No dia 08/12/2023, Luciano Zúllu, administrador no grupo Nação Cabinda do RS, compartilhou uma postagem coletada da página Ancestralidade.
Através do Canal Ancestralidade, o tamboreiro Belerun fez um relato de um caso com o axé de fala para um orixá.
Editamos e adaptamos o layout para melhor compreensão do texto. Vejamos:
"O AXÉ DE FALA DE UMA YEMANJA MIREMI.Óbvio que terá histórias que não contarei aqui na página e algumas contarei e algumas preservando nomes por ter parentescos vivos da pessoa, más esta não tem como deixar de falar.A tempos atrás quem é mais da antiga sabe que se o tamboreiro era de Ijexa a gôa do Ijexa o chamava-o para tocar e se o tamboreiro pertencia a nação cabinda o povo da cabinda chamava e assim por diante como era no Oyó e outros seguimentos depois isto foi disseminando e na época.Isto eu falando de uns 40 anos atrás o batuque era bem diferente ha e eu digo diferente mesmo, e o pessoal da Cabinda não tinha meio termo eu digo com propriedade pois este ano fecho 59 anos de Cabinda.Um certo dia, eu não tinha nenhum Batuque marcado, eu iria a um batuque de Oyó ao qual tinha sido convidado para assistir o falecido, tamboreiro Adãozinho tocar, me vesti todo de branco como quem me conhece sabe que a 50 anos atrás até hoje só visto roupa branca em qualquer ocasião até mesmo em casa, então me vesti amarrei as fitas nos dedos me perfumei e iria para os lados da orfanatrófe quando o tamboreiro Nico do adiolá me liga, tem um axé de fala hoje na casa e eu sou testemunha de axé e preciso que tu vai tocar na hora do axé de fala o Batuque é comigo e eu bom tava com a intensão de assistir o Adãozinho tocar, ja não iria mais me frustrei más dinheiro era dinheiro.Fui Batuque rolando na quelas salas de madeiras com a energia forte e nomes da época da Cabinda sentados naqueles bancos de toco de árvore feito artesanal e um tamboreiro que tava no dia ajudando o nico a tocar continuou rezando no salão, e, eu fui com outro tambor para dentro da sala pois tinha casas que tinham a reza especifica do axé de fala que não é estas que cantam por ai, não é mesmo e uma senhora da yemanja entra ja ocupada com aquela respiração pesada esfregando as mãos e só de estar no mesmo espaço com aquela Miremi me dava uns arrepios e vontade de chorar e disseram a mãe ta pronta pra receber o axé que naquele tempo ninguém chamava de iyá e baba, era mãe e pai.E a Yemanja fez com a cabeça que sim e ali se começa mel fervendo entre outras coisas e então vejo separarem algo dentro de um saco plástico que não consigo ver só vi quando o tamboreiro nico da uma olhada rápida pra mim e abaixa a cabeça e a Miremi fez os preceitos e o pai de santo da época ao qual é lembrado até hoje em redes sociais ao qual não vou citar nomes bateu cabeça a yemanja e disse.To batendo cabeça pra um orixá de verdade a partir de hoje tua liberação de fala ta feita e depois disso a yemanja faz uma fala e eu liguei os fatos do que se tratava o que tinha na sacola, Adide meu filho te agradeço por tudo que fez com a minha filha tanto as coisas boas e ruins e tu pai sabia o que tinha feito e o que dançava no seu salão, más se me deu merda pra comer na merda o senhor vai ficar, e a Yemanja se abaixou e bateu cabeça e o pai de santo ficou com olho cheio de lagrimas e com uma cara de ódio.E um misto de preocupação pois sabia que se o orixá te falasse algo com toda a certeza ele não estava ameaçando e sim avisando do que iria acontecer saímos da sala pai de santo na frente dançando com olho cheio de lagrimas a Yemanja segurando nos seus ombros logo atrás e os padrinhos de axé de fala logo atrás em fila dançando e aquela gritaria e aplausos no salão sem saber no que havia ocorrido lá dentro e eu começo a rezar “emire miree emire mire guêde o nanan burucun eguedê” que era a reza da Yemanja e na sequência Yemanja reza mostrando a todos que o axé de fala tinha sido feito e ali começa a rezar “legbá sanábó zo vodün elebá/ôlegbá ya vodün sanábó ôlebara” e começa a descer orixás de tudo que é canto daquele salão de madeira, chega dar arrepios e vontade de chorar só de lembrar e então fim de batuque e com passar de um tempo não digo dias más acho que uns meses o pai de santo passa por mim na rua peço agô e vou cumprimentá-lo e ele sorri e sai atravessando a rua no meio dos carros e falando sozinho e eu olho aquela cena pois o pai de santo que usava joias na época estava meio pironalta e ao passar dos tempos morou na rua e se alimentava do lixo e muitos babas antigos que lerem esta história na hora vão saber de quem eu falo pois muitos ainda vivos estavam na mesma sala que eu, e o pai de santo não teve o seu fim tão bom pois que nem a Miremi falou merda me deu na merda vai ficar. são histórias que ocorriam muito a 40 a 50 a 60 anos atrás até os meados dos anos 90 graças ao bom deus e os orixás não existem mais fatos assim pelo menos que eu saiba claro seu lado bom que você sabia que os orixás da época tinham algo que não sei explicar más te arrepiava e dava aquela vontade de chorar e até as oxuns da época dançavam com uma braveza e energia que não é nada de suavidade e olhar serenos como nos dias de hoje, más deixo meu agô a todos que estão aqui na página não se preocupem que a página não será apenas para compartilhar histórias antigas pois sei que muitos de repente gostam mais de ver os vídeos más to soltando histórias do passado por alguns me pedirem muito. axé a todos e que o orixá de cada um de vocês me proteja."
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Imagens comprobatórias: