terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Erês ou Aṣerè

Os Erês ou Aṣerè fazem parte das religiões afro-brasileiras, mas muito pouco se diz sobre eles, por isso ofereço esta pagina aos Erês ou Aṣerè.

Babá Jimmi, (nigeriano)
Sosni - No culto do Oriṣá africano, o iniciado tem um Erê (criança) como aqui no Brasil?
Babá Jimmi - Na África não se incorpora Oriṣa, ele se manifesta no Elegun (Ex.: Elegun de Ogun, Oxun, etc), já a manifestação de Erês passa a ser parte exclusiva do culto afro-brasileiro.

Sosni - O que é Elegun?
Babá Jimmi - Elegun (Elégùn) é a palavra que exprime o conceito dos "iniciados" nas religiões de matriz africana e afro-descendente, inerente ao culto do Oriṣá. No Brasil é chamado de Candomblé. É aquele que passou pela iniciação, Feitura de santo ou iniciação ketu, sujeita ao transe de possessão.

Sosni - Esta criança é parte do Oriṣá ou é uma divindade a parte?
Babá Jimmi - África não se cultua Erê, cultuamos Ibeji. (não existe incorporação).

Sosni - Se o orixá é cultuado na natureza, onde fica este Erê?
Babá Jimmi - Esse tipo de culto é diferente do africano.

Sosni - Por que todos os historiadores famosos como Fatumbi nunca fizeram uma única nota sobre Erês?
Babá Jimmi - Por que na África se cultua Igbeji e não Erês.

Sosni - Quem são os Erês?
Babá Jimmi - Na África seria Abiku, Ebé ou Igbeji e não está relacionado ao culto de Oriṣàs.


Tata Matamoride, (Brasileiro)
Sosni - Como surge o Erê no culto afro-brasileiro?
Tata Matamoride - O Erê pertence unicamente ao culto Brasileiro vinculado ao Oriṣá africano, pois sabemos que a nação de Angola foi a primeira a incorporar o Erê dentro do candomblé batido no Brasil. Ainda sem dados exatos pela dificuldade de material registrado, mas observando o comportamento percebemos que o Erê foi gerado pela necessidade da própria religião e adaptado pelos demais cultos afro-brasileiros para auxiliar nos rituais.
Longe do seu país os africanos sofreram influência oral e religiosa de vários povos, pois naquela mistura de culturas houve quase o que vemos hoje em dia nas casas de candomblé, que recebem fundamentos, mas estão distantes do seu país de origem, mantendo uma tradição viva. Sendo assim para ajudar na prática e ritual o Erê foi de grande importância para os rituais no Brasil. O culto do Brasil é uma religião à parte da África.

Sosni - Qual a necessidade do Erê?
Tata Matamoride - A função do Erê dentro do culto se fez pela necessidade de orientar o Oriṣá nos rituais adaptados. Claro que foi muito bem elaborado para esta adaptação, pois está claro que nossos oriṣas surgem da matriz africana, mas, são tratado e cultuado de forma a parte da tradição deles.

Sosni - Existe algum ritual praticado para Erês?
Tata Matamoride - Observe as vestimentas seguem, ainda, influência do primeiro e segundo reinado, nossos sacerdotes queriam dar o melhor ao vestir os santos com o costume da época, o que se mantém até hoje nas saias rodadas, bombachas, capacetes e coroas. Apesar de que alguns babalorixás exageram nas vestimentas, lamentável de se ver nos candomblés e nações do Brasil.
Tais costumes mantiveram-se na tradição dos templos e foi por meio da quitanda de Erê (candomblé de Angola), igbas para Erê (roupas coloridas e com enfeites) que os Erês se espalharam para os demais candomblés.

Sosni - Mas onde moram estes Erês? são divindades?
Tata Matamoride - O Erê é o mensageiro do Oriṣá, porem, não chega a ser uma divindade. Observe que nas casas de Angola levantam-se devidos Igbas para o mesmo, com características e formas para cada Erê. Mas nem todos iniciados possuem Erê, apenas os rodantes no santo, que por sua vez, são batizados com um nome especifico. Por não pertencer ao mundo dos Orisás o Erê habita um mundo diferente, mais distante dos espíritos, pois ele é uma entidade distinta dos cultuados na Umbanda.



Resenha Erick Wolff8
Sabemos que o Erê ou chamado Aṣerê não é a manifestação do Orisá com postura infantil, apesar estar provado existir um grande vinculo entre ele e o Orisá, estando presente no orí do elegun que pertence ao ritual afro-brasileiro.

Então quem são os Erês ou Aṣerès? Os encontramos em toda casa de nação, mas não existem referências literárias que explique.
Há inúmeras teorias sobre o tema. No entanto, a maioria não deixa clara a sua origem.

