terça-feira, 13 de julho de 2021

NOTA PÚBLICA DO IlÊ AXÉ NAGÔ KÓBI

Erick Wolff de Oxalá

Postado em Porto Alegre, 13/07/2021


(foto 01)

Esclarecemos que o Nagô Kóbi, não é, e nem nunca foi uma Nação, o que já deixamos claro em diversos textos e apresentações. O termo Kóbi é uma referencia ao local de extensão no Ilê Axé Nagô Kóbi onde se encontra o Kamuka e seus assentamentos, na tradição Kanbina do Batuque do R.S. 

O nome Nagô Kóbi 

A palavra Nagô é uma referencia aos ritos iorubas e seus costumes preservados na tradição da Kanbina do Batuque do Rio Grande do Sul; e a palavra Kóbi é uma correlação a determinados quartos de extensão que existem no palácio do Alaafin de Oyó, na Nigéria, que pertenceu aos Alaafins entronizados e o atual possui um, desta forma, criando um paralelo entre a religião tradicional do Batuque do Rio Grande do Sul e a religião tradicional Ioruba.



Saiba mais sobre –
KANBINA: ORIGENS IORUBÁ E CONTINUIDADE NO BATUQUE DO RS


*Legenda foto 01 - A réplica do òpá (cajado) Obàtálá 

domingo, 11 de julho de 2021

HOMENS FILHOS DE OBA, NO BATUQUE

Erick Wolff de Oxalá

Em 11/07/2021


No Batuque tradicional, assim como na religião tradicional iorubá há muitos homens filhos de Oba.

No Batuque temos exemplo Jackson de Oba (falecido), Carlinhos de Oba (sp), Bàbá Gilson de Oba entre outros.
Convido a verem neste vídeo os iniciados de Oba na religião tradicional de Ioruba.

Não se justifica o que atualmente dizem que não se faz Oba na cabeça de homem no Batuque. Talvez esta afirmação seja influencia de outra religião afro-brasileira.
Fonte - Orisa Oba usa apenas oraculo de obi, nao precisa de odu. - YouTube

domingo, 4 de julho de 2021

IFÁ É UM SISTEMA ORACULAR QUE NÃO USA BÚZIOS

Por Erick Wolff de Oxalá

Sacerdote de orixá desde 1989, na tradição do Batuque do Rio Grande do Sul.

02/07/2021



Respeitando o direito de cada um e a liberdade de culto, neste ensaio estamos esclarecendo alguns conceitos sobre jogo de búzios do Batuque do Rio Grande do Sul e o uso da palavra Ifá pelos antigos. 

Com o passar dos anos, o culto de Ikin-Ifá veio para o Brasil, como este sistema não usa os búzios, como oráculo, torna inviável o uso desta denominação para o jogo do Batuque. 

Ikin-Ifá









(Ikin-Ifá - créditos da imagem ignorados: A saber)



No artigo Oxalá Oromilaia não é Orunmila-Ifá, esclarecemos diversos pontos sobre ambas religiões, inclusive citamos a referencia de sacerdote de Oxalá jogando com oito búzios em Ekiti. 

Link - 
ILÊ AXÉ NAGÔ KÓBI: OXALÁ OROMILAIA NÃO É ORUNMILÁ-IFA (iledeobokum.blogspot.com) 


Considerações finais 

Atualmente não convém mais que se use a palavra Ifá, para o jogo de búzios do Batuque, para não confundir com o Ikin-Ifá, que veio para o Brasil nas últimas décadas. 


terça-feira, 29 de junho de 2021

ODU DE NASCIMENTO

Por Yemoja Arike 


Tenho uma má notícia para dar, se você não fez uma consulta divinatória com poucos dias de vida não terá um odu de nascimento.


Minha tradição da cidade de Oyo carrega esse aprendizado, o odu de nascimento só poderá ser sacado para um recém nascido, em fase adulta ele não poderá mais sacar caso não o tenha feito.

Minha tradição também não se usa data de nascimento para apurar odu.

São apenas 2 situações que vamos carregar um odu fixo em nossa vida.
1 — na hora do nascimento.
2 — na hora da iniciação de Orisa.

Todas as outras consultas que alguém fizer terão odu(s) transitórios que servirão apenas para dar direção em nossa vida, mas sem encarar as orientações como imutáveis.  (consultas para saber Orisa é um outro capítulo)

Tenho uma boa notícia para te dar, nem todas as famílias yoruba utilizam odu como meio de divinação, muitas usam apenas obi ou orogbo. (o grifo é nosso)

Isso significa que nem um recém nascido e nem um iniciado daquele clã, carregarão odu em nenhum momento de sua vida. E todas as suas recomendações serão avaliadas com um de estes dois outros oráculos.

