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quinta-feira, 3 de outubro de 2024

O CULTO DOS EGUNS NO CANDOMBLÉ

Este artigo foi publicado no site do Aulo Barret, publicado em março de 1986, acessado em 03/10/2024.

O tema é sobre o culto de Egun no Candomblé.


"O Culto dos Eguns no Candomblé

Sociedades


Os mortos do sexo feminino recebem o nome de Ìyámi Agbá (minha mãe anciã), mas não são cultuados individualmente. Sua energia como ancestral é aglutinada de forma coletiva e representada por Ìyámi Oxorongá chamada também de Ìyá Nlá, a grande mãe. Esta imensa massa energética que representa o poder da ancestralidade coletiva feminina é cultuada pelas “Sociedades Gëlèdé“, compostas exclusivamente por mulheres, e somente elas detêm e manipulam este perigoso poder. O medo da ira de Ìyámi nas comunidades é tão grande que, nos festivais anuais na Nigéria em louvor ao poder feminino ancestral, os homens se vestem de mulher e usam máscaras com características femininas, dançam para acalmar a ira e manter, entre outras coisas, a harmonia entre o poder masculino e o feminino (veja o mito sobre Ìyámi).


Além da Sociedade Gëlèdé, existe também na Nigéria a Sociedade Oro. Este é o nome dado ao culto coletivo dos mortos masculinos quando não individualizados. Oro é uma divindade tal qual Ìyámi Oxorongá, sendo considerado o representante geral dos antepassados masculinos e cultuado somente por homens. Tanto Ìyámi quanto Oro são manifestações de culto aos mortos. São invisíveis e representam a coletividade, mas o poder de Ìyámi é maior e, portanto, mais controlado, inclusive, pela Sociedade Oro.


Outra forma, e mais importante, é culto aos ancestrais masculinos é elaborada pelas “Sociedades Egungun“. Estas têm como finalidade elaborar ritos a homens que foram figuras destacadas em suas sociedades ou comunidades quando vivos, para que eles continuem presentes entre seus descendentes de forma privilegiada, mantendo na morte a sua individualidade. Esses mortos surgem de forma visível mas camuflada, a verdadeira resposta religiosa da vida pós-morte, denominada Egun ou Egungun. Somente os mortos do sexo masculino fazem aparições, pois só os homens possuem ou mantêm a individualidade; às mulheres é negado este privilégio, assim como o de participar diretamente do culto. (veja os mitos de Oyá).


Esses Eguns são cultuados de forma adequada e específica por sua sociedade, em locais e templos com sacerdotes diferentes dos do culto dos Orixás. Embora todos os sistemas de sociedade que conhecemos sejam diferentes, o conjunto forma uma só religião: a iorubana.


No Brasil existem duas dessas sociedades de Egungun , cujo tronco comum remonta ao tempo da escravatura : Ilê Agboulá, a mais antiga, em Ponta de Areia, e uma mais recente e ramificação da primeira, o Ilê Oyá, ambas em Itaparica, Bahia (veja o anexo: Histórico).


Egúngún


O Egun é a morte que volta à terra em forma espiritual e visível aos olhos dos vivos. Ele “nasce” através de ritos que sua comunidade elabora e pelas mãos dos ojé (sacerdotes) munidos de um instrumento invocatório, um bastão chamado ixan, que, quando tocado na terra por três vezes e acompanhado de palavras e gestos rituais, faz com que a “morte se torne vida”, e o Egungun ancestral individualizado está de novo “vivo”.


A aparição dos Eguns é cercada de total mistério, diferente do culto aos Orixás, em que o transe acontece durante as cerimônias públicas, perante olhares profanos, fiéis e iniciados. O Egungun simplesmente surge no salão, causando impacto visual e usando a surpresa como rito. Apresenta-se com uma forma corporal humana totalmente recoberta por uma roupa de tiras multicoloridas, que caem da parte superior da cabeça formando uma grande massa de panos, da qual não se vê nenhum vestígio do que é ou de quem está sob a roupa. Fala com uma voz gutural inumana, rouca, ou às vezes aguda, metálica e estridente — característica de Egun, chamada de séégí ou sé, e que está relacionada com a voz do macaco marrom, chamado ijimerê na Nigéria (veja os mitos de Oyá).



– Bàbá Egun, sob vigilância do Ojé, aconselha um fiel prostrado à sua frente. –

As tradições religiosas dizem que sob a roupa está somente a energia do ancestral; outras correntes já afirmam estar sob os panos algum mariwo (iniciado no culto de Egun) sob transe mediúnico. Mas, contradizendo a lei do culto, os mariwo não podem cair em transe, de qualquer tipo que seja. Pelo sim ou pelo não, Egun está entre os vivos, e não se pode negar sua presença, energética ou mediúnica, pois as roupas ali estão e isto é Egun.


A roupa do Egun — chamada de eku na Nigéria ou opá na Bahia , ou o Egungun propriamente dito, é altamente sacra ou sacrossanta e, por dogma, nenhum humano pode tocá-la. Todos os mariwo usam o ixan para controlar a “morte”, ali representada pelos Eguns. Eles e a assistência não devem tocar-se, pois, como é dito nas falas populares dessas comunidades, a pessoa que for tocada por Egun se tornará um assombrado”, e o perigo a rondará. Ela então deverá passar por vários ritos de purificação para afastar os perigos de doença ou, talvez, a própria morte.


Ora, o Egun é a materialização da morte sob as tiras de pano, e o contato, ainda que um simples esbarrão nessas tiras, é prejudicial. E mesmo os mais qualificados sacerdotes — como os Ojé atokun, que invocam, guiam e zelam por um ou mais Eguns — desempenham todas essas atribuições substituindo as mãos pelo ixan.


Os Egun-Agbá (ancião), também chamados de Babá-Egun (pai), são Eguns que já tiveram os seus ritos completos e permitem, por isso, que suas roupas sejam mais completas e suas vozes sejam liberadas para que eles possam conversar com os vivos. Os Apaaraká são Eguns ,ainda mudos e suas roupas são as mais simples: não têm tiras e parecem um quadro de pano com duas telas, uma na frente e outra atrás. Esses Eguns ainda estão em processo de elaboração para alcançar o status de Babá; são traquinos e imprevisíveis, assustam e causam terror ao povo.


O eku dos Babá são divididos em três partes: o abalá, que é uma armação quadrada ou redonda, como se fosse um chapéu que cobre totalmente a extremidade superior do Babá, e da qual caem várias tiras de pano coloridas, formando uma espécie de largas franjas ao seu redor; o kafô, uma túnica de mangas que acabam em luvas, e pernas que acabam igualmente em sapatos, do qual ,também caem muitas tiras de pano da altura do tórax ; e o banté, que é uma larga tira de pano especial presa ao kafô e individualmente decorada e que identifica o Babá.


O banté, que foi previamente preparado e impregnado de axé (força, poder, energia transmissível e acumulável), é usado pelo Babá quando está falando e abençoando os fiéis. Ele o sacode na direção da pessoa e esta faz gestos com as mãos que simulam o ato de pegar algo, no caso o axé, e incorporá-lo. Ao contrário do toque na roupa, este ato é altamente benéfico. Na Nigéria, os Agbá-Egun portam o mesmo tipo de roupa, mas com alguns apetrechos adicionais: uns usam sobre o alabá máscaras esculpidas em madeira chamadas de erê egungun ; outros, entre os alabá e o kafó, usam peles de animais; alguns Babá carregam na mão o opá iku e, às vezes, o ixan. Nestes casos, a ira dos Babás é representada por esses instrumentos litúrgicos.


