sexta-feira, 25 de junho de 2021

DESVENDANDO A HISTÓRIA DE LÓGUNẸ̀DẸ

Por Iyalorisa Ifásolà Ẹgbẹ́kẹ́mi Postado em 24/06/2021 



Tenho certeza que o que você vai ler hoje sobre Lógunẹ̀dẹ, você nunca tinha lido antes. Como já dito por mim e por outros sacerdotes que compartilham conhecimento nas redes sociais, a terra Yorùbá é grande, diversificada e está longe de ter uma única forma de culto aos Òrìsà. Sendo assim, leia o texto de hoje do Meu Coração Africano, como algo que vai aumentar os seus conhecimentos sobre Lógunẹ̀dẹ e das várias formas de culto e crença sobre este Òrìsà do outro lado do Atlântico.


Vamos hoje para Ibadan, a capital do estado de Oyo. Ibadan tem uma população atual de mais de 3,5 milhões de habitantes. É a maior cidade em área geográfica da Nigéria, no período da independência, em 1960, Ibadan era a maior e mais populosa cidade do país e a segunda mais populosa da África, atrás apenas do Cairo. Predominantemente uma terra Yorùbá, mas que possui diversidade de famílias que cultuam os Òrìsà. Não existe uma verdade absoluta nem mesmo em Ibadan, uma única pessoa não pode falar por toda cidade, nem mesmo quando trata-se de Lógunẹ̀dẹ.


O tempo tem tantas faces, entre elas a capacidade de construir e destruir. Nós aqui do outro lado do Atlântico, que vivemos ou herdamos o amor e o culto aos Òrìsà, perambulamos entre as histórias e os contos dos Yorùbá, para conseguirmos aumentar o nosso conhecimento e sermos mais fidedignos à sua tradição. Hoje vou trazer um pouco mais dessa busca se entrelaçando com alguns aprendizados aqui no Brasil que são diferentes em terra Yorùbá.


Depois de Èsù, que teve seus atributos e renome totalmente distorcidos no Brasil e em toda diáspora, creio que Lógunẹ̀dẹ ou Ológunẹ̀dẹ vem logo em seguida, tendo seu culto e personalidade longe do que de fato ele é e representa.


Assim como a maioria de vocês que hoje me leem, eu também aprendi que Lógunẹ̀dẹ foi filho de Osun e Osoosi, que ele morava com a mãe no rio por seis meses e nos outros seis com o pai na mata - praticamente uma guarda compartilhada - rs... brincadeiras a parte, foi assim que aprendemos. Lógun aqui no Brasil foi e ainda é representado pelo cavalo-marinho e em alguns locais sua sexualidade era descrita como bisexual.


- Orixá menino


Vamos agora para Yorubaland, onde o culto a Lógunẹ̀dẹ permanece vivo em Ibadan, mesmo que com famílias diferentes. Para os Yorùbá Lógunẹ̀dẹ significa o "Pequeno Guerreiro”', como já dito por outros sacerdotes, no entanto quando vamos compreender mais sobre este Òrìsà e cruzar as informações que fazem morada no Brasil, onde eu também o conheci como o “Orixá Menino”, começamos a desatar os nós e compreender melhor de onde surgem os telefones sem fio. Para os Yorùbá, Pequeno Guerreiro no caso de Lógunẹ̀dẹ, trata-se de um guerreiro que ninguém acreditava em seu potencial, no caso de Lógun, ele de fato era mais jovem do que a maioria dos guerreiros e isso gerava incredulidade quanto a sua capacidade. No entanto, ele surpreende em suas capacidades de luta e batalha, mesmo com a pouca idade e torna-se um guerreiro que comanda grandes batalhas.


