e Maias, também possuíam vários deuses com poderes que decidiam a vida e estações do ano, formas animais eram usadas constantemente para representar seus deuses.


Olódúmarè – O deus central da cultura africana – ọlọ = senhor, ọdu – destino, maré – supremo;
NZambi Umpungu - idem a Olódúmarè;
Odùdúwa – quem criou a terra;
Irum – divindades que habitavam o ọ̀run;
ọ̀run – céu;
llé-Ifẹ́ – aldeia sagrada do culto de Ifá, acredita-se que ali deu origem a humanidade;
Ilé - casa
orí – cabeça;
ṣá – escolher;
vodum - baseada nos ancestrais, que tem as suas raízes primárias entre os povos Ewe-Fon;
Nkissi - baseada nos ancestrais kassanje ou bantu;
oriṣá – divindades do panteão africano;
orixá – divindade do panteão umbandista;
Tatetu – cargo de sacerdote na nação Angola;
Umbanda – culto afro-brasileiro aos espíritos e orixás;
Espiritismo – sessões que envolvem desobsessões e contatos com espíritos,baseada no cristianismo;
Candomblé – culto aos oriṣá, vodun e nkissi;
Quimbanda – culto aos espíritos da legião dos exus;
Kimbanda – culto ancestral de origem bantu, que lida com ervas e magia, prática branca;

Pesquisa com prof. Jorge Claudio Ribeiro (Depto) de Teologia Universidade PUC.
TV PUC http://tv.pucsp.br/blog/
www.pucsp.br


Por Erick Wolff8
Edição - Kueynislan Teodósio

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Òòṣàálá

 
Revisado e aumentado em 18/10/2023

Òrìṣàálá ou Obàtálá na África, "O Grande Òrìsà" ou "O Rei do Pano Branco" para os Yorubás, criador do mundo, dos homens, animais e plantas. Foi o primeiro Òrìṣà criado por Olodumare, é considerado o maior de todos os Òrìṣà

É o mais velho dos Òrìsás, o rei de vestes brancas, raiz de todos os outros Òòṣàálá

Representa a massa de ar, as águas frias e imóveis do começo do mundo, controla a formação de novos seres, é o senhor dos vivos e dos mortos, preside o nascimento, a iniciação e a morte.

Obàtálá é quem rege tudo o que é branco sobre a terra em todos os sentidos da palavra; pureza... Obàtálá - Oba (rei) alá (branco) Òòṣàálá - Palavra de origem árabe, mais precisamente de inshalla, com o significado de "se Deus quiser, se Deus o permitir".

Òrìṣà-Nla, Òrìàálá ou (Orixalá e Oxalá em português) é o primeiro Òrìṣà Funfun nascido diretamente de Olórun (DEUS) (tudo desses Òrìṣà é de cor branca).

O Reverendo Samuel Johnson, no livro The History of the Yorubas, Lagos, 1937, escreve: "Òòṣàálá é encarregado do poder criador e é considerado um co-trabalhador de Ọlọ́run. Supõe-se que o homem tenha sido feito por Deus e modelado por Òòṣàálá.

Seus adeptos se distinguem pelo uso de colares de contas brancas e pelas roupas brancas. Não podem beber vinho de palmeira.

Os sacrifícios por eles oferecidos não podem conter sal.
Os albinos, os anões, os estropiados e os corcundas são considerados sagrados por esse Òrìṣà.
Òòṣàálá é o nome comum, conhecido e adorado em diversas cidades e sob diversos nomes: Òrìṣà Oluofin em Iwofin, Òrìṣàko em Oko, Òrìṣàkire em Ikire, Òrìṣàgiyan em Ejigbo, Òrìṣàeguin em Owu, Òrìṣàjaye em Ijaye, Obàtálá em Oba." Òòṣàálá é o Òrìṣà associado à criação do mundo e da espécie humana.

Apresenta-se de duas maneiras: moço – chamado Òrìàjiyán, e velho – chamado Oṣalufan. Os símbolos do primeiro é uma idá (espada), "mão de pilão" e escudo. O do segundo Òrìṣàjiyán é o branco levemente mesclado com azul, a de Oṣalufam é somente branco. O dia consagrado para ambos na africa é a sexta-feira.
No Nàgó é domingo.
Sua saudação é ÈPA BÀBÁ !
Òòṣàálá é considerado e cultuado como o maior e mais respeitado de todos os Òrìṣà do panteão africano. Simboliza a paz é o pai maior nas nações das religiões de tradição africana.
É calmo, sereno, pacificador, é o criador, portanto respeitado por todos os Òrìṣà e todas as nações.
A Òòṣàálá pertence os olhos que vêem tudo.

Alguns Oriṣás que pesquisamos:

Òrìṣà Óbokún = O rei de Ijesá, conhecido entre os Nago como Òṣàlá porem foi um guerreiro, filho de mais novo de Odùdúwá (branco rajado de cinza claro ou cinza muito clarinho).
Òrìṣà Olokun - senhor do oceano para os Yorubás, pai de Yemonjá. (branco com cristal 1x1)
Òrìṣà Dakùn  – o fiador de algodão (branco).
Òrìṣà Jobokún – que traz as águas. (branco)
Òrìṣàálá /Obàtálá - é casado com Yemowo, suas imagens são colocadas uma do lado da outra e cobertas com traços e pontos desenhados com efum, no ilésin, local de adoração, dizem que Yemowo foi a única mulher de Òrìṣàlá - Obàtálá um caso excepcional de monogamia entre Òrìṣà e eboras (branco com cristal 1 x 1)
Òrìṣà de Oromilaia = importantíssimo para o culto Yorubá, pois com ele recebemos nosso àṣe de búzios (branco com preto 1 x 1)

Saudação: Epaô Baba!
Dia da Semana: Domingo
Número: 08 e seus múltiplos
Cor: Branco para todos com exceção de Branco com preto para Òòṣàálá de Oromilaia ou cinza bem claro para Óbokún
Guia: toda branca fora 01 branca, 01 preta, 01 branca para Òòṣàálá de Orumiláia
Oferenda: canjica branca, Igbin, merengue e coco ralado
Ferramentas: jóias em prata, caramujo, sol, cajado, pomba de prata, moedas e búzios, para Òòṣàálá de Oromilaia acrescentamos olhos de prata.
Ave: Galinha branca com exceção de galinha branca mais galinha preta para Òòṣàálá de Oromilaia
Quatro pé: cabrita branca e cabrita branca com pequenas manchas pretas para Òòṣàálá de Oromilaia.


Yemonjá



Iemanjá, Yemanjá, Yemaya, Iemoja ou Yemonjá, é um Òrìṣà africano, cujo nome deriva da expressão Iorubá "Yèyé omo ejá" ("Mãe cujos filhos são peixes").

Na Mitologia Yoruba, o dono do mar é Olokun que é o pai de Yemonjá, ambas de origem Egbá.

Yemonjá, que é saudada como Odò (rio) ìyá (mãe) pelo povo Egbá, por sua ligação com Olokun, Òrìṣà do mar (masculino (em Benin) ou feminino (em Ifé), muitas vezes é referida como sendo a rainha do mar em outros países. Cultuada no rio Ògùn em Abeokuta

História
Pierre Verger no livro Dieux D'Afrique registrou: "Iemanjá, é o Òrìṣà dos Egbá, uma nação Yorubá estabelecida outrora na região entre Ifé e Ibadan, onde existe ainda o rio Yemonjá. Com as guerras entre nações Yorubás levaram os Egbá a emigrar na direção oeste, para Abeokuta, no início do século XIX. Não lhes foi possível levar o rio, mas, transportaram consigo os objetos sagrados, suportes do àse da divindade, e o rio Ògùn, que atravessa a região, tornou-se, a partir de então, a nova morada de Iemonjá. Este rio Ògùn não deve, entretanto, ser confundido com Ògún, o Òrìṣà do ferro e dos ferreiros."

Saudação: Omim odò!