Existem várias qualificações de Egun, como Babá e Apaaraká, conforme seus ritos, e entre os Agbá, conforme suas roupas, paramentos e maneira de se comportarem. As classificações, em verdade, são extensas.


O Rito


Nas festas de Egungun, em Itaparica, o salão público não tem janelas, e, logo após os fiéis entrarem, a porta principal é fechada e somente aberta no final da cerimônia, quando o dia já está clareando. Os Eguns entram no salão através de uma porta secundária e exclusiva, único local de união com o mundo externo.


Os ancestrais são invocados e eles rondam os espaços físicos do terreiro. Vários amuixan (iniciados que portam o ixan) funcionam como guardas espalhados pelo terreiro e nos seus limites, para evitar que alguns Babáou os perigosos Apaaraká que escapem aos olhos atentos dos Ojé saiam do espaço delimitado e invadam as redondezas não protegidas.


Os Eguns são invocados numa outra construção sacra, perto mas separada do grande salão, chamada de ilê awo (casa do segredo), na Bahia, e igbo igbalé (bosque da floresta), na Nigéria. O ilê awo é dividido em uma ante-sala, onde somente os Ojé podem entrar, e o lêsànyin ou balé, onde só os Ojé agbá entram (veja o anexo: Oiê masculinos).


Balé é o local onde estão os idi-egungun, os assentamentos – estes são elementos litúrgicos que, associados, individualizam e identificam o Egun ali cultuado -, e o ojubô–babá, que é um buraco feito diretamente na terra, rodeado por vários ixan, os quais, de pé, delimitam o local.


Nos ojubô são colocadas oferendas de alimentos e sacrifícios de animais para o Egun a ser cultuado ou invocado. No ilê awo também está o assentamento da divindade Oyá na qualidade de Igbalé, ou seja, Oyá Igbalé – a única divindade feminina venerada e cultuada, simultaneamente, pelos adeptos e pelos próprios Eguns (veja mitos de Oyá e Egun).


No balé os Ojé atokun vão invocar o Egun escolhido diretamente no seu assentamento, e é neste local que o awo (segredo) – o poder e o axé de Egun — nasce através do conjunto Ojé–ixan / idi-ojubô. A roupa é preenchida e Egun se torna visível aos olhos humanos.

– Ojé e Amuixan, atentos, acompanham Bàbá Egun na sua caminhada. –

Após saírem do ilê awo, os Eguns são conduzidos pelos amuixan até a porta secundária do salão, entrando no local onde os fiéis os esperam, causando espanto e admiração, pois eles ali chegaram levados pelas vozes dos Ojé, pelo som dos amuixan, branindo os ixan pelo chão e aos gritos de saudação e repiques dos tambores dos alabê (tocadores e cantadores de Egun). O clima é realmente perfeito.


O Salão e a Festa 


O espaço físico do salão é dividido entre sacro e profano. O sacro é a parte onde estão os tambores e seus alabês e várias cadeiras especiais previamente preparadas e escolhidas, nas quais os Eguns, após dançarem e cantarem, descansam por alguns momentos na companhia de outros, sentados ou andando, mas sempre unidos, o maior tempo possível, com sua comunidade. Este é o objetivo principal do culto: unir os vivos com os mortos.


Nesta parte sacra, mulheres não podem entrar nem tocar nas cadeiras, pois o culto é totalmente restrito aos homens. Mas existem raras e privilegiadas mulheres que são exceção, como se fossem a própria Oyá; elas são geralmente iniciadas no culto dos Orixás e possuem simultaneamente oiê (posto e cargo hierárquico) no culto de Egun — estas posições de grande relevância causam inveja à comunidade feminina de fiéis. São estas mulheres que zelam pelo culto, fora dos mistérios, confeccionando as roupas, mantendo a ordem no salão, respondendo a todos os cânticos ou puxando alguns especiais, que somente elas têm o direito de cantar para os Babá. Antes de iniciar os rituais para Egun, elas fazem uma roda para dançar e cantar em louvor aos Orixás; após esta saudação elas permanecem sentadas junto com as outras mulheres. Elas funcionam como elo de ligação entre os atokun e os Eguns ao transmitir suas mensagens aos fiéis. Elas conhecem todos os Babá, seu jeito e suas manias, e sabem como agradá-los (veja o anexo: Oiê femininos).


Este espaço sagrado é o mundo do Egun nos momentos de encontro com seus descendentes. A assistência está separada deste mundo pelos ixan que os amuixan colocam estrategicamente no chão, fazendo assim uma divisão simbólica e ritual dos espaços, separando a “morte” da “vida”. É através do ixan que se evita o contato com o Egun: ele respeita totalmente o preceito, é o instrumento que o invoca e o controla. As vezes, os mariwo são obrigados a segurar o Egun com o ixan no seu peito, tal é a volúpia e a tendência natural de ele tentar ir ao encontro dos vivos, sendo preciso, vez ou outra, o próprio atokun ter de intervir rápida e rispidamente, pois é o Ojé que por ele zela e o invoca, pelo qual ele tem grande respeito.


O espaço profano é dividido em dois lados: à esquerda ficam mulheres e crianças e à direita, os homens. Após Babá entrar no salão, ele começa a cantar seus cânticos preferidos, porque cada Egun em vida pertencia a um determinado Orixá. Como diz a religião, toda pessoa tem seu próprio Orixá e esta característica é mantida pelo Egun. Por exemplo: se alguém em vida pertencia a Xangô, quando morto e vindo como Egun, ele terá em suas vestes as características de Xangô, puxando pelas cores vermelha e branca. Portará um oxê (machado de lâmina dupla), que é sua insígnia; pedirá aos alabês que toquem o alujá, que também é o ritmo preferido de Xangô, e dançará ao som dos tambores e das palmas entusiastas e excitantemente marcadas pelos oiê femininos, que também responderão aos cânticos e exigirão a mesma animação das outras pessoas ali presentes.


Babá também dançará e cantará suas próprias músicas, após ter louvado a todos e ser bastante reverenciado. Ele conversará com os fiéis, falará em um possível iorubá arcaico e seu atokun funcionara como tradutor. Babá-Egun começará perguntando pelos seus fiéis mais freqüentes, principalmente pelos oiê femininos; depois, pelos outros e finalmente será apresentado às pessoas que ali chegaram pela primeira vez. Babá estará orientando, abençoando e punindo, se necessário, fazendo o papel de um verdadeiro pai, presente entre seus descendentes para aconselhá-los e protegê-los, mantendo assim a moral e a disciplina comum às suas comunidades, funcionando como verdadeiro mediador dos costumes e das tradições religiosas e laicas.


Finalizando a conversa com os fiéis e já tendo visto seus filhos, Babá-Egun parte, a festa termina e a porta principal é aberta: o dia já amanheceu. Babá partiu, mas continuará protegendo e abençoando os que foram vê-lo.


Esta é uma breve descrição de Egungun, de uma festa e de sua sociedade, não detalhada, mas o suficiente para um primeiro e simples contato com este importante lado da religião. E também para se compreender a morte e a vida através das ancestralidade cultuadas nessas comunidades de Itaparica, como um reflexo da sobrevivência direta, cultural e religiosa dos iorubanos da Nigéria.


Aulo Barretti Filho

Março/1986"


Fonte https://aulobarretti.wordpress.com/a-revista/o-culto-dos-eguns-no-candomble/



 


domingo, 20 de março de 2011

Egungun pertence à Mitologia Yoruba.

Por Arrundegy Ojé Deyi

Maio de 2008
Egungun, espírito ancestral de pessoa importante, homenageado no Culto aos Egungun, esse culto é feito em casas separadas das casas de Orixá. No Brasil o culto principal à Egungun é praticado na Ilha de Itaparica no Estado da Bahia mas existem casas em outros Estados.