Se você chegou aqui sem saber seu odu de nascimento está tudo bem - não entre em pânico .

Beijos

sexta-feira, 25 de junho de 2021

DESVENDANDO A HISTÓRIA DE LÓGUNẸ̀DẸ

Por Iyalorisa Ifásolà Ẹgbẹ́kẹ́mi Postado em 24/06/2021 



Tenho certeza que o que você vai ler hoje sobre Lógunẹ̀dẹ, você nunca tinha lido antes. Como já dito por mim e por outros sacerdotes que compartilham conhecimento nas redes sociais, a terra Yorùbá é grande, diversificada e está longe de ter uma única forma de culto aos Òrìsà. Sendo assim, leia o texto de hoje do Meu Coração Africano, como algo que vai aumentar os seus conhecimentos sobre Lógunẹ̀dẹ e das várias formas de culto e crença sobre este Òrìsà do outro lado do Atlântico.


Vamos hoje para Ibadan, a capital do estado de Oyo. Ibadan tem uma população atual de mais de 3,5 milhões de habitantes. É a maior cidade em área geográfica da Nigéria, no período da independência, em 1960, Ibadan era a maior e mais populosa cidade do país e a segunda mais populosa da África, atrás apenas do Cairo. Predominantemente uma terra Yorùbá, mas que possui diversidade de famílias que cultuam os Òrìsà. Não existe uma verdade absoluta nem mesmo em Ibadan, uma única pessoa não pode falar por toda cidade, nem mesmo quando trata-se de Lógunẹ̀dẹ.


O tempo tem tantas faces, entre elas a capacidade de construir e destruir. Nós aqui do outro lado do Atlântico, que vivemos ou herdamos o amor e o culto aos Òrìsà, perambulamos entre as histórias e os contos dos Yorùbá, para conseguirmos aumentar o nosso conhecimento e sermos mais fidedignos à sua tradição. Hoje vou trazer um pouco mais dessa busca se entrelaçando com alguns aprendizados aqui no Brasil que são diferentes em terra Yorùbá.


Depois de Èsù, que teve seus atributos e renome totalmente distorcidos no Brasil e em toda diáspora, creio que Lógunẹ̀dẹ ou Ológunẹ̀dẹ vem logo em seguida, tendo seu culto e personalidade longe do que de fato ele é e representa.


Assim como a maioria de vocês que hoje me leem, eu também aprendi que Lógunẹ̀dẹ foi filho de Osun e Osoosi, que ele morava com a mãe no rio por seis meses e nos outros seis com o pai na mata - praticamente uma guarda compartilhada - rs... brincadeiras a parte, foi assim que aprendemos. Lógun aqui no Brasil foi e ainda é representado pelo cavalo-marinho e em alguns locais sua sexualidade era descrita como bisexual.


- Orixá menino


Vamos agora para Yorubaland, onde o culto a Lógunẹ̀dẹ permanece vivo em Ibadan, mesmo que com famílias diferentes. Para os Yorùbá Lógunẹ̀dẹ significa o "Pequeno Guerreiro”', como já dito por outros sacerdotes, no entanto quando vamos compreender mais sobre este Òrìsà e cruzar as informações que fazem morada no Brasil, onde eu também o conheci como o “Orixá Menino”, começamos a desatar os nós e compreender melhor de onde surgem os telefones sem fio. Para os Yorùbá, Pequeno Guerreiro no caso de Lógunẹ̀dẹ, trata-se de um guerreiro que ninguém acreditava em seu potencial, no caso de Lógun, ele de fato era mais jovem do que a maioria dos guerreiros e isso gerava incredulidade quanto a sua capacidade. No entanto, ele surpreende em suas capacidades de luta e batalha, mesmo com a pouca idade e torna-se um guerreiro que comanda grandes batalhas.


