sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O culto aos ancestrais


A segunda edição da Magazine On Line Ọlọrun, aborda conceitos importantíssimos para a comunidade Afro-brasileira, o estudo de quatro colunistas  abordando o tema “noção de pessoa”, discutindo abertamente sob as considerações de várias vertentes religiosas.

Aulo Barretti Filho e Luiz. L. Marins –,Concepção Iorubá da Alma – os dois escritores traduzem e comentam um texto riquíssimo de Willian Bascom, que aborda noções de pessoa e posiciona conceitos sobre a alma que ainda é muito confundido aqui no Brasil.

Rudinei Oliveira – Arísùn Ara Okú -, trouxe um texto do Chief Adisa Awoyemi Olaifa, muito interessante que exemplifica costumes e rituais, mais tarde o colunista apresenta o conceito do Arísùn Ara Okú afrosul, também muito interessante permeando   o Batuque em geral.

Tateto Oluandeji, que fala sobre – Nascimento nos tempos antigos -, este sacerdote pertence a cultura Bantu, e  colabora muito com texto e matérias que somam a rica diversidade deste veiculo.

Entre estas matérias  temos ainda mais algumas postadas que abrangem o tema ancestralidade.

Visite a magazine On Line - www.olorun.com.br

Por Erick Wolff8

domingo, 16 de janeiro de 2011

“Deusa dos Fluídos” o declínio de uma Divindade

Vulgaridade e pretenciosismo desfigurando a face de Yèyé omo ejá (Mãe cujos filhos são peixes), esta é uma exposição fotográfica assinada por Gal Oppido, que abrirá no próximo dia 26 de Fevereiro, no  Museu Afro Brasil.

Há algum tempo um lixo cinematográfico – Yansan, produzido por Carlos Eduardo Nogueira, para o Porta Curtas Petrobras, no ano de 2006, patrocinado pelo Ministério da Cultura, Petrobras e Sabesp. A família tradicional Afro-brasileira se constrangeu diante da criação depreciativa e distorcida daquele filme, ofendendo assim os pais que desejam educar seus filhos sem o vulgar e infeliz material divulgado.

E agora me deparo com outra possível aberração artística que transforma Yemonja, numa vulgar efígie saliente e insensível. Para meu desagrado um significativo texto que continha partes intima de uma masturbação ótica, distorcendo mais uma vez a cultura Afro-brasileira, transformando num avacalhamento cultural.

Devo imaginar que a visão do ensaísta Gal, foi sob uma perspectiva nublada que tenta transformar um ensaio sexual feminino, para derrubar a tradição do orixá africano. Chegando a misturar “Nossa Senhora” à “Yemonja”, sem ao menos decifrar a própria essência da Odò (rio) ìyá (mãe) do povo Egbá. A mostra também inclui uma instalação para a exibição dos vídeos  "Bras au Vent” e "Iemanjá Deusa dos Fluídos: processo de construção de um ensaio”.


E não para por aí, ainda temos a apresentação da tal “Obra”


A concepção da criação dos deuses Yorùbá transformado num simples  anódino orgasmo vulvário, em alguns momentos parece que as águas mencionadas, assemelham a corrimentos vaginais, sem pretensão alguma para desmerecer o trabalho que me chegou as mãos, o leitor poderá acompanhar no próprio texto que segue.

Deusa dos Fluido

A partir da figura de Iemanjá, despojada de suas vestes marianizadas e entendida como aparição palpável, aquela que com o cordão umbilical alimenta dentro de seu mar interno a vida sêmen-ada que jorra para o mundo seus oceanos vaginais com felizes náufragos incubados durante meses para aportarem na praia dos humanos.

O erótico como provedor dos ritos de celebração e pró-criação da vida, o corpo da mãe que se orgulha da não-virgindade, pois possibilita o outro corpo, que protege o irmão, o companheiro de luta e desespero; o mesmo corpo que na vigília e no caminhar épico pelos campos africanos religou todos os continentes.

Num sincretismo distorcido e despregado da cultura afro-brasileira, devo imaginar que a própria divindade se sentiria coagida  diante tal comparação, devo imaginar que o criador de qualquer obra possa registrar o que gosta de levar para a  cama, porem transformar o sagrado numa copula, já excede a liturgia desta cultura.

A Maria das Marias, a Maria do Mar, a Maria Preta, a Maria Ninguém, portanto etérea, fluída, onipresente, dos terreiros, terrenos e da terra.


