quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

A VERDADE E A MENTIRA DISPUTAM O BATUQUE DO RS

NO BATUQUE
Por Alexandre Custodio

Postado em 08/12/2021



"Onde falecem as verdades, prevalecem os enganos."


O Batuque perdeu muito desde a passagem de sua primeira geração, com essas passagens, tanto idioma, conceitos e fundamentos foram corrompidos, tanto que muitos hoje falam de um “Batuque Original” que não é o que foi formatado pela primeira geração, da qual ainda escutamos sussurros aqui e ali, esses fragmentos comprovam as mudanças criadas pelas gerações posteriores para ocupar esse vácuo de conhecimento que não se preocuparam em preservar.


"Quem diz a verdade, não merece castigo."


Quem se dispõe a pesquisar uma hora ou outra vai se deparar com verdades sobre a nossa cultura religiosa, seja em registros escritos ou em pesquisas de campo nos templos, geralmente em casas menos badaladas, encontramos um ritual mais preservado foi o que eu percebi, ritos que nos ligam ainda mais a matriz, um exemplo disso é o Jogo do recém-nascido que eu vi na casa do pai Lula do Ogun feito para seu filho Leonardo Martins por sua avó(não me recordo o nome), registrado em fotos e vídeos, conhecido na matriz como “essentaye”, uma casa que já se encontra na terceira geração, encaminhando a quarta, alternando sempre a liderança do templo entre Xangô e Ogun.


"Nem todas as verdades são para serem ditas."


Sim, vão tentar te calar, basta a qualquer um decidir se aprofundar nos estudos sobre o Batuque, que esse perceberá algumas mudanças ao seu entorno, amigo e adversários se formaram de acordo as verdades que vocês expõem, se essa verdade for a favor ao que praticam em seus templos, nesses momentos serão seus amigos, caso contrário se colocar em xeque o que praticam tenderam a estar entre seus adversários, ambos tentaram em um momento ou outro te calar por não conseguir prever seus próximos passos, ou manipular as opiniões das pessoas quanto a você e ao que fala e produz.


"A verdade é manca, mas chega sempre a tempo."


Quantas narrativas eu vi cair por terra, nesse pouco anos mais de 10 (dez) anos em que comecei a estudar o Batuque com mais afinco, coisas que muitos batuqueiros tinham com verdades, que hoje muitos batuqueiros querem enterrar, mas a verdade é como sol mesmo fechando os olhos para ela, o calor ainda pode te queimar.


"A verdade, ainda que amarga, se traga."


O Batuque não é meu, não é seu, não é de ninguém, todos somos herdeiros, cabe a nós preservarmos e corrigir possíveis equívocos produzidos por nossos ancestrais, todos nós vamos morrer e quando já estivermos esquecidos o Batuque ainda vai estar aqui, o Batuque não nasceu com quatro pessoas um ancestral de cada tradição, se fosse assim não teríamos mais Batuque, dada a pressão o que mesmo sofreu, muitos dos responsáveis pela consolidação do Batuque hoje nem são lembrados, sejamos mais humildes, eu faço aqui minha meá-culpa, devemos acordar as pessoas para a realidade quando essas estiverem preparadas. Mas devemos deixar publicas a realidade.


"A verdade pode ser combatida, mas não vencida."


O Batuque ao longo dos anos foi muito vilipendiado tanto pelos integrantes do Candomblé que se achavam a palmatória do afro, quando pelos próprios batuqueiros que muitas vezes não sabem explicar de uma forma lógica o que praticam, sabem fazer, não sabem explicar, por isso muitas e muitas vezes o Batuque foi motivo de chacotas nos muitos fóruns. O Batuque sofreu isso por culpa dos próprios batuqueiros que olharam muitas vezes para o Candomblé em busca de conhecimento, enxertando o Batuque com elementos do Candomblé, alguns possuindo até dupla pertença, elementos que vemos sendo perpetuados e tidos como tradição. A verdade veio da Matriz e ficamos sabendo que o Batuque preservou muito mais que o Candomblé, talvez mais que todas as outras vertentes afro-brasileiras.


"A verdade dispensa enfeites."