Dia da Semana:
Sexta - feira

Número:
08 e seus múltiplos

Cor:
azul claro, azul forte ou incolor, dependendo da característica da Mãe
Guia: toda da mesma cor, o tom do azul claro ou se for incolor varia com a característica da Mãe

Oferenda:
canjica branca, canjica branca temperada com cheiro verde e cocada branca

Alguns Oriṣás Yemonja que pesquisamos:

Yemoja Bomí ou Soba = fiandeira de algodão, foi esposa de Orunmilá (azul claro)

Yemoja Bocí
 = voluntariosa e respeitável, mensageira de Olokun (azul claro, podendo acrescentar o cristal 1 x 1)

Iya Masemale/Iamasse = mãe de ṣangò (azul claro leitoso)

Olobomi ou Awoyó/Iemowo
= a mais velha de todas, esposa de Òṣàlá (azul claro, podendo usar azul claro com cristal transparente, 4 azul clara e 1 transparente)

Nanã Burukun - esta divindade é considerada muito velha, e na cultura Nàgó’Kọbi é cultuada entre as Yemonjas, mesmo não sendo uma yemonjá, ela foi agregada em determinado momento da estruturação da cultura, veja algumas Nanã cultuadas:



Obáíyá
= é um Òrisà ligado a água, a lama e aos pântanos.

Ajàosi
= é uma Nàná guerreira e agressiva que veio de Ifé, e confunde-se às vezes com Obá. É uma divindade das águas doces, e que se veste de azul com vermelho.


Yewá é outra divindade aglutinada  entre as Yemonjá.


Yemoja Tuman/Aynu/Iewa = sobre o mar a névoa das águas (azul claro e branco 1 x 1)

Ferramentas: todos os adornos femininos em prata, peixe, leque, caramujos, barco, âncora, leme, conchas, lua, moedas e búzios

Ave:
Galinha branca

Quatro pé:
ovelha


Lendas

Yemonjá joga búzios na ausência de Òrùnmílá
Yemonjá e Òrùnmílá eram casados. Òrùnmílá era um grande adivinho, com seus dotes sabia interpretar os segredos dos búzios. Certa vez Òrùnmílá viajou e demorou para voltar e Yemonjá viu-se sem dinheiro em casa, Então, usando o oráculo do marido ausente, passou a atender uma grande clientela e fez muito dinheiro.
No caminho de volta para casa, Òrùnmílá ficou sabendo que havia em sua aldeia uma mulher de grande sabedoria e poder de cura, que com a perfeição de um babaláwo jogava búzios. Ficou desconfiado, quando voltou, não se apresentou a Yemonjá, preferindo vigiar, escondido, o movimento em sua casa.
Não demorou a constatar que era mesmo a sua mulher a autora daqueles feitos, Òrùnmílá repreendeu duramente Yemonjá, ela disse que fez aquilo para não morrer de fome, mas o marido contrariado a levou perante Olofim-Olodumarè.
Olofim reiterou que Òrùnmílá era e continuaria sendo o único dono do jogo oracular que permite a leitura do destino, Ele era o legítimo conhecedor pleno das histórias que forma a ciência dos dezesseis Odu. Só o sábio Òrùnmílá pode ler a complexidade e as minúcias do destino, mas reconheceu que Yemonjá tinha um pendor para aquela arte, pois em pouco tempo angariara grande freguesia.
Deu a ela então autoridade para interpretar as situações mais simples, que não envolvessem o saber completo dos dezesseis Odu, assim as mulheres ganharam uma atribuição antes totalmente masculina.


Olokun isola-se no fundo do oceano

Olokun vivia na água e vivia na terra, a natureza de Olokun era anfíbia, Olokun tinha vergonha de sua natureza, pois ela não era nem uma coisa nem outra.
Ela se sentia muito atraída por Òrìsà Ocô, mas não queria ter relações com ele, pois temia ser objeto de ridículo. Olokun, então, pediu conselho a Olofim, que lhe assegurou que Òrìsà Ocô era um homem sério e reservado.
Olokun criou coragem e foi viver com o Òrìsà lavrador, mas este descobriu a particularidade que existia na natureza de Olokun e contou a todos. Todos ficaram sabendo da ambígua natureza de Olokun, a vergonha fez com que Olokun se escondesse no fundo do oceano, onde tudo é desconhecido e aonde ninguém nunca pode chegar.
Olokun nunca mais deixou o mar e agora só esse é o seu domínio, outros dizem que Olokun se transformou numa sereia, ou uma serpente marinha que habita os oceanos, mas isso ninguém jamais pôde provar.

TIKTOK ERICK WOLFF