segunda-feira, 24 de novembro de 2008

A Matriz Africana construindo a cidadania

Todos os povos, mesmo os mais primitivos, tiveram e têm uma cultura, transmitida no tempo, de geração a geração. Mitos, lendas, costumes, crenças religiosas, sistemas jurídicos e valores éticos refletem formas de agir, sentir e pensar de um povo e compõem seu patrimônio cultural.
Nossa ancestralidade trouxe uma cultura única e específica que conquista o mundo, jazz, samba, hip hop, axé-music, carnaval, heróis, bispos, políticos, artistas, pais e mães de santo. As religiões da Matriz Africana sempre foram relegadas ao limbo pela direita social, homofóbica e racista. Este movimento só é lembrado pelo grande público em época de carnaval e de eleições, ou cotidianamente pelas TVs neo pentecostais para o achincalhe.
A construção de uma cidadania plena se dá na instância imediata à do respeito, da pluralidade e da tolerância religiosa e às suas diversidades.
Criamos uma rede informal de trabalho, são artesãos, costureiras, cozinheiras, tecelões, pintores, gráficos. Através de dessa rede informal criamos empregos, e geramos renda social, e elevamos o consumo per capita, que ajuda o País.
Em função da beleza de nossos cultos somos mantenedores de um movimento cultural que gera renda, trazendo turistas para conhecer nossas crenças.
A Matriz Africana é o grande guarda chuva da pluralidade social, que abriga culturas de todas as nações, de todas as etnias, de todos os níveis sociais, além de uma gama de excluídos.
Denunciamos a questão da intolerância religiosa dos meios de comunicação como é o caso exemplar da TV Record, apesar das garantias explícitas da Constituição deste País quanto ao direito à liberdade religiosa. Somos desrespeitados em nossa fé.
Denunciamos a intolerância religiosa nas escolas onde nossos filhos não podem se expressar em suas crenças. Funcionários consideram nossa fé como sendo de segunda classe.
Denunciamos o fato que nossos filhos têm que cumprir preceitos com roupas brancas, diretorias e instituições de ensino não permitem sua presença em salas de aulas, num claro constrangimento a violação da Constituição deste País.
Denunciamos a intolerância religiosa na questão política onde sequer o censo adita nossa existência.
Denunciamos a falta de respeito a nossa liturgia nos:Cemitérios, casas de repouso, hospitais, presídios, IML (uma pessoa que da nossa religião não pode passar por autopsia).
Denunciamos o IBAMA por uma liminar que fere a Constituição, onde podem invadir uma casa de candomblé a qualquer hora, com a desculpa de procurar animais silvestres. Constrangendo a liturgia, constrangendo pessoas, sob a égide da legalidade.
Denunciamos que uma lei aprovada no governo anterior proíbe venda de animais vivos, no estado de SP esta foi apenas uma questão de intolerância religiosa.
Denunciamos a lei 1639, onde a educação religiosa não nos alcança. Que deixa novamente a cultura da matriz africana desprotegida.
Isso nos faz pensar a necessidade de um projeto político de resgate a memória dos terreiros de Matriz Africana, uma referência primeira da resistência; onde a diversidade étnica e as diferenças sociais são tratadas com respeito, dignidade e, sobretudo um espaço de cidadania das pessoas discriminadas pela sociedade.
Nós da matriz africana queremos objetivar ações sociais válidas:
1. O ensino e cultivo de ervas medicinais e plantas ligadas ao Asé.
2. O ensino das línguas africanas para aprimoramento da cultura ancestral.
3. Elaboração de uma cartilha de direitos da matriz africana.
4. Normas para o uso das cachoeiras, rios, pedreiras, bosques, praias, para a questão litúrgicas.
5. Normas estaduais de garantias que servidores públicos sejam punidos em caso de intolerância religiosa,
6. Normativa estadual para prosseguimento da venda de animais “in vivum”.
7. A criação urgente de uma delegacia para recepção de casos de intolerância religiosa.
8. Criação de tombamento de casas históricas de nossa religião.
9. Criação de um acervo da memória cultural da matriz africana.
10. A criação de um abrigo aos velhos desamparados da matriz africana com direito ao seu culto.
11. Doações de terras devolutas para casa de culto de que tiverem interesse em voltar a suas origens.
12. Criação do curso de teologia da matriz africana na USP.
13. Criação De um primeiro cemitério para a Matriz Africana.
14. Abertura de créditos para que os templos da matriz africana possam ser usados para cursos diversos, alfabetização, artesanato típico, confecção de roupas para uso na matriz africana, bordados, paramentos para serem usados na liturgia.

