domingo, 7 de março de 2010

Mau gosto e falta de informação representando um itan de Oyá.

Foi com grande desagrado que tomei conhecimento deste vídeo, que por sinal é uma das piores produções que chegou às minhas mãos.


Não consigo entender como o Ministério da Cultura pode patrocinar e deixar vincular seu nome, como também a Sabesp e a Petrobras. Nós que lutamos em busca de uma imagem digna e um conceito severo para ilustrar os itans da cultura “afrobrasileira”, estamos indignados com esta produção, nossa cultura jogada no chão e pisoteada com um vídeo de tão mau gosto.

Para aqueles que não entendem irão ver “Oyá” sendo representada por uma pré-adolescente meio vadiazinha, retardada e sem noção, que ao narrarem um dos seus itans deixa a calcinha e as os seios riscarem a cara do público, insinuando que não passa de uma vagabunda. Que longe disso Oyá é retratada como uma grande guerreira e não uma vadia… Antes que a visão da nossa fé seja mais uma vez abalada e jogada na lama, eu acho que os patrocinadores deveriam tomar atitude perante este crime cultural que está sendo postado.

Nunca me senti tão insultado, até ver este filme de mau gosto e péssima produção levando as bandeiras dos patrocinadores.


http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=3qzeDMyheOA


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Em resposta a solicitação de Erick Wolff, sobre o patrocínio ao curta Yansan, a Sabesp responde:
- A empresa não é responsável pelo conteúdo das obras audiovisuais que apóia. Todo o conteúdo apresentado é de responsabilidade do autor, que responde também a questionamentos legais em caso de possíveis danos materiais e morais.
- Também não compete à Sabesp a seleção dos projetos audiovisuais que serão patrocinados. Segundo o Decreto Estadual 42.992, cabe à Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo esta avaliação:

Decreto Nº 42.992, de 1º de abril de 1998
Dispõe sobre a aplicação de recursos de incentivos fiscais por entidades da Administração Indireta

MÁRIO COVAS, Governador do Estado de São Paulo, no uso de suas atribuições legais,

Considerando a obrigação do Estado de garantir à população o acesso aos meios culturais; e

Considerando que é função da Secretaria da Cultura coordenar e executar a política cultural do Estado de São Paulo,

Decreta:

Artigo 1º - As entidades da Administração Indireta deverão aplicar recursos de incentivos fiscais, até o limite máximo permitido por lei, em projetos culturais previamente definidos pela Secretaria da Cultura.

Artigo 2º - A Secretaria da Cultura informará às entidades da Administração Indireta tão-logo selecionar projetos culturais, previamente aprovados pelo órgão competente, para fins do disposto no artigo anterior.

- Em acordo com este Decreto, o projeto de Yansan foi aprovado em um programa de apoio a curtas-metragens, realizado pela Secretaria de Cultura em 2005. Todos os inscritos foram avaliados por uma comissão formada por membros da Secretaria e do mercado cinematográfico (diretores, produtores, etc), escolhidos por sua notoriedade e experiência neste meio. Coube à Sabesp somente a destinação dos recursos, repassados com base nas leis de incentivo fiscal.

Assessoria de Imprensa da Sabesp


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Tentei por diversas  vezes  falar com a assessoria de  imprensa  e ou algum responsável pela Petrobras e Ministério da cultura, porem ninguém responde e ignoram o crime que cometeram contra  a nossa  cultura.

O lixo = http://www.portacurtas.com.br/pop_160.asp?Cod=4839&Exib=1

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Os Búzios não vieram da África

Se alguma vez pronunciamos a palavra Búzio, logo a seguir forma-se uma imagem na mente de qualquer ser humano ligando ao culto afrobrasileiro, mas para a curiosidade da comunidade afrobrasileira, os búzios não são nativos africanos.

Segundo alguns estudiosos os búzios conhecidos por Caurí foram introduzidos na áfrica pelos europeus, este objeto que já foi à moeda corrente da áfrica e o objeto mais cobiçado entre as religiões afrodescendetes vindo de terras estrangeiras!

Estes estudiosos que afirmam que durante o século XIV o comércio entre os povos africanos, europeus e suas comitivas, era feito a base da troca da moeda Caurí de origem asiática. Mas se a história confirmar estes relatos muitos conceitos africanos deverão ser revistos, que baseados nos antigos Itan que relatam a presença dos búzios na cultura e religião afro desde a origem do homem, sendo usados para rituais e importantes instrumentos de comunicação com as divindades.

