sexta-feira, 20 de junho de 2008

Ògún

Ògún (em português: Ogum) é, na mitologia Yorùbá, o Òrìṣà ferreiro, senhor dos metais. O próprio Ògún forjava suas ferramentas, tanto para a caça, como para a agricultura, e para a guerra. Na África seu culto é restrito aos homens, e existiam templos em Ondo, Ekiti e Oyó. Era o filho mais velho de Odùduwà, o fundador de Ifé, identificado no jogo do merindilogun pelos Odù EtaOgundá, Odí e Ogundá.

É também chamado por Ògún, Ogoun, Gu, Ogou, Ogun e Oggún. Sua primeira aparição na mitologia foi como um caçador chamado Tobe Ode. É considerado o Òrìṣà ferreiro, Senhor dos metais, responsável por forjar suas próprias ferramentas, tanto para a caça como para a agricultura e para a guerra. Na África seu culto é restrito aos homens, existiam templos os estados de
Ondo, Ekiti e Oyo.

É filho de Odùduwà e Yembo, irmão de Ṣangô, Òṣòssi, Òsun e Eleggua. Ògún é o filho mais velho de Odùduwà, o herói civilizador que fundou a cidade de Ifé. Quando Odudua esteve temporariamente cego, Ògún tornou-se seu regente em Ifé.

Ògún é um Òrìṣà importantíssimo na África e no Brasil. Sua origem, de acordo com a história, data de eras remotas. Ògún é o último imolé.

Os Igba-Imolé eram os duzentos deuses da direita que foram destruídos por Olodumaré após terem agido mal. A Ògún, o único Igba Imolé que restou, coube conduzir os Irun Imole, os outros quatrocentos deuses da esquerda.

Foi Ògún quem ensinou aos homens como forjar o ferro e o aço. Ele tem um molho de sete instrumentos de ferro: alavanca, machado, pá, enxada, picareta, espada e faca, com as quais ajuda o homem a vencer a natureza.

O guerreiro

Era um guerreiro que brigava sem cessar contra os reinos vizinhos. Dessas expedições, ele trazia sempre um rico espólio e numerosos escravos. Guerreou contra a cidade de Ará e a destruiu. Saqueou e devastou muitos outros estados e apossou-se da cidade de Irê, matou o rei, aí instalou seu próprio filho no trono e regressou glorioso, usando ele mesmo o título de Oníìré, "Rei de Irê". Tem semelhança com o vodum Gu.

Ògún era o filho predileto de Odùduwà; essa preferência devia-se à sua abnegação, pois, quando estava construindo o mundo, esparramando terra com sua espada de cristal para formar os continentes, a mesma partiu-se; mas ele não desanimou e voltou para continuar o trabalho com sua espada de ferro. Essa afinidade fica evidente quando Odùduwà vem ao mundo e é amparado e escoltado por Ògún nas festas grandes nos terreiros. A primeira cidade que Ògún construiu foi Irê, deixando seu filho na chefia do governo, em seguida partiu para fundar ou conquistar outras cidades. Muito tempo depois, ele retornou, mas teve a impressão de que ninguém o reconheceu e ficou colérico. Naquele dia, por fatal coincidência, acontecia uma cerimônia onde não era permitido falar, o que teria causado a Ogum a Impressão de que o estavam desprezando. Outra lenda afirma que ele não teria reconhecido a cidade que fundara, tratando a população como inimiga. Enfurecido Ògún foi dizimando a todos. Mais, tarde, quando seu filho pôde falar com ele, então percebeu o erro, mas já era tarde demais. O guerreiro ficou tão arrependido que preferiu morrer. Assim, ele baixou sua espada em direção ao chão e, da mesma maneira que a utilizara para destruir seus inimigos, com um gesto violento abriu um grande buraco no chão e afundou terra adentro. Esta emoção, somada à força do guerreiro, transformou Ògún num Orixá. Ògún é o Òrìṣà guerreiro da Nação Nàgó, defende as leis e a ordem, representa todas as batalhas da vida humana, na luta pelo dia-a-dia, está presente em tudo aquilo em que é preciso lutar para se alcançar a vitória.

Com Ògún os homens aprenderam a manufaturar o ferro e o aço, a Ògún pertence o "obé" - a faca utilizada para os sacrifícios

Alguns Oriṣás que pesquisamos:

Ògún Avagã ou Ògún Olóde = Ligado ao Bara seu assentamento fica do lado de fora do templo, geralmente na frente da casa, é o Ògún  caçador. Uma divindade solitária.

Ògún Meje
= É o mais velho de todos os Ògún, geralmente recebe oferendas em campos como lado de fora de cemitérios ou encruzilhadas.

Ôgúnjá = é um Ògún, como indica seu nome, particularmente combativo.

Ògún Ajàká = É o “Ògún guerreiro”, o sanguinário.


Ògún Lebede
(Alagbede) = É o Ògún ferreiro.


Ògún Oniré ou Onira
= É o título do filho do Ògún que reinou sobre Iré, o dono de Iré, primeiro filho de Odúduwà.

Ògún Adjiolaiá = Ògún que faz juntó com òṣún e algumas vezes com Yemonjá
.

Saudação: Ogunhê
Dia da Semana:
Segunda-feira para Ògún Avagà, Quinta-feira para os demais.
Número:
07 e seus múltiplos

Cor: Azul escuro, podendo acompanhar vermelho ou amarelo dependendo do Ògún, sendo Vermelho x Verde para Avagà.