Sempre que encontramos temas polêmicos no Batuque, notamos que a verdade nem sempre é defendida, muitos vão defender o erro e romantizá-lo, pois seus egos não lhes permitem aceitar a realidade, não importa quanto se prove errado o que falam, nunca vão se desapegar da mentira ou do erro, e para isso usam de todos os subterfúgios, desde tentar denegrir o seu interlocutor até fazer birra, em debates que deveriam ser civilizados.


"Calar a verdade é enterrar ouro."


Muitos do Batuque mesmo sabendo da verdade, preferem manter os seus no escuro por comodidade, pois o conhecimento está aí para todos, se eu encontro você também encontra, o que poderia tornar o Batuque ainda mais próximo de sua origem é tratado como um mal, olhar para a matriz, pois o Batuque nasceu aqui, mais os seus ritos conceitos e fundamentos vieram de lá dessa mesma matriz, nosso primeiros adaptaram aqui para poder cultuar como faziam quando estavam lá. Se não fosse necessário adaptações teríamos aqui o culto no mesmo formato que lá, a não ser que pensemos que nossos ancestrais não eram tão tradicionalistas como nós. O erro nasce da falta de conhecimento, essa falta de conhecimento abriu espaço para inserção de elementos de outras tradições e até outras religiões abraçadas como fundamental, enquanto negam a verdade vinda da origem a matriz por todos os meios, para não ter que mudar como fazem os seus rituais.


"A verdade contenta-se com poucas palavras."


Quem chega no Batuque com dinheiro, em muitos templos compra do apronte até o título de rei, não difere das outras religiões afro-brasileiras, e da matriz, o dinheiro fala, quem compra está visando vender também. Comercio estabelecido, concorrência e marketing tudo se justifica, pois, existe a necessidade de faturar, fundamento fica em segundo lugar, hoje quase tudo é feito online de jogo até ebó são despachados por SEDEX, fecham os olhos para o fundamento e a tradição para arrecadar, mas se garantem tradicionalistas e amantes dos orixás, dói ver pessoas que admirava abraçarem esses subterfúgios.


"A verdade só se envergonha de estar oculta."


Muitas vezes já ouvi inbox, pessoas me elogiando pela minha conduta, e outras me recriminando pelo mesmo fato, quem elegia inbox o faz por ter medo de que se o fizer em público atraia problemas, quem critica inbox tem medo da repercussão da resposta que ia levar ao fazer o questionamento em público, no fim tudo se resume a imagem. O lado material vem antes do religioso e verdades incomodas devem ser silenciadas.


"A verdade é clara; a mentira é sombra."


A verdade do Batuque não precisa de muita explicação e elaboração, pois é uma religião calçada na lógica e no fundamento, quando tentam criar uma aura nebulosa sobre algo podem ter certeza ou não sabem explicar, ou a explicação não condiz com a realidade que está sendo praticada, nesse momento se criam os segredos, é melhor ficar calado e manter o mistério parecendo sábio, que abrir a boca e falar uma bobagem e acabar com o encanto, para a falta de conhecimento construíram uma rede segura para se esquivarem das responsabilidades que vai do merecimento até a expulsão do templo, usadas conforme a necessidade.


O pior desserviço ao Batuque é em se sabendo da verdade, propagar a mentira e o erro só para defender o ritual que se pratica ou que é praticado por seus ancestrais, se o orixá lhe deu a oportunidade conhecer a verdade, é sua responsabilidade difundi-la, ou você pode estar cultuando qualquer coisa menos os orixás, pois esses já passaram a ter menor importância dentro do que pratica.

terça-feira, 7 de dezembro de 2021

DESPEDIDA AO CHEFE SANGODELE IBUOWO, POR YEMOJAGBEMI OMITONAMOLE ARIKE

Por Yemojagbemi Omitanmole Arike 

Postado em 07/12/2021 às 11:50



Com enorme tristeza soube hoje que o chefe Sangodele Ibuowo o Elegun Sàngó Koso partiu para o Orun.

Uma das mais altas autoridades de Sàngó na cidade de Òyó e do mundo todo.

Guardarei em minha memória a gentileza de um grande sacerdote, a força que presenciei de Sàngó com ele manifestado caminhando horas pelas ruas com energia descomunal, com fôlego para festejar o dia seguinte, guardarei o Sàngó dele atendendo as pessoas e passando recomendações com a própria boca. Guardarei todos os ensinamentos.

Um dos eventos mais impressionantes que já vi em minha vida foi ver o Sàngó deste senhor na Terra , arrastando multidão.