Estes Caurí incorporaram na áfrica através das culturas vizinhas, será possível?
Ifa Divination (Willian Bascom)
A maioria dos sacrifícios incluí dinheiro (owo), embora muitos não o prevejam. Os montantes estão fixados nos versos em termos de caurís (owo), que serviram como dinheiro antes da introdução da nova moeda corrente. Na parte segunda, o número de caurís exigidos e fornecido pelos textos iorubás e pelas suas traduções interlineares, sendo seus valores traduzidos nas páginas opostos em termos de libras, shillings, pence e Ọninis. O Ọnimi era uma moeda nigeriana e valia um décimo de um penny, tendo uso corrente em 1937‐38, ocasião em que o shilling equivalia a Us 0.24. Após a segunda guerra mundial lentamente foi saindo de circulação em decorrência da inflação e o valor do shilling caiu para Us 0.14 por causa da desvalorização da libra esterlina. Uma segunda desvalorização da moeda inglesa em 1967 reduziu o valor do shilling para Us 0.12.
A inflação reduziu o valor dos caurís desde os primeiros dias do tráfico de escravos. Em 1515, o rei de Portugal concedeu uma licença para a importação de caurís procedentes da Índia para São Tomé, e em 1522 estavam sendo importados na Nigéria, vindos da costa malabar por meio de comerciantes portugueses (Ryder, 1959: 301). Durante o século XVII, os holandeses importavam (IFÁ DIVINATION –WILLIAM BASCON 68.) caurís para Nigéria, procedentes das Ìndias orientais (Dapper, 1668: 500). Durante o século XIX, informava‐se o valor que o valor de 2.000 caurís era 4s.6d. 1, segundo tuckeer (1853: 26) e como tendo caído para a faixa entre 2s. e um 1s. 5d., segundo Burton (1863: I, 318‐319), quando caurís ainda mais baratos estavam sendo importados de Zanzibar. Estes caurís de Zanzibar (owo eyọ) conduziram os menores caurís brancos da Índia e das Índia Orientais para fora de circulação como moeda, conquanto ainda sejam usados com propósitos rituais. Quando caurís foram substituídos por moeda corrente, o valor de 2.000 caurís estabilizou-se a 6 d., pelo menos com o fim de divinação ou 80.000 libra. Caurís eram contados em cordões de 40 cada, em feixes de 200 (5 cordões), em cabeças de 2.000 (10 feixes) e em sacas de 20.000 (10 cabeças) pesando 60 libras. Na faixa de dinheiro incluído nos sacrifícios, a unidade básica de contagem é de 2.000 caurís (egebewa, egba).
Quando dinheiro está incluído no sacrifício, fica entendido que, exceto quando especificado diversamente no verso, fica em poder do divinador a título de pagamento (eru). Alguns versos elucidam quando ele não recebe pagamento algum; outros dizem que ele não pode conservá‐lo e precisa passá‐lo adiante.
Alguns versos (p.e. 35‐7, 241‐2, 248‐1, 248‐2) exigem a mesma soma de dois ou mais indivíduos, incrementando o rendimento potencial do divinador mas não o custo para cada consulente individual. Os montantes mais comumente mencionados nos versos registrados são 7 d. 2 o. (doze exemplos), 1 s. 7d.8 o. (catorze exemplos), 3 s. (vinte e três exemplos) e 11 s. (doze exemplos). A faixa estende‐se desde menos de um penny (7,8 oneres) até trinta Shilling, com dois shilling com medial.
Essas somas de dinheiro eram muito mais custosas naqueles tempos anteriores a inflação, que reduziu o valor dos caurís, mas mesmo assim eles não eram nada baratos em 1937‐38. Segundo Farde e Scott (1946:91) o salário por dia dos trabalhadores das fazendas de cacau de Ifé era apenas uma safra muito próspera de cacau, e, em 1937, trabalhadores de cacau recebiam simplesmente seis pence por dia, de acordo com informantes de Ifé.
1shilling, d- pence, l libra esterlina (£) corresponde a 20 s. Ou 240 d. Ou seja, 1 s. vale 12 d. (N do T)

Estes búzios que foram usados como moeda corrente e instrumento de adivinhação pelos sacerdotes da religião aos Òrìṣà e Ifá, são referência atual de poder no ritual afro, porem segundo mais algumas fontes que afirmam que eles não nasceram na África, traçando rotas distantes até aportar no continente africano.
Tais moluscos são até hoje usados como instrumento de comunicação para com os Òrìṣà, importantíssimos objetos sagrados e ritualísticos que algumas vezes representam riqueza e ou prosperidade mágica no culto.

Perante o conceito africano Òrùnmílá é uma divindade dotada de uma inteligência incomum, e é consultado pelos Babalawo, Babalòrìṣà e Iyalòrìṣà que comunicam-se com as divindades africanas através do conhecimento de Òrùnmílá. Existem itan que rezam que até mesmo Ọlọrun foi procurar o conhecimento deste para suas dificuldades, devemos analisar a necessidade do Deus maior entre os Yoruba em procurar um sacerdote para resolver seus enigmas. Acreditar neste paradigma é repensar a influência que Òrùnmílá tem sobre os deuses africanos, tudo isso vinculado aos Caurí e a potencialidade dos seus segredos.

Da mesma forma que veremos entre os itan mais antigos, menções que contam que Òrùnmílá usa da sabedoria para resolver problemas dos deuses, receitando Ẹbọ com vários Caurí.

Indo além poderemos observar no conceito que arrasta o poder ritualístico, na ciência e mistério que envolve os Caurí, da mesma forma que sabemos que o culto de Òrìṣá e o culto de Ifá praticamente não fazem nada sem Èṣù, Ọ̀ṣún, Òsanyìn e Obàtálá, da mesma forma que é imprescindível a presença destas divindades no culto. Fazendo com que Òrùnmílá possua sabedoria e ciência para desvendar os caminhos de Ifá, porem não é portador de poder algum.
Após uma breve pesquisa na Net, foi possível achar mais um rico conteúdo que entra novamente com dados históricos e informações curiosas.
http://www.cliohistoria.hpg.ig.com.br/bco_imagens/moeda/moeda_04.htm
http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,oi1170197-ei6607,00.html

Classificações cientificas
http://www.maramar.ind.br/Shells/visSpecie.aspx?dsF=CYPRAEIDAE

Por Erick Wolff∞
Agradecimento Luiz L. Marins

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Ìyámi Òṣòrọ̀ngà

Os segredos da terra guardados pelos pactos da sociedade secreta da Ìyámi Òṣòrọ̀ngà.
A existência de Ìyámi Òṣòrọ̀ngà é tão antiga quanto os pensamentos de Ọlọrun.
Sua sabedoria e força rende-se neste Oriki.

1. Eleye com uma boca redonda.
2. Pássaro àtíòro que desce docemente.
3. (Eles se reúnem para beber o sangue) voa
4. sobre o teto da casa.
5. (Passando da rua) colocou no mundo (Come desde a cabeça, eles estão contentes).
6. (Come desde a cabeça, eles estão contentes) colocou no mundo (Chora como uma criança mimada).
7. (Chora como uma criança mimada) colocou no mundo ajé
8. Quando ajé veio ao mundo
9. Ela colocou no mundo três filhos.
10. Ela colocou no mundo “ Vertigem”
11. Ela colocou no mundo “Troca e sorte”
12. Ela colocou no mundo “ Esticou-se fortemente morrendo”
13. Ela colocou no mundo estes três filhos.
14. Assim eles não têm plumas.
15. O pássaro akó lhes deu as plumas.
16. Nos tempos antigos, elas dizem que elas não gratificam o mal
17. no filho que tem o bem.
18. Eu sou vosso filho tendo o bem, não me gratificai o mal.
19. Vento secreto da Terra.
20. Vento secreto do além.
21. Sombra longa, grande pássaro que voa em
22. todos os lugares.
23. Noz de coco de quatro olhos, proprietária de vinte ramos.
24. Obscuridade quarenta flechas (É difícil que o dia se torne noite).
25. Ela se torna pássaro olongo (que) sacode a cabeça.
26. Ela se torna pássaro untado de osù n muito vermelho.
27. Ela se torna pássaro, se torna irmã caçula da árvore akòko.
28. (A coroa sobe na cabeça) segredo de Ìdo.
29. A rã se esconde em um lugar fresco.
30. Mata sem dividir, fama da noite.
31. Ela voa abertamente para entrar na cidade.
32. Vai à vontade, anda à vontade, anda suavemente para entrar no mercado.
33. (Faz as coisas de acordo com sua pró pria vontade)
34. Elegante pássaro que voa no sentido invertido de barriga para cima.
35. Ele tem o bico pontudo como a conta esuwu.
36. Ele tem as pernas como as contas sègi.
37. Ele come a carne das pessoas começando pela cabeça.
38. Ele come desde o fígado até o coração.
39. O grande caçador.
40. Ele come desde o estômago até a vesícula biliar.
41. Ele não dá o frango para ninguém criar,
42. mas ele toma o carneiro para junto desta