Guia:
Vermelho e Verde escuro para Ògún Avagà, azul marinho para os demais, ou azul marinho com vermelho para Ògún Onira, azul marinho com azul claro ou amarelo para Ògún Adjiolaiá..

Oferenda:
Costela bovina frita e farofa de farinha de mandioca, dependendo do Ògún a costela pode ser frita no Epo Pupa, algumas famílias oferecem a feijoada, mas preferimos a carne que representa a caça.

Ferramentas: Alicate, espada, faca, bigorna, búzios, moedas, martelo, tenaz, lança, ferradura, entre outros


Ave:
Galo prateado (penas pretas e brancas)

Quatro pé:
Cabrito malhado

Sete folhas mais utilizada para Ogum: Iji opé, Ida orixá, Atoribé, Okiká, Ojusaju, Peregun, Ewurô


Ògún mata seus súditos e é transformado em Òrìsà
Ògún, filho de Oduduwá , sempre guerreava, trazendo o fruto da vitória para o reino de seu pai. Amante da liberdade das aventuras amorosas foi com uma mulher chamada Ojá que Ògún teve seu filho Òṣòssi. Depois amou Oyá, Ọ̀ṣún e Obá, as três mulheres de seu rival, Ṣàngó. Ògún seguiu lutando e tomou para si a coroa de Irê, que na época era composto de sete aldeias. Era conhecido como o Onirê, o rei de Irê, deixando depois o trono para seu próprio filho.
Ògún era rei de Irê, Oni Ire, Ògún Onirê. Ògún usava a coroa sem franjas chamada acorô. Por isso também era chamado de Ògún Alacorô. Conta-se que, tendo partido para a guerra, Ògún retornou a Ire depois de muito tempo. Chegou num dia em que se realizava um ritual sagrado. A cerimônia exigia a guarda do silêncio total. Ninguém podia falar com ninguém. Ninguém podia dirigir o olhar para ninguém.
Ògún sentia sede e fome, mas ninguém o atendia. Ninguém o ouvia ninguém falava com ele. Ògún pensou que não havia sido reconhecido. Ògún sentiu-se desprezado. Depois de ter vencido a guerra, sua cidade não o recebia. Ele, o rei de Ire! Não reconhecido por sua própria gente! Humilhado e enfurecido, Ògún, com sua espada em punho, pôs a destruir tudo e a todos. Cortou a cabeça de seus súditos. Ògún lavou-se com sangue. Ògún estava vingado. Então a cerimônia religiosa terminou e com ela a imposição de silêncio foi suspensa.
Imediatamente o filho de Ògún, acompanhado por um grupo de súditos, ilustres homens salvos da matança, veio à procura do pai. Eles renderam as homenagens devidas ao rei e ao grande guerreiro Ògún. Saciaram sua fome e sua sede. Vestiram Ògún com roupas novas, cantaram e dançaram para ele. Mas Ògún estava inconsolável. Havia matado os habitantes de sua cidade. Não se dera conta das regras de uma cerimônia tão importante para todo o reino. Ògún sentia que já não podia ser o rei. E Ògún estava arrependido de sua intolerância, envergonhado por tamanha precipitação. Ògún fustigou-se dia e noite em autopunição.
Não tinha medida o seu tormento, nem havia possibilidade de auto compaixão. Ògún então enfiou sua espada no chão e num átimo de segundo a terra se abriu e ele foi tragado solo abaixo. Ògún estava no Ọ̀run, o céu dos deuses. Não era mais humano. Tornara-se um Òrìsà.

Ògún cria a forja
Ògún e seus amigos Alaká e Ajero foram consultar Ifá, queriam saber uma forma de se tornarem reis de suas aldeias, após a consulta foram instruídos a fazer Ẹb, e a Ògún foi pedido um cachorro como oferenda.

Tempos depois, os amigos de Ògún tornaram-se reis de suas aldeias, mas a situação de Ògún permanecia a mesma. Preocupado, Ògún foi novamente consultar Ifá, e o adivinho recomendou que refizesse o Ẹb
, ele deveria sacrificar um cão sobre sua cabeça e espalhar o sangue sobre seu corpo, a carne deveria ser cozida e consumida por todo seu Egbé, depois, deveria esperar a próxima chuva e procurar um local onde houvesse ocorrido uma erosão, ali devia apanhar da areia negra e fina e colocá-la no fogo para queimar.

Ansioso pelo sucesso, Ògún fez o Ẹbọ enquanto isso acontecia, Èṣù, travesso que era, e para sua surpresa, ao queimar aquela areia, ela se transformou na quente massa que se solidificou em ferro, o ferro era a mais dura substância que ele conhecia, mas era maleável enquanto estava quente. Ògún passou a modelar a massa quente, Ògún forjou primeiro uma tenaz, um alicate para retirar o ferro quente do fogo, e assim era mais fácil manejar a pasta incandescente.

Ògún então forjou uma faca e um facão, satisfeito, Ògún passou a produzir toda espécie de objetos de ferro, assim como passou a ensinar seu manuseio, veio fartura e abundância para todos.

Dali em diante Ògún Alagbedé, o ferreiro, mudou, muito prosperou e passou a ser saudado como Aquele que Transforma a Terra em Dinheiro.

Ògún
dá aos homens o segredo do ferro
Na Terra criada por Obàtálá, em Ifé, os Òrìsàs e os seres humanos trabalhavam e viviam em igualdade. Todos caçavam e plantavam usando frágeis instrumentos feitos de madeira, pedra ou metal mole, por isso o trabalho exigia grande esforço.

Com o aumento da população de Ifé, a comida andava escassa, era necessário plantar uma área maior. Os Òrìsà então se reuniram para decidir como fariam para remover as árvores do terreno e aumentar a área da lavoura.

Òsanyìn, o Òrìsà da medicina, dispôs-se a ir primeiro e limpar o terreno, mas seu facão era de metal mole e ele não foi bem sucedido. Do mesmo modo que Òsanyìn, todos os outros Òrìsàs tentaram um por um e fracassaram na tarefa de limpar o terreno para o plantio.

Ògún, que conhecia o segredo do ferro, não tinha dito nada até então, quando todos os outros Òrìsàs tinham fracassado, Ògún pegou seu facão, de ferro, foi até a mata e limpou o terreno. Os Òrìsà, admirados, perguntaram a Ògún de que material era feito tão resistente facão, Ògún respondeu que era de ferro, um segredo recebido de Orumiláia.

Os Òrìsàs invejavam Ògún pelos benefícios que o ferro trazia, não só à agricultura, mas como à caça e até mesmo à guerra. Por muito tempo os Òrìsàs importunaram Ògún para saber do segredo do ferro, mas ele mantinha o segredo só para si.

Os Òrìsàs decidiram então oferecer-lhe o reinado em troca de que ele lhes ensinasse tudo sobre aquele metal tão resistente, Ògún aceitou a proposta. Os humanos também vieram a Ògún pedir-lhe o conhecimento do ferro, e Ògún lhes deu o conhecimento da forja, até o dia em que todo caçador e todo guerreiro tiveram suas lanças de ferro.

Mas, apesar de Ògún ter aceitado o comando dos Òrìsàs, antes de mais nada ele era um caçador, certa ocasião, saiu para caçar e passou muitos dias fora numa difícil temporada, quando voltou da mata, estava sujo e maltrapilho. Os Òrìsàs não gostaram de ver seu líder naquele estado, eles o desprezaram e decidiram destituí-lo do reinado.
Ògún se decepcionou com os Òrìsàs, pois, quando precisaram dele para o segredo da forja, eles o fizeram rei e agora dizem que não era digno de governá-los, então Ògún banhou-se, vestiu-se com folhas de palmeira desfiadas, pegou suas armas e partiu, num lugar distante chamado Irê, construiu uma casa embaixo da árvore de acocô e lá permaneceu.
Os humanos que receberam de Ògún o segredo do ferro não o esqueceram. Todo mês de dezembro, celebram a festa de Iudê-Ògún. Caçadores, guerreiros, ferreiros e muitos outros fazem sacrifícios em memória de Ògún.

Ògún
é o senhor do ferro para sempre.

Ògún
torna-se o rei de Irê.
Quando Oduduwá reinava em Ifé, mandou seu filho Ògún guerrear e conquistar os reinos vizinhos. Ògún destruiu muitas cidades e trouxe para Ifé muitos escravos e riquezas, aumentando de maneira fabulosa o império de seu pai. Um dia, Ògún lançou-se contra a cidade de Irê, cujo povo o odiava muito. Ògún destruiu tudo, cortou a cabeça do rei de Irê e a colocou num saco para dá-la a seu pai. Alguns conselheiros de Oduduwá souberam do presente que Ògún trazia para o rei seu pai. Os conselheiros disseram a Oduduwá que Ògún desejava a morte do próprio pai para usurpar-lhe a coroa. Todos sabem que um rei deve ver a cabeça decapitada de outro rei. Ògún não conhecia esse tabu. Oduduwá imediatamente enviou uma delegação para encontrar Ògún fora dos portões da cidade. Após muitas explicações, Ògún concordou em entregara cabeça do rei de Irê aos mensageiros de Oduduwá . O perigo havia acabado. Ògún fora encontrado antes de chegar ao palácio de seu pai. Como Oduduwá queria recompensar o seu filho mais querido, presenteou Ògún com o reino de Irê e todos os prisioneiros e riquezas conquistadas naquela guerra.
Assim Ògún tornou-se o Onirê, o rei de Irê.

Ògún
livra um pobre de seus exploradores.
Um pobre homem peregrinava por toda parte, trabalhando ora numa, ora noutra plantação. Mas os donos da terra sempre o despediam e se apoderava de tudo o que ele construía. Um dia esse homem foi a um Babalawo, que o mandou fazer um Ẹbọ na mata. Ele juntou o material e foi fazer o despacho, mas acabou fazendo tal barulho que Ògún, o dono da mata, foi ver o que ocorria. O homem, então, deu-se conta da presença de Ògún e caiu a seus pés, implorando seu perdão por invadir a mata. Ofereceu-lhe todas as coisas boas que ali estavam. Ògún aceitou e satisfez-se com o Ẹbọ. Depois conversou com o peregrino, que lhe contou por que estava naquele lugar proibido. Falou-lhe de todos os seus infortúnios. Ògún mandou que ele desfiasse folhas de dendezeiro, mariwo, e as colocasse nas portas das casas de seus amigos, marcando assim cada casa a ser respeitada, pois naquela noite Ògún destruiria a cidade de onde vinha o peregrino. Seria destruído até o chão. E assim se fez.
Ògún destruiu tudo, menos as casas protegidas pelo mariwo.