São Paulo, 06 maio de 2008.
Assinam Eduardo Brasil - Tata Matâmoride

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

José Custódio Joaquim de Almeida, Príncipe de Ajudá

José Custódio Joaquim de Almeida, Príncipe de Ajudá (1935) e Babalorisá, segundo diversas publicações no Rio Grande do Sul que são objeto de estudos, foi um dirigente tribal africano, exilado no Brasil, onde se tornou famoso como curandeiro e líder religioso.

Durante um conturbado estado politico que assolava o Forte de São João Batista, ao final do século XIX este príncipe governante deixou seu país no Dahomey (hoje República de Benim), no passado um dos principais entrepostos de escravos para o Brasil, mas o certo é que ele partiu ante a promessa solene dos Ingleses de que o seu povo não sofreria o que haviam sofrido os grupos vizinhos ante a violência dos Alemães e Franceses. Os portugueses, antes senhores da região, tinham se contentado com uma parte da Guiné e com as Ilhas de São Tomé e Príncipe cedendo as suas fortalezas. As condições para que o Príncipe de Ajudá não oferecesse qualquer resistência aos invasores, além do respeito à vida dos seus súditos, era a de que se exilasse e jamais voltasse aos seus domínios. E, como parte do convênio, a Grã-Bretanha se comprometia a fornecer-lhe uma subvenção mensal paga em qualquer parte do mundo onde escolhesse residir, por intermédio dos seus representantes consulares. Por qual motivo o exilado escolheu o Brasil, não se sabe. Talvez por haver aqui grande número de descendentes dos escravos nativos da Costa da Mina - os chamados "pretos-mina" - ou pela ligação estreita do Brasil com o forte. A sua chegada ao país foi assinalada como tendo acontecido em 1864, dois anos depois de ter deixado Ajudá. Inicialmente, fixou-se em Rio Grande. Mais tarde, foi para o interior de Bagé, onde ficou conhecido por manter viva a tradição religiosa do seu povo - com a prática do que agora se conhece como Batuque - além de mostrar conhecimentos das propriedades curativas da flora medicinal brasileira, atendendo a muita gente doente que o procurava, tratando de minorar-lhes os males por meio de ervas e rezas dos ritos africanos.

De Bagé mudou-se para Porto Alegre, onde chegou em 1901, com 70 anos de idade. Foi morar na Rua Lopo Gonçalves, nº 498, cujos fundos davam para a Rua dos Venezianos (hoje Joaquim Nabuco), mas logo que o Príncipe - que havia adotado o nome brasileiro de Custódio Joaquim de Almeida - ali se instalou, passou a rua a ser preferida pela gente de cor que procurava com isso acercar-se do homem que incontestavelmente, era um líder de sua raça.

O Príncipe Custódio - como então era chamado - iniciou ali uma nova etapa de sua aventurosa vida, cercando-se em Porto Alegre de um aparato digno de um verdadeiro fidalgo.
O Príncipe Custódio tinha oito filhos, três homens e cinco mulheres (atualmente ainda estão vivos um homem - Dionísio Joaquim Almeida, funcionário aposentado da EBCT - em Porto Alegre, e duas senhoras, uma residindo no Rio de Janeiro e outra em São Paulo) e para esses oito filhos, quando pequenos, mantinha quatro empregados, um para cada dois.

Seus conhecimentos de idioma português não eram muito corretos, porém podia expressar-se fluentemente em inglês e francês, além de falar ainda vários dialetos das tribos africanas que havia governado.


As festas que promovia periodicamente em sua casa - notadamente na data de seu aniversário - duravam três dias com a casa sempre cheia de gente, da manhã à noite, quando se comia e se bebia do bom e do melhor, ao som dos tambores africanos que batucavam sem parar naquelas setenta e duas horas. Nesses dias, o Príncipe recebia a visita da gente mais ilustre da cidade, inclusive do presidente do Estado, Borges de Medeiros que, conhecendo a ascendência daquele homem sobre a população de cor, ia felicitá-lo, talvez mais por motivos políticos do que por outra coisa.


