quarta-feira, 17 de maio de 2017

ÈSÙ CONHECE O SEGREDO DAS ÌYÁMI

Por Luiz L. Marins

Maio de 2016 acessado em 26/11/2017 ás 10:15

Revisto em maio de 2019


https://luizlmarins.wordpress.com  


Com o crescente interesse pelo culto de Ìyámi Òsòròngà convém lembrar que a literatura afro-brasileira apresenta informações importantes sobre a ligação delas, com Èsù. 

Pierre Verger registra um ese (verso) do odù ogbè ògúndá, signo divinatório do oráculo de Ifá, o qual revela que Èsù não só conhece o segredo das Ìyámi, como também ensina o ebo correto à Òrúnmìlà, para, por seu intermédio, apaziguá-las. 

 

OGBÈ ÒGÚNDÁ 

 

[...] 

Nijó ti nwon mu omi meje ti nwon kókó mu, Nijó ti nwon bèrè si mu ú, isejú Èsù ni nijó náà.  

Nijo nwon nse ipadé, ìsejú Èsù ni.  

[...] 

No dia que elas beberam das sete águas,

No dia que elas começaram a beber, foi na presença de Èsù  No dia que elas fizeram a reunião, foi na presença de Èsù. 

[...] 

 

 

Juana Elbein no livro Os Nàgó e a Morte faz algumas considerações conceituais sobre Èsù, onde demonstra que Èsù é o òrìsà que recebeu um àse especial de Olódùmarè para resolver todas as situações, inclusive no trato com as Ìyámi:

“Em virtude da maneira como Èsù foi criado por Olódùmarè, ele deve resolver tudo o que possa aparecer e isso faz parte de seu trabalho e de suas obrigações [...] Olódùmarè fez Èsù como se fosse um medicamento de poder sobrenatural. ”  

Olórun delegou este poder a Èsù ao entregar-lhe o àdó-iràn, uma cabaça de longo pescoço apontando para o alto que Èsù carrega em sua mão. Èsù só precisa apontar seu àdó para transmitir a força inesgotável que tem. ”  

“Èsù é o princípio reparador do sistema nàgó. [...] por isso, os quatrocentos irúnmalè deram um pedaço de suas próprias bocas à Èsù, quando ele foi representa-los aos pés de Olórun. Èsù uniu estes pedações em sua própria boca e, desde então, fala por todos eles. [...] apenas por seu intermédio é possível adorar as Ìyámi. ”  

Assim, convém que os religiosos afro-brasileiros reflitam sobre a busca desenfreada e desesperada por um culto apenas para satisfazer o ego e a vaidade, quando temos dentro nossas casas um òrìsà com poder para resolver todas as questões: Èsù! 

 

REFERENCIAS: 

 

Pierre Verger. Grandeza e decadência do culto de Ìyámi Òsòròngà. Ed. Corrupio, Artigos Tomo I. São Paulo, 1992, pg. 50. 

Juana Elbein. Os Nàgó e a Morte. Ed. Vozes. Petrópolis, R. J., 1976, pgs. 131; 134; 163  

 

terça-feira, 9 de maio de 2017

O “AXÊRO”

Por Baba Erick Wolff de Oxalá
09/05/2017


Este artigo pretende falar sobre o “axêro” do Batuque do RS, considerando informações sobre a tradição e informação de pessoas antigas nesta religião.

O “axêro” está presente durante as iniciações, toques de orixá, levantações e rituais diversos do Batuque do RS.

Em todos os momentos o “axêro” possui a função de ajudar nos afazeres dos terreiros, até auxiliando os sacerdotes durante os rituais.

A função do “axêro” é, segundo os mais velhos, auxiliar nas tarefas em dias de obrigação ou festas, após o orixá ficar montado no filho, de 3 até 7 horas ou mais, dançando ou participando de rituais. Algumas vezes o orixá dança e participa de rituais que envolvem fogo, mel ou dendê fervendo que são ingeridos pela divindade, sem que prejudique a matéria do iniciado, e o Axêro durante o período ao qual está manifestado ele pode e participa de alguns rituais semelhantes ao do orixá passou. 

Mas quem é o “axêro”?

Existe quem o diga que são os próprios orixás, numa manifestação imitando crianças; outros já consideram que seja uma entidade diferente da divindade que se manifesta após a manifestação do orixá.

Interessante notar que, sempre que perguntamos ao Axêro sobre ele ser o próprio orixá, a resposta é sempre dada na terceira pessoa, ou seja, mostra de forma cristalina que é distinto do orixá.