Ògún
chama a Morte para ajudá-lo numa aposta com Ṣàngó.
Ògún e Ṣàngó nunca se reconciliaram. Vez por outra se digladiavam nas mais absurdas querelas. Por pura satisfação do espírito belicoso dos dois. Eram os dois, magníficos guerreiros. Certa vez Ògún propôs a Ṣàngó uma trégua em suas lutas, pelo menos até que a próxima lua chegasse.
Ṣàngó fez alguns gracejos, Ògún revidou, mas decidiram-se por uma aposta, continuando assim sua disputa permanente. Ògún propôs que ambos fossem a praia e recolhessem o maior número de búzios que conseguissem. Quem juntasse mais, ganharia. E quem perdesse daria ao vencedor o fruto da coleta. Puseram-se de acordo.
Ògún deixou Ṣàngó e seguiu para a casa de Oyá, solicitando-lhe que pedisse a Iku que fosse à praia no horário que tinha combinado com Ṣàngó. Oyá aquiesceu, mas exigiu uma quantia em ouro como pagamento, que recebeu prontamente. Na manhã seguinte, Ògún e Ṣàngó apresentaram-se na praia e imediatamente o enfrentamento começou. Cada um ia pegando os búzios que achava. Vez por outra se entreolhavam. Ṣàngó cantarolava sotaques jocosos contra Ògún. Ògún, calado, continuava a coleta. O que Ṣàngó não percebeu foi a aproximação de Iku. Ao erguer os olhos, o guerreiro deparou com a morte, que riu de seu espanto. Ṣàngó soltou o saco da coleta, fugindo amedrontado e escondendo-se de Iku. À noite Ògún procurou Ṣàngó, mostrando seu espólio. Ṣàngó, envergonhado, abaixou a cabeça e entregou ao guerreiro o fruto de sua coleta.



Pai José Bispo dos Santos ou Bobó de Iansã veio de salvador Bahia, se não me engano e se instalou primeiro no rio de janeiro, dono do ilé - Ilê Oyá Mesan Orun.
Mais tarde ele veio para SP, trazendo o Èṣù xorokwé, como era de costume sempre dizia que de osé no igba de Èṣù sorokwé do ògún, e assim foi que nasceu o ògún xorokwé.
(História contada por tata Matâmoride, filho de Kaobakessy.)

Saiba mais sobre o Èṣù (Òrìsà)
Xorokwé foi um guerreiro e feiticeiro, que devo ter lido em algum itãn de ifá, que dizia quem foi, ele se assemelha a Èṣù. Que não é ògún, sendo que Xorokwé começou a ser cultuado como Èṣù entre o povo Jeje Mahi, o Èṣù de ògún, pois ele é extremante esperto, bruto e malvado, ligado a torturas e sem piedade alguma. Difícil de lidar e cuidar, do tipo enquanto ògún é guerreiro e luta com honra, o vodun xorokwé, não tinha isso, ele passaria por cima de todos e tomaria as medidas conforme quisesse sem levar em consideração trazer escravos, mataria a todos da pior forma possível, do tipo sangue nos olhos.
Para ter idéia da sua personalidade, se não lhe agrada o que lhe foi ofertado ele pune seus filhos com desgraças.

Sua cor é azulão com vermelho.


Por isso pouco mexiam com ele, por falta de maior esclarecimento quem sabe ele pulou do Jeje Mahi para a Angola, sendo cultuado como Òrìsà dentro da angola e mais tarde no ketu.Hoje ele é cultuado na Angola e no ketu como todos sabem, um meta - meta, mas sua origem é outra.

domingo, 15 de junho de 2008

Bara

Revisado e aumentado em 18/ setembro
 
Divindade muito popular na cultura no Batuque do RS, talvez por carregar várias características pertencentes aos homens, Bara se apresenta como o Òrìṣà mais humano de todos os deuses africanos, o mais marcante, que responde sempre da mesma forma de como e tratado, se ganha o que lhe pertence, encontraremos um Òrìṣà prestativo e presente, segurando todas nossas futuras necessidades, caso contrário devemos nos preparar, sem exagero, para alguma coisa desagradável.

O povo do Batuque o considera dono das chaves, dos portais, encruzilhadas e caminhos. Deve sempre ter suas saudações, obrigações e cortes, este último quando necessário são feitos em primeiro lugar, assim nós humanos garantimos a segurança do nosso ritual, assim como no ritual e o Òrìṣà responsável pela boa abertura dos trabalhos, está para nossos negócios e vida, destrancando caminhos e abrindo portas, ou até trancando e fechando, dependendo de nossos merecimentos e cumprimento de tarefas.

É costume entre a nossa família sentar um Bara para cada Ẹlẹ́gùn (iniciado), formando assim o primeiro do seu Irúnmọlẹ (divindades que faz parte das obrigações do templo).

Alguns Oriṣás que pesquisamos:

Bara Elegbára ou legba = Senhor da força.
Bara Lanã ou Elẹbọ = Senhor das oferendas e caminhos.
Bara Abanadá ou Elẹrú = Senhor do ẹrú (carrego) - aquele que leva o carrego.
Bara Olọ̀be = Proprietário e senhor da faca.
Bara Odara = aquele que guia (mostra o caminho, vai na frente) que trás boa sorte.
Bara Ijelú ou Ajelú = O senhor de Ijelú.
Bara Olóde ou Lóde = Aquele que fica fora no relento, ou a frente, o Ojúbọ muito importante encontrado nos templos Nàgó’Kọbi e Batuque Afrosul.
Bara Adaque = Aquele que cuida dos caminhos.
Bara Toki = Aquele que carrega coisas pequenas, miniaturas, dono dos fetiches.