Certamente com honra se tornará um ótimo ancestral para a comunidade de Òyó e para todos devotos de Sàngó do Mundo.

No Ose Jakuta um dos mais ilustres devotos partiu para o Orun.

A todos da minha comunidade de Òyó o meu lamento, minha tristeza e dor. Estamos juntos.

Yemojagbemi Arike

#oyo

Fonte - https://www.facebook.com/photo/?fbid=1070399753755973&set=a.168572807272010

Imagem comprobatória - 



HOMENAGEM PÓSTUMA À SANGODELE IBUOWO

Por Erik Wolff de Oxalá

Em 07/12/2021



Hoje terça feira, falece o Oloye Sangodele Ibuowo, um ícone da representatividade de Sàngó, o seu conhecimento e sabedoria devidamente registrado pelo Àsà Òrìsà Aláàfin Òyó Èsìn Òrìsà Ìbílè, em diversos artigos que trouxeram luz para a diáspora, na era orixaísta. 

Quando pensarmos em Sàngó, continuaremos a ter a imagem do próprio Sàngó, manifestado nele.


Uma pequena coletânea dos registros.

Divination for the Sango New Year Oyo Alaafin, 2019 2020, aug 18



Sango New Year 2019 2020, Elegun Sango Ibuowo, Oyo Alaafin




Meus agradecimentos pelo conhecimento e riqueza que nos forneceu.

Que seja sempre lembrado e honrado pelos descendentes.  

sábado, 4 de dezembro de 2021

BATUQUE É RECONHECIDO PATRIMÔNIO CULTURAL DO POVO CARIOCA

Por Erick Wolff de Oxalá

Em 04/12/2021


A Religião de Matriz Africana, afro gaúcha conhecida como Batuque do RS, juntamente com a Umbanda, Candomblé, Ifá e outras, são reconhecidas patrimônio cultural de natureza imaterial do povo carioca. 

A Lei n 7.162/2021, sancionada nesta última quinta feira, dia 02/12/2021, pelo prefeito Eduardo Paes. Conforme o parágrafo primeiro, amplia a lei para Religiões de Matriz e Influência Africana, no amplo contexto citando apenas algumas.


Art. 1º Ficam declaradas Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial do Povo Carioca, as Religiões de Matriz e Influência Africana (Umbanda, Candomblé e Ifá). 


Fonte - http://aplicnt.camara.rj.gov.br/APL/Legislativos/contlei.nsf/7cb7d306c2b748cb0325796000610ad8/2c84ebb002d1ad440325879e004bd8d3?OpenDocument 

quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

COISAS SOBRE EGUNGUN QUE TALVEZ VOCÊ NÃO SAIBA

Postado em 91/11/2016, acessado em 01/12/2021 às 14:04


Os 15 fatores foram retirados do vídeo feitos com Olòjẹ de egungun em Oyo – Nigéria – assim para respeitarmos a diversidade, indicamos que se trata das diretrizes do culto deste local ou família.


1- EGUNGUN NÃO É ORISA É UMA SOCIEDADE ANCESTRAL.

2 – As mulheres não podem fazer parte da sociedade de egungun

3 – Aleso é o nome da iniciação a egungun

4 – Não se raspa a cabeça para egungun, o rosto é coberto e os rituais são feitos nas mãos e nas pernas.

5- Em tempos antigos as iniciações de egungun duravam 7 dias hoje em dia são feitas em 3 dias.

6- Em uma iniciação a sociedade de egungun se você não descobrir “criar” um do egungun de sua família, provavelmente irá cultuar o avô ou o tataravô de outra pessoa.

7- Existem 2 tipos de egungun Eleru e Alabo. Eleru não é um tipo que vai à luta e Alabo tem características mais guerreiras.

8- Para um estrangeiro que quer ter o culto de egungun de sua própria família, primeiro se descobre se é um egungun Eleru ou Alabo, e depois a consultar os antepassados da família se formaria o nome – no caso do vídeo o sobrenome da Dra. Paula – Gomes ficaria brincam que no oraculo saiu Eleru” então ficaria – Eleru Gomes, assim homens da família teriam um culto de egungun representativo a própria ancestralidade.

9 – pessoas especificas fazem as roupas para os egungun

10- culto de egungun usa como oraculo o obi.