Para o Batuque do RS, o “axêro” se porta como criança, fala invertido, assim como crianças em suas brincadeiras, por exemplo:

Preto = Branco; 
Comer = Botar para fora; 
Fechar = Abrir. 

Outras vezes usam um vocabulário engraçado como: 

Piçanacola = Pepsi-Cola
Bicho de Bicheira = Arroz  
Neguinho de gravatinha = Feijão preto
Zóio = Ovo 
Bucha = Pão  
Buchacha = Bolacha
Etc.

Sabe-se que o “axêro” não possui permissão de manifestar sem que o orixá queira; assim sendo, ele não vem antes do orixá, e quando ele vai embora o orixá manifesta novamente para dar o seu axé (responde novamente emitindo o som caracterizo da chegada do orixá), e vai embora. 

Lembrando que o orixá poderá ir embora, sem acontecer a chegada do próprio “axêro”.

Não existe assentamento para o “axêro”, já que não possui iniciação para ele, e todos os eleguns que os orixás se manifestam possuem um “axêro” que não recebem nomes, mas são chamados assim:

"axêro” de Bara = Seu menino
“axêro” de Ogun = Ferreiro
“axêro” de Oyá = Ventania
“axêro” de Xangô = Fogueiro
“axêro” de Odé = Caçador
“axêro” de Otim = Caçadora
“axêro” de Obá = Senhora da navalha
“axêro” de Ossanhe = Perneta
“axêro” de Xapana = Seu vassoura
“axêro” de Oxum = Senhora mãe
“axêro” de Yemanja = Maizela
“axêro” de Osala = Babão

O nome “axêro” não está associado ao “ere” do Candomblé, nem mesmo existe uma tradução.

Entretanto, baseado nos depoimentos dos antigos que diziam que o “axêro” era para descansar ou acalmar o Elegun, podemos sugerir uma interpretação (imagens do Dicionário Ioruba-Portugues, 2011, de José Beniste):

1) “axêro” – A (prefixo) + Se (fazer, agir) + Èrò (acalmar)



2) Axêro - A (prefixo) + Seré (Brincar)


Verger registrou fato semelhante no livro Orixás, p. 139:


3) Asiwèrè (Dicionário Yoruba Ingles, CSM)


tolo; louco; ignorante; idiota; débil mental.

Neste último exemplo, poderíamos simplesmente associar o estado infantil ao qual o iniciado se encontra, considerando que a palavra “axêro”, poderia um dia ter sido “asiwèrè”.

Outra informação colhida dos próprios “axeros” ou “axeres”, é que, como no batuque o iniciado não pode saber que foi possuído pelo orixá, a função do “axero” é “tirar da cabeça do filho” qualquer traço ou vestígio que ele possa ter sido tomado pelo orixá.

Não sabemos explicar como isto ocorre mecanicamente, mas é o que, na sua simplicidade, informam os “axeros”.

Mas de qualquer forma vale lembrar que, o orixá poderá manifestar e ir embora sem deixar vestígios da sua manifestação, mesmo que o axêro não manifeste.

sábado, 4 de março de 2017

Direito de resposta ao Baba Eurico Pontes

Por Erick Wolff de Oxalá
04/03/2017


Este pequeno artigo não tem a intenção de depreciar ou desmerecer ninguém.


Chegou ao nosso conhecimento que, por diversas vezes, o Baba Eurico Pontes tem citado a minha pessoa e a minha casa de forma crítica.

Assim, julguei necessário abrir um espaço para que possamos ter, de ambos lados, o direito de resposta.

Em uma postagem recente da pagina do Facebook do Baba Eurico Pontes, o mesmo fez uma ao nome do Templo Ilê Axé Nagô Kóbi.

A mudança do nome de um templo, quando necessário, é algo normal. O antigo nome da casa Ile-Oba Àse Obokun (Reino ou Palácio de Obokun) era muitas vezes confundido com casa das divindades Obá e Obokun, criando constrangimento.

Assim, em 2011 mudamos o nome para Ile de Obokun para Ilê Axé Nagô Kóbi facilitando assim a perpetuação do axé para quem o herdar um dia, adotando o idioma português para facilitar para o público.


Referente ao Nagô Kóbi, não é, e nem nunca foi uma Nação, o que já deixamos claro em diversos textos e apresentações que o termo Nagô Kóbi é uma referencia ao local onde se encontra o Kamuka e seus assentamentos, em relação com palácio do Alaafin Oyó, conforme obra já publicada.