De acordo com Baba Jimmi não existem Erês na áfrica como os cultuados aqui. Já o Tata Matamoride que explica a origem dos Erês e o ritual que os envolve, afirma que eles são brasileiros e que não se trata do Orisá com postura infantil em momento algum.

Longe da definição de ser o próprio Oriṣá manifestando sob o feitio meio abobado e descontrolado, para descansar a matéria antes do Elegun acordar, o Erê ou Aṣerè é um mensageiro do próprio Oriṣa dentro das nações, para que ele seja a fala do santo e o aprendizado do filho para a preparação dos rituais e danças que exercem grande função dentro do ritual afro-brasileiro.
Há quem completa que a função dos Erês e Aṣerès serve para trabalhos manuais que o elegun desempenha durante o transe.

Mas devemos levar em consideração o poder e força que o Oriṣá possui, sendo assim levanta-se a duvida da consciência ou poder que o Oriṣá pode exercer sobre o cavalo de santo durante a manifestação do erê ou chamado aṣerè.

Ao citar entidades não podemos imaginar que seria um espírito, afinal durante o ritual do Oriṣá não se manifestam espíritos e se houver logo é despachado, o mesmo deve ser mantido fora do culto. Indo além devemos observar que alguns Iyawos também estão atracados com os contra-eguns e não podem virar em espíritos por isso descartamos logo a hipótese de entidades encantados.

O sacerdote moderno se preocupa tanto com o resgate da cultura africana que deixa passar simples detalhes. O Aṣerè sempre deverá se manifestar logo após a presença do Oriṣá na religiões praticadas no sul, sendo impossível o Aṣerè se manifestar sem a passagem do oriṣá primeiro.

Em outras culturas afro-brasileiras, o culto difere em rituais e fundamentos, e para o Erê assim chamado pela maioria das casas de candomblé, levantam assentamentos e tratamento separados, ficando encarregado de acostumar o elegun para o ritual e chagada do orixá, pois a sua função passa a ser primordial para o desenvolvimento do iniciado. E na maioria das casas não existe necessidade do Oriṣá passar primeiro, podendo o Erê virar antes do santo algumas vezes.

Mas onde mora a energia desta divindade a qual mencionamos e vemos constantemente nos rituais?

No orùn deve haver um espaço rompido onde os homens esqueceram-se de estudar. Onde habitam esses seres e a maioria ignora ou desmerece sua importância? Sabemos que o Aṣerè ou Erê tem poder ser trazer as vontades e trazer muitas mensagens do próprio oriṣá, algumas distorcidas, mas existe um elo grande entre o oriṣá e o Aṣerè, que deve ser respeitado.

Lapidar esta energia e estudar a sua fonte é algo que me desperta curiosidade. Sabendo, por suposição, que os Oriṣás ao se manifestarem retiram da memória do filho o seu conhecimento durante o período que esteve no mundo, o Aṣerè possui poderes relativos, pois muitas vezes ele trabalha horas a fio sem cansar a matéria e não deixa vestígios da sua passagem, principalmente dentro de uma nação trata como tabu a chegada do santo. Essa falta de contato entre os cavalos de santo e o Orixá dificulta muitas vezes a pesquisa, pois se não podemos contar que o santo chegou também não temos como provar ou estudar a veracidade do assunto.

Tirando a utilidade braçal dos Aṣerès nos serviços da casa, acredito que a sua presença é dispensável, pois a divindade (Oriṣá) não deixa vestígios ou matérias cansadas mesmo depois após dançar horas à frente do tambor. Sendo assim, a chegada do Aṣerè poderia se resumir apenas aos dias de serão (obrigações onde tem muitas tarefas depois do orô).

Se pensar novamente que o Aṣerè é uma fragmentação do Oriṣá então ele poderia chegar a qualquer momento dentro de uma casa nagô, mas isso não ocorre, existe como disse um certo ritual para a sua presença, logo ambos estão unidos e após ele trabalhar, o Oriṣá se manifestas passando pelo corpo do cavalo novamente levando o Aṣerè e deixando o filho. Então quebra-se novamente a tese da divindade única. Pois bastaria ele ir sem a passagem novamente do oriṣá.

Os Erês do candomblé recebem nomes ligados ao Oriṣá do iniciado: Pipocão e Formigão, para os filhos de Obaluaiê; Pingo Verde e Folhinha Verde, para os de Oxóssi; Rosinha (flor), para os de Oxum; Conchinha Dourada para um de Yemanjá, por exemplo.

Aṣiwère – louco, idiota, estado de transe onde o elegun se porta como uma criança.