No dia 26 de Maio de 1936 morreu o Príncipe Custódio aos 104 anos de existência. Seu velório e seu enterro, atendendo ao pedido expresso do morto, foi feito dentro das tradições africanas com muito batuque e muitos "trabalhos", em intenção do morto.


Com ele desapareceu uma das figuras mais impressionantes e esquisitas da de Porto Alegre, e muita gente ficou desamparada, pois a subvenção paga mensalmente em libras pelo governo inglês extinguiu-se com a morte do príncipe de Ajudá.

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Daomé


(Bandeira do Reino do Dahomey)

O Daomé era um reino africano situado onde agora é o Benin.
O reino foi fundado no século XVII e durou até o final do século XIX, quando foi conquistado com tropas senegalesas pela França e incorporado às colônias francesas da África Ocidental.


Os Palácios Reais de Abomei, a capital daquele reino, foram consideradas, em 1985, pela UNESCO, Património Mundial.


As origens do Daomé podem ser traçadas a partir de um grupo adjá do reino costeiro de Aladá que deslocou-se para o norte e estabeleceu-se entre povos fon do interior.

Por volta de 1650, os adjá conseguiram dominar os fon e o Hwegbajá declarou-se rei de seu território comum. Tendo estabelecido sua capital em Agbome (ou Abomei), Hwegbajá e seus sucessores conseguiram estabelecer um Estado altamente centralizado com base no culto da realeza estruturado em sacrifícios (incluindo sacrifícios humanos) aos antepassados do monarca.

Toda a terra era propriedade direta do rei, que coletava tributos de todas as colheitas obtidas.
Economicamente, entretanto, Hwegbajá e seus sucessores lucraram principalmente com o tráfico de escravos e relações com os escravistas estabelecidos na costa.

Como os reis do Daomé envolveram-se em guerras para expandir seu território, e começaram a utilizar rifles e outras armas de fogo compradas aos europeus em troca dos prisioneiros, que foram vendidos como escravos nas Américas.

No reinado de Rei Agadjá (1716-1740) o reino conquistou Aladá, de onde a família governante se originou, desse modo ganhando o contato direto com os comerciantes de escravos europeus na costa. Não obstante, Agadjá era incapaz de derrotar o reino vizinho de Oió, principal rival do Daomé no comércio de escravos e, em 1730, transformou-se um vassalo de Oió, embora conseguisse ainda manter a independência do Daomé.


Mesmo como um Estado vassalo, o Daomé continuou a expandir e florescer através do comércio escravista e, mais tarde, através da exportação de azeite de dendê produzido em grandes plantações.

Pela estrutura econômica do reino, a terra pertencia ao rei, que detinha o monopólio de todo o comércio.
O seu apogeu econômico ocorreu no início do século XIX com a exportação de grande quantidade de escravos para o Brasil e Cuba, tanto que o litoral era conhecido como Costa dos Escravos.

Um dos mais famosos traficantes de escravos nesta época foi o brasileiro Francisco Félix de Souza, o Chachá de Uidá, protegido do rei Guezô.


O Daomé foi enfim conquistado pela França em 1892-1894.
A maioria das tropas que lutaram contra o Daomé eram compostas por africanos nativos, a isto se acrescentou o sentimento de hostilidade contra o reino, particularmente entre os iorubás, levando à sua derrota final.


Em 1960 a região alcançou a independência como a República de Daomé, que mudou mais tarde seu nome para Benin.


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Atual Benin







(Bandeira)


(Brasão de armas)
Lema: Fraternité, Justice, Travail (Francês: Fraternidade, Justiça, Trabalho)

Gentílicos: beninense, beninês
Língua oficial - Francês Capital - Porto-Novo, Cotonou.
O Benin ou Benim (ambas as formas utilizadas nos países lusófonos), é um país africano limitado a norte pelo Burkina Faso e pelo Níger, a leste pela Nigéria, a sul pelo Golfo da Guiné e a oeste pelo Togo.
Capital: Porto-Novo.


História
Celebração em Abomei, 1908

O território onde o Benim se localiza era ocupado no período pré-colonial por pequenas monarquias tribais, das quais a mais poderosa foi a do reinado Fon de Daomé. A partir do século XVII, os portugueses estabelecem entrepostos no litoral, conhecido então como Costa dos Escravos. Os negros capturados são vendidos no Brasil e no Caribe. No século XIX, a França, em campanha para abolir o comércio de escravos, entra em guerra com reinos locais. Em 1892, o reinado Fon é subjugado e o país torna-se protetorado francês, com o nome de Daomé. Em 1904 integra-se à África Ocidental Francesa. O domínio colonial encerra-se em 1960, quando Daomé torna-se independente, tendo Hubert Maga como primeiro presidente. A partir de 1963, o país mergulha na instabilidade política,com seis sucessivos golpes militares.

Em 1972, um grupo de oficiais subalternos toma o poder e institui um regime esquerdista, liderado pelo major Mathieu Kérékou, que governa até 1990. Kérékou nacionaliza companhias estrangeiras, estatiza empresas privadas de grande porte e cria programas populares de saúde e educação. A doutrina oficial do Estado é o marxismo-leninismo, mas a agricultura e o comércio permanecem em mãos privadas. Em 1975, o país passa a designar-se Benim. O regime político entra em crise na década de 1980, e o governo recorre a empréstimos estrangeiros. Uma onda de protestos, em 1989, leva Kérékou a promover uma abertura política e econômica. Com a instituição do pluripartidarismo, surgem mais de 50 partidos. Nicéphore Soglo, chefe do governo de transição formado em 1990, é eleito presidente em 1991.

• Governo: República presidencialista.
• Presidente: Yayi Boni (desde 2006).
• Partidos políticos: União pelo Benin do Futuro (UBF), Renascimento de Benin (RB), Partido da Renovação Democratica (PRD), Movimento Africano pela Redemocratização e o Progresso (Madep), entre outros.
• Poder legislativo: unicameral - Assembléia nacional com 84 membros.

• Constituição: última revisão em 1990.


Religião

Religiões indígenas locais incluem religiões animistas em Atakora (províncias Atakora e Donga) e Vodun e Orixá ou Oriṣá venerados entre os povos Yoruba e Tado no centro e sul do país. A cidade de Ouidah na costa central é o centro espiritual do Vodun beninense.

O Tado e o panteão dos Orixás Yoruba correspondem aproximadamente: • O Ser supremo Mawu (na língua fon) ou Olodumare (também conhecido como Olorun, Eledumare, Olofin-Orun e Eledaa entre outros nomes) (em yoruba)
• A divindade da terra e da varíola, conhecido como Sakpana (ou Sopono, Sakpata), também podem ser especificados como 'Shakpata, Shopono, Shakpana, e também conhecido como Babalu Aye ou Obalu Aye.

• A divindade de trovão e relâmpagos, conhecido como Shango ou Xangô; também podem ser especificado como Sango, também conhecido como Jakuta, Chango, Xevioso e Hevioso.

• A divindade da guerra e do ferro, conhecido como Ogun, também conhecido como Ogoun ou Gu.


As maiores religiões introduzidas são o Islamismo, pelo Império Songhai e comerciantes Hausa, e agora seguido por todo Alibori, Borgou, e províncias Donga, bem como entre os Yoruba (que também seguem o cristianismo), e Cristianismo, seguido por todo o sul e centro do Benin e em Otammari país no Atakora. Muitos, contudo, continuam mantendo crenças dos Voduns e Orixás e incorporaram no Cristianismo o panteão de Vodun e Orixá.


A Fortaleza de São João Baptista de Ajudá, também conhecida como Feitoria de Ajudá ou simplesmente Ajudá, localiza-se na cidade de Uidá, na costa ocidental africana, atual República de Benim.

Ouidah, Ouidá, Whidah, Hweda, Uidá, Ajudá é uma cidade localizada na costa ocidental africana, atual República de Benim.

Originou-se em torno da fortaleza de São João Baptista de Ajudá erguida por portugueses.


O nome Uidá é uma corruptela de Ajudá. Em francês, escreve-se como Ouidah ou Ouidá, em inglês pode ser escrita como Whidah, em iorubá como Hwéda.


