Conversando com um grande amigo sobre o Yorùbá e seus problemas com a escrita, muito bem colocado pelo Luiz L. Marins que explica o que ocorre com a Língua mais polemica e difundida no Brasil;
“Como a língua originalmente era ágrafa, a forma para diferenciar os significados do que falavam era subindo ou descendo o tom da voz, alternando a nasalização entre aberto e fechado, aglutinando palavras para formar nomes. Foi isto, misturado com outros dialetos que veio para o Brasil.”
Eu fiz algumas aulas de introdução ao Yorùbá, e posso atestar que até mesmo os Nigerianos possuem dificuldade na grafia. Chego a suspeitar que nem mesmo eles entendem como funciona a mania de colocar acentos em cima das letrinhas, virando a famosa sopinha de letrinhas e suas confusões para quem não entende muito bem o Yorùbá ou o Português.
Eu gostaria de sugerir para que todos fizessem um pequeno exercício, ou uma lição de casa, pegue um ou dois CDs de cantigas para os toques religiosos e ou cerimônias e ouça, será muito interessante perceber que cada Alagbe ou Ogã canta diferente a mesma cantiga, alguns cantando num dialeto perdido ao qual somente eles entendem...
Se existe tanta diferença entre um Alagbé cantado e outro, então imagina como foram adulteradas as cantigas que ouvimos durante estas decadas durante os toques de òrìṣà. Tudo isso para explicar que as tentativas de traduzir cantigas será sempre um engano para quem faz e para quem as recebe. Claro que podemos ter a essência do que cantamos numa pequena ressonância do arcaico e limitado Yorùbá que temos acesso. Sem esquecer-se do fator das misturinhas das palavras das várias etnias e tribos, por isso nem uma cantiga tirada durante os toques de hoje são puras e podem ser traduzidas ao pé da letra. Mal são escritas, segundo o Luis L. Marins que afirma; - Jamais, jamais, jamais, teremos "traduções corretas de orin, atetes, aduras" de qualquer segmento religioso de matriz africana. Cada um fará sua interpretação de acordo com seus estudos, mas nunca poderá afirmar que é uma tradução -.
Um exemplo muito simples, outro dia eu entrei num blog que por sinal fazia uma crítica construtiva porem infundada sobre o meu trabalho e mais alguns estudiosos e li o seguinte;
Esta foi a primeira vez que ouvi falarem sobre a tradução da palavra ẹbọra = Gay, bicha, homossexual. Tentei achar em algum dicionário e realmente não encontrei nada, nem mesmo com os amigos que possuem grande afinidade com o Yorùbá, por isso que temos que tomar muito cuidado com as palavras. Com certeza o ẹbọra foi uma delas, confundindo do autor do Blog ao qual eu colei este material.
"preservarei o endereço do blog".
"preservarei o endereço do blog".
E finalmente quero demonstrar aqui um momento muito importante de reconhecimento e evolução, onde eu já escrevi de várias formas o nome do meu òrìṣà, reconheço que segundo as fontes usadas sempre me foi apresentado de várias formas; òṣala, Oṣaalá, Oriṣalá, etc... Certo ou errado são traduzidas nos principais dicionários Yorùbá x Português. Hoje conversando com o escritor Luiz, ele comentou o seguinte; “Eu demorei um bom tempo para entender como se escreve OXALA em iorubá, e confesso, sem nenhuma crítica, que cometi durante um bom tempo o mesmo erro que a maioria comete até hoje. A tendência natural é substituirmos o X pelo S e colocarmos um tom agudo na ultima letra A, seguindo a regra da língua portuguesa, certo? Errado, Òòṣàálá é a maneira correta de escrever, sendo Òòṣà a sua forma abreviada”.
Por isso que convido aos amigos que estão acompanhando meus posts e me ajudem a caçar os Òòṣàálá que tiverem errados no meu blog e textos espalhados pela net, conto com a ajuda de todos e agradeço muito.
Por Erick Wolff8
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