quinta-feira, 17 de abril de 2014

POR QUE O BATUQUE R.S. É CONSIDERADO UMA NAÇÃO, COM RAÍZES ADJACENTES?

Por Bàbálòrìà Erick Óbokún
17/04/2014
Revisado e aumentado em 01/10/2021


O QUE É UMA NAÇÃO

As religiões de matriz africana são formadas por grupos religiosos, cada um com as suas divindades, costumes, rituais e idioma. Nas religiões afro-brasileiras identificamos grupos étnicos e religiosos por costumes, idioma e ou rituais, notem que além do Batuque do R.S., existem outras Nações afro-brasileiras, como Banto, Fons e etc...


  • Nação é a reunião de pessoas, geralmente do mesmo grupo étnico, que falam o mesmo idioma e tem os mesmos costumes, formando assim, um povo. Uma nação se mantém  unida pelos hábitos, tradições, religião, língua e consciência nacional. (Fonte - http://www.significados.com.br/nacao)

Para saber mais sobre Nações afro-brasileiras, sugerimos este artigo, link - NAÇÕES RELIGIOSAS AFRO-BRASILEIRAS NÃO SÃO NAÇÕES POLÍTICAS AFRICANAS 


SOBRE OS IORÙBÁS

Sabemos que os Yorùbá cultuam as divindades Òrìà que a sua origem pertence a este grupo religioso, porem há possibilidade de outras etnias cultuarem orixá, no entanto o orixá será sempre uma divindade Yorùbá. No entanto, assim como ocorreu com alguns orixás, passaram ser cultuados pelos Fon. Saber o que cultua é saber quem é perante a sua sociedade.

Apesar dos Sacerdotes do Batuque terem recebido em seus rituais alguns Vòdún, porem importante que seja esclarecido que cultuados nos costumes e ritos Yorùbá. Não temos conhecimento nem referencia alguma de nem um nKissi (divindade Banto), na tradição do Batuque. Assim como desconhecemos qualquer vínculo com os rituais Banto e seu idioma, para que possamos dizer que em qualquer momento houve uma influencia desta raça e religião, pois sabemos que os Banto não cultuam àngó muito menos cultuam Orí, Brí, Òrìà ou qualquer outro ritual Yorùbá.

BATUQUE DO RIO GRANDE DO SUL

Origem - Yorùbá com uma leve influencia Jeje
Idioma -  Yorùbá;
Raízes que subdividem este grupo religioso - Kànbína, Ijeṣa, Ọ̀yọ́ e Jeje. Agora todo mundo irá pensar que cada raiz religiosa possui seu Idioma Natal e cultua divindades diferentes... Então não é bem assim que funciona, por mais que tente aproximar de cada Nação, se os Jeje (Batuque) deixarem de cantar as cantigas no mesmo Idioma e seguir outra rituais, ele deixará de ser Batuque, formando uma nova Nação, assim com a Kànbína, que acreditamos que não tenha nada haver com Banto, afinal sabemos que os Banto não cultuam Ori nem mesmo Òrìà, por isso, que pedimos que leiam com atenção para que entendam que apesar dos nomes serem muito semelhantes, a estrutura religiosa está ligada aos rituais da Nação Batuque R.S., sem que estas raízes se distanciem da matriz.

Tocam em tambores na mão, com a possibilidade da raiz usar o Aquidavi um instrumento Yorùbá.


DIVINDADES CULTUADAS ENTRE OS BATUQUEIROS

Bara 
Ogum
Oya
Xango
Odé 
Otim
Obá
Ossanhe
Xapanã
Oxum
Iemanja
Oxala


Sabemos que o Candomblé se destaca justamente por receber várias Nações em sua estrutura, no entanto cada uma destas Nações possui os elementos necessários para se destacar, podendo haver até raízes como ocorre com a Nação Batuque R.S., em sua estrutura social. Observe;

CANDOMBLÉ

NAÇÃO ANGOLA

Origem -  Angola, Moçambique, Zaire Congo
Idioma - kimbundo, umbundu e kikongo
Raízes que subdividem este grupo religioso - Tumbajussara, Tumbassi, Bate-Folha, e etc.. (estas raízes da Nação Banto seguem com as mesmas divindades, rituais, idioma, cantigas e sequência de roda, mudando muito pouco entre si). 
Tocam na mão, sem Aquidavi (varetas usadas para tocar as atabaques).

DIVINDADES CULTUADAS ENTRE OS BANTOS

Lembaraganga
Kajanjá
Kanbaranqueje
Matamba
Kaitumbá
Dandalunda
Bombojira/aluvaiá
Mucumbe
Kassumbenca
Angoromea
Wunje
Yombe
Catendê
Kitembu
Zumbarandá
Kafundeji

NAÇÃO JEJE 

Importante registrar que não há registro até o momento de nenhuma nação, povo ou localidade denominada Jeje em nenhum local da África, a palavra jeje é usada para denominar estrangeiros, ou seja, os brasileiros são todos jeje (estrangeiros) para os fon e para os povos da África. 

Origem - Dahomey grupo étnico fon, ewe, fanti, ashanti, mina
Idioma -  Ewe, Fon e Mina;
Raízes que subdividem este grupo religioso - Mina Jeje, Jeje Mahi, Mana Jeje e etc. (As raízes seguem os mesmos rituais, muda-se muito pouco, o idioma é o mesmo praticado em cada raiz, tal qual as cantigas e culto a divindades).
Tocam em tambores ou atabaques na mão, sem Aquidavi.

DIVINDADES CULTUADAS ENTRE OS JEJES

Mahwú 
lissa
Xapanã
sapaktá
envioso
abé
abotó
Aziri
Odin 

elegbá

obessem
hoho - to bossa
geledê
neossum
loko
anbiocô
ajagun


NAÇÃO KETU

Origem - Yorùbá;
Idioma - Yorùbá;
Raízes que subdividem a Nação Ketu, não existe, porem podemos encontrar Nações como os Nàgó XambáNàgó Egbá, e etc... que fazem parte do grupo étnico e são muito semelhantes a Ketu, o que não quer dizer que sejam Ketu, pois seus rituais os distancia desta Nação. 
A Nação Ketu toca no aquidavi, uma vareta preparada para os rituais. Os Nàgó tocam em Tambores.

DIVINDADES CULTUADAS ENTRE OS NAGÔ

Òòṣàálá
Obaluaiyê
àngó
Ọya
Yem
njá

Òùn
Èṣù
Ògún
Oumarè
Ibeji
Eégun
Òsanyìn

Iroko
Nanã Burukun
Logun Ede
Obá(entre outros)


CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Note que a Nação Batuque não carrega divindades Banto, se existiu, se perdeu, e não existem registros. Observamos que as divindades Fon, já vieram aculturadas pelos Yorùbá. Desta forma, o Batuque possui elementos como iniciações, divindades e rituais dos Nagô, e não possui elemento, suficientes para distinção de nações, como visto pelos exemplos do Candomblé. 

É possível que a Nação Batuque R.S., e suas raízes tenha recebido influências de outros povos, no entanto, o que prevalece nos seus rituais continua a ser a cultura Yorùbá.


segunda-feira, 10 de março de 2014

O Adósù o símbolo de submissão ao grande Aláàfin







Imagem ilustrativa do pps Ori o orixá individual de Aulo Barreti
Por Bàbá Erick Óbokún
10/03/2014




O Adósù é um símbolo de submissão ao grande Aláàfin (o soberano da cidade de Òyó). Os seus seguidores, portam este tufo de cabelo, que situa-se no alto da cabeça para que todos possam visualizar,  o mesmo ocorre com os iniciados que carregam este símbolo para que sejam reconhecidos como os seguidores e submissos de Sàngó em território Yorùbá, sabe-se que é um dos símbolos mais importantes e sagrados para os iniciados desta divindade, origem Yorùbá.





O mesmo simbolo é usado em algumas  religiões da cultura Afro-brasileira. 
Imagem ilustrativa do pps Ori o orixá individual de Aulo Barreti


Mais sobre o 
Adósù

As mulheres do Aláàfin
A lya-Naso está ligada ao culto de Sàngó e geralmente é responsável por tudo ligado ao seu culto.
É de sua responsabilidade a capela privada do rei, para o culto a Sàngó, todos os privilégios decorrentes ao cargo são dela.
A lya-fin-Ikù é a segunda no comando, assistente da lya-Naso. Ela esta ligada ao rei através do “Adósù Sàngó”, devota do rei para os mistérios de Sàngó, como todos os adoradores de Sàngó, cedem um de seus filhos para trabalharem para o Deus, ela assume um lugar privilegiado ao lado do rei, podendo ir e vir livremente, além de comer qualquer coisa sem que seja cobrado dos vendedores.  (Johnson, p. 64)