Principais orixás Na mitologia iorubá, Olodumare também chamado de Olorun é o Deus supremo do povo Yoruba, que criou as divindades, chamadas de orixás no Brasil e irunmole na Nigéria, para representar todos os seus domínios aqui na terra, mas não são considerados deuses, são considerados ancestrais divinizados após à morte.

Orixás
• Exu, orixá guardião dos templos, casas, cidades e das pessoas, mensageiro divino dos oráculos.

• Ogum, orixá do ferro, guerra, e tecnologia.
• Oxóssi, orixá da caça e da fartura.
• Logunedé, orixá jovem da caça e da pesca

• Xangô, orixá do fogo e trovão, protetor da justiça.

• Ayrà, usa cores brancas, tem profundas ligações com Oxalá.

• Xapanã (Obaluaiyê/Omolu), Orixá das doenças epidérmicas e pragas.

• Oxumarê, orixá da chuva e do arco-íris.

• Ossaim, orixá das ervas medicinais e seus segredos curativos.
• Oyá ou Iansã, orixá feminino dos ventos, relâmpagos, tempestade, e do Rio Niger

• Oxum, orixá feminino dos rios, do ouro e amor.
• Iemanjá ou Yemanjá, orixá feminino dos lagos, mares e fertilidade, mãe de todos os Orixás de origem yorubana.

• Nanã, orixá feminino das águas das chuvas, dos pântanos e da morte, mãe de Obaluaiyê, Iroko, Oxumarê e Ewá, orixás de origem daomeana.

• Yewá, orixá feminino do rio Yewa, senhora da vidência, a virgem caçadora.

• Obá, orixá feminino do rio Oba, uma das esposas de Xangô juntamente com Oxum e Iansã.
• Axabó, orixá feminino da família de Xangô

• Ibeji, orixás gêmeos

• Iroko, orixá da árvore sagrada (conhecida como gameleira branca no Brasil).

• Egungun, ancestral cultuado após a morte em Casas separadas dos Orixás.

• Iyami-Ajé, é a sacralização da figura materna.
• Onilé, orixá relacionado ao culto da terra.
• OrixaNlá (Oxalá) ou Obatalá, o mais respeitado Orixá, Pai de todos os Orixás e dos seres humanos.

• Ifá ou Orunmila-Ifa, orixá da Adivinhação e do destino.

• Odudua, orixá também tido como criador do mundo, pai de Oranian e dos yoruba.
• Oranian, orixá filho mais novo de Odudua.

• Baiani, orixá também chamado Dadá Ajaká.
• Olokun, orixá divindade do mar.

• Olossá, orixá dos lagos e lagoas

• Oxalufon, orixá velho e sábio.

• Oxaguian, orixá jovem e guerreiro.
• Orixá Oko, orixá da agricultura.


Por coincidência descobri este vídeo sobre o Príncipe.

Por Erick Wolff8

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Os mandamentos de Ifá nascem no Odu Ikafun

Quando os Maiores (os Irunmole), chegaram à Terra, fizeram todos os tipos de coisas erradas que foram avisados que não fizessem.

Então, começaram a morrer um atrás do outro e, desesperados, puseram-se a gritar e a acusar Orunmilá de os estar assassinando.

Orunmilá então, defendeu-se dizendo que não era ele que os estava matando.

Orunmilá disse que os maiores estavam morrendo porque não cumpriam os mandamentos de Ifá.

Então Orunmilá disse: "A habilidade de comportar-se com honra é obedecer os mandamentos de Ifá, o que é de sua inteira responsabilidade.

A habilidade de comporta-se com honra e obedecer os mandamentos de Ifá é minha responsabilidade também".

Sentença: Eni da ile á bá ilé lo.

Os mandamentos de Ifá nascem no Odu Ikafun

Ijelú - Itan ti Èsú "Lenda de Exú"


Lenda de Eshu Jelu ( Ijelu ou Ajelu ) Mandaram Eshú fazer um ebó, com o objetivo de obter fortuna rapidamente e de forma imprevista. Depois de oferecer o sacrifício, Exú empreendeu viagem rumo a cidade de Ijelu.