Saudação: Alúpo ou Láàlú-po - Láàlú (o famoso da cidade, ou, o rico da cidade) uma saudação feita para Èṣù e àngó, po (completamente).


Dia da Semana: Segunda-feira (quando descarrega o Asé do Ẹ̀kọmi e algumas seguranças da Ilé)


Número: 07 e seus múltiplos


Cor: Vermelho


Ilẹkẹ̀: Corrente de aço (para o Lóde), 7 vermelho escuro e 1 preta (legba), vermelha para qualquer um deles.


Oferenda: Pipoca (a pipoca pode ser oferecida para quase todas as divindades, simboliza clareza, fartura), milho torrado (saúde e dinheiro), 07 batatas inglesas assadas (representa a esperteza de Èṣù,  reza um Itan que ele enterrou 7 raízes assadas para enganar ao rei, que mais fez brotar) tudo temperado com Epo Pupa (azeite de dendê)


Ferramentas: Corrente, chave, foice, tridente, moeda, Ọ́g (um cedro com formato fálico), búzios, entre outros.


Ave: Galo Vermelho


Quatro pé: Cabrito branco osco ou marrom


Mo ju iba, Èṣù Oba Baba awon Èṣù! Iba se, o!
Saudações, Eshu Senhor e Pai de todos os Èṣù!
Que esta homenagem se cumpra !

O - A máa s'ère ó níba  Èṣù abánà dá, a máa s'ère ó níba  Èṣù abánà dá
R - A máa s'erè ó níbà  Èṣù abánà dá, a máa s'erè ó níbà  Èṣù abánà dá

Bara
Bara é um Òrìà africano, também conhecido como: Exu, Èṣù, Eshu, Bará, Ibarabo, Legbá, Elegbara, Eleggua, Akésan, Igèlù, Yangí, Ònan, Lállú, Tiriri, Ijèlú. Algumas cidades onde se cultua o Bara são: Ondo, Ilesa, Ijebu, Abeokuta, Ekiti, Lagos

Èṣù é o Òrìṣà da comunicação. É o guardião das aldeias, cidades, casas e do àṣe, das coisas que são feitas e do comportamento humano.

Ele é quem deve receber as oferendas em primeiro lugar a fim de assegurar que tudo corra bem e de garantir que sua função de mensageiro entre o Ọ̀run e Àiyé, mundo material e espiritual, seja plenamente realizada.




Lendas

Èṣù vinga-se e exige o privilégio das primeiras homenagens
Èṣù era o irmão mais novo de Ògún, Odé e outros Òrìṣà.

Era tão turbulento criava tanta confusão que um dia o rei já não suportando sua malfazeja índole, resolveu castigá-lo com severidade. Para impedir que fosse aprisionado, os irmãos o aconselharam a deixar o país. Mas enquanto Èṣù estava no exílio, os seus irmãos continuavam a receber festa e louvações. Èṣù não era mais lembrado, ninguém tinha notícias de seu paradeiro. Então, usando mil disfarces, Èṣù visitava seu país, rondando, nos dias de festa, as portas dos velhos santuários.

Mas ninguém o reconhecia assim disfarçado e nenhum alimento lhe era ofertado. Vingou-se ele, semeando sobre o reino toda a sorte de desassossego, desgraça e confusão.

Assim o rei decidiu proibir todas as atividades religiosas, até que descobrissem as causas desses males. Então os Babalòrìṣàs reuniram-se em comitiva e foram consultar um babalaô que residia nas portas da cidade. O babalaô jogou os búzios e Èṣù foi quem falou no jogo. Disse nos Odù que tinha sido esquecido por todos. Que exigia receber sacrifícios antes do demais e que fossem para ele os primeiros cânticos cerimoniais. O babalaô jogou os búzios e disse que oferecessem um bode e sete galos a Èṣù.

Os Babalòrìṣàs caçoaram do Babalaô, não deram a menor importância às suas recomendações e ficaram por ali sentados, cantando e rindo dele. Quando quiseram levantar-se para ir embora, estavam grudados nas cadeiras. Sim era mais uma das ofensas de Èṣù!

O Babalaô então pôs a mão no ombro de cada um e todos puderam levantar-se livremente. Disse a eles que fizessem como fazia ele próprio: que o primeiro sacrifício fosse para acalmar Èṣù. Assim convencidos, foi o que fizeram os pais e mães-de-santo, naquele dia e sempre desde então.
(Mitologia dos Orixás, p. 82)


Èṣù atrapalha-se com as palavras
No começo dos tempos estava tudo em formação, lentamente os modos de vida na Terra forma sendo organizados, mas havia muito a ser feito.

Toda vez que Orumiláia vinha do Orum para ver as coisas do Àiyé, era interrogado pelos Òrìṣà, humanos e animais, ainda não fora determinado qual o lugar para cada criatura e Orumiláia ocupou-se dessa tarefa.

Èṣù propôs que todos os problemas fossem resolvidos ordenadamente, ele sugeriu a Orumiláia que a todo Òrìṣà, humano e criatura da floresta fosse apresentada uma questão simples para a qual eles deveriam dar resposta direta, a natureza da resposta individual de cada um determinaria seu destino e seu modo de viver, Orumiláia aceitou a sugestão de Èṣù.