Abiku na Religião Yorùbá, acredita-se que: são crianças que terão passagem curta pela terra, ou seja, não viverão por muitos anos.
Nas religiões afro-brasileiras existe ainda uma explicação que diz: os Abiku, se constituem numa sociedade de espíritos, onde a regra é vir à Terra (encarnar) mas viver apenas por um curto período. Sabe-se que antes de encarnar o espírito se compromete com a comunidade dos Abiku, a qual pertence, de voltar o mais rápido possível, estabelecendo, inclusive, data e hora. Existem ebós para quebrar esse pacto do espírito com a sociedade dos Abiku, permitindo assim, que o espírito viva por mais tempo na Terra. Na terra dos yorubás, acredita-se que quando nasce um Abiku significa que a família tem dívidas espirituais a pagar. Por isso, o nascimento de uma criança que necessitará de muitos cuidados espirituais para evitar sua morte prematura — o que sempre é um sofrimento para os pais. Assim como o nascimento de gêmeos, Igbeji é uma grande honra e uma grande alegria para a família, o nascimento de um Abiku é sinal de problemas e de preocupações. Esses espíritos pertencem ao egbé Abiku e não a um egbé da terra. Por isso sua forte ligação com o orun e sua necessidade de sempre tentar voltar ao seu egbé, o que pode causar a morte prematura da criança entre o primeiro e o sétimo ano de vida.

Igbejis são divindades gêmeas infantis, é um Oriṣá duplo e tem seu próprio culto, obrigações e iniciação dentro do ritual.

Criança Na umbanda apesar de grande semelhança, estamos falando de espíritos que não tem vinculo com o candomblé, cada pessoa tem como uma das entidades espirituais que recebe um espírito infantil, as crianças.

As Tobossis são Voduns infantis, femininas, de energia mais pura que os demais Voduns. Pertenciam à nobreza africana, do antigo Dahome, atual Benin. Eram cultuadas na Casa das Minas, em S.Luiz/Maranhão, até a década de 60.
As Tobossis gostavam de brincar como todas as crianças e falavam em dialeto africano, diferente dos Voduns adultos, o que dificultava muito entendê-los. Sem contar que, muitas das palavras elas falavam pela metade.

Babá Jimmi, (nigeriano)
Otunba Adekunle Aderonmu / Babalawo Ogun Jimi
http://www.princeadekunle.com
Naturalizado brasileiro nasceu em Abeokuta, na Nigéria.
è formado em Bioquímica na Universidade de Lagos e é considerado Otunba (Rei) em seu país, devido a herança de família nobre e tradicional, com rei e autoridades no atual governo da Nigéria.
Em nosso país ele vive há cerca de duas décadas, desenvolve atividades empresariais e, além disso, é sacerdote religioso.


Tata Matamoride, (Brasileiro)
Sacerdote de candomblé, respeitadíssimo pela luta em prol as religiões afro-brasileiras, vem trabalhando para informar as necessidades e problemas da comunidade para os políticos brasileiros.
Diretor do site http://www.portaldocandomble.pro.br

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Comissão de Saúde debate uso de tabaco nos cultos das religiões de origem africana

Vereadores analisaram três projetos de lei na reunião

Juvenal Pereira
“Houve um equivoco do Executivo ao proibir o tabagismo em cultos religiosos, já que o estado brasileiro é laico", diz a vereadora Claudete Alves
A Comissão de Saúde, Promoção Social, Trabalho, Idoso e Mulher se reuniu no Salão Nobre da Câmara Municipal, nest a quarta-feira (12/11), e analisou três projetos de lei. O PL 0497/08, de autoria da vereadora Claudete Alves (PT), que acrescenta parágrafo único à lei 14.805, de 04 de julho de 2008 (que consolida a legislação sobre o tabagismo no município de São Paulo), garantindo a liberdade nos cultos das religiões de matrizes africanas gerou debate entre os vereadores.
A autora do projeto, vereadora Claudete Alves, pede que no Inciso XVII do artigo 1º, que proíbe o fumo em templos de igreja e casas de culto religioso, seja excluído os templos ligados as religiões de matrizes africana. Segundo a parlamentar, “houve um equivoco do Executivo ao proibir o tabagismo em cultos religiosos, já que o estado brasileiro é laico e as religiões não incentivam a prática e sim fazem uso de charutos e cachimbos como cultura das religiões em questão.”

O relator do projeto, vereador Cláudio Prado (PDT), explicou que deu parecer contrário ao PL, pois em sua avaliação já há um decreto municipal que revoga o artigo. “Sou favorável as crenças religiosas e todas devem ter suas expressões. O parecer contrário se deve a existência de um decreto que já revoga o artigo, acho que precisamos ver a melhor forma de tratar o projeto”, explicou o vereador.

A vereadora Claudete ressaltou que foi procurada por líderes de algumas instituições religiosas que foram multadas por fazerem uso de tabaco. A parlamentar explicou que com o “projeto de lei as garantias são maiores, pois decretos podem ser revogados sem passar pela Casa Legislativa.”