Lá chegando, foi hospedar-se na casa de um morador qualquer da cidade, contrariando os costumes da época, que determinavam que qualquer estrangeiro recém chegado receberia acolhida no palácio real. Alta madrugada, enquanto todos dormiam, Exú levantou-se sorrateiramente e ateou fogo as palhas que serviam de telhado à construção em que estava abrigado, depois do que, começou a gritar por socorro, produzindo enorme alarido, o que acordou todos os moradores da localidade. Eshú gritava e esbravejava, afirmando que o fogo, cuja origem desconhecia, havia consumido uma enorme fortuna, que trouxera embrulhada em seus pertences, que como muitos testemunharam, foram confiados ao dono da casa. Na verdade, ao chegar, Exú entregou ao seu hospedeiro um grande fardo, dentro do qual, segundo declaração sua, havia um grande tesouro, fato este, que foi testemunhado por enumeras pessoas do local. Rapidamente, a notícia chegou aos ouvidos do Rei que, segundo a lei do país deveria indemnizar a vitima de todo o prejuízo ocasionado pelo sinistro. Ao tomar conhecimento do grande valor da indemnização e ciente de não possuir meios para saldá-la, o rei encontrou, como única solução, entregar seu trono e sua coroa a Eshú, com a condição de poder continuar, com toda sua família, residindo no palácio. Diante da proposta, Eshú aceitou imediatamente, passando a ser deste então o rei de Ijelu.

sábado, 27 de setembro de 2008

A variedade de divindades não pode caracterizar o monoteísmo

Ao observar os negros com sua visão religiosa, cada aldeia existe um Deus, como Togo – oyá, Oyo – Sango, Ilé-ifé – ifá, assim vamos entender quem são para eles não existe irunmale, não como aqui cultuamos. Um iniciado na terra de Oyá será de Oyá e cultuara Oya em seu conceito religioso... Sabemos sobre a historia da vinda dos negros e não precisamos citar novamente, pois todos estão cansados de saber... Porem acredito que a maioria deve ter notado que existe uma diferença entre o culto na áfrica e no Brasil e também de nação para nação.

Onde algumas nações deixaram de lado os segredos das folhas, a própria língua ancestre e nativa do culto (resumindo apenas ao itans, orikins ou NKORIN), comidas, vestimentas, tradições e produziram suas próprias tradições, o que até mesmo entre a mesma nação entre as vertentes (lados) que existem dentro da nação existe uma larga diferença.

Tudo isso para que entendam que para os africanos que cultuam um único “Deus” dentro da sua aldeia ele se considera monoteísta pelo fato que não existir uma ramificação cultural como a nossa com tantos irunmales. Pensar como os africanos seriam fáceis se o culto afro-brasileiro cultuasse um deus único sem deidades ou divindades, onde querer ser ou ser está distante entre a realidade que praticamos...

Um homem moderno que vive na era digital e tem acesso á culturas antigas e modernas deve entender a sua religião como um todo, analisar com clareza e absorver o que vê a não o que os outros lhe impõem... por isso que anos atrás eu fui pesquisar com sacerdotes africanos, sacerdotes brasileiros sobre a concepção religiosa, tive conversando com um príncipe nigeriano babaláwo-ifá (sacerdote de ifá), justamente para compor uma concepção dentro da religião, pois um grande telefone sem fio foi feito dentro da cultura afro-brasileira, e todos sabemos que distanciou demais as culturas e nações da sua matriz... claro que esta diferença dá espaço para a rica diversidade, mas quebra elos que hoje vejo muitos sacerdotes tentando resgatar...

Mesmo assim sabendo que para muitos a concepção de monoteísmo ou politeísmo se baseia na visão cristã que aqui no Brasil existe. Eu sei que uma religião seja ela qual for que possui Deuses, divindade, deidades ou divinos elementos estão em constate conflito com o monoteísmo por si só. Claro que cada um pode levar sua bandeira e deixar em seu templo a portas abertas paras leis que lhe é cabíveis, contudo independente de existir uma hierarquia ou dentro de uma religião onde exista um maior e menores, por si já deixa claro que existe a pluralidade e diversidade de divindades, e o que são divindades?