- Filho de Osun


Ainda indo pra lá e para cá, como já dito acima, conhecemos Lógunẹ̀dẹ como filho de Osun. Pois bem, aqui no Brasil quando uma pessoa afilia-se a uma casa ele ou ela é chamado de "filho de santo” da casa e da sacerdotisa ou sacerdote. Na Nigéria as estruturas sociais hierárquicas das comunidades religiosas não funcionam como no Brasil, apesar dessas estruturas atualmente já vêm sofrendo algumas mudanças com a chegada dos turistas religiosos. No entanto considera-se ọmọ awo - filho(a) do segredo - quando uma pessoa é APRENDIZ de uma sacerdotisa/sacerdote, seja ele dentro do culto de qualquer Òrìsà, ou seja, quando o sacerdote está ensinando os segredos da religião para aquela pessoa. Pois bem, quando pergunto para um Yorùbá de Ibadan sobre a filiação de Lógunẹ̀dẹ, preciso ter em mente esse conhecimento acima mencionado, pois ele me responde que Lógun foi ọmọ awo de Osun, o preferido dela, que o conquistou pela lealdade e verdade e passou a morar junto com Osun. Diz ainda que Osun ficou muitos anos observando a conduta de Lógunẹ̀dẹ, e quando ela passou a confiar nele, passou a ensinar todos os segredos da magia da água e da floresta que ela sabia para seu ọmọ awo preferido, ou seja, o seu filho do segredo preferido.


- A sexualidade de Lógunẹ̀dẹ


Osun então passa a ensinar todos os seus segredos para Lógunẹ̀dẹ, e todos passam a vê-lo como o grande parceiro de Osun. A magia e o uso da sensualidade que fazem parte das armas de sedução de Osun, também são ensinados para Logun. Conta-se então que ele passa a se vestir como Osun o ensinou, sempre bem apresentado e arrumado, pronto para ser admirado, até mesmo as suas armas para a luta eram do mesmo metal que Osun usava, diferentemente das armas dos outros guerreiros que eram de ferro. Osun deu roupas para ele, e assim ele herda a forma de se vestir e as cores de Osun.


Osun passou a confiar tanto em Lógunẹ̀dẹ, que sempre que ela precisava sair e o deixava em casa, era ele que atendia os clientes que batiam na porta em busca de Osun, e ele fazia o mesmos trabalhos espirituais que Osun com a mesma competência.


No Brasil poucos sabem, mas assim como Oyá é conhecida como vendedora de dendê no mercado, Osun é conhecida como Onídìrì em Yorubaland, ou seja, cabeleireira, por isso ela também é associada a vaidade e ao autocuidado. De tudo que Osun ensinou para o seu ọmọ awo, a única coisa que Osun não ensinou para Logun foi a sua habilidade com os cabelos, pois Logun era uma grande guerreiro.


- As associações de Lógunẹ̀dẹ e Obatalá


Logun dentro da comunidade que o cultua é conhecido como um Òrìsà extremamente criterioso com a sua limpeza, não gostando de forma alguma de sujeira assim como Obatalá. Dentro desta mesma região de Ibadan é ensinado para aqueles que vão preparar alimentos para serem oferecidos para Lógunẹ̀dẹ, que a pessoa que está preparando a comida deve permanecer em silêncio do início até o fim do preparo. Se essa informação for dada no Brasil sem maiores explicações, todos pensarão: Logun também não gosta de barulho, mas na verdade não é por isso que se faz a comida de Obatalá em silêncio, não é pelo barulho e sim pelos respingos da saliva que podem cair na comida, ou seja, não é pelo barulho e sim pela higiene do preparo.


- A partida de Lógunẹ̀dẹ para Orun


Assim como Orunmila, Ogun, Osun e outros Òrìsà, conta-se que quando Lógunẹ̀dẹ cumpriu com a sua missão em Àyé, ele entrou dentro da terra e não apareceu nunca mais.


O que também poucos brasileiros sabem, é que para algumas parte do território Yorùbá, Orun não remete ao céu, e sim à um mundo invisível, que para muitos fica embaixo da terra, e por isso que muitos Òrìsà encerram a sua trajetória entrando dentro da terra.


Espero que você tenha gostado de conhecer mais essa diversidade dentro da Religião Yorùbá e compartilhe com pessoas que você sabe que irão gostar também de aprender.