O vereador Natalini (PSDB) pediu vistas ao projeto, com a finalidade de buscar um entendimento ent re a autoria e a relatoria. “Trata-se de um assunto importante, que evolve liberdade religiosa, peço vistas para buscarmos um entendimento”, salientou.

Durante a reunião, os parlamentares votaram, com parecer favorável, o PL 0145/06, do vereador Domingos Dissei (DEM), que obriga os proprietários e possuidores de edificações, que venham a ser aprovadas, a executarem o rebaixamento de guias e calçadas para pessoas com deficiência e mobilidade reduzida. E o PL, do vereador Farhat (PTB), que dispõe sobre a criação do “Programa Guarda Patrimonial da 3ª idade”, no âmbito municipal.

Participaram da reunião os vereadores Cláudio Prado (PDT), Natalini, Mário Dias (DEM), Carlos Neder (PT), Claudete Alves, Atílio Francisco (PRB) e Zelão (PT), presidente. estiveram presente o Sr. Eduardo Brasil representado as traições afro brasileiras

A Comissão convocou para o dia 19 de novembro, às 12 horas, a audiência pública com o secretário da Saúde, Januário Montone, para prestação de contas da secretaria.

A Matriz Africana construindo a cidadania

Todos os povos, mesmo os mais primitivos, tiveram e têm uma cultura, transmitida no tempo, de geração a geração. Mitos, lendas, costumes, crenças religiosas, sistemas jurídicos e valores éticos refletem formas de agir, sentir e pensar de um povo e compõem seu patrimônio cultural.
Nossa ancestralidade trouxe uma cultura única e específica que conquista o mundo, jazz, samba, hip hop, axé-music, carnaval, heróis, bispos, políticos, artistas, pais e mães de santo. As religiões da Matriz Africana sempre foram relegadas ao limbo pela direita social, homofóbica e racista. Este movimento só é lembrado pelo grande público em época de carnaval e de eleições, ou cotidianamente pelas TVs neo pentecostais para o achincalhe.
A construção de uma cidadania plena se dá na instância imediata à do respeito, da pluralidade e da tolerância religiosa e às suas diversidades.
Criamos uma rede informal de trabalho, são artesãos, costureiras, cozinheiras, tecelões, pintores, gráficos. Através de dessa rede informal criamos empregos, e geramos renda social, e elevamos o consumo per capita, que ajuda o País.
Em função da beleza de nossos cultos somos mantenedores de um movimento cultural que gera renda, trazendo turistas para conhecer nossas crenças.
A Matriz Africana é o grande guarda chuva da pluralidade social, que abriga culturas de todas as nações, de todas as etnias, de todos os níveis sociais, além de uma gama de excluídos.
Denunciamos a questão da intolerância religiosa dos meios de comunicação como é o caso exemplar da TV Record, apesar das garantias explícitas da Constituição deste País quanto ao direito à liberdade religiosa. Somos desrespeitados em nossa fé.
Denunciamos a intolerância religiosa nas escolas onde nossos filhos não podem se expressar em suas crenças. Funcionários consideram nossa fé como sendo de segunda classe.
Denunciamos o fato que nossos filhos têm que cumprir preceitos com roupas brancas, diretorias e instituições de ensino não permitem sua presença em salas de aulas, num claro constrangimento a violação da Constituição deste País.
Denunciamos a intolerância religiosa na questão política onde sequer o censo adita nossa existência.
Denunciamos a falta de respeito a nossa liturgia nos:Cemitérios, casas de repouso, hospitais, presídios, IML (uma pessoa que da nossa religião não pode passar por autopsia).
Denunciamos o IBAMA por uma liminar que fere a Constituição, onde podem invadir uma casa de candomblé a qualquer hora, com a desculpa de procurar animais silvestres. Constrangendo a liturgia, constrangendo pessoas, sob a égide da legalidade.
Denunciamos que uma lei aprovada no governo anterior proíbe venda de animais vivos, no estado de SP esta foi apenas uma questão de intolerância religiosa.
Denunciamos a lei 1639, onde a educação religiosa não nos alcança. Que deixa novamente a cultura da matriz africana desprotegida.
Isso nos faz pensar a necessidade de um projeto político de resgate a memória dos terreiros de Matriz Africana, uma referência primeira da resistência; onde a diversidade étnica e as diferenças sociais são tratadas com respeito, dignidade e, sobretudo um espaço de cidadania das pessoas discriminadas pela sociedade.
Nós da matriz africana queremos objetivar ações sociais válidas:
1. O ensino e cultivo de ervas medicinais e plantas ligadas ao Asé.
2. O ensino das línguas africanas para aprimoramento da cultura ancestral.
3. Elaboração de uma cartilha de direitos da matriz africana.
4. Normas para o uso das cachoeiras, rios, pedreiras, bosques, praias, para a questão litúrgicas.
5. Normas estaduais de garantias que servidores públicos sejam punidos em caso de intolerância religiosa,
6. Normativa estadual para prosseguimento da venda de animais “in vivum”.
7. A criação urgente de uma delegacia para recepção de casos de intolerância religiosa.
8. Criação de tombamento de casas históricas de nossa religião.
9. Criação de um acervo da memória cultural da matriz africana.
10. A criação de um abrigo aos velhos desamparados da matriz africana com direito ao seu culto.
11. Doações de terras devolutas para casa de culto de que tiverem interesse em voltar a suas origens.
12. Criação do curso de teologia da matriz africana na USP.
13. Criação De um primeiro cemitério para a Matriz Africana.
14. Abertura de créditos para que os templos da matriz africana possam ser usados para cursos diversos, alfabetização, artesanato típico, confecção de roupas para uso na matriz africana, bordados, paramentos para serem usados na liturgia.

São Paulo, 06 maio de 2008.
Assinam Eduardo Brasil - Tata Matâmoride

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

José Custódio Joaquim de Almeida, Príncipe de Ajudá

José Custódio Joaquim de Almeida, Príncipe de Ajudá (1935) e Babalorisá, segundo diversas publicações no Rio Grande do Sul que são objeto de estudos, foi um dirigente tribal africano, exilado no Brasil, onde se tornou famoso como curandeiro e líder religioso.

Durante um conturbado estado politico que assolava o Forte de São João Batista, ao final do século XIX este príncipe governante deixou seu país no Dahomey (hoje República de Benim), no passado um dos principais entrepostos de escravos para o Brasil, mas o certo é que ele partiu ante a promessa solene dos Ingleses de que o seu povo não sofreria o que haviam sofrido os grupos vizinhos ante a violência dos Alemães e Franceses. Os portugueses, antes senhores da região, tinham se contentado com uma parte da Guiné e com as Ilhas de São Tomé e Príncipe cedendo as suas fortalezas. As condições para que o Príncipe de Ajudá não oferecesse qualquer resistência aos invasores, além do respeito à vida dos seus súditos, era a de que se exilasse e jamais voltasse aos seus domínios. E, como parte do convênio, a Grã-Bretanha se comprometia a fornecer-lhe uma subvenção mensal paga em qualquer parte do mundo onde escolhesse residir, por intermédio dos seus representantes consulares. Por qual motivo o exilado escolheu o Brasil, não se sabe. Talvez por haver aqui grande número de descendentes dos escravos nativos da Costa da Mina - os chamados "pretos-mina" - ou pela ligação estreita do Brasil com o forte. A sua chegada ao país foi assinalada como tendo acontecido em 1864, dois anos depois de ter deixado Ajudá. Inicialmente, fixou-se em Rio Grande. Mais tarde, foi para o interior de Bagé, onde ficou conhecido por manter viva a tradição religiosa do seu povo - com a prática do que agora se conhece como Batuque - além de mostrar conhecimentos das propriedades curativas da flora medicinal brasileira, atendendo a muita gente doente que o procurava, tratando de minorar-lhes os males por meio de ervas e rezas dos ritos africanos.

De Bagé mudou-se para Porto Alegre, onde chegou em 1901, com 70 anos de idade. Foi morar na Rua Lopo Gonçalves, nº 498, cujos fundos davam para a Rua dos Venezianos (hoje Joaquim Nabuco), mas logo que o Príncipe - que havia adotado o nome brasileiro de Custódio Joaquim de Almeida - ali se instalou, passou a rua a ser preferida pela gente de cor que procurava com isso acercar-se do homem que incontestavelmente, era um líder de sua raça.

O Príncipe Custódio - como então era chamado - iniciou ali uma nova etapa de sua aventurosa vida, cercando-se em Porto Alegre de um aparato digno de um verdadeiro fidalgo.
O Príncipe Custódio tinha oito filhos, três homens e cinco mulheres (atualmente ainda estão vivos um homem - Dionísio Joaquim Almeida, funcionário aposentado da EBCT - em Porto Alegre, e duas senhoras, uma residindo no Rio de Janeiro e outra em São Paulo) e para esses oito filhos, quando pequenos, mantinha quatro empregados, um para cada dois.

Seus conhecimentos de idioma português não eram muito corretos, porém podia expressar-se fluentemente em inglês e francês, além de falar ainda vários dialetos das tribos africanas que havia governado.


As festas que promovia periodicamente em sua casa - notadamente na data de seu aniversário - duravam três dias com a casa sempre cheia de gente, da manhã à noite, quando se comia e se bebia do bom e do melhor, ao som dos tambores africanos que batucavam sem parar naquelas setenta e duas horas. Nesses dias, o Príncipe recebia a visita da gente mais ilustre da cidade, inclusive do presidente do Estado, Borges de Medeiros que, conhecendo a ascendência daquele homem sobre a população de cor, ia felicitá-lo, talvez mais por motivos políticos do que por outra coisa.


No dia 26 de Maio de 1936 morreu o Príncipe Custódio aos 104 anos de existência. Seu velório e seu enterro, atendendo ao pedido expresso do morto, foi feito dentro das tradições africanas com muito batuque e muitos "trabalhos", em intenção do morto.


Com ele desapareceu uma das figuras mais impressionantes e esquisitas da de Porto Alegre, e muita gente ficou desamparada, pois a subvenção paga mensalmente em libras pelo governo inglês extinguiu-se com a morte do príncipe de Ajudá.

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Daomé


(Bandeira do Reino do Dahomey)

O Daomé era um reino africano situado onde agora é o Benin.
O reino foi fundado no século XVII e durou até o final do século XIX, quando foi conquistado com tropas senegalesas pela França e incorporado às colônias francesas da África Ocidental.


Os Palácios Reais de Abomei, a capital daquele reino, foram consideradas, em 1985, pela UNESCO, Património Mundial.


As origens do Daomé podem ser traçadas a partir de um grupo adjá do reino costeiro de Aladá que deslocou-se para o norte e estabeleceu-se entre povos fon do interior.

Por volta de 1650, os adjá conseguiram dominar os fon e o Hwegbajá declarou-se rei de seu território comum. Tendo estabelecido sua capital em Agbome (ou Abomei), Hwegbajá e seus sucessores conseguiram estabelecer um Estado altamente centralizado com base no culto da realeza estruturado em sacrifícios (incluindo sacrifícios humanos) aos antepassados do monarca.

Toda a terra era propriedade direta do rei, que coletava tributos de todas as colheitas obtidas.
Economicamente, entretanto, Hwegbajá e seus sucessores lucraram principalmente com o tráfico de escravos e relações com os escravistas estabelecidos na costa.

Como os reis do Daomé envolveram-se em guerras para expandir seu território, e começaram a utilizar rifles e outras armas de fogo compradas aos europeus em troca dos prisioneiros, que foram vendidos como escravos nas Américas.

No reinado de Rei Agadjá (1716-1740) o reino conquistou Aladá, de onde a família governante se originou, desse modo ganhando o contato direto com os comerciantes de escravos europeus na costa. Não obstante, Agadjá era incapaz de derrotar o reino vizinho de Oió, principal rival do Daomé no comércio de escravos e, em 1730, transformou-se um vassalo de Oió, embora conseguisse ainda manter a independência do Daomé.


Mesmo como um Estado vassalo, o Daomé continuou a expandir e florescer através do comércio escravista e, mais tarde, através da exportação de azeite de dendê produzido em grandes plantações.

Pela estrutura econômica do reino, a terra pertencia ao rei, que detinha o monopólio de todo o comércio.
O seu apogeu econômico ocorreu no início do século XIX com a exportação de grande quantidade de escravos para o Brasil e Cuba, tanto que o litoral era conhecido como Costa dos Escravos.

Um dos mais famosos traficantes de escravos nesta época foi o brasileiro Francisco Félix de Souza, o Chachá de Uidá, protegido do rei Guezô.


O Daomé foi enfim conquistado pela França em 1892-1894.
A maioria das tropas que lutaram contra o Daomé eram compostas por africanos nativos, a isto se acrescentou o sentimento de hostilidade contra o reino, particularmente entre os iorubás, levando à sua derrota final.


Em 1960 a região alcançou a independência como a República de Daomé, que mudou mais tarde seu nome para Benin.


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Atual Benin







(Bandeira)


(Brasão de armas)
Lema: Fraternité, Justice, Travail (Francês: Fraternidade, Justiça, Trabalho)

Gentílicos: beninense, beninês
Língua oficial - Francês Capital - Porto-Novo, Cotonou.
O Benin ou Benim (ambas as formas utilizadas nos países lusófonos), é um país africano limitado a norte pelo Burkina Faso e pelo Níger, a leste pela Nigéria, a sul pelo Golfo da Guiné e a oeste pelo Togo.
Capital: Porto-Novo.


História
Celebração em Abomei, 1908

O território onde o Benim se localiza era ocupado no período pré-colonial por pequenas monarquias tribais, das quais a mais poderosa foi a do reinado Fon de Daomé. A partir do século XVII, os portugueses estabelecem entrepostos no litoral, conhecido então como Costa dos Escravos. Os negros capturados são vendidos no Brasil e no Caribe. No século XIX, a França, em campanha para abolir o comércio de escravos, entra em guerra com reinos locais. Em 1892, o reinado Fon é subjugado e o país torna-se protetorado francês, com o nome de Daomé. Em 1904 integra-se à África Ocidental Francesa. O domínio colonial encerra-se em 1960, quando Daomé torna-se independente, tendo Hubert Maga como primeiro presidente. A partir de 1963, o país mergulha na instabilidade política,com seis sucessivos golpes militares.

Em 1972, um grupo de oficiais subalternos toma o poder e institui um regime esquerdista, liderado pelo major Mathieu Kérékou, que governa até 1990. Kérékou nacionaliza companhias estrangeiras, estatiza empresas privadas de grande porte e cria programas populares de saúde e educação. A doutrina oficial do Estado é o marxismo-leninismo, mas a agricultura e o comércio permanecem em mãos privadas. Em 1975, o país passa a designar-se Benim. O regime político entra em crise na década de 1980, e o governo recorre a empréstimos estrangeiros. Uma onda de protestos, em 1989, leva Kérékou a promover uma abertura política e econômica. Com a instituição do pluripartidarismo, surgem mais de 50 partidos. Nicéphore Soglo, chefe do governo de transição formado em 1990, é eleito presidente em 1991.

• Governo: República presidencialista.
• Presidente: Yayi Boni (desde 2006).
• Partidos políticos: União pelo Benin do Futuro (UBF), Renascimento de Benin (RB), Partido da Renovação Democratica (PRD), Movimento Africano pela Redemocratização e o Progresso (Madep), entre outros.
• Poder legislativo: unicameral - Assembléia nacional com 84 membros.

• Constituição: última revisão em 1990.


Religião

Religiões indígenas locais incluem religiões animistas em Atakora (províncias Atakora e Donga) e Vodun e Orixá ou Oriṣá venerados entre os povos Yoruba e Tado no centro e sul do país. A cidade de Ouidah na costa central é o centro espiritual do Vodun beninense.

O Tado e o panteão dos Orixás Yoruba correspondem aproximadamente: • O Ser supremo Mawu (na língua fon) ou Olodumare (também conhecido como Olorun, Eledumare, Olofin-Orun e Eledaa entre outros nomes) (em yoruba)
• A divindade da terra e da varíola, conhecido como Sakpana (ou Sopono, Sakpata), também podem ser especificados como 'Shakpata, Shopono, Shakpana, e também conhecido como Babalu Aye ou Obalu Aye.

• A divindade de trovão e relâmpagos, conhecido como Shango ou Xangô; também podem ser especificado como Sango, também conhecido como Jakuta, Chango, Xevioso e Hevioso.

• A divindade da guerra e do ferro, conhecido como Ogun, também conhecido como Ogoun ou Gu.


As maiores religiões introduzidas são o Islamismo, pelo Império Songhai e comerciantes Hausa, e agora seguido por todo Alibori, Borgou, e províncias Donga, bem como entre os Yoruba (que também seguem o cristianismo), e Cristianismo, seguido por todo o sul e centro do Benin e em Otammari país no Atakora. Muitos, contudo, continuam mantendo crenças dos Voduns e Orixás e incorporaram no Cristianismo o panteão de Vodun e Orixá.


A Fortaleza de São João Baptista de Ajudá, também conhecida como Feitoria de Ajudá ou simplesmente Ajudá, localiza-se na cidade de Uidá, na costa ocidental africana, atual República de Benim.

Ouidah, Ouidá, Whidah, Hweda, Uidá, Ajudá é uma cidade localizada na costa ocidental africana, atual República de Benim.

Originou-se em torno da fortaleza de São João Baptista de Ajudá erguida por portugueses.


O nome Uidá é uma corruptela de Ajudá. Em francês, escreve-se como Ouidah ou Ouidá, em inglês pode ser escrita como Whidah, em iorubá como Hwéda.


Principais orixás Na mitologia iorubá, Olodumare também chamado de Olorun é o Deus supremo do povo Yoruba, que criou as divindades, chamadas de orixás no Brasil e irunmole na Nigéria, para representar todos os seus domínios aqui na terra, mas não são considerados deuses, são considerados ancestrais divinizados após à morte.

Orixás
• Exu, orixá guardião dos templos, casas, cidades e das pessoas, mensageiro divino dos oráculos.

• Ogum, orixá do ferro, guerra, e tecnologia.
• Oxóssi, orixá da caça e da fartura.
• Logunedé, orixá jovem da caça e da pesca

• Xangô, orixá do fogo e trovão, protetor da justiça.

• Ayrà, usa cores brancas, tem profundas ligações com Oxalá.

• Xapanã (Obaluaiyê/Omolu), Orixá das doenças epidérmicas e pragas.

• Oxumarê, orixá da chuva e do arco-íris.

• Ossaim, orixá das ervas medicinais e seus segredos curativos.
• Oyá ou Iansã, orixá feminino dos ventos, relâmpagos, tempestade, e do Rio Niger

• Oxum, orixá feminino dos rios, do ouro e amor.
• Iemanjá ou Yemanjá, orixá feminino dos lagos, mares e fertilidade, mãe de todos os Orixás de origem yorubana.

• Nanã, orixá feminino das águas das chuvas, dos pântanos e da morte, mãe de Obaluaiyê, Iroko, Oxumarê e Ewá, orixás de origem daomeana.

• Yewá, orixá feminino do rio Yewa, senhora da vidência, a virgem caçadora.

• Obá, orixá feminino do rio Oba, uma das esposas de Xangô juntamente com Oxum e Iansã.
• Axabó, orixá feminino da família de Xangô

• Ibeji, orixás gêmeos

• Iroko, orixá da árvore sagrada (conhecida como gameleira branca no Brasil).

• Egungun, ancestral cultuado após a morte em Casas separadas dos Orixás.

• Iyami-Ajé, é a sacralização da figura materna.
• Onilé, orixá relacionado ao culto da terra.
• OrixaNlá (Oxalá) ou Obatalá, o mais respeitado Orixá, Pai de todos os Orixás e dos seres humanos.

• Ifá ou Orunmila-Ifa, orixá da Adivinhação e do destino.

• Odudua, orixá também tido como criador do mundo, pai de Oranian e dos yoruba.
• Oranian, orixá filho mais novo de Odudua.

• Baiani, orixá também chamado Dadá Ajaká.
• Olokun, orixá divindade do mar.

• Olossá, orixá dos lagos e lagoas

• Oxalufon, orixá velho e sábio.

• Oxaguian, orixá jovem e guerreiro.
• Orixá Oko, orixá da agricultura.


Por coincidência descobri este vídeo sobre o Príncipe.

Por Erick Wolff8

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Os mandamentos de Ifá nascem no Odu Ikafun

Quando os Maiores (os Irunmole), chegaram à Terra, fizeram todos os tipos de coisas erradas que foram avisados que não fizessem.

Então, começaram a morrer um atrás do outro e, desesperados, puseram-se a gritar e a acusar Orunmilá de os estar assassinando.

Orunmilá então, defendeu-se dizendo que não era ele que os estava matando.

Orunmilá disse que os maiores estavam morrendo porque não cumpriam os mandamentos de Ifá.

Então Orunmilá disse: "A habilidade de comportar-se com honra é obedecer os mandamentos de Ifá, o que é de sua inteira responsabilidade.

A habilidade de comporta-se com honra e obedecer os mandamentos de Ifá é minha responsabilidade também".

Sentença: Eni da ile á bá ilé lo.

Os mandamentos de Ifá nascem no Odu Ikafun

Ijelú - Itan ti Èsú "Lenda de Exú"


Lenda de Eshu Jelu ( Ijelu ou Ajelu ) Mandaram Eshú fazer um ebó, com o objetivo de obter fortuna rapidamente e de forma imprevista. Depois de oferecer o sacrifício, Exú empreendeu viagem rumo a cidade de Ijelu.

Lá chegando, foi hospedar-se na casa de um morador qualquer da cidade, contrariando os costumes da época, que determinavam que qualquer estrangeiro recém chegado receberia acolhida no palácio real. Alta madrugada, enquanto todos dormiam, Exú levantou-se sorrateiramente e ateou fogo as palhas que serviam de telhado à construção em que estava abrigado, depois do que, começou a gritar por socorro, produzindo enorme alarido, o que acordou todos os moradores da localidade. Eshú gritava e esbravejava, afirmando que o fogo, cuja origem desconhecia, havia consumido uma enorme fortuna, que trouxera embrulhada em seus pertences, que como muitos testemunharam, foram confiados ao dono da casa. Na verdade, ao chegar, Exú entregou ao seu hospedeiro um grande fardo, dentro do qual, segundo declaração sua, havia um grande tesouro, fato este, que foi testemunhado por enumeras pessoas do local. Rapidamente, a notícia chegou aos ouvidos do Rei que, segundo a lei do país deveria indemnizar a vitima de todo o prejuízo ocasionado pelo sinistro. Ao tomar conhecimento do grande valor da indemnização e ciente de não possuir meios para saldá-la, o rei encontrou, como única solução, entregar seu trono e sua coroa a Eshú, com a condição de poder continuar, com toda sua família, residindo no palácio. Diante da proposta, Eshú aceitou imediatamente, passando a ser deste então o rei de Ijelu.

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