11- Iniciados no culto se chamam Òjè sacerdotes oleje

12- Orisa que também foram seres humanos também podem ter egungun.

13 -” minha família tem o egungun de Oya” – Olóòjè, Òyó – Oya viveu na terra, foi esposa de Sàngó, ela não tinha filhos, por isso fizemos um egungun Oya para ela ter filhos.

14 – Tem diversos orikis e modos de chamar egungun

15 – Uma mulher só pode cultuar egungun dando oferendas.

Fonte - https://orisabrasil.com.br/Loja/15-coisas-sobre-egungun-que-talvez-voce-nao-saiba-e-2-videos-com-sacerdotes-de-egungun-de-oyo-nigeria/?fbclid=IwAR1EEbIaIOdRBWnsEPxNQpWXyFPe9d_kkRMErsfGf5tdB71WMkNTs3qzMXQ

KAMBINI, KAMBINA OU CABINDA: SEGUIR A ORIGEM OU A TRADIÇÃO ATUAL.

Por Erick Wolff de Oxalá
23/12/2017


Este artigo tem por finalidade de levar ao público uma divergência de conceitos,  abordado no debate na minha pagina do Facebook, no seguinte tópico: "Você Afro-religioso, quer estudar para justificar o que faz, ou para rever os conceitos e a sua tradição?", Durante a conversa nos foi pontuado a questão de não poder mudar a tradição e seguir o que lhe foi ensinado. 
Link da postagem - https://www.facebook.com/erickwolfftamelini/posts/10215617646660016?notif_id=1514034666200834&notif_t=feedback_reaction_generic

Mediante a questão eu pontuei o tema de um trabalho sobre a tradição da Kambina, do Batuque do RS, onde o antropólogo Norton Correia registrou em seu Livro a fala dos mais antigos, valido documento que faz parte do livro O BATUQUE DO RIO GRANDE DO SUL, que denomina a Kambina ou Kambini, conforme as imagens seguintes;



Esta era a forma que os antigos falavam, foi nos anos 80, que o autor  Paulo Tadeu em seu livro Os Fundamentos Religiosos da Nação dos Orixás, com depoimento e assinatura deu alguns mais velhos, começou a criar o conceito da Kambina, ser a Cabinda Banto, para que fiquem sabendo o autor não trouxe nenhum estudo ou pesquisa adequa para embasar a sua tese, simplesmente forneceu informações de que era errado falarem Kambina e ou Cambinda, incrustando na mente das pessoas mais simples e que não possuíam-se acesso às informações o novo conceito.


Realmente não foi difícil confundir os mais velhos e convencer os mais novos, que na época ansiavam informações de suas origens, que eles estavam usando termos inadequados, e deveriam assim os mais antigos e a nova geração substituir os conceitos para a nova "Nação Banto" e divulgarem, e foi o que decorreu, obvio que infelizmente houve conflito culturais, onde os Bantos não cultuam orisa, não dão Bori nem Xangô é cultuado, por isso, podem ir em qualquer terra Banto, que jamais irão encontrar orixá. Por isso dizer que os orixás estão extintos é um equivoco, pois poderemos encontrar o seu culto vivo e divulgado na Nigeria e região.





Considerações 
Os participantes se pronunciam entre seguir a tradição para manter o que lhes foi ensinado, mesmo que tenham acesso ao conhecimento, e outros que informam por em pratica o que aprendem, conseguindo manter a tradição, mas atualizando-a com as informações. 

A geração contemporânea para o que? Irão continuar a dizer que são banto seguindo a sua tradição atual, mas entendemos que para completar o axé, poderiam começar a cultuar as divindades Banto, falar no idioma Banto e seguir os rituais Banto, abandonando assim as divindades Ioruba e seus costumes, já que não são Ioruba.

Ou voltarão para a sua origem, aquela que o fundador Waldemar de Xangô batizou como Kambini ou Kambina, com tradição ritos e divindades Ioruba?

Afinal Waldemar era de Xangô e o quem reina na Kanbina é Xangô de Kamuka, não existe outro rei.



Bibliografia 

TADEU, Paulo Ferreira, Os Fundamentos Religiosos da Nação dos Orixás, 1994, 2 edição, Editora Toqui.

CORRÊA, Norton F., O Batuque do Rio Grande do Sul, 2 edição.

TIKTOK ERICK WOLFF