Erick wolff
Julho 2013
A classificação do gênero é criado
segundo a sociedade determina, seguindo padrões criados pelo homem ou religião. Entretanto, como definir a transexualidade?
Constantemente tropeçamos em casos que não se encaixam aos moldes da sociedade,
feitos a imagem de Deus em toda a sua manifestação, agregando elementos macho
e fêmea ao mesmo tempo. Para tentar manter o equilíbrio o homem criou um Deus
Reflexo, que existe para lhe servir. A transexualidade não possui espaço nesta
sociedade e tentam banir o diferente.
Porem não é
assim no òrìsàísmo,
pois as divindades
não se importam com a orientação sexual do indivíduo,
desde que ele tenha um bom caráter.
O conceito ioruba
do orí
traz uma abertura para a questão da
orientação sexual, pois um orí pode ou não
carregar a transexualidade consigo; porem, caso a traga
do òrun,
poder-se-ia considerar que as divindades do òrun não se importam com a transsexualidade, ou por outro
lado, pensar-se-ia que o individuo pode
adquiri-la aqui no mundo físico após a
reencarnação.
Assim, de qualquer forma, adquirida aqui ou lá no òrun, sabemos que para as divindades a transexualdiade não é
um tabu, muito menos chega a ser uma maldição, pois elas
não discriminam nem tão pouco abandonam o indivíduo, antes ou após a sua aceitação e
declaração como transexual.
Caso houvesse qualquer tipo de
intervenção, as divindades evitariam aqueles indivíduos que carregam a
transexualidade e não aceitariam a pratica do culto a orí, nem tão pouco o culto aos òrìsà seria possível.
Desta forma,
podemos considerar que a transexualidade não afeta a espiritualidade do
indivíduo, pois notamos que òrìsà não discrimina, nem tão pouco possui qualquer preconceito.
E,
segundo ifá, com exceção do dia marcado para que o individuo desencarne,
qualquer coisa pode ser alterada no destino daquela individuo, e isso sanciona a adequação sexual, para que seja
compatível com a sua essência psicossomática.
Ainda
conforme a filosofia de Ifá, qualquer
atitude ou comportamento é aceitável pelas divindades, desde que ele não cause mal, nem a si
e nem ao outros. Se as divindades condenassem
alterações na sexualidade, elas também condenariam as mudanças estéticas, visto que isso
altera o físico. Ifá
ensina que nós somos nossos juízes e executores, ou seja, só devemos dar
satisfações de nossas atitudes para o nosso Orí
(Awo Ifádámiláre Agbole Obeme).
Concluindo, infelizmente percebemos que é o homem quem discrimina e possui
preconceito.
Deus reflexo
A palavra religião vem do latim religare, que significa religação com o divino,
ou seja, um conjunto de crenças, sistemas culturais e sociais que exprimem a
vida e tradições de uma sociedade. Este conceito é estabelecido através de
símbolos, valores morais, sentimentais e culturais de um povo.
A maioria das religiões narram à origem
do Deus central (contendo ou não mais deuses auxiliares), a origem do universo
e do próprio homem, mantendo a tradição através da escrita e ou oralidade.
Neste mesmo processo encontramos o
“Deus Reflexo”, que foi criado segundo os moldes e necessidades de determinada
sociedade, que modela seus conceitos sobre a
divindade criada, favorecendo os padrões e exigências daquele povo, ou
seja, o Deus Reflexo será sempre um reflexo do seu povo, enquadrando as
necessidades sociais e culturais para manter o controle e os desejos da
sociedade que o cultua, impondo valores e controlando
pessoas, de forma a manter o poder do
sacerdote, através das leis criadas por aquele Deus reflexo.
Ou seja Deus Reflexo – É um
"deus" criado e nomeado para refletir os interesses coletivos da
nação e necessidades individuais de uma pessoa.
Sobre o informante:
Awo Ifádámiláre Agbole Obeme, Awo Ifá, 37 anos, iniciado há 7 anos, pertence a
família do Bàbá Ògúnjimi, Barra Bonita / SP,
Por:
Erick wolff8
Editor da revista www.olorun.com.br, www.sosni.com.br e sacerdote do òrìsàísmo Afro-sul
(Batuque), iniciado em 1982,
residente em SP, sacerdote desde 1989, fundador da sociedade Axé Nagô Kóbi.