 

Fonte: http://www.pierreverger.org/fpv/index.php

 
Agradecimentos
Luiz L. Marins

Màrìwò

O uso mágico das folhas na religião iorubá sempre vem acompanhado de expressões de encantamentos que visam despertar o àṣẹ das fôlhas utilizadas. Estes encantamentos são chamados ọfọ̀.
Vamos apresentar aqui, periódicamente, uma folha e seu respectivo ọfọ̀, na singela intenção de dividir cultura e conhecimento.



Sinomínia: Ewé Ọ̀sanyìn.

Palm Fronds: Màrìwò

ọfọ̀

Ni gbe oju ọrun yìn'bọn idẹ
Màrìwò ọ̀pẹ̀
Ni gbe oju ọrun yìn'bọn idẹ

Ogbè kàràn (Ogbè ọ̀kànràn)

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Folha do Màrìwò

Atira a arma de latão nos céus
Palmeira mariwo
Atira a arma de latão nos céus

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Fonte:

Pierre Fatumbi Verger
“Ewe, o uso das plantas na sociedade iorubá”, 1995.
Por Luiz L. Marins

domingo, 7 de fevereiro de 2010

BARA

Luiz L .Marins



08/02/2010


Nas ultimas décadas esta palavra de quatro letras virou sinônimo e explicação para quase tudo dentro da religião dos orixás, especialmente o candomblé.

Sinceramente não sei como a palavra "Bara", pura e simples, pode significar "Rei do corpo" ou "Exu do corpo". A tentativa de dizer que ela deriva de Òbàrà não se justifica, pois esta palavra quer dizer apenas, um dos odù de Ifá.

Na minha visão, "Exu do corpo" não existe na Noção de Pessoa Iorubá. Isto é um profundo erro de conceito de algumas teses acadêmicas. Penso que o assunto em que trata esta palavra deve estar referindo-se ao Exu do Orixá.

Para tentar dar um pouco de luz à questão, fomos procurar os dicionários, que não esclarecem conceitos, mas explicam as palavras. Vejamos alguns significados de Bara conforme os dicionários (observem os tons):

Dictionary of the Modern Yoruba, R.C.Abraham, 1962 (várias páginas):
bàrà = melancia > citrullus vulgaris.
bàrà = mausoléu real onde são enterrados os Aláààfin.
bàrà = bàrà-bàrà = correr esquivando-se ou movimentando de um lado para o outro.
bára = encontro, reunião.
bárà = uma coisa podre.
bààrà = expressão ligada ao ato de defecar.
báárà = o ato de estar começando algo.
bárá-bárá = o ato de amarrar algo com firmeza.
bára-bàra = fazer algo supercialmente
A Dictionary of the yoruba language, CMS, p. 53
bàrà = planta rasteira que fornece o oleo de semente egunsi.
bara = deus do engano, o demonio, Ifá.
bárabára = pequena quantidade.
bàrabàra = rapidamente, apressadamente.

Existe outra palavra, gbára, que significa “a parafernália ou conjunto de coisas de algo ou alguém, ou de uma situação em particular”. Esta palavra quando aplicada sobre os assentamentos religiosos toma uma conotação especial porque, todos os elementos juntos que compõe o assentamento de um determinado orixá pode ser chamado de gbára òrìsà.

O conjunto de elementos que formam o igba-ori (assentamentos do orí) pode ser chamado de “gbara orí”. O mesmo vale para a mesa de jogo e todo os elementos que o compõe. Ocorre porém que esta palavra não tem nada a ver com Exu.


Espero ter oferecido uma pequena contribuição.


http://www.orixa.rg3.net/
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09/02/2010
José Beniste em seu livro Òrun-Àiyé: o encontro de dois mundos: o sistema de relacionamento nagô-yorubá entre o céu e a Terra (Bertrand Brasil) usa a palavra Bara, sem acentos, e afirma que é uma forma reduzida de Elégbára. ele se baseia na usualidade iorubana de aglutinar frases em uma só palavra e na simplificação de palavras como, por exemplo, okutá - otá, Orixá - Oxá, Orixá Nlá - Oxalá, Ebó Ori - bori, etc.