Link para página Kóbi

Quanto aos Nagô, todo e qualquer "Nação" do Batuque que cultue orixá, cante em iorubá e pratique os seus rituais, são Nagô, por isso, qualquer tradição do Batuque seja Ijesa, Oyo, Kanbina ou Jeje são Nagô, lembrando que não somente os lados do Batuque como outras religiões do segmento Ioruba também são chamados de Nagô.

Lembrando que  antigamente os lados do Batuque eram chamados, Nagô do Rio Grande do Sul, conforme a imagem do disco do Tamboreiro Abelardo que gravou um disco que poderia ser decorado e cantado por todos os lados do Batuque do RS.
Imagem do disco do Abelardo



Prova da Publicação


fonte - facebook.com/euricopontesnunes?fref=ts

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA NA IORUBALÂNDIA*





AsaOrixá Alaafin Oyo



Mensagem publicada no post do grupo no Facebook:

ORISA UNIVERSITY

13 de Janeiro de 2016



“Querida Renata, existem tantos motivos, vamos voltar um pouco ao passado e ver a realidade do povo que cultua o orixá de família.


A estrutura de uma comunidade tradicional gira em torno do Rei que representa o Orixá da sua família e da cidade. Cada Baale ou chefe tem um orixá de família que está conectado com o trono com uma função, por este motivo existem nas comunidades diferentes templos de orixá com diferentes funções a serem desempenhadas na comunidade.


Com a entrada do cristianismo e islão a estrutura religiosa das comunidades sofreram alterações radicais e foi importante para a entrada de outra estrutura religiosa acabar com a existente.


Converter o rei, os Baales e os habitantes e destruir os templos, queimar os orixás, joga- -los nos rios ou os templos tradicionais virarem banheiros públicos. Quem resistiu a esta perseguição sofreu graves consequências, as famílias foram perseguidas, tiveram que deixar de cultuar o orixá em público, pois os seus templos viraram banheiros públicos e tiveram que esconder seus orixás de família para não serem destruídos, queimados, roubados para serem vendidos.


As famílias que conseguiram preservar o Orixá, não puderam frequentar o ensino escolar, pois não eram reconhecidos, outros alteraram os nomes dos filhos para poderem ir para a escola. Na verdade, todos os templos de Orixá existente na estrutura religiosa da comunidade estão relacionados com o orixá do Rei e Baales que desempenham uma função, como já esclareci anteriormente e nenhum templo está relacionado com Orúnmila.


Então o povo de Orúnmila não sofreu a perseguição equivalente ao outro povo de Orixá, pois não houve templos para destruir e muito do povo de Orixá deu seus filhos ao povo de Orúnmila na esperança de proteger los do cristianismo e islã.


O povo de Orúnmila sempre foi visto como cartomantes, com todo o respeito. Muitas casas de orixá de família perderam a ligação ao culto do orixá de família depois do mais velho da comunidade ter morrido, pois as famílias eram perseguidas.


E isto e real até ao dia de hoje. O culto a Orúnmila começou a crescer, pois não havia nada a destruir, não havia razão de perseguição aos seus templos. Muitas das crianças que foram convertidas ao cristianismo ou islã que hoje são acadêmicos e regressam as suas raízes reentram através do Ifaísmo e não mais através do orixá de família.


E agora com o trabalho de resgate que se está a fazer que as famílias de orixá, estão devagar a sair das tocas, será verdade que podemos voltar a cultuar o nosso orixá ?? ???????? Onde estão os direitos humanos ???? Será que existem ????? Tudo muito complicado.


Agora com os novos acadêmicos dedicados a Ifá, como podem os jovens de Orixá expressar sua sabedoria e contestar, pois maior parte deles nem inglês fala???? Será necessário falar Inglês ????????? E qual e o rotulo k o povo de orixá de família tem ??????? São analfabetos, quem os ouve ???? Triste.


Os acadêmicos criam uma nossa visão da religião formando uma Trindade, onde o profeta e Orúnmila, tudo o resto, desculpem, são subordinados porque são analfabetos.


Estaria horas aqui a escrever. Para finalizar tão triste que já se chegou ao cumulo de o povo de Orúnmila levar o outro povo de orixá para tribunal para mostrar sua supremacia, mas felizmente foram ridicularizados pelo juiz.”


GRANDE RESPEITO PELO ALAAFIN.



Prova da publicação:



Link para a postagem original:   https://goo.gl/C3xHVm



*. O título é nosso.

TIKTOK ERICK WOLFF

https://www.tiktok.com/@erickwolff8?is_from_webapp=1&sender_device=pc