Gostaria de agradecer ao Babalawo Nathan Lugo e ao Babalawo Abifarin, de Ibadan, que compartilharam gentilmente algumas das informações que estão contidas neste texto.

Ọ̀nà’ re o

Iyalorisa Ifásolà Ẹgbẹ́kẹ́mi

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**** Este texto está protegido pelas leis autorais. É proibido divulgar em qualquer meio ou mídia sem a devida citação da fonte e dos autores, com penas estabelecidas pela LEI Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998. Fonte - Desvendando a história de Lógunẹ̀dẹ (meucoracaoafricano.com)

quinta-feira, 24 de junho de 2021

IDOXU NO BRASIL É DO ORIXÁ, OU DA CASA?

Por Erick Wolff de Oxalá
Sacerdote de orixá desde 1989, na tradição do Batuque do Rio Grande do Sul.
22/06/2021

Imagem 1: Idoxu; preparado que fixo sobre
a cabeça do iniciado do Candomblé

Este ensaio faz algumas reflexões sobre o Idoxu, a necessidade de fazer ou não, a quem o Idoxu pertence, e quem pode fazer.

O Idoxu é um preparado que contém segredos do orixá ao qual está sendo feita a iniciação. 
O Idoxu tradicional na matriz, deve ser feito por sacerdotes deste mesmo orixá que haverá a iniciação, ou seja, indivíduos de outros orixás não colocam a mão nem participam na confecção do Idoxu de um orixá que não sejam iniciados.

Nem todos os orixás possuem Idoxu, Ibeji é um deles:

[...]
não há Idosu para Orisa Ibeji. (Salomom Omojie)
[...]

Aikulola informa que nem todos que se iniciam para Obatala, necessitam de fazer Idoxu de Obatala, mas, apenas os estrangeiros.

[....]
somente alguns sacerdotes de alto ra nao tem que fazer porque pertenecem a certas casas onde tem o ase do orisa no seu corpo por heranca. Para estas pessoas se faz uma cerimonia de instalação de xefe com titulo para faze-los o sacerdotes principais, mas para o resto do mundo, precisam idosu.
[...] (Chief Aikulola Fawehinmi)

Dra. Paula Gomes, 2023, explica que nem todas as divindades necessitam de Idoxu:

"Nem todas as divindades têm o idoxú em suas feituras, caso de Ogun, por exemplo" (informação pessoal)

No Brasil, por norma, nas casas que fazem a feitura de um iniciado com idoxu, o ato é realizado por um sacerdote que não é do mesmo orixá que está sendo feito. Assim, podemos dizer que Idoxu do Brasil pertence à casa a qual o iniciado está sendo feito, diferente de como é na religião tradicional Ioruba, onde o sacerdote pertence ao orixá que irá iniciar e recebeu o idoxu do próprio orixá.

Quer nos parecer, entretanto, que a forma brasileira de um sacerdote de um orixá A fazer um idoxú de um orixá B, talvez nem sempre tenha sido assim, o que nos permite imaginar que no início dos cultos afro-brasileiros, cada orixá fosse feito apenas pelos sacerdotes do orixá que estava sendo feito. Se assim for, ficar por pesquisar porque e quando isso mudou.

Curiosamente, colhemos no RS, da informante Adriana, de que o individuo deve procurar o sacerdote do seu orixá, para ser feito:

[...]
Uma pessoa de Oxalá deveria procurar um sacerdote de Oxalá, por que uma pessoa de Oyá não poderia mexer na cabeça de uma pessoa de Oxalá, e vice-versa. (Informação de Heloa, apudi Adriana)
[...]

_____________________________________


Revisado e aumentado em 17/04/2024

A raspagem durante a iniciação, alguns segmentos afro-brasileiros praticam e outros não praticam e nem precisam.

Porém, a necessidade de raspar, é para acomodar sobre a cabeça do iniciado o "Adoxu".

Beniste explica a origem do adoxu do candomblé:

[...] A utilização do osú como marca que distingue o iniciado substitui todas  as outras formas utilizadas em terras yorubá, como o osú, que representado por um tufo de cabelos deixado no alto da cabeça raspada, nos rituais de Sàngó [...] 


