quinta-feira, 24 de março de 2016

NAÇÕES RELIGIOSAS AFRO-BRASILEIRAS NÃO SÃO NAÇÕES POLÍTICAS AFRICANAS

Erick Wolff8

Março de 2016

 

SOBRE NAÇÕES

Nos diversos segmentos religiosos afro-brasileiros todos querem legitimar-se afirmando que sua “nação” é originalmente oriunda de solo africano, desta ou aquela região, iniciado por fulano ou ciclano cujo nome jamais poderá ser checado, supostamente nascido na África. É louvável o desejo da legitimização africana, se não fosse ilusório.

Todas as nações religiosas afro-brasileiras, de todos os segmentos, nasceram no Brasil, são afro-brasileiras, não são africanas, não representam nenhum Estado ou Cidade africana, não praticam nenhum culto na forma tradicional africana mesmo que possuam nomes de cidades africanas em suas definições afro-sociais. É verdade que foram formadas por elementos de matrizes africanas aqui repensadas e reestruturadas, mas estas heranças culturais e religiosas não fazem de nenhuma nação de religião afro-brasileira uma nação pura africana. NENHUMA!

Entretanto, o fato de terem nascido no Brasil não significa que são uma fraude, pois se assim fosse, todas os segmentos religiosos afro-brasileiros seriam, mas não, todas são legítimas para o Brasil. O erro está em considerar que a nação do outro é uma fraude, e a sua é verdadeira, supostamente original de algum lugar da África.
 
A nação afro-brasileira de Kétu refere-se a uma nação afro-religiosa do candomblé, e não à cidade ioruba africana de Kétu, localizada no Dahome. (José Beniste)

A nação afro-brasileira Angola refere-se a uma nação afro-religiosa do candomblé, e não ao país africano de Angola.

A nação afro-brasileira Jeje refere-se a uma nação afro-religiosa do candomblé, batuque ou tambor de mina. Segundo o professor Reginaldo Prandi (USP), não existe nenhuma nação política denominada “jeje” em solo africano. O mesmo vale para a nação religiosa afro-brasileira “nagô”.

A nação religiosa afro-brasileira Oió refere-se a uma nação religiosa do batuque, e não à cidade Iorubá de Oió, na Nigéria.


A nação religiosa afro-brasileira Ijexá refere-se a uma nação religiosa do batuque ou candomblé, e não à cidade Iorubá de Ijexá, na Nigéria.

A nação religiosa afro-brasileira kambina, do batuque, refere-se a uma nação religiosa criada e estrutura aqui no Brasil, tanto quanto as outras, e não à alguma cidade ou nação na África. Se as outras aqui formadas são legítimas para o Brasil, a kambina também é. Alguns sacerdotes tentam equivocadamente afirmar que a kambina trata-se de Cabinda, província de Angola, apenas pela semelhança do nome.

Não existe nenhuma nação religiosa afro-brasileira, de qualquer segmento, que seja a extensão pura e legitima de uma cidade, estado ou nação africana, que exista aqui tal qual existe em África. Acreditar nisto é utopia, ou má fé. Todas, sem exceção, foram pensadas, criadas e estruturadas no Brasil.

As nações afro-religiosas da forma como existem aqui não existem na África, e vice-versa. Que isto fique claro para que não se arvorem prepotentemente sobre falsos conceitos de pureza. Não existe ninguém puro (Mãe Stella).

Sobre o conceito de nação religiosa afro-brasileira separamos alguns extratos de pessoas conceituadas e referenciadas na bibliografia afro-brasileira:




 

José Beniste, Òrun-Ayé, pg. 116. 
 
Reginaldo Prandi, Herdeiras do Axé, Hucitec, 1996.


“ Nação passou a ser, desse modo, o padrão ideológico e ritual dos terreiros.”
 
(Vivaldo Costa Lima, “O Conceito de Nação”, Afro-Ásia, 12, 1976, p. 65)


Mãe Stella de Oxóssi,

 

 
SOBRE REIS E PRÍNCIPES


O conceito que um rei de uma nação afro-brasileira precisa ter sangue nobre africano para ser reconhecido é utópico. Não existe nenhuma prova exata e certa que algum rei, rainha, príncipe ou princesa africanos que aqui fundaram qualquer nação pura, tal qual em África.

Sempre em algum momento da história das religiões afro-brasileiras surgiram “reis” desta ou aquela nação religiosa aqui formada que, ou se auto intitularam, ou foram titulados pelos seus seguidores. Reis não nasceram com o mundo, eles foram feitos reis pelos homens, e para os homens.

Se as nações religiosas afro-brasileiras não são nações políticas africanas, reis e os príncipes religiosos afro-brasileiros também não são, nunca foram. Exigir sangue nobre como base para seu reconhecimento e legitimação não faz sentido, até porque tal, mesmo que verdade fosse, não se poderia provar.

Afirmar através de documentações discutíveis que um africano puro vindo de uma nação africana pura, veio ao Brasil há “duzentos” e aqui fundou uma nação pura, é zombar da inteligência dos estudiosos e explorar a boa-fé dos leigos.

O que dá legitimidade a um “rei” religioso afro-brasileiro (ou em qualquer lugar do mundo) é o reconhecimento de seus súditos e a reverencia a ele prestada, independentemente de ser autointitulado, ou de ter sido titulado. É importante para uma nação religiosa afro-brasileira aqui formada conhecer suas origens e ser respeitada através de um ícone.

Mas estas origens estão aqui mesmo no Brasil, todas as nações religiosas afro-brasileiras têm seu fundador mítico. Estas nações devem respeitar-se mutuamente respeitando seus fundadores. Se o rei em questão é reconhecido por seus súditos, então ele é rei, independente do sangue de família e de sua suposta origem africana, ou não. O mesmo conceito vale para os príncipes e princesas.

Entre os iorubas, o conceito de principado é diferente do europeu, pois não é preciso ter sangue nobre para ser príncipe. Quando um rei é coroado, todas as crianças que nascem no lugar de origem do rei, a partir desta data, são considerados príncipes (Nathan Lugo).
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Completando Asa Orisa Alaafin Oyo  informa que;

Todos os Oba tem que ter linhagem real, somente em Ibadan não, pois foi uma cidade criada para proteger Òyó




Àse !





quarta-feira, 2 de março de 2016

EGUNGUN EM OKETASE



 
Babalawo Aworeni

14 September 2009



Em Ile-Ife, no começo do fim de Junho, até o fim de Outubro, os mascarados Egungun começam a aparecer vindo de vários campos. Muitas campos familiares em Ile-Ife participam das festividades com centenas de tipos diferentes de Egungun. Cada campo familiar terá seu próprio Egungun, de acordo com o odu individual do chefe deste campo, sua linhagem familiar ou apenas o interesse pessoal de praticar a cultura de Egungun.

Existem centenas de tipos diferentes de Egungun, com diferentes nomes. Na Iorubalandia, os tipos de Egungun mudam de cidade para cidade. Por exemplo: em Ibadan, Egungun é cultuado de forma diferente que em Ile-Ife.

A procissão de Egungun ocorre durante meses e muda de um campo para outro campo.

Alguns Egungun só podem sair durante a noite; outros podem sair à tarde e a noite. As caracteristicas de cada Egungun dependem da linhagem familiar e dos tabus pessoais.

Em Ile-Ife, a casa de Egungun é chamada Igbale. Existem dois tipos primários de Egungun:

  •  Egungun Oloro
  • Egungun Onijo

Eegun Oloro é masculino e usa chicote entre os frequentadores do festival, enquanto Eegun Onijo é feminino e dança entre eles. (o negrito é do tradutor).

O último egungun a aparecer é o mais velho Egungun chamado Alagba, que aparece antes do festival de Olojo, em outubro, e que marca o fim do festival da procissão de Egungun.

Em Oketase, o Egungun não aparece no templo de Oketase dentro do Enuwa. Isto é por causa dos três eventos principais que ocorrem neste local.

O primeiro evento é aquele que acontece durante o festival Odun Elefin, quando o Aragba Agbaye transformaa-se em leopardo.

O segundo evento é durante o festival de Olojo quando o Ooni carrega o Aare Oduduwa (a corôa) para o Oke Mogun, que é localizado dentro Enuwa.

O terceiro evento é durante o Ijekuru Itapa Obatala ou Igbefapade Orisa, quando o Ooni, o Araba Agbaye e o templo de Obatala se encontram em Janeiro.

Por estes motivos o Egungun nunca pode aparecer nestes. Se eles aparecerem, o Oga aparecerá e expulsará todos eles.