Juana Elbein dos Santos usa o mesmo princípio e deduz, a partir da análise sistemática das funções primordiais de Exu, chega a conclusão de que Ele é Obará ou o rei do corpo (Obá ará). Mas, a princípio, ela não afirma que o nome Bará, seja uma corruptela de Obará. Ela diz que Exu é Obará.

Axé

Hendrix
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Luiz L .Marins

09/02/2010
O conceito do José Beniste eu concordo pois pode ser referendado pelos dicionários; quanto ao da Juana Elbein, ela precisa esclarecer como chegou a essa conclusão, pois os dicionários não confirmam.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Igbá Orí

Por Altair T’Ogun


http://www.altair.togun.nom.br/arquivo/cultura09.htm


Então é à nossa cabeça que devemos reverenciar não aquela tigela com alguns objetos que dizem, ser o Igbá Orí. Digo isso por que acredito assim. E algumas vezes, quando sou questionado por algumas pessoas que por “n” motivos, perguntam o quê fazer com seu “Igbá-Orí”.


Outros, preocupadíssimos porque seus zeladores não querem entregar ou que pior ainda, despacharam seus Igbá-Orí. Então, converso com elas dizendo isso que acredito. Grande parte delas se acalma e acaba concordando comigo. Não que Eu seja o dono da verdade, mas, há lógica em minha teoria. Mas, se não houver, é um bom assunto para ser pensado por todos.


Assim como, não é por ter escolhido um mau Orí que a pessoa tenha que viver na penúria a vida inteira. Ela poderá, através dos ebo reverter esse quadro, se não por completo, mas, em boa parte, pois ela estará resgatando parte da integridade do seu Orí.


Mas, também, não será somente através dos ebo que isso será alcançado. Elas também haverão que se esforçar com muito mais força de vontade ainda para superarem suas barreiras. Podem não alcançar o sucesso total, mas, poderão ter uma vida mais amena com algumas realizações e alegrias.


A iniciação na Religião Yorùbá significa o nascimento do Orí-inú dentro do culto aos Òrìsà. É uma maneira de demonstrar que a partir da iniciação aquela pessoa nasceu para a religião e para o sagrado com a confirmação do seu Orí-inú, que passará a ter representação física no àiyé.


Aí, é que começa a história do Igbá Orí (literalmente, cabaça da cabeça, pois os assentamentos eram feitos em cabaças – igbá, daí o nome ter virado sinônimo de assentamento de Òrìsà) a Cabaça do Orí.


Costuma-se fazer assentamentos com as mais variadas coisas para representar o Orí de uma pessoa. Esta variedade de coisas deve-se a que o Orí seja o que individualiza o ser humano. Como no caso das impressões digitais, ninguém tem Orí igual ao de outra pessoa, cada Orí é único e exclusivo daquela pessoa.


Então, faz-se o assentamento numa cabaça ou tigela, o mais comum entre nós, e esse assentamento é cultuado como Igbá – Orí, ou seja, a representação física do Orí-inú da pessoa. Tudo bem, este comportamento é usual e corrente. Mas, sem querer ser o único certo, longe de mim isso, Eu não concordo com esse tipo de Igbá Orí. Porque Eu penso que a melhor representação do nosso Orí-inú é o nosso Orí físico, ou seja, a nossa própria cabeça.


A nossa cabeça física é a materialização da nossa cabeça interior, acho Eu. Qual o melhor objeto para representar o nosso Orí-inú, que não a nossa própria cabeça? É dentro dela que se instala a outra do òrun, por isso, chamado Orí-inú (cabeça interior), mas interior onde? Da cabeça física que também acho, tem o formato do igbá (cabaça).


Quando fazemos um eborí nós estamos cultuando esta cabeça interior. E onde nós fazemos os preceitos? Diretamente em nossa cabeça, pois é ali que mora o nosso Orí-inú e o nosso òris


Igbá Ori, segundo a Tradição de Orisa, não leva okuta e não deveria existir, pois não há lugar melhor para cultuar Ori Inu que sobre Ori Ode, porém ficou convencionado o uso dele.


Quanto ao Igba-Ori, quer dizer a bandeja onde guardamos o doublé, a representação material do Ori, este contém alguns itens de conhecimento restritos àqueles que tem o seu ori “assentado”.


Posso, porém assegurar que dentre estes itens jamais encontrarás um Okuta (Ota).


Àse para todos!
Altair t’Ògún

TIKTOK ERICK WOLFF

https://www.tiktok.com/@erickwolff8?is_from_webapp=1&sender_device=pc