- Filho de Osun


Ainda indo pra lá e para cá, como já dito acima, conhecemos Lógunẹ̀dẹ como filho de Osun. Pois bem, aqui no Brasil quando uma pessoa afilia-se a uma casa ele ou ela é chamado de "filho de santo” da casa e da sacerdotisa ou sacerdote. Na Nigéria as estruturas sociais hierárquicas das comunidades religiosas não funcionam como no Brasil, apesar dessas estruturas atualmente já vêm sofrendo algumas mudanças com a chegada dos turistas religiosos. No entanto considera-se ọmọ awo - filho(a) do segredo - quando uma pessoa é APRENDIZ de uma sacerdotisa/sacerdote, seja ele dentro do culto de qualquer Òrìsà, ou seja, quando o sacerdote está ensinando os segredos da religião para aquela pessoa. Pois bem, quando pergunto para um Yorùbá de Ibadan sobre a filiação de Lógunẹ̀dẹ, preciso ter em mente esse conhecimento acima mencionado, pois ele me responde que Lógun foi ọmọ awo de Osun, o preferido dela, que o conquistou pela lealdade e verdade e passou a morar junto com Osun. Diz ainda que Osun ficou muitos anos observando a conduta de Lógunẹ̀dẹ, e quando ela passou a confiar nele, passou a ensinar todos os segredos da magia da água e da floresta que ela sabia para seu ọmọ awo preferido, ou seja, o seu filho do segredo preferido.


- A sexualidade de Lógunẹ̀dẹ


Osun então passa a ensinar todos os seus segredos para Lógunẹ̀dẹ, e todos passam a vê-lo como o grande parceiro de Osun. A magia e o uso da sensualidade que fazem parte das armas de sedução de Osun, também são ensinados para Logun. Conta-se então que ele passa a se vestir como Osun o ensinou, sempre bem apresentado e arrumado, pronto para ser admirado, até mesmo as suas armas para a luta eram do mesmo metal que Osun usava, diferentemente das armas dos outros guerreiros que eram de ferro. Osun deu roupas para ele, e assim ele herda a forma de se vestir e as cores de Osun.


Osun passou a confiar tanto em Lógunẹ̀dẹ, que sempre que ela precisava sair e o deixava em casa, era ele que atendia os clientes que batiam na porta em busca de Osun, e ele fazia o mesmos trabalhos espirituais que Osun com a mesma competência.


No Brasil poucos sabem, mas assim como Oyá é conhecida como vendedora de dendê no mercado, Osun é conhecida como Onídìrì em Yorubaland, ou seja, cabeleireira, por isso ela também é associada a vaidade e ao autocuidado. De tudo que Osun ensinou para o seu ọmọ awo, a única coisa que Osun não ensinou para Logun foi a sua habilidade com os cabelos, pois Logun era uma grande guerreiro.


- As associações de Lógunẹ̀dẹ e Obatalá


Logun dentro da comunidade que o cultua é conhecido como um Òrìsà extremamente criterioso com a sua limpeza, não gostando de forma alguma de sujeira assim como Obatalá. Dentro desta mesma região de Ibadan é ensinado para aqueles que vão preparar alimentos para serem oferecidos para Lógunẹ̀dẹ, que a pessoa que está preparando a comida deve permanecer em silêncio do início até o fim do preparo. Se essa informação for dada no Brasil sem maiores explicações, todos pensarão: Logun também não gosta de barulho, mas na verdade não é por isso que se faz a comida de Obatalá em silêncio, não é pelo barulho e sim pelos respingos da saliva que podem cair na comida, ou seja, não é pelo barulho e sim pela higiene do preparo.


- A partida de Lógunẹ̀dẹ para Orun


Assim como Orunmila, Ogun, Osun e outros Òrìsà, conta-se que quando Lógunẹ̀dẹ cumpriu com a sua missão em Àyé, ele entrou dentro da terra e não apareceu nunca mais.


O que também poucos brasileiros sabem, é que para algumas parte do território Yorùbá, Orun não remete ao céu, e sim à um mundo invisível, que para muitos fica embaixo da terra, e por isso que muitos Òrìsà encerram a sua trajetória entrando dentro da terra.


Espero que você tenha gostado de conhecer mais essa diversidade dentro da Religião Yorùbá e compartilhe com pessoas que você sabe que irão gostar também de aprender.


Gostaria de agradecer ao Babalawo Nathan Lugo e ao Babalawo Abifarin, de Ibadan, que compartilharam gentilmente algumas das informações que estão contidas neste texto.

Ọ̀nà’ re o

Iyalorisa Ifásolà Ẹgbẹ́kẹ́mi

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**** Este texto está protegido pelas leis autorais. É proibido divulgar em qualquer meio ou mídia sem a devida citação da fonte e dos autores, com penas estabelecidas pela LEI Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998. Fonte - Desvendando a história de Lógunẹ̀dẹ (meucoracaoafricano.com)

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