No início de Setembro, o araba Agbaye traz o egungun de sua família, aparecendo no campo de sua mãe, em Okemarisa. O Egungun inclui, Awo Arerungbaga, Obadi Meji, Oori, Oyin, etc.

De acordo com Ifa, Orunmila é aquele que tirou pegou Egungun de Iwo Ile, o buraco da terra. Em Okanran Ogunda (Okanranileegun) Ifá explica:

“Ore gan gan lo mu egun wole.
Atori gan gan.
Lo mo oro wole Igbale.
Gbagbese mi ogbagbese.
Adifa fun Baba Lamese to mu egun rowaye.”

 
Existem muitos odu Ifa que falam sobre Egungun, incluindo Oyeku Irete, Iwori Oyeku, Oyeku Pakinose, etc.

Os tabus de Egungun são: eles nunca podem bater em babalawo e eles nunca podem mostrar seus rostos.

Se um Egungun passa por um Agbede (pessoa de alto nível), ele deve sempre deixar moedas. O Egungun pode usar qualquer cor. Eles comem akara, ole, obuko, oleo de palma, obi e oti.



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Tradução, adaptação e layout: Luiz L. Marins – www.luizlmarins.com.br
Fonte: Site ORISHADA. Acessado em 02/03/2016. Disponível em:
http://orishada.com/wordpress/?p=519


CULTO A XANGÔ NA SANTERIA CUBANA

Revisado e aumentado em 14/02/2020



Este artigo foi coletado do Blog Cubayoruba, para registrar a riquíssima cultura da Santeriano culto à Xangô, e por curiosidade o culto a Kamúkan, um Alafin vinculado ao culto de Egun.


 
MUÑOZ
Em 2007
Orixá Xangô é um guerreiro, rei da religião de Yorùbá e um dos Orixás mais populares de seu panteão. Orixá da justiça, dança, força viril, trovões, relâmpagos e fogo, proprietário do Bata (tambores), dança e música.

Xangô representa e tem uma relação especial com o mundo da Eggun.

Xangô foi o 4º Alafin (rei) de Oyo, esta é a segunda dinastia Oduduwa após a destruição de Katonga, a primeira capital administrativa do império iorubá. Xangô veio em um momento muito importante na história iorubá, onde as pessoas tinham esquecido os ensinamentos de Deus. Xangô foi enviada com seu irmão gêmeo por Olodumare para limpar a sociedade e as pessoas novamente seguir uma vida limpa e ensinamentos de um único Deus.

Depois tornou-se rei, as pessoas começaram a dizer que Xangô era muito rigoroso e até mesmo tirano. Naquela época, a lei dizia que, se um rei não era mais amado por seu povo deveria ser morto. Xangô terminou sua vida por enforcamento, mas voltou para seu irmão gêmeo Anganjú que com o uso de pólvora, terminou os inimigos de Xangô, que a partir daí começou a ser adorado como Orixá e que foi chamado do Senhor do Trovão.

Xangô era um rei guerreiro e os generais de Ibadan amava. Seus seguidores o vi como o destinatário de grande potencial criativo. Xangô foi um dos reis iorubás que ajudaram a construir formações de batalha e, graças a suas conquistas Yoruba império se estendia desde a Mauritânia ao Gabão. Ele se tornou famoso principalmente por sua guerra de cavalaria, que desempenhou um papel fundamental na construção do império.

Sincretismo Xangô comparado a Santa Barbara, que tem o seu festival em 4 de dezembro, de acordo com o calendário católico. O seu dia é sábado, embora sexta-feira também é popular.

O seu número é 6 e seus múltiplos, embora alguns irão atribuir 4, talvez por causa de seu sincretismo religioso com Santa Barbara. Suas cores são vermelho e branco. KAO cumprimentar Kabiesilé, Xangô Alufina!



Família de Xangô

Xangô foi marido de Obá, Oyá e Oxum. Em alguns aspectos diretamente descendentes de Olodumare, em outros, é o filho de Obbatala e Oddúa ( Oduduwa), outros colocam como o filho de Obbatala e Aggayú Solá e também Obbatalá Ibaíbo e yembo, foi levantada por Yemaya e Dada. Dadá irmão, Orunmila, Ogun, Eleggua, Oshoi e Osun.

 



Ferramentas de Xangô.

Pilão para colocar Xangô em cima. Seu receptáculo é uma tigela de madeira, de preferência tampa de cedro, que está acima de um poste que muitas vezes podem assumir a forma de castelo.

Seus principais atributos são seis ferramentas feitas de cedro, machados, espadas, relâmpago, tambores, uma mão de caracóis, coroa, bebida, sable, calabash maraca, etc.

Xangô também carrega um chekere fato cascos de tartaruga. Entre as ferramentas que você pode colocar em torno de você vai encontrar um cavalo preto, um tambor, um brilhante bandeira vermelha de três eixos, um clube e uma cimitarra.

Seus objetos de poder são um machado duplo, uma bebida e uma espada.

Colares ou Elekes são feitas alternando contas vermelhas e brancas.


Trajes de Xangô.

Xangô usa um frouxo listas de camisa branca e calças vermelhas brancas e vermelhas. Você também pode usar calças brancas curtas com pontos pernas cortadas. Seu peito é nua e adicione um casaco curto que podem ser listas vermelhas ou brancas e vermelhas. Em sua cabeça usando uma coroa, que às vezes é dado a forma de um castelo.


Oferendas a Xangô.


A Xangô está oferecendo Amalá feita a partir de farinha de milho, leite e quiabo, banana verde, OTI, banana indiana, vinho tinto, milho torrado, cevada, alpista, etc.

Ele imolado carneiros, galos, codornas, Jicotea ( tartaruga de rio), pintadas, pombos, etc.


Caminhos de Xangô.

Os caminhos de Xangô referem sim para os títulos que recebeu quando era rei. Ou seja, sua realeza, sua arte de legislar, de fazer a guerra, sua força e sua relação com o fogo e relâmpagos, entre outros.

 Seus caminhos são :

    Shango Obadimeyi.
    Shango Obakoso.
    Shango Bumí.
    Shango Dibeyi.
    Shango Alafin o Alafi Alafi.
    Shango Arirá.
    Shango Olosé.
    Shango Kamúkan. (Xangô Kamúkan trabalha com eguns e tem poder sobre a vida e  a morte.) (O grifo é nosso)
    Shango Obbará.
    Shango Yakutá.
    Shango Ko Só.
    Shango Lubbe o Bara Lubbe.
    Shango Olufina Kake.
    Shango Obalúbe.
    Shango Obaluekun.
    Shango Bangboshé.
    Shango Addima Addima.
    Shango Obbaña.
    Shango Eyee.
    Shango Alayé o Eluwekon.
    Shango Obayá.
    Shango Lubbeo.
    Shango Omangüerille.
    Shango Oban Yoko.
    Shango Alufina.
    Shango Ebbora.
    Shango Ladde o Larí.
    Shango Dedina.
    Shango Luami.
    Shango Deima.
    Shango Deizu.
    Shango Tolá.
    Shango Obba Bi.
    Shango Yumi Kasiero.
    Shango Asabeyi.
    Shango Oluoso.
    Shango Okanami.
    Shango Nipa.
    Shango Gbogbagúnle.
    Shango Gbamí.
    Shango Fáyo.
    Shango Deyí.
    Shango Obanlá.
    Shango Tápa.
    Shango Godo.
    Shango Odúnbadeyí.
    Shango Oba Tolá.
    Shango Oluóso.
    Shango Nupé.
    Shango Oba Yokó.
    Shango Okanami.
    Shango Bolá.
    Shango Oloké.



Bibliografia

MUÑOZ, Junior Michel, Babalawo, diretor de Cubayoruba, El mundo de los Orishas espera por tí, http://cubayoruba.blogspot.com.br/2007/01/shango.html

Imagens comprobatórias;







terça-feira, 1 de março de 2016

Bara Olóòde



Por Bàbá Erick Óbokún
01/03/2016 

Um Ojúbo do òrìsà Èsù do Batuque, que serve toda a comunidade daquele templo. Sabemos que o orúko deste Bara somente o sacerdote do templo e alguns iniciados de maior confiança do templo possuem conhecimento.

Os antigos sacerdotes e fundadores do Batuque convencionaram batizar este Ojúbo de Olóòde, por que cada templo possui um único assentamento desta divindade para proteger e servir os interesses do templo. Claro que por ficar na área externa acharam conveniente chamar de o senhor do pátio ou da rua.



Olóòde = Oló = senhor; Òde = quintal ou pátio.

Ojúbo = Assentamento ou local de adoração para a comunidade.

Orúko = Nome

TIKTOK ERICK WOLFF

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