"Humanos úmidos, uni-vos!"  Gal Oppido


Considero que Yemonja ou Nossa Senhora não sejam duas vadias retratadas dê propositalmente, espero que os artistas comecem a estudar melhor a cultura Afro-brasileira e a Cristã para colaborarem para ambas as culturas, que apesar de não conhecer muito a cultura cristã, devo imaginar que ambas as famílias possam não ficar satisfeitas em levar seus filhos para ver um trabalho com um teor sexual tão vulgarizado.

Diretor curador: Emanoel Araujo
Diretor executivo: Luiz Henrique Marcon Neves
Endereço: Av. Pedro Álvares Cabral, s/ nº
Parque Ibirapuera- Portão 10
São Paulo- SP - Brasil
CEP: 040094-050
Fone: 55 11 3320-8900
www.museuafrobrasil.org.br


Abertura: 26 de fevereiro
Hora: 12h00
Duração: 26 de fevereiro a 17 de abril
Funcionamento: de terça a domingo, das 10 às 17 horas (permanência até às 18h)
Estacionamento: Portão 3 – Zona Azul
Entrada: Grátis
Classificação: Livre
Para maiores informações: faleconosco@museuafrobrasil.org.br
Para agendar visitas: agendamento@museuafrobrasil.org.br ou
Fone: 55 11 3320-8900 ramal 121
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O direito de resposta do Ensaista


“Deusa dos Fluídos” – o direito do olhar

Quando resolvi em viagem a África em 2010 a iniciar um ensaio sobre Iemanjá eu começava a descortinar um véu que sempre carreguei de que essa Deusa tão cultuada no Brasil, tinha na África, uma essência muito mais humana do que eu estava habituado a ver.

Envolta sempre em grandes rituais, vestes, e na liturgia, eu não conseguia dissociar a imagem de Iemanjá de uma santa, mais uma imagem de Maria, de mãe, como na igreja católica.

Percorrendo os vilarejos, vivenciando a simplicidade do culto em terras africanas, percebi que Iemanjá é uma Deusa Palpável. Aliás, fui mais longe, Iemanjá pra mim é a única santa possível do século XXI.

Por quê? Porque sua vida, seus amores, seus filhos e a própria cultura africana, possibilitam, devolvem a ela e a mulher, o direito a sexualidade, sem que ela perca absolutamente nada do que representa dentro do culto. Essa é a grande vitória de Iemanjá, a grande vitória das mulheres que representa, a grande vitória de um culto que não coibi, e que mesmo permeando o lúdico, carrega em si, muito mais da realidade que enfrentamos todos os dias e que precisamos enfrentar para crescer.

Caro editor, o direito ao olhar é um direito adquirido. Sua interpretação, seus significados, também percorrem um caminho que é muito pessoal. Aceito a crítica, mas preciso expressar que talvez sim em minha vida eu tenha conhecido mulheres de Iemanjá, e talvez de Oyá ou Oxum. No entanto, nessa exposição eu mostro a imagem de uma Iemanjá que eu conheci não na intimidade de dois corpos que se encontram, mas aquela que me surpreendeu na África. Despojada de vestes, de luxo. Uma Iemanjá que me olhou fundo no olho e que me mostrou que além de deusa é mulher, e que enquanto mulher exercia seu direito maior, o de existir, o da sua sexualidade sim. Fluídos vaginais, fluídos do leite que alimenta, fluídos do rio, do mar, do vaso de água que carregavam por caminhos longos, as filhas de Iemanjá, e não só de Iemanjá, que encontrei em terras áridas.

Espero poder contar com sua presença. Espero que juntos tenhamos o direito do olhar. Iremos compartilhar dos fluídos dessa Deusa que também são aqueles fluídos invisíveis. Energéticos. Esses com certeza mais visível a você do que a mim, que só enxergo a imagem palpável, e permaneço no campo do estético, enquanto a ti, foi dado o campo da essência.

Iemanjá nessa exposição está longe da decadência, mas sim da mulher que exerce a sua sexualidade sem, pelo contrário, perder sequer uma gota de seu valor. Essa é uma ideia que deixa refém mulheres e mulheres ao longo de toda uma história, que sabemos injusta. Não caia nessa armadilha fácil do julgamento. Banhe-se nas águas profundas da Deusa. Banhe-se de sua energia fluídica e compartilhemos.