Normalmente chamado de Babá (pai) Egun, Babá-Egun. Também pode ser referido como Êssa nome dos ancestrais fundadores do Aramefá de Oxóssi (conselho de Oxóssi, composto de seis pessoas). Ou Esa espírito dos adoxu e dignatários do egbe (casa).

Os nagôs, cultuam os espíritos dos mais velhos de diversas formas, de acordo com a hierarquia que tiveram dentro da comunidade e com a sua atuação em pról da preservação e da transmissão dos valores culturais. E só os espíritos especialmente preparados para serem invocados e materializados é que recebem o nome Egun, Egungun, Babá Egun ou simplesmente Babá (pai), sendo objeto desse culto todo especial. Porque o objetivo principal do cultos dos Egun é tornar visível os espíritos dos ancestrais, agindo como uma ponte, um veículo, um elo entre os vivos e seus antepassados. E ao mesmo tempo que mantém a continuidade entre a vida e a morte, o culto mantém estrito controle das relações entre os vivos e mortos, estabelecendo uma distinção bem clara entre os dois mundos: o dos vivos e o dos mortos (os dois níveis da existência).

Assim, os Babá trazem para seus descendentes e fiéis suas bênçãos e seus conselhos mas não podem ser tocados, e ficam sempre isolados dos vivos. Suas presença é rigorosamente controlada pelos Ojé (sacerdotes do culto) e ninguém pode se aproximar deles. Os Egungun se materializam, aparecendo para os descendentes e fiéis de uma forma espetacular, em meio a grandes cerimônias e festas, com vestes muito ricas e coloridas, com símbolos característicos que permitem estabelecer sua hierarquia. Os Babá Egun ou Egun Agbá (os ancestrais mais antigos) se destacam por estar cobertos com uma roupa específica do Egun — chamada de eku na Nigéria ou opá na Bahia, são enfeitadas com búzios, espelhos e contas e por um conjunto de tiras de pano bordadas e enfeitadas que é chamado Abalá, além de uma espécie de avental chamado Bantê, e por emitirem uma voz característica, gutural ou muito fina.

Os Aparaká são Egun mais jovens: não têm Abalá nem Bantê e nem uma forma definida; e são ainda mudos e sem identidade revelada, pois ainda não se sabe quem foram em vida. Acredita-se, então, que sob as tiras de pano encontra-se um ancestral conhecido ou, se ele não é reconhecível, qualquer coisa associada à morte. Neste último caso, o Egungun representa ancestrais coletivos que simbolizam conceitos morais e são os mais respeitados e temidos entre todos os Egungun, guardiães que são da ética e da disciplina moral do grupo. No símbolo "Egungun" está expresso todo o mistério da transformação de um ser deste-mundo num ser-do-além, de sua convocação e de sua presença no Aiyê (o mundo dos vivos). Esse mistério (Awô) constitui o aspecto mais importante do culto.

O criador de culto dos ancestraisSegundo a tradição, o culto de Egungun é originário da África, região de Oyò. O culto de Egungun, é exclusivo de homens, sendo Alápini o cargo mais elevado dentro do culto tendo como auxiliares os Ojés. Todo integrante do culto de Egungun é chamado de Mariwó. Xangô (Sòngó), é o fundador do culto aos Egungun, somente ele tem o poder de controlá-los, como diz um trecho de um Itan:

"Em um dia muito importante, em que os homens estavam prestando culto aos ancestrais, com Xangô a frente, as Iyami-Ajé fizeram roupas iguais as de Egungun, vestiram-na e tentaram assustar os homens que participavam do culto, todos correram mas Xangô não o fez, ficou e as enfrentou desafiando os supostos espíritos. As Iyami ficaram furiosas com Xangô e juraram vingança, em um certo momento em que Xangô estava distraido atendendo seus súditos, sua filha brincava alegremente, subiu em um pé de Obi, e foi aí que as Iyami-Ajé atacaram, derrubaram a Adubaiyni filha de Xangô que ele mais adorava. Xangô ficou desesperado, não conseguia mais governar seu reino que até então era muito próspero, foi até Orunmilà, que lhe disse que Iyami é que havia matado sua filha, Xangô quiz saber o que poderia fazer para ver sua filha só mais uma vez, e Orunmilà lhe disse para fazer oferendas ao Orixá Ikù (Oniborun), o guardião da entrada do mundo dos mortos, assim Xangô fez, seguindo a risca os preceitos de Orunmilà. Xangô conseguiu rever sua filha e pegou para sí o controle absoluto dos Egungun (ancestrais), estando agora sob domínio dos homens este culto e as vestimentas dos Egungun, e se tornando estremamente proibida a participação de mulheres neste culto, provocando a ira de Olorun, Xangô, Ikú e os próprios Egungun, este foi o preço que as mulheres tiveram que pagar pela maldade de suas ancestrais as Iyami".

BrasilCulto aos Egungun é uma das mais importantes instituições, tem por finalidade preservar e assegurar a continuidade do processo civilizatório africano no Brasil, é o culto aos ancestrais masculinos, originário de Oyo, capital do império Nagô, que foi implantado no Brasil no início do século XIX. O culto principal aos Egungun é praticado na Ilha de Itaparica no Estado da Bahia mas existem casas em outros Estados. Quanto ao aspecto físico, um terreiro de Egungun ou Egun apresenta basicamente as seguintes unidade: * um espaço público, que pode ser freqüentado por qualquer pessoa, e que se localiza numa parte do barracão de festas; * uma outra parte desse salão, onde só podem ficar e transitar os iniciadores, e para onde os Egun vêm quando são chamados, para se mostrar publicamente; * uma área aberta, situada entre o barracão e o Ilê Igbalé (ou Ilê Awô - a casa do segredo), onde também se encontra um montículo de terra preparado e consagrado, que é o assentamento de Onilé; * um espaço privado ao qual só têm acesso os iniciados da mais alta hierarquia, onde fica o Ilê Awô, com os assentamentos coletivo, e onde se guardam todos os instrumentos e paramentos rituais, como os Isan pronuncia-se (ixan), longas varas com as quais os Ojé invocam (batendo no chão) e controlam os Egungun.

OrigensEgungun veio da África junto com os Orixás trazidos pelos escravos. Era um culto muito fechado, secreto mesmo, mais que o dos Orixás por cultuarem os mortos. A primeira referência do Culto de Egun no Brasil segundo Juana Elbein dos Santos foram duas linhas escritas por Nina Rodrigues, refere-se a 1896, mas existem evidências de terreiros de Egun fundados por africanos no começo do século XIX. Os Terreiros de Egun mais famosos foram:
• Terreiro de Vera Cruz, fundado +/- 1820 por um africano chamado Tio Serafim, em Vera Cruz, Ilha de Itaparica. Ele trouxe da África o Egun de seu pai, invocado até hoje como Egun Okulelê, faleceu com mais de cem anos.
• Terreiro de Mocambo, fundado +/- 1830 por um africano chamado Marcos-o-Velho para distingui-lo do seu filho, na plantação de Mocambo, Ilha de Itaparica. Teria comprado sua carta de alforria, anos mais tarde teria voltado à África junto com seu filho Marcos Teodoro Pimentel conhecido como Tio Marcos, lá permanecendo por muitos anos aperfeiçoando seus conhecimentos litúrgicos, onde também seu filho foi iniciado. Quando voltaram trouxeram com eles o assento do Baba Olukotun, considerado o Olori Egun, o ancestre primordial da nação nagô.
• Terreiro de Encarnação, fundado +/- 1840 por um filho do Tio Serafim, chamado João-Dois- Metros por causa de sua altura, no povoado de Encarnação. Foi nesse terreiro que se invocou pela primeira vez no Brasil o Egun Baba Agboula, um dos patriarcas do povo Nagô.
• Terreiro de Tuntun, fundado +/- 1850 pelo filho de Marcos-o-Velho, chamado Tio Marcos, num velho povoado de africanos denominado Tuntun, Ilha de Itaparica. Marcos possuiu o título de Alapini, Ipekun Ojé, Sacerdote Supremo do Culto aos Egungun, na tradição histórica Nagô, o Alapini representa os terreiros de Egun ao afin, palácio real. Tio Marcos, Alapini, faleceu por volta de 1935, e com sua morte desapareceu o terreiro do Tuntun, porém a tradição do culto a Baba Olokotun continuou através de seu sobrinho Arsênio Ferreira dos Santos, que possuia o título de Alagba, este migrou para o Rio de Janeiro levando o assento de Baba Olokotun para o município de São Gonçalo. Depois do falecimento de Arsênio, os assentos dos Baba retornaram para Bahia, através do atual Alapini, Deoscoredes M. dos Santos, conhecido como Mestre Didi Axipá, presidente da Sociedade Cultural e Religiosa Ilê Axipá. Mestre Didi foi iniciado na tradição do culto
aos Egungun por Marcos e Arsênio.
• Terreiro do Corta-Braço, na Estrada das Boiadas, ponto de reunião de praticantes da capoeira, atualmente bairro da Liberdade, cujo chefe era um africano conhecido como Tio Opê. Um dos Ojé, sacerdotes do culto aos Egungun, conhecido como João Boa Fama, iniciou alguns jovens na Ilha de Itaparica, que se juntariam com os descendentes de Tio Serafim e Tio Marcos para fundarem o Ilê Agboulá, no bairro Vermelho, próximo à Ponta de Areia. Outros terreiros de Egungun foram registrados no final do século XIX, um localizado em Quitandinha do Capim, que cultuava os Egun Olu-Apelê e Olojá Orum, o de Tio Agostinho, em Matatu que se tornou ponto de concentração de vários Ojés de outras casas inclusive o Alapini Tio Marcos, o Terreiro da Preguiça, ao lado da Igreja da Conceição da Praia.
• Ilê Babá Agboulá, Localizado em Ponta de Areia, na Ilha de Itaparica, o Ilê Agboulá é, hoje, no Brasil, um dos poucos lugares dedicados exclusivamente ao culto dos Egun. Sua fundação remonta ao primeiro quarto do século XX por Eduardo Daniel de Paula, Tio Opê, Tio Serafim e Tio Marcos, mas a comunidade que lhe deu origem e que lhe mantém os fundamentos está estabelecida na Ilha, como já vimos há cerca de duzentos anos.
• Ilê Babá Olokotun, na Ilha de Itaparica * Ilê Axipá- Sociedade Cultural e Religiosa Ilê

Axipá.
Ritual
Tanto a tradição Nagô como a Jeje e a Congo-Angola cultuam os ancestrais. Para os Nagôs existem no Brasil três formas de cultuar os ancestrais, os Esa, os Egungun e as Iya-mi Agba. Os terreiros de Candomblé possuem um local apropriado de adoração do espírito de seus mortos ilustres, esse local é denominado de Ilê ibo aku, casa de adoração aos mortos, enfim todos iniciados no culto aos Orixás, os essa, que são considerados os ancestrais coletivos dos afro-brasileiros. Seu culto se refere à comunidade em geral. O que destaca o Esa é o fato dele ter-se destacado em vida por servir a comunidade e de continuar atuando em outro plano, contribuindo para o bom desenvolvimento do destino dos fiéis e da casa.

O Ilê ibo aku onde são assentados e cultuados os Esa é afastado do templo onde são cultuado os Orixás. Os sacerdotes que são iniciados especialmente para cuidar do Ilê ibo aku não são adoxu, isso é, não manifestam Orixá. Os ancestrais cultuados no Ilê ibo aku são diferentes dos cultuados no Culto aos Egungun, no primeiro são os espíritos dos falecidos da casa de Candomblé e o segundo são os ara-orun em geral e aos espíritos dos Ojé africanos ou brasileiros. Os Esa são invocados e cultuados em diversas situações, especialmente no padê, e no axexê quando é constituído o assentamento de um adoxu ou dignitário ilustre falecido. O assento de Esa se caracteriza pela representação da existência genérica, e o Egungun pela representação do espírito individualizado, o Egungun se caracteriza pela aparição no aiyê. Os Esa e os Egun são invocados no padê.

Ìyámi Agbá Os mortos do sexo feminino recebem o nome de Ìyámi Agbá (minha mãe anciã), mas não são cultuados individualmente. Sua energia como ancestral é aglutinada de forma coletiva e representada por Ìyámi Oxorongá chamada também de Ìyá NIa, a grande mãe. Esta imensa massa energética que representa o poder da ancestralidade coletiva feminina é cultuada pelas "Sociedades Gëlèdé", compostas exclusivamente por mulheres, e somente elas detêm e manipulam este perigoso poder. O medo da ira de Ìyámi nas comunidades é tão grande que, nos festivais anuais na Nigéria em louvor ao poder feminino ancestral, os homens se vestem de mulher e usam máscaras com características femininas, dançam para acalmar a ira e manter, entre outras coisas, a harmonia entre o poder masculino e o feminino.Além da Sociedade Gëlèdé, existe também na Nigéria a Sociedade Oro. Este é o nome dado ao culto coletivo dos mortos masculinos quando não individualizados. Oro é uma divindade tal qual Ìyámi Oxorongá, sendo considerado o representante geral dos antepassados masculinos e cultuado somente por homens. Tanto Ìyámi quanto Oro são manifestações de culto aos mortos. São invisíveis e representam a coletividade, mas o poder de Ìyámi é maior e, portanto, mais controlado, inclusive, pela Sociedade Oro. Outra forma, e mais importante, é culto aos ancestrais masculinos é elaborada pelas "Sociedades Egungun". Estas têm como finalidade elaborar ritos a homens que foram figuras destacadas em suas sociedades ou comunidades quando vivos, para que eles continuem presentes entre seus descendentes de forma privilegiada, mantendo na morte a sua individualidade.

Esses mortos surgem de forma visível mas camuflada, a verdadeira resposta religiosa da vida pós-morte , denominada Egun ou Egungun. Somente os mortos do sexo masculino fazem aparições, pois só os homens possuem ou mantêm a individualidade; às mulheres é negado este privilégio, assim como o de participar diretamente do culto.Esses Eguns são cultuados de forma adequada e específica por sua sociedade, em locais e templos com sacerdotes diferentes dos do culto dos Orixás. Embora todos os sistemas de sociedade que conhecemos sejam diferentes, o conjunto forma uma só religião: a iorubana. No Brasil existem duas dessas sociedades de Egungun , cujo tronco comum remonta ao tempo da escravatura : Ilê Agboulá, a mais antiga, em Ponta de Areia, e uma mais recente e ramificação da primeira, o Ilê Oyá, ambas em Itaparica, Bahia. Esses Eguns são cultuados de forma adequada e específica por sua sociedade, em locais e templos com sacerdotes diferentes dos do culto dos Orixás. Embora todos os sistemas de sociedade que conhecemos sejam diferentes, o conjunto forma uma só religião: a iorubana.
http://aulobarretti.sites.uol.com.br/Egungun.htm

Os mortos do sexo feminino recebem o nome de Ìyámi Agbá (minha mãe anciã), mas não são cultuados individualmente. Sua energia como ancestral é aglutinada de forma coletiva e representada por Ìyámi Oxorongá chamada também de Ìyá NIa, a grande mãe. Esta imensa massa energética que representa o poder da ancestralidade coletiva feminina é cultuada pelas "Sociedades Gëlèdé", compostas exclusivamente por mulheres, e somente elas detêm e manipulam este perigoso poder. O medo da ira de Ìyámi nas comunidades é tão grande que, nos festivais anuais na Nigéria em louvor ao poder feminino ancestral, os homens se vestem de mulher e usam máscaras com características femininas, dançam para acalmar a ira e manter, entre outras coisas, a harmonia entre o poder masculino e o feminino.Além da Sociedade Gëlèdé, existe também na Nigéria a Sociedade Oro. Este é o nome dado ao culto coletivo dos mortos masculinos quando não individualizados. Oro é uma divindade tal qual Ìyámi Oxorongá, sendo considerado o representante geral dos antepassados masculinos e cultuado somente por homens. Tanto Ìyámi quanto Oro são manifestações de culto aos mortos. São invisíveis e representam a coletividade, mas o poder de Ìyámi é maior e, portanto, mais controlado, inclusive, pela Sociedade Oro. Outra forma, e mais importante, é culto aos ancestrais masculinos é elaborada pelas "Sociedades Egungun". Estas têm como finalidade elaborar ritos a homens que foram figuras destacadas em suas sociedades ou comunidades quando vivos, para que eles continuem presentes entre seus descendentes de forma privilegiada, mantendo na morte a sua individualidade.

Esses mortos surgem de forma visível mas camuflada, a verdadeira resposta religiosa da vida pós-morte, denominada Egun ou Egungun. Somente os mortos do sexo masculino fazem aparições, pois só os homens possuem ou mantêm a individualidade ; às mulheres é negado este privilégio, assim como o de participar diretamente do culto.Esses Eguns são cultuados de forma adequada e específica por sua sociedade, em locais e templos com sacerdotes diferentes dos do culto dos Orixás. Embora todos os sistemas de sociedade que conhecemos sejam diferentes, o conjunto forma uma só religião: a iorubana. No Brasil existem duas dessas sociedades de Egungun , cujo tronco comum remonta ao tempo da escravatura : Ilê Agboulá, a mais antiga, em Ponta de Areia, e uma mais recente e ramificação da primeira, o Ilê Oyá, ambas em Itaparica, Bahia.

Esses Eguns são cultuados de forma adequada e específica por sua sociedade, em locais e templos com sacerdotes diferentes dos do culto dos Orixás. Embora todos os sistemas de sociedade que conhecemos sejam diferentes, o conjunto forma uma só religião: a iorubana.
http://aulobarretti.sites.uol.com.br/Egungun.htm

O salão e a festaO espaço físico do salão é dividido entre sacro e profano. O sacro é a parte onde estão os tambores e seus alabês e várias cadeiras especiais previamente preparadas e escolhidas, nas quais os Eguns, após dançarem e cantarem, descansam por alguns momentos na companhia de outros, sentados ou andando, mas sempre unidos, o maior tempo possível, com sua comunidade. Este é o objetivo principal do culto: unir os vivos com os mortos. Nesta parte sacra, mulheres não podem entrar nem tocar nas cadeiras, pois o culto é totalmente restrito aos homens.

Mas existem raras e privilegiadas mulheres que são exceção, como se fossem a própria Oyá; elas são geralmente iniciadas no culto dos Orixás e possuem simultaneamente oiê (posto e cargo hierárquico) no culto de Egun — estas posições de grande relevância causam inveja à comunidade feminina de fiéis. São estas mulheres que zelam pelo culto, fora dos mistérios, confeccionando as roupas, mantendo a ordem no salão, respondendo a todos os cânticos ou puxando alguns especiais, que somente elas têm o direito de cantar para os Babá. Antes de iniciar os rituais para Egun, elas fazem uma roda para dançar e cantar em louvor aos Orixás; após esta saudação elas permanecem sentadas junto com as outras mulheres. Elas funcionam como elo de ligação entre os atokun e os Eguns ao transmitir suas mensagens aos fiéis. Elas conhecem todos os Babá, seu jeito e suas manias, e sabem como agradá-los . Este espaço sagrado é o mundo do Egun nos momentos de encontro com seus descendentes. A assistência está separada deste mundo pelos ixan que os amuixan colocam estrategicamente no chão, fazendo assim uma divisão simbólica e ritual dos espaços, separando a "morte" da "vida". É através do ixan que se evita o contato com o Egun: ele respeita totalmente o preceito, é o instrumento que o invoca e o controla.

As vezes, os mariwo são obrigados a segurar o Egun com o ixan no seu peito, tal é a volúpia e a tendência natural de ele tentar ir ao encontro dos vivos, sendo preciso, vez ou outra, o próprio atokun ter de intervir rápida e rispidamente, pois é o Ojé que por ele zela e o invoca, pelo qual ele tem grande respeito. O espaço profano é dividido em dois lados: à esquerda ficam mulheres e crianças e à direita, os homens. Após Babá entrar no salão, ele começa a cantar seus cânticos preferidos, porque cada Egun em vida pertencia a um determinado Orixá.

Como diz a religião, toda pessoa tem seu próprio Orixá e esta característica é mantida pelo Egun. Por exemplo: se alguém em vida pertencia a Xangô, quando morto e vindo como Egun, ele terá em suas vestes as características de Xangô, puxando pelas cores vermelha e branca. Portará um oxê (machado de lâmina dupla), que é sua insígnia; pedirá aos alabês que toquem o alujá, que também é o ritmo preferido de Xangô, e dançará ao som dos tambores e das palmas entusiastas e excitantemente marcadas pelos oiê femininos, que também responderão aos cânticos e exigirão a mesma animação das outras pessoas ali presentes. Babá também dançará e cantará suas próprias músicas, após ter louvado a todos e ser bastante reverenciado. Ele conversará com os fiéis, falará em um possível iorubá arcaico e seu atokun funcionara como tradutor. Babá-Egun começará perguntando pelos seus fiéis mais freqüentes, principalmente pelos oiê femininos; depois, pelos outros e finalmente será apresentado às pessoas que ali chegaram pela primeira vez. Babá estará orientando, abençoando e punindo, se necessário, fazendo o papel de um verdadeiro pai, presente entre seus descendentes para aconselhá-los e protegê-los, mantendo assim a moral e a disciplina comum às suas comunidades, funcionando como verdadeiro mediador dos costumes e das tradições religiosas e laicas.
Finalizando a conversa com os fiéis e já tendo visto seus filhos, Babá-Egun parte, a festa termina e a porta principal é aberta: o dia já amanheceu. Babá partiu, mas continuará protegendo e abençoando os que foram vê-lo. Esta é uma breve descrição de Egungun, de uma festa e de sua sociedade, não detalhada, mas o suficiente para um primeiro e simples contato com este importante lado da religião. E também para se compreender a morte e a vida através das ancestralidade cultuadas nessas comunidades de Itaparica, como um reflexo da sobrevivência direta, cultural e religiosa dos iorubanos da Nigéria.

Todos os aspectos do ser, não morrem junto com ele voltam as suas origens, isto é, ao orun, pois pertencem a olorun e só ele pode liberá-las. Estas forças divinas, animaram os antepassados, os ancestrais, as raízes mães do asé orisá, ao partirem do aiyê e voltam ao aiyê para animar seus descendentes e discípulos. A ancestralidade confirma a imortalidade, pois a vida continua no orun como ancestrais.do orun a ancestralidade a tudo assiste.no culto de orisá, ancestrais significa:"aqueles que um dia tiveram a energia de vida no aiyê e que cuja energia de vida é repassada as novas gerações, garantindo a continuidade da vida e do culto aos deuses africanos".

"Como conclusão a vida presente depende da vida passada de nossos ancestrais"Através do culto aos ancestrais, os Egun ou Egungum é possível reconstruir origens, etnias, memória.

Essa memória, enraizada na multiplicidade da herança negro-africana, expande com força total, um ethos que passando a diversidade de suas expressões manifestas - Nagô, Jeje, Angola, Cango, etc. - permite revelar estruturas, valores, normas, denominadores comuns onde a questão da ancestralidade mítica e histórica, marca a existência de uma forte comunalidade. É na memória e no culto aos antepassados que essa comunalidade se afirma. Egungun ou Egun, espírito ancestral de pessoa importante, homenageado no Culto aos Egungun, esse culto é feito em casas separadas das casas de Orixá. No Brasil o culto principal à Egungun é praticado na Ilha de Itaparíca no Estado da Bahia mas existem casas em outros Estados.

Os yorubás, então, cultuam os espíritos dos "mais velhos" de diversas formas, de acordo com a hierarquia que tiveram dentro da comunidade e com a sua atuação em prol da preservação e da transmissão dos valores culturais. E só os espíritos especialmente preparados para serem invocados e materializados é que recebem o nome Egun, Egungun, Babá Egun ou simplesmente Babá (pai), sendo objeto desse culto todo especial. Porque o objetivo principal do cultos dos Egun é tornar visível os espíritos dos ancestrais, agindo como uma ponte, um veículo, um elo entre os vivos e seus antepassados. E ao mesmo tempo que mantém a continuidade entre a vida e a morte, o culto mantém estrito controle das relações entre os vivos e mortos, estabelecendo uma distinção bem clara entre os dois mundos: o dos vivos e o dos mortos (os dois níveis da existência)

Os Egungun se materializam, aparecendo para os descendentes e fiéis de uma forma espetacular, em meio a grandes cerimônias e festas, com vestes muito ricas e coloridas, com símbolos característicos que permitem estabelecer sua hierarquia. Os Babá-Egun ou Egun-Agbá (os ancestrais mais antigos) se destacam por estar cobertos de búzios, espelhos e contas e por um conjunto de tiras de pano bordadas e enfeitadas que é chamado Abalá, além de uma espécie de avental chamado Bantê, e por emitirem uma voz característica, gutural ou muito fina. Os Aparaká são Egun mais jovens: não têm Abalá nem Bantê e nem uma forma definida; e são ainda mudos e sem identidade revelada, pois ainda não se sabe quem foram em vida. Acredita-se, então, que sob as tiras de pano encontra-se um ancestral conhecido ou, se ele não é reconhecível, qualquer coisa associada à morte.

Neste último caso, o Egungun representa ancestrais coletivos que simbolizam conceitos morais e são os mais respeitados e temidos entre todos os Egungun, guardiães que são da ética e da disciplina moral do grupo. No símbolo "Egungun" está expresso todo o mistério da transformação de um ser deste-mundo num ser-do-além, de sua convocação e de sua presença no Aiyê (o mundo dos vivos). Esse mistério (Awô) constitui o aspecto mais importante do culto.

O Egun é a morte que volta à terra em forma espiritual e visível aos olhos dos vivos. Ele "nasce" através de ritos que sua comunidade elabora e pelas mãos dos ojé (sacerdotes) munidos de um instrumento invocatório, um bastão chamado ixan, que, quando tocado na terra por três vezes e acompanhado de palavras e gestos rituais, faz com que a "morte se torne vida", e o Egungun ancestral individualizado está de novo "vivo".

A aparição dos Eguns é cercada de total mistério, diferente do culto aos Orixás, em que o transe acontece durante as cerimônias públicas, perante olhares profanos, fiéis e iniciados. O Egungun simplesmente surge no salão, causando impacto visual e usando a surpresa como rito. Apresenta-se com uma forma corporal humana totalmente recoberta por uma roupa de tiras multicoloridas, que caem da parte superior da cabeça formando uma grande massa de panos, da qual não se vê nenhum vestígio do que é ou de quem está sob a roupa. Fala com uma voz gutural inumana, rouca, ou às vezes aguda, metálica e estridente — característica de Egun, chamada de séégí ou sé, e que está relacionada com a voz do macaco marrom, chamado ijimerê na Nigéria.

Fontes:

https://aulobarretti.wordpress.com/a-revista/o-culto-dos-eguns-no-candomble/
http://arrundegy.blogspot.com.br/

Pesquisa e organização de texto:
Luiz Marins / Grupo Orixas
http://grupoorixas.wordpress.com

terça-feira, 15 de agosto de 2017

O CULTO AOS MORTOS NO BATUQUE NÃO É (E NÃO PRECISA SER) UM CULTO DE EGÚNGÚN.

Erick Wolff de Oxalá
Agosto de 2017

Atualizado em:
Setembro de 2024


“De modo algum o ilé-ibo-akú (ibokú)*, a casa do culto aos mortos do lésè òrìsà (casa de orixá), deve ser confundida com o lèsànyìn, a casa do culto de egúngún dos lésè egúngún (terreiro de eégún).
No ibokú são cultuados os espíritos dos iniciados, sacerdotes (tisas) iniciados no culto dos òrìsà.
No lésànyin são cultuados os ará-òrun em geral, e os espíritos daqueles que foram iniciados no mistério dos egúngún.

Òtò ni Eégun, òtò ni Òrìsà

Esta frase, repetida pelos Baba-Eégún em várias ocasiões, significa que os Eégún são totalmente diferentes dos Òrìsà."



Juana Elbein dos Santos & Deoscóredes M. dos Santos,
“O Culto dos Ancestrais da Bahia, o culto dos eégún”,
Tradução de Carlos Eugênio Marcondes de Moura

In: Olóòrìsà, escritos sobre a religião dos orixás,
 (Org.) Carlos Eugênio Marcondes de Moura,
Ed. Ágora, 1981, p. 171.


No texto de chamada deste pequeno artigo, Juana Elbein e seu esposo, Mestre Didi, esclarecem que existe uma diferença entre o ibo, local de culto aos mortos da tradição do terreiro de orixá, e o lèsànyìn, local de culto de baba egun.

Em ioruba, osso se escreve egungun, e o espírito cultuado através deste osso chama-se egúngún (nome).

O culto de baba eégún no ilèsànyin, do terreiro de egúngún nada tem a ver com o culto dos ancestrais religiosos no balé (ibóku) de uma casa de orixá. O que se faz no balé (ibóku) do Batuque não tem nada a ver com o que se faz no lèsànyìn do culto de baba egun.

Queremos destacar esta frase na imagem recortada:

"..os Eégún são totalmente diferentes dos Òrìsà.."

No Batuque do RS, no balé (ibo) se cultua os espíritos dos mortos, babalorixás e ialorixás fundadores (as) das tradições do batuque, e ancestrais das famílias religiosas, mas não existe no Batuque o osso deste ancestral ali presente, naquele chão.

Tem-se notícia que alguns sacerdotes (?) tem o costume de pegar ossos em cemitérios para montar um balé, mas isto, além de estar completamente errado, ainda é crime previsto em lei. Tal prática nada tem a ver com o culto tradicional do ancestral no Batuque e deve ser completamente abolida.

No Batuque, o culto é feito à memória dos nossos ancestrais religiosos, mas os ossos destes ancestrais não estão enterrados ali, por isso, não precisamos de ojé, por que não estamos fazendo culto de baba egun. O local de adoração aos mortos, no batuque, pode ser feito num buraco no mato, ou caso tenha espaço, no pátio do templo; podem destinar um pequeno local para adoração, que o Batuque chama de balé (ibokú), local de culto aos mortos.

Quando cultuamos a memória do morto, nossos ancestrais, criamos um elo entre a comunidade e os mortos através do balé (iboku); desta forma, os descendentes que possuem casa aberta e todos os axés, podem ter um balé (ibóku) em seus templos tão logo seja possível, para que os ancestrais possam abençoar, proteger e orientar aquela comunidade.

Todos os lados do batuque (Jeje, Ijesa, Kambina e Oyo) possuem rituais e fundamentos de egun, no entanto, Kambina é a que mais e destaca pela sua peculiar familiaridade com Xangô Kamuka e os rituais dos mortos da comunidade.

Assim, os rituais fúnebres do Batuque do RS são ministrados pelos babalorixas e iyalorixas, prontos de todos os axés, e inclusive, possuem fundamentos e segredos dos rituais fúnebres, para atuarem dentro do balé (ibóku) da casa de orixá. Não é necessário a presença de um ojé, pois este rito fúnebre do Batuque nada tem a ver com o que se pratica no lèsànyìn (léssanin) do culto de baba egun, pois nos terreiros de Orixá, como o culto é para memória dos mortos, não precisa do osso; bastam-se os paramentos ou utensílios que o representem. Por isso, repetimos, ojé é desnecessário. Um sacerdote que faleceu, não se torna Baba Egun simplesmente pelo fato do seu cargo de Baba, sendo um equivoco afirmar que o  Baba falecido no Batuque é um Baba Egun.

O nome do ritual fúnebre do batuque chama-se orissun ou, arissun ou, sirrum. Assim que o individuo falece, iniciam os rituais com corpo presente. Prepara-se a pessoa, o caixão, fazem rituais sobre ele, inclusive dançam em volta e depois levam este caixão embalando ao som de cantigas fúnebres. Após isso, os rituais levam sete dias, no ultimo despacha todo o carrego, e guarda o luto que poderá chegar a um ano.

Aos sacerdotes que possuem balé (ibóku), anualmente costumam fazer uma festa para os mortos, com muita comida e rituais. Antigamente os mais velhos chamavam de missa de Egun. 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como informamos acima, o culto aos ancestrais iniciadores do Batuque do RS são de exclusividade dos sacerdotes de orixá, e o culto da memória do falecido não necessita do osso, e não faz nenhum sentido pegar ossos em cemitérios de cadáveres desconhecidos, para cultuar como ancestral.

Assim os sacerdotes do Batuque que sabem como praticar seus rituais aos mortos desta comunidade, não necessitam de um ojé, sacerdote de outra religião, que é o culto de baba egun, e nem cometerem o crime de buscarem ossos em cemitérios.

Para finalizar, tenham em mente que cultuar um ancestral religioso no balé (ibóku) de uma casa de orixá, não tem nenhuma relação com o culto de baba egun no terreiro de egúngún. Misturar os dois cultos é se perder pelo caminho. 

____________________
* Diferente do que a autora informa "ilé-ibo-akú (ibokú)", os mortos em Ioruba é Òkú, por motivos de não podermos modificar a referencia, foi mantido o texto.

segunda-feira, 10 de maio de 2021

DIFERENÇAS DOS RITUAIS FUNEBRES PARA OS MORTOS DO BATUQUE

Por Erick Wolff de Oxalá

Sacerdote de orixá desde 1989, na tradição do Batuque do Rio Grande do Sul

26/04/2021

Respeitando o direito de cada um e a liberdade de culto, este ensaio tem por finalidade esclarecer alguns conceitos sobre o Arissun e o Egun, e rituais de origem Ioruba, na tradição do Ilê Axé Nagô Kóbi, tradição Batuque do Rio Grande do Sul. 

A palavra Ibo é uma introdução recente que expressa adequadamente o que praticamos. Não há registro de que os mais velhos a utilizavam, usualmente utiliza-se a palavra Balé. Nesta imagem poderemos ver a tradução:


O templo possui um local reservado para o culto aos ancestrais, onde se fazem sacrifícios e oferendas para os mortos.

No Ibóku ficam os assentamentos de Egun, onde veneramos a memória dos nossos ancestrais.

Filhos e netos são descendentes, não são ancestrais, por isso, não se abre Ibóku com filhos nem netos.

No Ibóku ou no Balé não se cultua orixá, pois orixá não é, nem vira Egun.

Não há culto de Egungun ou Baba Egun, no Batuque do Rio Grande do Sul. Não é possível dizer que um Babalorixá quando morre virará Baba Egun, simplesmente baseando-se no cargo dele.

Homens e mulheres são cultuados no Ibóku do Batuque do Rio Grande do Sul. 

Os iniciados terão seus rituais fúnebres garantidos, que poderão variar conforme a sua graduação.  Todo e qualquer iniciado no Batuque, tem o direito de um ritual fúnebre, no entanto, nem todos terão um arissun completo, pois dependerá da sua graduação e iniciação.  

Antes de rituais de Bori, iniciações ou eventos religiosos, são feitas oferendas ou sacrifícios no Ibókuconforme a orientação do orixá da casa através do jogo de búzios. 

Os rituais fúnebres variam, podendo durar 12Hrs, 24Hrs, 3 dias, 7 dias, 32 dias, 3 meses, 6 meses, ou, chega a um ano, conforme os ritos ou cerimonias exigidas, sendo que cada caso é um tempo de preceito.


Considerações finais:

Ibóku é diferente de balé. 

Não se cultuam Egungun, nem Baba Egun. 

O cargo do Babalorixá não o torna um Baba Egun. 

Orixá não vira Egun.

Homens e mulheres são cultuados no Ibóku.


Ilê Axé Nagô Kóbi

ILÊ AXÉ NAGÔ KÓBI | Fundado em 1989 (wordpress.com)


segunda-feira, 17 de maio de 2021

PRECEITOS DE EGUN NUMA CASA DE ORIXÁ

Por Erick Wolff de Oxalá


Sacerdote de orixá desde 1989, na tradição do Batuque do Rio Grande do Sul

17/05/2021

Respeitando o direito de cada um e a liberdade de culto, este ensaio tem por finalidade esclarecer alguns conceitos sobre o culto de Egun e o ritual de Orixá ou Ori, nos rituais do Ilê Axé Nagô Kóbi, tradição Batuque do Rio Grande do Sul. 

No dia 10 de maio, publicamos um ensaio esclarecendo alguns pontos sobre o que seria Iboku, Balé e os rituais dos mortos (O link está disponível no final da  página). No entanto, sabemos que na tradição da Kanbina, antes de rituais de Orixá é costume dar de comer aos ancestrais, para poderem nos orientar e apaziguar os nossos mortos, entre eles louvamos o nosso Olùpilèsè (fundador).

Conforme pontuamos acima, antes de obrigações que envolvam orixá, ou ori, deve alimentar os mortos, o que pode levar um ou três dias, pois é inviável manter a casa em preceito de Egun por 32 dias, sendo que no ano temos apenas 12 meses, o que diminuiria para seis meses livres para rituais e obrigações de Orixá ou Ori, sendo assim impossibilitaria até mesmo da prática de serviços ou jogo de búzios durante estes 32 dias de rituais de Egun. Lembrando que algumas casas ainda possuem rituais de Umbanda ou Exu que necessitariam de ficar em preceito, devendo esperar o termino dos rituais de Egun. 

Outro fator que devemos considerar é sobre o kamuka o rei da Kanbina, que em caso de morte de algum individuo da família religiosa, e, caso o Kamuka esteja comendo, não perderá a obrigação, mas terá restrições, como silenciar o tambor, e finalizar as obrigações, para assim que possível darem o início aos rituais do morto (egun), desta forma sendo a única a não perder as obrigações arriadas. 

O que não fica claro, como é que alimentam o Kamuka durante a obrigação para que não se perca o que está sendo feito, caso não possua a segurança do meio do salão, ou, não tem ele sento.

A segurança do Kamuka que fica no meio do salão, não existe nenhum corte especial ou oferenda em cima que se possa afirmar que esteja comendo, para poder segurar a casa enquanto estiver em rituais.


Considerações finais

Antes das obrigações de orixá ou ori, alimentam os mortos, em rituais de alguns dias.

Fica totalmente inviável manter o terreiro 32 dias em preceito de Egun, antes de qualquer obrigação, pois as suas atividades ficariam limitadas, considerando que o ano possui apenas 12 meses. 

Para que Kamuka segure a obrigação, ele deve estar comendo. 

Referencias 

DIFERENÇAS DOS RITUAIS FUNEBRES PARA OS MORTOS DO BATUQUE


sexta-feira, 19 de novembro de 2021

ORIXÁ ANCESTRAL: POR DENIS DE ODÉ

Texto por Erick Wolff de Oxalá 

Publicado em 19/11/2021 ás 9:30, revisado e aumentado em 22/11/2021 às 15:26


Devido aos últimos debates na internet, sobre orixá não virar egun, o professor Denis prestou esclarecimentos sobre o tema.


ORIXÁ NÃO VIRA EGUN

Neste vídeo o professor Denis declara que orixá não vira Egun, mas que ele passa a ser cultuado como um orixá ancestral, e não como um egun ancestral. Veja o vídeo:




Também são importantes os comentários no canal do Professor Denis, aos quais printamos e colocamos abaixo, onde ele esclarece que 
o Okuta não tem mais finalidade. 


Figura 2 

A seguir o professor completa, sobre o okuta não possuir finalidade alguma após o desligamento.

Figura 3

Nesta fala o professor Denis, esclarece Orixá do culto de Egun são distintos:

Figura 4



Fonte da imagem - https://www.facebook.com/ode.keto

Considerações finais

Segundo o professor Denis, Orixá não viraria um Egun, pois ele se tornaria um orixá ancestral do morto.

Ainda, segundo o professor Denis,  Okuta não teria mais finalidade alguma após o desligamento, desta forma, entendemos que seria inútil qualquer tentativa de utiliza-lo em rituais ligados ao morto. 

E finalmente o professor Denis, esclarece que se canta para Orixá e Egun em rituais fúnebres.

Fonte - https://www.youtube.com/watch?v=bnNzUwIahj8 

domingo, 20 de junho de 2021

XANGÔ NÃO TEME EGUN

Por Erick Wolff de Oxalá

Sacerdote de orixá desde 1989, na tradição do Batuque do Rio Grande do Sul.

19/06/2021


Respeitando o direito e a liberdade de culto de cada um, este ensaio tem por finalidade esclarecer que Xangô não teme Egun, e a similaridade dos rituais na tradição Batuque do Rio Grande do Sul.

No portão de entrada do palácio do Alaafin em Oyo, Nigéria, há uma imagem imagem de Xangô e Egun lado-a-lado. 

Contatamos o povo de Xangô no palácio do Alaafin e perguntamos se Xangô teme ou já temeu Egun.

A Dra. Paula Gomes, Assessora Cultural do Alaafin Oyo, nos informou que Xangô não teme Egun, e que não existe este conceito no culto de Xangô na religião tradicional Ioruba, completando com a seguinte fala:


"..o povo de sango não pode carregar Egungun devido ao idosu, não tem nada haver com medo.."

 



Informamos à Paula Gomes que, na tradição do Batuque, Xangô não teve ou tem medo de Egun. 


Em resposta a Dra. Paula informou que na tradição do povo de Xangô em Oyo ..."é igual ao Batuque..".


Assim sendo, consideramos finalmente que alguns batuqueiros desinformados estão veiculando na internet a informação equivocada que Xangô temeria Eegun ... Isto não é verdade na religião tradicional Ioruba.



sábado, 13 de maio de 2023

FILHOS DE SANTO NÃO SÃO ANCESTRAIS

Coletamos esta postagem do perfil da Ialorixá Mary Faleiro, para registro e documentação dos costumes e tradições do batuque do RS. 

Conforme a tradição da Ialorixá, relata os costumes da família sobre o assentamento de igbale, vejamos a seguir:



"Filhos de santo, não são ancestrais, não se abre Balé com filhos, repete comigo.. Não se abre Balé com filhos. Não confunda Balé com feitura de egun.


No conteúdo da postagem houveram alguns comentários que transcrevemos, a seguir:

Fernanda Barbará Filha De Xapanã Sapatá

Bom diaaaaaaa Mãe .. meu balé meu ancestral é da perca de uma filha é meu fundamento que foi me passado .. e pra mim e pros meus tá dando muito certo se é que entendi a sua postagem .... Resolvi comentar pois se for tenho esse axé ... Meu balé e de filho meu ancestral e Filha minha


Mary Faleiro

Fernanda Barbará Filha De Xapanã Sapatá bom dia, o seu ancestral é seu pai falecido, os filhos são feituras de egun, Balé quem tem são aqueles que tem pai ou mãe de santo falecidos, com todo respeito yá não se trata disso, mas de um todo que não está dando mais, pra aguentar, a diferença está em cultura egun e servir o seu ancestral, ancestral jamais ficará preso ao buraco de egun, esse é um tema extenso, lhe explico no PV, o que quero dizer, a questão egun é muito restrito e perigoso pra quem não entende as diferenças.


Fernanda Barbará Filha De Xapanã Sapatá

Mary Faleiro ótimo mãe se eu entendi errado ... Eu vejo tanta coisa as pessoas segue seu legado e seu pirão pra muito o certo nem se dá por certo pois vejo vida em circulo sem evolução nenhuma e vejo muitas vezes o inverso do certo caminhado dia a dia. Desculpa me manifestar e não me leve a mau de verdade so que vejo tanta coisa mãe não pode mostra egum e isso egum e perigoso egum e assustador. Que a minha marta rocha e colo de leite e 03 palmas da tão certo que lhe digo em regras e fundamento que devem existir o que tu faz muitas vezes sem saber e de coração da muito certo .


Mary Faleiro

Fernanda Barbará Filha De Xapanã Sapatá mãe a palavra ancestralidade fala por si só, falo sobre a diferença de uma feitura para outra. Com certeza seu ancestral é o pai Testa. Egun é universal


Fernanda Barbará Filha De Xapanã Sapatá

Mary Faleiro protetor.. Pai Jorge Ogum Onira Jare só eu sei mãe .. Pai criador e até os dias de hoje minha maior de defesa só não chama ele de testa pois ele odiava de verdade ... Um grande pai e sera até os final da minha vida barum sapata me deu destino .


Mary Faleiro

Fernanda Barbará Filha De Xapanã Sapatá não se ofenda, porque não é pejorativo jamais, muitos o chamavam assim, a grande maioria e por carinho, foi um pai de santo que merece todo o respeito, ancestral é exatamente isso, protetor.  


Imagens comprobatórias  





TIKTOK ERICK WOLFF

https://www.tiktok.com/@erickwolff8?is_from_webapp=1&sender_device=pc