E assim, de acordo com as respostas que as criaturas davam, elas recebiam um modo de vida de Orumiláia, uma missão, enquanto isso acontecia, Èṣù, travesso que era, pensava em como poderia confundir Orumiláia.

Orumiláia perguntou a um homem: "Escolhes viver dentro ou fora?". "Dentro", o homem respondeu, e Orumiláia decretou que doravante todos os humanos viveriam em casas.

De repente, Orumiláia se dirigiu a Èṣù: "E tu, Èṣù? Dentro ou fora?". Èṣù levou um susto ao ser chamado repentinamente, ocupado que estava em pensar sobre como passar a perna em Orumiláia, e rápido respondeu: "Ora! Fora, é claro", mas logo se corrigiu: "Não, pelo contrário, dentro", Orumiláia entendeu que Èṣù estava querendo criar confusão, falou, pois que agiria conforme a primeira resposta de Èṣù, disse: "Doravante vais viver fora e não dentro de casa".

E assim tem sido desde então, Èṣù vive a céu aberto, na passagem, ou na trilha, ou nos campos, diferentemente das imagens dos outros Òrìṣàs, que são mantidas dentro das casas e dos templos, toda vez que os humanos fazem uma imagem de Èṣù ela é mantida fora.
(Mitologia dos Orixás, p. 66)

Èṣù
instaura o conflito entre Yemonjá, Oyá e Ọ̀ṣún.

Um dia, foram juntas ao mercado Oyá e Ọ̀ṣún, esposas de Ṣàngó, e Yemonjá, esposa de Ògún.

Èṣù entrou no mercado conduzindo uma cabra.

Ele viu que tudo estava em paz e decidiu plantar uma discórdia.

Aproximou-se de Yemonjá, Oyá e Ọ̀ṣún e disse que tinha um compromisso importante com Orunmila.

Ele deixaria a cidade e pediu a elas que vendessem sua cabra por vinte búzios. Propôs que ficassem com a metade do lucro obtido.

Yemonjá, Oyá e Ọ̀ṣún concordaram e Èṣù partiu.

A cabra foi vendida por vinte búzios. Yemonjá, Oyá e Ọ̀ṣún puseram os dez búzios de Èṣù a parte e começaram a dividir os dez búzios que lhe cabiam. Iemanjá contou os búzios. Havia três búzios para cada uma delas, mas sobraria um. Não era possível dividir os dez em três partes iguais. Da mesma forma Oyá e Ọ̀ṣún tentaram e não conseguiram dividir os búzios por igual. Aí as três começaram a discutir sobre quem ficaria com a maior parte.

Iemanjá disse: “É costume que os mais velhos fiquem com a maior porção. Portanto, eu pegarei um búzio a mais”.

Ọ̀ṣún rejeitou a proposta de Yemonjá, afirmando que o costume era que os mais novos ficassem com a maior porção, que por isso lhe cabia.

Piá intercedeu, dizendo que, em caso de contenda semelhante, a maior parte caberia à do meio.

As três não conseguiam resolver a discussão. Então elas chamaram um homem do mercado para dividir os búzios eqüitativamente entre elas. Ele pegou os búzios e colocou em três montes iguais. E sugeriu que o décimo búzio fosse dado a mais velha. Mas Oyá e Ọ̀ṣún, que eram a segunda mais velha e a mais nova, rejeitaram o conselho. Elas se recusaram a dar a Iemanjá à maior parte.

Pediu a outra pessoa q eu dividisse eqüitativamente os búzios. Ele os contou, mas não pôde dividi-los por igual. Propôs que a parte maior fosse dada a mais nova. Yemonjá e Oyá.

Ainda outro homem foi solicitado a fazer a divisão. Ele contou os búzios, fez três montes de três e pôs o búzio a mais de lado. Ele afirmou que, neste caso, o búzio extra deveria ser dado àquela que não é nem a mais velha, nem a mais nova. O búzio devia ser dado a Oyá. Mas Iemanjá e Ọ̀ṣún rejeitaram seu conselho. Elas se recusaram a dar o búzio extra a Oyá.

Não havia meio de resolver a divisão.

Èṣù voltou ao mercado para ver como estava a discussão. Ele disse: “Onde está minha parte?”.

Elas deram a ele dez búzios e pediram para dividir os dez búzios delas de modo eqüitativo.

Èṣù deu três a Yemonjá, três a Oyá e três a Ọ̀ṣún. O décimo búzio ele segurou.
Colocou-o num buraco no chão e cobriu com terra.

Èṣù disse que o búzio extra era para os antepassados, conforme o costume que se seguia no Ọ̀run.

Toda vez que alguém recebe algo de bom, deve-se lembrar dos antepassados. Dá-se uma parte das colheitas, dos banquetes e dos sacrifícios aos Òrìṣàs, aos antepassados. Assim também com o dinheiro. Este é o jeito como é feito no Céu. Assim também na terra deve ser.

Quando qualquer coisa vem para alguém, deve-se dividi-la com os antepassados. “Lembrai que não deve haver disputa pelos búzios.”

Iemanjá, Oyá e Ọ̀ṣún reconheceram que Èṣù estava certo. E concordaram em aceitar três búzios cada.

Todos os que souberam do ocorrido no mercado de Òyó passaram a ser mais cuidadosos com relação aos antepassados, a eles destinando sempre uma parte importante do que ganham com os frutos do trabalho e com os presentes da fortuna.
(Mitologia dos Orixás, p. 70)


Bara aprende a trabalhar com Ogun 
Bara era um menino muito esperto, todo mundo tinha receio de suas artimanhas, ele enganava todo mundo, queria sempre tirar sua vantagem, sua mãe sempre o repreendia e o amarrava no portão da casa para ele não ir para a rua fazer traquinagem.