Imagem 2

Aqui Beniste informa que o Adoxu é um fragmento da casa:

Imagem 3

O sacerdote Nathan Lugo, fala que em Ile-Ife Obatala não tem Idoxu:

Imagem 4

Revisado e aumentado em 04/08/2024

OGUN NÃO RASPA E NÃO TEM IDOSU


CONSIDERAÇÕES:


  • O Candomblé convencionou raspar e adoxar, mesmo aqueles orixás que não necessitam de raspagem.

  • O adoxu é um ipin da casa e não do orixá.


IMAGENS

Fonte imagem 1 - Vanessa Almeida


Fonte imagem 2 - Òrun Àiyé, o encontro de dois mundos (J. Beniste) 1997, p. 325


Fonte imagem 3 - Águas de Oxalá (J. Beniste) 2001, p. 177

Fonte imagem 4 - O Certo e o Errado - Entrevista com Bàbá Nathan Lugo, Por IfáṢọlà Sówùnmí - Fê Aguiar, https://www.meucoracaoafricano.com/post/2018/05/30/o-certo-e-o-errado-entrevista-com-b%C3%A0b%C3%A1-nathan-lugo


REFERÊNCIAS 

Informante

Adriana Torres, pertence ao Batuque, iniciada em 2005, por Luciano de Oya, filho de Leco de Oya, em Caxias do Sul. Filha carnal de Heloa, faleceu em 2007, aos 55 anos, praticava Umbanda, não informado a nação do Batuque a qual pertencia, morava em Caxias do Sul, Bairro Esplanada.

Referencias

ORISA IBEJI EM ILEBA / ILARO, ENTREVISTAS REALIZADAS COM ARUGBA IBEJI / OLOYE IBEJI. acessado em 22/06/2021 às 16:26 - https://iledeobokum.blogspot.com/2020/01/orisa-ibeji-em-ileba-ilaro-entrevistas.html

Chief Aikulola Fawehinmi e o Òkúta no Ilé-Orí, acessado em 22/06/2021 às 18:40 - https://iledeobokum.blogspot.com/2011/06/erick-wolff8-sao-paulo-07062011-outro.html




segunda-feira, 21 de junho de 2021

A SABEDORIA DO OBÀ (REI) OJELE OBÀTÁLÁ - ILÉ IFÈ - NIGÉRIA ÁFRICA

Postado por Yemojagbemi Arike Em 21/06/2021



"Obàtálá Alamo Rere.

Obàtálá molda a humanidade com uma argila perfeita.
Obàtálá, molda pessoas com bom caráter.
Obàtálá dorme e acorda, mantendo seu bom caráter. "
"A humildade deve ser uma companhia constante ao longo do seu caminho. Caso você prefira afirmar-se como um ser dotado de superioridade, com relação aos outros, pense melhor! Você é mesmo o mais especial ser no mundo? Ser superior a alguém é uma boa
defesa? Reflita sobre isso! "
"Não é durante as grandes ou pequenas dificuldades que você deve se aproximar de Òrìşà, apenas porque precisa deles. É importante lembrar e cultuar Òrìşà, quando você é abençoado. Procure lembrar como você chegou à sua posição. Òrìşà são os únicos em quem você deveria confiar desde o início e permanecer firme na confiança"
"A paz e a tranquilidade de Obàtálá não vêm através da riqueza e da fama. Isto vem em muitas e outras características, como: humildade, respeito e bondade"
"Às vezes você presta muita atenção no que outras pessoas fazem e esquece de pensar em você.
Você esquece seu próprio equilíbrio, preste mais atenção nas suas decisões e atividades, fazendo isso, você obtém paz com Obatálá na sua vida!"
"Não permita que as ações dos outros diminuam suas boas maneiras. Não deixe que os outros controlem suas reações. Não deixe seus sentimentos tirarem o melhor de você. Mantenha seu foco e sua paciência!"
"Tenha cuidado com os precedentes que você definiu.
Aqueles que vêm depois de você podem usá-lo de maneira mais cruel.
Nem tudo importa tanto e demanda imensa raiva. "
"Um dos sinais que você pode cultivar é sua conexão especial, com o seu Ori. Segure bem esta conexão, acreditando que críticas e
louvores alheios, não devem importam nada para você! Cultive bem isso e permaneça em paz! O alicerce básico para a paz na sociedade é a tranquilidade e a harmonia, dentro de você. Depende de você em relação ao seu ORI e, nunca das decisões dos outros. "
Foto : Templo de Obatala Ile ife - créditos Oba Ojele Obatala
Fonte - Facebook

