Baba Osvaldo
Omotobatala
Publicado na página Òwó
Erò Mérìndínlógún
no FACEBOOK
30/04/2016
Os Odù não dão nascimento a nada, só contam o que já passo. Odù pode
significar várias coisas:
1) A divindade feminina, esposa de Orunmila.
2) As quedas obtidas através do obi, coco, orogbo, uhu Erin (4 cauris),
uhu ejo (8 cauris), owo erindinlogun (16 cauries), opele ou também as marcas
feitas em seguida na consulta com o ikin.
3) Também é dito assim ao conjunto de histórias, dicas, conselhos,
que estão relacionados a cada queda.
4) A deificação de cada uma das quedas vistas como uma energia.
5) A personificação de cada "queda" relação com os
adivinhos que fizeram a adivinhação, com um discípulo de Orunmila ou com o
próprio Orunmila.
Os pontos 2 e o 3 são, na realidade, algo que se refere quase ao
mesmo. E esse conhecimento estabelecido para interpretar cada odù, não é mais
do que o que se escreve com base nas experiências relacionadas com cada
consulta feita a algum personagem mítico, a sua respectiva oferta e o seu
resultado, portanto, o que está escrito para cada um. Odù, é baseado em algo
que aconteceu antes de alguém, ou seja, uma história que conta o que alguém
fez. Com isto queremos fazer entender que, nada no que tem a ver com o
conhecimento baseado na experiência pode ser escrito ou contado, sem que antes
aconteça.
Sendo assim, nada pode "nascer" ou "criar-se" através de um conto, uma fábula ou um mito, pois, os contos, fábulas e
mitos o que fazem é explicar algo que existe ou o porquê de algumas coisas.
Os Awo (tanto de Òrìsà, como de Ifá) se preocupam em guardar o
conhecimento das histórias ligadas à tradição que trazem explicações sobre
infinidade de coisas relacionadas com o culto, as divindades, os animais, os
tabus, a criação, o ser humano, fatos históricos de seu povo, etc... mas esse
conhecimento é baseado em eventos que já se passaram antes, e que depois se
contam em forma poética e mítica, alguns dos quais são enfeitados com relatos
mais fantásticos.
Por isso, ninguém deveria acreditar que os odù "fazem nascer
coisas" ou que os Òrìsà “nascem dos Odù”, já que não é assim.
Podemos colocar como exemplo, os meses do ano comparando-os com os
odù, então poderíamos dizer que no "odu" janeiro - meu tio viajou
para a Europa, minha prima se casou, nasceu uma criança na família, nos deram
um cão, o vizinho. Mudou-se, etc... no "odu" fevereiro - porque o cão
quebrava tudo dentro da casa, fizemos uma casinha lá fora (isto na tradição
afro-cubana se contaria assim: "aqui nasce que os cães vivam fora").
O meu tio envio um presente da Europa, veio um novo vizinho ao bairro, minha
prima ficou doente, etc... etc...
E cada vez que se faz uma nova consulta, tem-se em conta que os
eventos que passaram a outros na vida, voltam a repetir-se (embora não
exatamente do mesmo modo) e dessa forma, se o consultante faz a oferenda que fez
o personagem da história, pode obter resultados semelhantes.
Transcrição e adaptação: Luiz L.
Marins, em 09/05/2018 – www.luizlmarins.com.br.
Original em: