Bàbá Erick Wolff8
27/07/2011
27/07/2011
A evolução dos costumes da cultura Afro-brasileira está passando por uma mutação, ao observar a influência dos africanos no Brasil, na atual sociedade religiosa, começando uma humanização dos Òrìsà nos rituais afro-brasileiros, com menos adereços e mais liberdade saindo daquele santo engessado para uma nova realidade cultural, basta ver este vídeo.
Até então a moda era vestir o santo, ou melhor, caracterizavam as divindades seguindo influencia da corte Européia, fazendo com que o Candomblé criasse um verdadeiro ritual de sala, com duas ou três saídas de roupa, uma mais luxuosa que a outra, o que de certa forma chega a ser meio contraditório, se observarmos a forma dos africanos se vestirem não tem nada haver com a realeza da corte do século XIX.
Este costume criado ao redor das divindades é uma tradição brasileira, que existe desde a fundação das primeiras casas de Candomblé, o Òrìsà vestido com muitas saias, junto com apetrechos e laços muito bem paramentados no Candomblé... A comunidade do Candomblecista deu o melhor de si para as suas divindades, jamais ninguém poderá contestar esta verdade.
No entanto seguindo por outro caminho a Nação Batuque Afrosul, não desenvolveu o costume das saídas dos santos na sala, criou um estilo diferente para os seus rituais, mantendo o mais próximo da África, onde os mesmos se apresentavam de forma menos rodeada de apetrechos, saias sem rodas, laços e ou paramentos, deixando assim as divindades mais livres para dançar e menos engessados no comportamento, muito semelhante ao vídeo que vemos acima.
No entanto seguindo por outro caminho a Nação Batuque Afrosul, não desenvolveu o costume das saídas dos santos na sala, criou um estilo diferente para os seus rituais, mantendo o mais próximo da África, onde os mesmos se apresentavam de forma menos rodeada de apetrechos, saias sem rodas, laços e ou paramentos, deixando assim as divindades mais livres para dançar e menos engessados no comportamento, muito semelhante ao vídeo que vemos acima.
Sendo que no Batuque Afrosul é possível vestir os Òrìsà em duas ocasiões, estas cercadas do momento em que o Òrìsà dará o seu Orúko (nome religioso), logo após passar por provas* ou quando ou Elégùn leva seus Òrìsà para casa, abrindo um novo terreiro.
Duas culturas com a base religiosa semelhante rodeada de costumes diferentes, que se destacaram no Brasil durante algumas décadas, separados por tradições que causaram grande distanciamento das duas vertentes, afinal o convencional até então deveria ser a forma tradicional Candomblecista, no entanto, atualmente a inversão do comportamento através da vinda dos africanos para o Brasil, abriu novas formas de se portar, chamando a atenção para as culturas Afrosul, que suas divindades já se portam como as divindades que vemos através dos africanos.
João Carlos do Òòsàálá ** |
Infelizmente o Batuque possui um “Tabu” de não fotografar as divindades e muito menos dizer aos Elégùn iniciados nesta religião que seus Òrìsà manifestam-se, criando uma dificuldade para registrar e reproduzir tais divindades para estudo e trabalho, o registro é possível apenas para aqueles que já faleceram, pois o Tabu de não comentar que as divindades manifestam, permanece desde o inicio da estruturação do Batuque.
* Prova – é uma passagem de um ritual do batuque Afrosul, que reúne vários elementos para dar ao Òrìsà, muitos deles são comidas arriadas que ficam durante alguns dias, tornando-se quase impossível de um ser humano ingerir, esta divindade deverá comer tudo que for apresentado e mais alguns elementos que fazem parte deste ritual. Depois de comer tudo, deverá ir à frente do Tambor para dançar, uma prova que por sua vez se torna mais difícil ainda.
** Raro momento registrado, João Carlos foi um Babalorixá do Batuque Afrosul, nesta nação é proibido fotografar e ou contar ao iniciado sobre o transe, sendo assim, muito difícil encontrar registros como este, notem que nesta foto o Òòsàálá, ainda contém uma certa influencia Européia, que com os anos foi sumindo, ficando apenas algumas ferramentas e paramentos, a parte inferior da roupa é uma espécie de bombaixa confeccionada com muitos metros de tecido, criando um volume semelhante a uma saia rodada.
** Raro momento registrado, João Carlos foi um Babalorixá do Batuque Afrosul, nesta nação é proibido fotografar e ou contar ao iniciado sobre o transe, sendo assim, muito difícil encontrar registros como este, notem que nesta foto o Òòsàálá, ainda contém uma certa influencia Européia, que com os anos foi sumindo, ficando apenas algumas ferramentas e paramentos, a parte inferior da roupa é uma espécie de bombaixa confeccionada com muitos metros de tecido, criando um volume semelhante a uma saia rodada.
Olá amigo, parabéns pela postagem ou melhor pelas postagens são esclarecedoras e poderia dizer didáticas, penso que estamos vivendo uma grande mudança dentro dos cultos afro-brasileiros, uma verdadeira revolução, uma vez que o acesso a informação deixou de ser algo restrito a alguns poucos privilegidados que muitas vezes a usavam para manter seus "status quo"...., minha família (avós) eram de Umbanda e quando conheci o candomblé a uns vinte poucos anos atrás fiquei encantado e logo depois decepcionado, (o pai de santo era um "pilantra") mas meu amor pela cultura afro nunca acabou e nesses vinte e poucos anos segui estudando e buscando informações.....eu teria todas os motivos do mundo para odiar essa religião, mas hoje com quase quarenta anos entendo que orixas ,inquices ou voduns não importa, são energias puras, o ser humano é que é falho,eu ja conhecia esse video que você postou e sou muito otimista e acredito sinceramente que os cultos afro-brasileiros estão melhorando muito porque estão buscando suas raízes.....abçs....
ResponderExcluirConcordo com você, Reginaldo.
ResponderExcluirA falha está no ser humano, não no Orixá.