Bara ficava ali na porta esperando alguém se aproximar e então pedia seus favores, fazia suas artes e ali se divertia, só deixava passar quem lhe desse alguma coisa.

Sua mãe então chamou Ogun e disse a ele para ficar com Bara e dele tomar conta.

Ogun era responsável e trabalhador, Ogun Avagã sempre ficou morando com Bara, juntos eles moram na porta da casa e se dão bem.

Bara continuou menino danado, mas com Ogun aprender a trabalhar.

Agora ele ainda se diverte com todos, mas para todos faz o seu trabalho, todos procuram Bara para alguma coisa, todo mundo precisa dos favores de Bara.
(Mitologia dos Orixás, p. 54)

Legba carrega uma panela que se transforma em sua cabeça
Ifá andava triste e desolado, tendo se desentendido com o seu rei. Ele consulto o oráculo para saber o que fazer. Foi dito que fizesse uma oferenda com tudo quanto era fruto redondo.

Mas o ebó deveriam ser entregue por sua Mae, como a Mãe de Ifá morava longe, Ifá pagou a legba um galo e uns doces para ele ir busca-la. 

Exú chegou a casa da mãe de Ifá e disse que a levaria à casa de seu filho desde que ela lhe pagasse alguma coisa. Mas ela não tinha nada a oferecer a ele. Exu disse que queria o bode de doze chifres que tinha visto no quintal da casa dela. Ela disse que o bode não era dela, ela apenas o guardava. Legba insistiu. Legba tomou o bode e o matou. O sangue do bode jorrou e era puro fogo e o fogo tomou conta de Exu. 

Ele consultou o Babalaô e foi dito que fizesse uma oferenda com os órgãos internos do bode. Ele o fez e em seguida se pôs a cozinhas a cabeça. Mas a cabeça do bode não cozinhavam resolveu voltar à cidade de Ifá, levando a mulher. Usando um pano torcido, Legba fez uma rodilha para carregar a panela nos ombros e a panela grudou nele e se transformou em sua cabeça

Naquele tempo Exu ainda não tinha cabeça. Eles chegaram à casa de Ifá e a mãe narrou ao filho o ocorrido. Ifá lamentou-se por também não ter cabeça. Foi dito que se fizessem sacrifícios com frutas redondas para ganhar um ori. A mãe levou ao rei a cabaça contendo as frutas redondas. 

o rei tomou um mamão e o partiu em dois. uma metade do mamão fixou-se entre os ombros e transformou-se na cabeça do rei. Assim forma nascendo as cabeças. Exu foi o primeiro a ter ori fixado nos ombros.

Precisa fazer sacrificio quem quiser ter uma cabeça. 
(Mitologia dos Orixás, p. 50)

Lenda de  Exú Jelu ( Ijelu ou Ajelu )
Mandaram  Èṣù fazer um ebó, com o objetivo de obter fortuna rapidamente e de forma imprevista. Depois de oferecer o sacrifício, Èṣù empreendeu viagem rumo a cidade de Ijelu.

Lá chegando, foi hospedar-se na casa de um morador qualquer da cidade, contrariando os costumes da época, que determinavam que qualquer estrangeiro recém chegado receberia acolhida no palácio real. Alta madrugada, enquanto todos dormiam, Èṣù levantou-se sorrateiramente e ateou fogo as palhas que serviam de telhado à construção em que estava abrigado, depois do que, começou a gritar por socorro, produzindo enorme alarido, o que acordou todos os moradores da localidade.

Èṣù gritava e esbravejava, afirmando que o fogo, cuja origem desconhecia, havia consumido uma enorme fortuna, que trouxera embrulhada em seus pertences, que como muitos testemunharam, foram confiados ao dono da casa. Na verdade, ao chegar, Èṣù entregou ao seu hospedeiro um grande fardo, dentro do qual, segundo declaração sua, havia um grande tesouro, fato este, que foi testemunhado por enumeras pessoas do local.

Rapidamente, a notícia chegou aos ouvidos do Rei que, segundo a lei do país deveria indemnizar a vitima de todo o prejuízo ocasionado pelo sinistro. 

Ao tomar conhecimento do grande valor da indemnização e ciente de não possuir meios para saldá-la, o rei encontrou, como única solução, entregar seu trono e sua coroa a  Èṣù, com a condição de poder continuar, com toda sua família, residindo no palácio. Diante da proposta,  Èṣù aceitou imediatamente, passando a ser deste então o rei de Ijelu [é um dos sete distritos do estado do Cordofão do Norte, no Sudão].

Bibliografia consultada 
PRANDI, Reginaldo, Mitologia dos Orixás, Companhia das Letras, 2008
VERARDI, Jorge, Axés do Rio Grande do Sul, Editora Palloti Ltda. 1990

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Lendas de Obokun

Lenda de Obokun
Publicado em 12/06/2008
Revisado e aumentado em 09/11/2020



Contam alguns antigos que, quando da criação do mundo, invejosas da perfeição da obra, as entidades malévolas resolveram semear a discórdia entre Obatalá e Ododua. Por isso, difundiram a seguinte versão para o primeiro ato da vida no Universo:
No principio dos tempos, as divindades viviam no Orum, abaixo do qual apenas a imensidão das águas, Olofim, que é também Olodumaré e Olorum – o senhor do Orum, o Céu -, deu a Obatalá, o senhor das vestes brancas, uma corrente, uma porção de terra numa casca de caracol e uma espécie de galinha de cinco dedos, ordenando-lhe que descesse e criasse a Terra.

Entretanto, ao se aproximar do portal do Orum, Obatalá viu que alguma divindades faziam uma festa e parou para cumprimentá-las. Elas ofereceram-lhe vinho de palmeira, mas ele bebeu demais e, embriagado, adormeceu. Ododua, seu irmão mais novo, por acaso ouviu as instruções dadas por Olorum e, ao ver que Obatalá dormia, pegou os apetrechos e foi para a beira do Orum, acompanhado de um camaleão. Naquele local, jogou a corrente, pela qual então desceram. Desceram lá embaixo. Ododua lançou a porção de terra na água e colocou a galinha de cinco dedos em cima dela.

A Galinha começou a ciscar a terra, espalhando-a em todas as direções, para muito longe, até o fim do mundo. Depois, Ododua mandou o camaleão verificar se o solo era firme. Então, Ododua pisou no chão de Idio, local onde se fez sua morada e onde hoje se localiza, em Ifé, seu bosque sagrado.

Quando Obatalá despertou da embriaguez e descobriu que o trabalho já havia sido concluído, percebeu o quanto o vinho de palmeira era perigoso. Assim, proibiu que seus filhos o bebessem por todo o sempre. Em seguida, Obatalá desceu à terra e a reclamou como sua, porque havia sido enviado por Olodumarê para criá-la e reinar sobre ela por direito, uma vez que era mais velho que o seu irmão Ododua – a quem acusou de lhe ter roubado o saco da criação.

Ododua insistia em ser o verdadeiro dono da terra, uma vez que a criara. Os dois irmãos começaram a brigar.

E as divindades que os acompanharam até a terra dividiram-se em dois grupos, cada um tomando um partido deles. Do lado de Ododua, ficaram Obokun (também conhecido por Ajacá).

Oraniã, Obameri, Essidalê, Ossãin (o medico de Ododua), Aguemã e Obalufã. Tomaram o partido de Obatalá Orixaquirê, Alaxé, Tecô e Ijubé. Entre as duas facções ficou Aranfé, o senhor do trovão em Ifé. Foi no alto do oquê Orá (o monte Orá), a poucos quilômetros a nordeste de Ifé, que Ododua e seus companheiros tiveram a primeira morada na terra. Dali sairia para dar combate aos seus parentes Ibos, liderados por Obatalá e Oreluerê.

Quando Olorum soube da disputa, chamou Obatalá e Ododua de volta ao Orum para que cada qual contasse sua versão do acontecido e terminassem com aquela disputa. Depois de ouvir as duas partes, Olorum conferiu a Ododua, criador da terra, o direito de possuí-la e de reinar sobre ela; e ele se tornou o primeiro rei de Ifé.

A Obatalá deu o titulo especial de orixalá, o grande orixá, e o poder de moldar os corpos humanos; e ele se tornou o criador da humanidade.

Olorum então o enviou de volta à terra acompanhados de Oramfé, para manter a paz entre eles; além de Ifá, o senhor do destino; e de Elexijé, o senhor da saúde.


Cegueira e morte de Ododua

A divergência entre Ododua e Obatalá não passa de invencionice das entidade malévolas. O que é certo e verdadeiro, segundo os mais velhos dos mais velhos, é que, um dia, já bem idoso Ododua ficou cego.

Então, mandou que cada um de seus 16 filhos, e um de cada vez, fosse até o oceano buscar água salgada, conforme lhe fora prescrito como remédio.

Cada um que retornava chegava sem sucesso; até que Obokum, o mais novo, finalmente obteve êxito. Ododua lavou os olhos com água salgada e recuperou a visão.

Entre os filhos de Ododua, que tinha a pele mais clara que a de seus conterrâneos e por isso era visto como “Branco”, estão; Ocambi, ogum, Obameri, Euí, Essidalê, Obalufã, Alaimorê, Oni e Obokun, o mais novo. O primogênito foi Ocambi, que, por sua vez, teve sete filhos, de ambos os sexos; estes reinaram, respectivamente, em Ilexá Owu, Sabé, Popô, Ilá, Ibinin e Queto.

Quando ficou cego, Ododua quis indicar Ogum como regente de Ifé. Obameri e Essidalê não concordaram com a idéia para evitar a disputa, Ododua entregou a ogum o governo de Irê.

Com o objetivo de desestimular qualquer tipo de divergência, Ododua dividiu igualmente todo o país e esqueceu-se justamente de Obokun, que estava ausente, pois foi buscar água do mar para curar a cegueira do pai.

Exatamente nesse momento, Ododua tomou conhecimento de que todos os seus outros filhos, exceto Obokun e Oni, haviam roubado suas propriedades e suas coroas deixando apenas a que ele usava no dia-a-dia.

Assim, quando Obokun voltou com a água que devolveu a visão ao seu pai, foi o primeiro legitimamente contemplado – recebeu a espada cerimonial, símbolo de sua autoridade como OUA Ilexá, o rei do país dos Ijexás.

Durante uma das muitas guerras em que se empenhou.

Ogum capturou uma bela mulher chamada Lacanjê e a tornou sua concubina.

Bibliografia Consultada
LOPES, Nei, Kitábu, Senac Rio, 2005

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