domingo, 20 de junho de 2021

XANGÔ NÃO TEME EGUN

Por Erick Wolff de Oxalá

Sacerdote de orixá desde 1989, na tradição do Batuque do Rio Grande do Sul.

19/06/2021


Respeitando o direito e a liberdade de culto de cada um, este ensaio tem por finalidade esclarecer que Xangô não teme Egun, e a similaridade dos rituais na tradição Batuque do Rio Grande do Sul.

No portão de entrada do palácio do Alaafin em Oyo, Nigéria, há uma imagem imagem de Xangô e Egun lado-a-lado. 

Contatamos o povo de Xangô no palácio do Alaafin e perguntamos se Xangô teme ou já temeu Egun.

A Dra. Paula Gomes, Assessora Cultural do Alaafin Oyo, nos informou que Xangô não teme Egun, e que não existe este conceito no culto de Xangô na religião tradicional Ioruba, completando com a seguinte fala:


"..o povo de sango não pode carregar Egungun devido ao idosu, não tem nada haver com medo.."

 



Informamos à Paula Gomes que, na tradição do Batuque, Xangô não teve ou tem medo de Egun. 


Em resposta a Dra. Paula informou que na tradição do povo de Xangô em Oyo ..."é igual ao Batuque..".


Assim sendo, consideramos finalmente que alguns batuqueiros desinformados estão veiculando na internet a informação equivocada que Xangô temeria Eegun ... Isto não é verdade na religião tradicional Ioruba.



A DIFERENÇA ENTRE ÀDÚRÀ, ORIN E ORÍKÌ – AULA DE YORÙBÁ

Postado por  Olùkó Vander  

Coletado em 20/06/2021, às 16:45 hrs



É muito comum no candomblé o uso de palavras em Yorùbá. A origem dessa religião se dá graças aos Yorùbá, povo oriundo da Nigéria. Não podemos dizer que o Candomblé, atualmente, seja 100% Yorùbá, pois sempre há palavras e expressões de diversas outras nações, como os Bantus e Fon. No entanto, o idioma do povo nigeriano quase que prevalece em cima dos outros, isso quando falamos de candomblé KétuẸ̀fọ̀n e outros, excluindo o candomblé de Angola e candomblé Jèjè.

As palavras e expressões em yorùbá estão nos utensílios de cozinha, nomes das roupas, nos toques dos atabaques e muitas outras coisas. Temos então algumas palavras que ouvimos comumente: orin, àdúrà e oríkìOrin é claramente a mais distinta, pois significa canção, cantigas. Porém, ainda há confusão entre àdúrà e oríkì. Vamos compreender.

O que significa Àdúrà?







Àdúrà significa oração e tem sua origem em um dos idiomas que influencia o Yorùbá: o hauçá/ haussá. Não podemos confundir o verbo orar, que é gbàdúrà.

Os verbos em Yorùbá, todos eles, começam sempre com vogal e, neste caso, gbàdúrà inicia-se com gb.

Através de uma àdúrà, você pede, suplica, peticiona ou até mesmo agradece algo. A função de uma àdúrà é basicamente essa: pedir, suplicar. É uma comunicação de peticionar uma bênção, obter uma graça, chamar os olhos de determinada energia, òrìà, entidade, para sua direção.

Alguns estudiosos dizem que há uma grande diferença entre rezar e orar, mas não iremos complicar essa questão e vamos dizer que são sinônimos.