Atenciosamente,

Gal Oppido
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Comentário do Redator

Gostaria de comentar que o fotógrafo Gal Oppido, não deve ter frequentado os atuais terreiros que aboliram o sincretismo com a cultura Cristã, fazendo uma enorme confusão entre os rituais da Umbanda e do Candomblé, onde Yemonjá não é mais associada a imagem de Maria, são pontos importantíssimos que fariam diferença na hora de fotografar, mesmo porque todos os sacerdotes que mostrei a matéria se sentiram ultrajados com a postura orgástica da modelo, que em momento algum traduz o prazer  de ser mãe, passando para teor sexual e  deixando de  lado a pureza e o sentimento de ser mãe, sabemos que na África é comum as mulheres andarem com os seios de fora, contudo adornar uma mulher com o Adé de Yemonja e colocar em poses maliciosas não faz desta exposição o merecimento de carregar uma homenagem à Deusa, sugerimos que reformule o conteúdo e  destine apenas a Maria, que quem sabe possa ser melhor aceita, não precisamos de mais conteúdo depreciativo para  a nossa  cultura.

Sugerimos também que retire nossos adornos sagrados, pois não são objetos d e chacota e muito menos desejamos que sejam usados desta forma, nossas Deusas e divindades possuem o poder da sedução e sensualidade, o que difere de uma vulgaridade registrada, nós sacerdotes e a família tradicional africana, esperamos que reconsiderem que está exposição irá nos ofender profundamente.

Por Erick Wolff8

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A assessoria de Imprensa do Museu Afrobrasil, antecipou um comunicado com o seguinte  recado - Olá amigos, comunico que a exposição do fotógrafo ensaísta,  Gal Oppido,  que abrirá no próximo dia 26 de fevereiro, às 12 horas, será “Antífona” e não mais “Deusa dos Fluídos”, como divulgado anteriormente.

Será uma mostra com 27 imagens baseada na obra de mesmo nome do escritor negro, Cruz de Souza. - esta vitória nos proporciona o respeito e o reconhecimento ao qual lutamos, chega  de  marginalizarem os nossos ícones e religião.
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Grato pelo bom censo ao redefinirem uma nova exposição, tenho certeza que será um sucesso.

Erick Wolff8 - redator

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Dia de Yemonja: homenageie com consciência

Erick Wolff8
14/01/2011
Concordando com a preocupação do Esotérico Daniel Atalla (escola esotérica), que defende a tradição da cultura Afro-brasileira e ao mesmo tempo se preocupar com a responsabilidade ambiental, eu resolvi dar um espaço à Yemonja e fazer pequenas correções culturais pertinentes ao material enviado por ele.


O Brasil costuma homenagear Yemonja no dia 02 de Fevereiro, todos se movem para o Litoral em busca da água salgada, na intensão de prestar uma singela homenagem, sabemos que neste dia o mar fica realmente lotado de pessoas e com muitos detritos originários da fé dos mesmos. Porem não devemos esquecer que não é apenas a cultura afro-brasileira que costuma ir as ruas para expressar sua fé.

Acredito que todos já devem ter visto os belos tapetes bordados a mão por artesãos cristões que usam vários produtos coloridos para desenhar nas ruas que segue a procissão de "Corpus Christi", resultando o mesmo pós-evento que a comemoração para Yemonjá, sujeira para todo lado.

Claro que num país onde a maioria da população procura a fé dos Orixás e camufla com os santos católicos, o peso em cima da cultura Afro-brasileira é maior, sendo que sempre será alvo de perseguição das demais culturas. Uma pena, saber que até o estado deveria ser “Laico”, e o Legislativo jamais deveria ter uma nossa senhora na entrado do prédio, muito menos uma cruz logo acima, mas este assunto quem sabe discutiremos outra hora, pois hoje vamos focar a “mãe cujos filhos são peixes”.

O batuque das festas à beira mar neste dia é muito lindo, folcloricamente devemos até considerar que emociona os turistas e adeptos de outra religião, mas culturalmente, chega a ser um equivoco que para os visitantes não terem conhecimento de quem é Yemonja, passa desapercebido, mas para os adeptos da cultura afro-brasileira chega a ser um crime, tanto para os iniciados que dirá os sacerdotes, não saber a origem desta Deusa nem saber onde fica o seu reino, deveria ser a primeira lição de casa.

Para começar não irei nem entrar no parâmetro sincretismo, pois acredito que este seja o resultado de uma mistura sem noção, o responsável e grande mau que destrói a cultura afro-brasileira, deveria ser banido de vez sem retorno, pois ele enfraquece a religião e cria confusão aos que procuram pela primeira vez os templos e religiosos afro-brasileiros.

Yemonja é, e sempre será a dona do rio “Yèyé omo ejá" ("Mãe cujos filhos são peixes"), Na Mitologia Yorùbá, a dona do mar é Olokun que é a mãe de Yemonja, ambos de origem Egbá.

Yemonjá, que é saudada como Odò (rio) ìyá (mãe) pelo povo Egbá, por sua ligação com Olokun, Òrìṣà do mar (masculino (em Benin) ou feminino (em Ifé), muitas vezes é referida como sendo a rainha do mar em outros países. Cultuada no rio Ògùn em Abeokuta
(fonte www.olorun.com.br)


Então sabendo que Yemonja, não é dona do mar, apesar de poder ser cultuada no mesmo, sabemos que ela é dona do Yèyé omo ejá, então porque a cultura afro-brasileira a enterrou no mar?

Por muito anos os Brasileiros cultuaram as divindades africanas em segredo, os adeptos e recém-iniciados conviveram sem ter acesso aos fundamentos, houve muita confusão principalmente por parte da Umbanda que se estruturava, nascendo de uma exclusão das entidades que o espiritismo repudiava, porem tais entidades possuíam grande carisma e sabedoria, se não era permitido que estas entidades trabalhassem no espiritismo, poderiam fazer livremente na Umbanda. Como o candomblé que surgia da influencia africana, a Umbanda surgiu da miscigenação de várias culturas, inclusive o candomblé.

Os recém-sacerdotes denominados como Babalorixá ou Pais de santo, usufruíram do sincretismo africano para batizar suas entidades, dando nomes dos Orixás africanos para as entidades, que mais tarde se transformariam em orixás da Umbanda, tais Orixás não tem nada haver com os Orixás da cultura tradicional do Candomblé, também não se apresentam num jogo de Búzios, na verdade nem é possível defini-los num jogo de búzios segundo a tradição do candomblé, pois as entidades e Orixás da Umbanda não costumam responder em jogo sacralizado pelas vertentes do Candomblé, desta forma estamos falando de energias diferente e culturas diferentes. Mesmo havendo muita confusão por parte dos adeptos da umbanda em cima dos nomes e das divindades por eles cultuados, podemos dizer que a Yemanjá da Umbanda é diferente da Yemonja, ambas culturas cruzam-se nesta data.

E virou uma tradição no Brasil, o segundo berço dos Orixás, entregar flores ao mar para Yemonja, mas distante do Oceano ser o reino dela, o mar nada mais é do que a morada de "Olokun, Òrìṣà do mar (masculino (em Benin) ou feminino (em Ifé)". E infelizmente os não iniciados na cultura Afro-brasileira costumam jogar muitos objetos no mar nestes dias, algo muito perigoso, afinal uma garrafa de vidro pode vir a quebrar e os cacos voltarem para a praia causando ferimentos nos banhistas e ou coisa pior.

Por isso que o bom censo deve sempre contar nestas horas, afinal todos nós queremos usufruir das praias, rios e lagoas. Procure não jogar objetos cortantes, que possam cortar ou enferrujar, machucando as pessoas. Pense nos seus filhos e parentes que desejam usufruis das belezas da natureza.
Flores e até mesmo comida como canjica e ou alguns docinhos podem substituir objetos perigosos, agora se você tem uma promessa de entregar um champanhe e ou perfume, cumpra sua divida, apenas não descarte a garrafa ou vidro na natureza, traga para uma lixeira mais próxima.

Algumas dicas do que não fazer, mas não se esqueça de que estas dicas são sugestões, não quer dizer que deva seguir a risca.

Sal grosso - Procure não usar o sal grosso, ele é um elemento que os antigos usavam para batizar ou queimar energias negativas, seu poder chega a ser maior do que imagina, então aposente este elemento até quem sabe um dia possa usar em um bom churrasco.

Flores e ou frutas – Quer ofertar alguma flor, coloque em algum lugar da sua casa que seja arejado para embelezar e trazer um bom perfume. Caso queira ofertar frutas, faça, mas aproveite e coma, afinal desperdício não é bom. Ao querer despachar procure um local com verde, pode ser um jardim e deixe as flores lá, assim você não joga no lixo um presente que deu para uma entidade, faça o mesmo com as frutas, os passarinhos irão adorar.

Água e banhos - Caso use água e ou algum banho energético, recolha com uma bacia ou vasilha e despache no verde, pode ser um jardim também, afinal não queremos que nossos desejos se encaminho para o esgoto, concordam?

Velas e incensos – cuidado com velas, são muito perigosas, deixem longe de crianças, animais, idosos, janelas, moveis de madeira e etc... Também evitem acender velas no banheiro, é um lugar intimo e para higiene, acho desagradável, deixar velar ali queimando.

Àṣẹ Pupo
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