Adósù – Iniciado, aquele que tem tufos de cabelo no alto da cabeça (Beniste, p. 43)


Bibliografia
JOHNSON, Samuel.The history of the yorubas

BENISTE, José. Dicionário Yorubá, Português

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014


Por Bàbá Erick Óbokún



No último dia 30 de janeiro foi um marco na história da cultura Afro-brasileira e Afro-Gaúcha, nesta data a Família Nagô Kóbi iniciou um ilustre Bàbáláwo nos segredos do Batuque Afro-Gaúcho, o sacerdote Ifádámiláre Agbole Obemo,  iniciado pelo Bàbá Jimi, esta iniciação uniu dois pontos importantíssimo da religião, ou seja, recebemos para a nossa família um sacerdote de Ifá, agregando ao seu conhecimento e ancestralidade o nosso culto à òrìsà segundo os costumes brasileiros.  Isso tudo decorreu, sem que ele abandonasse a sua raiz e fundamentos de Ifá (Ilé-Ifá), afinal é assim que Ifá ensina, que devemos agregar e jamais abandonar o que carregamos.

É por isso que damos as boas vindas para o Bàbáláwo Ifádámiláre na nossa família e ancestralidade, para que ele possa nos ensinar a humildade e o bom pensamento, e ao mesmo tempo que poderemos ensinar os segredos do culto à òrìsà segundo a cultura Afro-gaúcha.

E eu como um sacerdote de òrìsà, me sinto honrado de poder ter passado o àse da família Nagô Kóbi para este sacerdote e filho do Bàbá Jimi, ao qual respeito muito, este que tem nos ajudado muito oferecendo gotas do saber (cultura). 

Que os nossos ancestrais possam se orgulhar da nossa família.



Àdimó

Abandonar ou não o sincretismo?

Por Bàbá Erick Óbokún



Caros amigos da cultura afro-brasileira, eu tenho acompanhado o sofrimento de muitos, e, claro que ao mesmo tempo vivenciado de perto o problema da discriminação religiosa e social, através dos crimes cometidos por parte de religiosos em cima dos templos de amigos e iniciados... E tenho pensado muito sobre as questões e problemas que assolam a comunidade afro-religiosa, e imagino que para que sejamos reconhecidos precisamos mostrar quem somos, mostrar a nossa cultura e mostrar a nossa raça, sem fantasias e ou misturas do sincretismo, se por algum momento foi necessário o sincretismo para disfarçar esconder e proteger o que fazíamos, hoje em dia precisamos fazer o inverso, ou seja, mostrar quem realmente somos, mostrar o que fazemos e qual é a nossa raça.... Não precisamos ter vergonha, nem mesmo precisamos nos disfarçar para que sejamos respeitados.... Vamos adotar a nossa raça e ter orgulho da nossa ancestralidade..... 


Grato

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

A verdade de cada um

Por Erick Wolff
09/01/14


Atualmente eu tenho visto várias postagens na internet insatisfeitas com a adaptação do Acarajé de Jesus, as pessoas desconhecem que a culinária sagrada já é utilizada até mesmo na alta gastronomia, como o chef Luis Baena, chef do Hotel Tivoli, Lisboa, durante o Mesa SP no Senac Santo Amaro, que demostrou uma versão contemporânea do Acarajé, sem citar que é de Iansã, ou Oyá se preferir. veja a foto;



Diante da exploração e importação da culinária sagrada, eu não vejo ninguém incomodado com o chef, e, ou qualquer outro que usa o sagrado comercialmente, sem ao menos ser iniciado na religião de matriz africana.

Por outro lado, o Acarajé de Jesus, tem feito mais inimigos do que podemos imaginar, sem que haja qualquer vinculo religioso, comercializam o Acarajé e ainda chamam de "O pão da vida", risos, mas o Acarajé é um bolinho, o que seria o pão da vida então? Veja a foto;


Existe a remota possibilidade de nem ser a mesma receita, apesar que hoje em dia é possível pegar qualquer receita, reza ou fundamento na net ou loja de artigos religiosos, produzida pelos próprios iniciados que querem vender e comercializar seu conhecimento, na tentativa de dar um passo para  "a  fama".