Diferente do que muitos pensam, uma àdúrà não precisa ser estática, não precisa ser somente memorizada, pois é perfeitamente factível que uma pessoa, de posse do conhecimento do idioma Yorùbá, crie suas próprias àdúrà, pois ela estará personalizando seu pedido. Cada dor é unica e não memorizada. Salvo as àdúrà que ativam energias específicas, como odù e etc.

Então, àdúrà visa ao peticionar, ao pedir por algo, por alguma bênção.

Mo gbàdúrà sí òrìà gbogbo bùsín fún wa lóní = Eu rezo para que todos os òrìà nos abençoem hoje!

O que significa Oríkì?

Essa palavra é amplamente, e de forma muito errada, associada ao ato de rezar. Muito cuidado! Oríkì não é uma reza! Também é muito divulgada como uma saudação. Cuidado, oríkì não é uma saudação! Iremos entender o porquê disso, mas de antemão, saiba que quando falamos de saudações, estamos falando de um gênero específico: ìbà. Essa sim trata-se de saudação. Ìbà Èù = saudação para Èùìbà Orí = saudação para Orí… etc.

Oríkì é uma espécie de louvor (Por favor, não liguem ao louvor evangélico. Continuem lendo!). A etimologia da palavra se dá: Orí = aquilo que está no alto, aquilo que é importante, aquilo que tem destaque, evidência. Também, atentem a isso, também significa cabeça. As palavras em Yorùbá costuma comportar muitas acepções diferentes. Isso é natural.  é um verbo e significa enaltecer, proclamar coisas boas acerca de algo, declamar qualidades, elogiar com fervor. Notem “” e não ““. , com acento alto, é o verbo saudar e a palavra é oríkì, como acento baixo.

Oríkì significa o enaltecimento de algo importante, proclamar qualidades de algo que está em evidência, louvar com fervor algo superior.

oríkì é conhecido também como gênero literário yorùbá, pois através de sua prática podemos evidenciar qualidades, características e feitos de determinada pessoa. Ou seja contar uma história.

Oríkì não é estritamente religioso. Tem oríkì para animais, cidades, países, crianças, datas festivas. Não é para uso exclusivo do òrìà. Mas seu uso nesse tem uma serventia bem específica: ficar bem aos olhos destes, mostrar culto e afeição aos mesmos. Não são minhas as palavras, mas de um nigeriano: “oríkì serve para você bajular as energias!” Ou seja, agradar pra conseguir algum favor ou algo em troca (de forma discreta ou não).

O tema não se resume a isso. Temos um curso somente sobre Oríkì e Àdúrà, onde você irá aprender muito mais do que é dito aqui. Inclusive, você aprender neste curso como criar seus próprios àwon oríkì e àdúra!!


O que significa Orin?

Orin, como dito no início, nada mais é do que cantiga, música cantada. Não só as de òrìsà! O Hino Nacional é um orin, uma música cantada por Luan Santana é um orin. Agora, orin fún òrìà e orin ti òrìà, a figura muda, estamos diante das cantigas cantadas nas casas de candomblé em louvor ao òrìsà.

Uma coisa bem interessante: o oríkì pode ser cantado, pois estamos falando de enaltecimento de algo e por meio de uma cantiga, podemos enaltecer algo. Por isso que eles podem andar juntos.

Qual a diferença entre oríkì e àdúra?

Podemos chegar a conclusão que a diferença está na intenção, na função que cada um executa. Oríkì exalta, enaltece, louva. A àdúrà pede, suplica, busca a aquisição de algo.

O ideal seria a ordem: primeiro fazer um oríkì (chamar a atenção da energia), depois a àdúrà (buscando pedir algo) e, por fim, mais oríkì (enaltecendo aquela energia que irá lhe ajudar). Mas isso é apenas uma sugestão lógica e não uma obrigação a ser seguida.

Ó dàbọ̀ gbogbo!

Fonte - 
A Diferença Entre Àdúrà, Orin e Oríkì – Aula de Yorùbá | Educa Yoruba

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