Por ambas as partes noto que há intolerância, os adeptos da cultura Afro-brasileira que não querem que o Acarajé seja comercializado e os evangélicos que querem comercializar algo que não faz parte da sua cultura e para que? Afinal para eles a cultura de matriz africana não segue os padrões religiosos/culturais de sua fé, então para que comercializar o Acarajé Cristão, o que ganham com isso?

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Eu e a cultura de Ifá


Revisado e editado
Erick Wolff8
07/11/2013


Aos meus amigos, todos sabem que meu segmento não é Ifá, nem será, na verdade não no caminho tradicional, através da iniciação e vivência da cultura de Ifá. Meu destino no caminho de Ifá não será participando da sua cultura, mas ajudando o segmento tal qual tenho feito com o Batuque, Umbanda e Candomblé, por isso que resolvi falar e vou afirmar neste momento alguns pontos aos quais eu tenho vivenciado e alguns amigos que me procuram para tirar duvidas, sobre minha negatividade  referente a Ifá.


Quando eu leio postagens dos seguidores de Ifá,  que contradizem até mesmo os votos primórdios do próprio culto, eu fico chocado com a situação, sem falar que não concordo com o menosprezo com as demais culturas, tradições e religiões, afinal existe culto a òrìsà sem Ifá, da mesma forma que não existe Ifá sem òrìsà, basta observa que Òrúnmìlà é uma divindade, ou melhor um ara-orun, sem esquecer de  Èsù ou as demais divindades. Desta forma resolvi falar e percebo que esclarecer que não tenho nada contra aquele que se iniciou em Ifá, ou, aquele que se formou em sacerdote, porem eu quero dizer para quem não sabe, que Ifá é uma filosofia agraciada por rituais, que se não forem totalmente vivenciados não há iniciação completa, e, olha que não precisamos nem nos iniciarmos nesta cultura para que possamos criticar a postura e atos dos que são os famosos em Ifá.

Nestes anos de pesquisas e estudos eu me deparei com alguns iniciados e sacerdotes, e não encontrei muitos exemplos que pudesse citar, pois vejo o ego e o desejo de auto-afirmação, infelizmente não acredito que seja a devida conduta e bom exemplo, quando vemos que a base desta cultura é a formação do bom caráter, por isso, ao procurar um sacerdote seja de Ifá, Umbanda, Candomblé ou Batuque, observem o seu caráter, somente quem tem pode ensinar e formar um bom caráter, somente quem teve uma boa formação religiosa pode ajudar aquele quem procura, não importa a simplicidade do seu Yara-bo (quarto religioso), o que importa é a sabedoria daquele indivíduo e a energia que sabe manipular, e se procura um ancião com muitos fios e perfil de grande sacerdote, saiba que òrìsà e as entidades se despem da vaidade e do luxo, para ajudar quem precisa, e para quem não sabe Òrúnmìlà que é um ancião pode se comunicar tanto com o jovem sacerdote quanto com o velho, basta que este jovem sacerdote siga seus mandamentos e preceitos, talvez o jovem sacerdote tenha mais a presença de Òrúnmìlà do que o velho, pois ele carrega o respeito e a dedicação que talvez o mais velho tenha se  esquecido ou abandonado com o tempo, causado pelos seus atos e erros cometidos.


Se você procura respostas em Ifá analise a conduta dos que pregam Ifá e terá a sua resposta.

Se você procura respostas de òrìsà, analise a conduta de quem cultua òrìsà  e você terá a resposta.

Se você procura respostas das entidades, converse com elas, e você terá respostas.


Mas não se entregue ao primeiro marqueteiro que aparecer, e observem que eu mesmo faço poucos amigos, pois poucos são aqueles que se sentem confortáveis ao meu lado, e garanto que não é pela minha conduta, pelo meu caráter, pelos meus rituais, artigos ou pesquisas serem duvidosos, afinal todos sabem que são embasados e dotados de boas referencias,  mas os que não seguem os caminhos da verdade, não se sentem confortáveis com a verdade.


Nem um homem vive só, porém com uma má conduta ele pode propiciar o seu claustro, sem nem um amigo, seja um bom homem e terá uma vida prospera e com poucos amigos, porem verdadeiros.

Meus sinceros votos de Paz profunda à todos.

TIKTOK ERICK WOLFF

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