São deuses, estes Deuses que tomam espaço no irunmale e Iyara-bo (quarto sagrados de cada um), por isso, caros amigos eu não posso ser monoteísta pois eu tenho um orisá que foi sento e está no Iyara-bo acima dos demais... Sei da existência de Olowo e sei que ele deu a ordem de criar o universo e Ododúwa foi quem criou ao lado de Obatala, espero que quanto a isso não exista duvida, porem como os gregos, egípcios e mais alguns, nos Sacerdotes das religiões afro-brasileiras somos muito parecidos com eles. Como fatumbi mesmo escreveu no seu livro Deuses da áfrica.


Espero que não se ofendam com a minha concepção, afinal eu que estou contra a maioria estou argumentando sobre estudos e conceitos que fui buscar na fonte, com os africanos para entender a minha cultura religiosa... e acredito que todos devem ficar confortados com a sua concepção afinal quando se tem a verdade para si não precisa travar guerras. Mesmo porque ninguém aqui comprou o direito de ser mono ou poli, mas gostaria de ter mais referencia dos crentes no monoteísmo sobre algum culto ou ritual praticado para Olowo (deus maior) dentro ou fora do Brasil, pois não basta crer precisamos praticar o que somos.
Grato
Baba Erick de Osala

Mo júbà Omorisá
Àwa pàdé l’ònòn ipòrùn, ipòrùn
Asé pupo

sábado, 6 de setembro de 2008

Oxalá ou Obatala



Òrìsànlá ou Obàtálá na África, "O Grande Òrìsà" ou "O Rei do Pano Branco" para os Yorubás, criador do mundo, dos homens, animais e plantas. Foi o primeiro Òrìṣà criado por Olodumare e é considerado o maior de todos os Òrìṣà.

É o mais velho dos Òrìsás, o rei de vestes brancas, raiz de todos os outros Òòsààlà. Ele não é feito, faz-se Ayrà ou Òsun Oparà. É o pai de Osàlúfón, que por sua vez é o pai de Osoguian, tão grande e poderoso é Obàtálá que não se manifesta, sua palavra transforma-se, imediatamente, em realidade.

Representa a massa de ar, as águas frias e imóveis do começo do mundo, controla a formação de novos seres, é o senhor dos vivos e dos mortos, preside o nascimento, a iniciação e a morte. É o responsável pelos defeitos físicos, ele é corcunda porque se recusou a fazer uma oferenda de sal numa cabaça e Èṣù castigou-o pregando a cabaça nas costas, razão pela qual não come sal, comer sal para ele constitui-se num ato de alto canibalismo. Ele deu a palavra ao homem e durante suas festas não se fala durante três semanas tudo é silêncio, pois a palavra é dele.

África
Obàtálá é o filho direto de Olórum o criador do universo. Depois de criado o universo e a terra em específico; depois de milhares de anos resolveu dar vida a terra e enviou seu filho direto " Obàtálá" para esse fim á terra que até então era composta de água. Vindo com o saco da criação Obàtálá trouxe consigo uma galinha d'angola que foi responsável por espalhar a terra sobre as águas, dando desta maneira forma á terra até então composta de água, depois de criado os montes etc... Obàtálá criou os vegetais, animais e por ultimo da própria criação "terra" com ajuda de Nanã moldou o ser humano como barro e com seu sopro deu vida ao ser humano. Por isso se você tem um grande problema de saúde é a este Òrìṣà que se pode recorrer; claro que dependendo do tipo de saúde que seja, podemos recorrer também a outros Òrìṣàs... Obàtálá é quem rege tudo o que é branco sobre a terra em todos os sentidos da palavra; pureza... Obàtálá - Oba (rei) alá (branco)

Òsàlá - Palavra de origem árabe, mais precisamente de inshalla, com o significado de "se Deus quiser, se Deus o permitir".

Òrìṣà-Nla, Òrìṣàla ou (Orixalá e Oṣalá em português) é o primeiro Òrìṣà Funfun nascido diretamente de Olórun (DEUS) (tudo desses Òrìṣàs é de cor branca).

O Reverendo Samuel Johnson, no livro The History of the Yorubas, Lagos, 1937, escreve:

"Òrìṣàlá é encarregado do poder criador e é considerado um co-trabalhador de Olórun. Supõe-se que o homem tenha sido feito por Deus e modelado por Òrìṣàla. Seus adeptos se distinguem pelo uso de colares de contas brancas e pelas roupas brancas. Não podem beber vinho de palmeira. Os sacrifícios por eles oferecidos não podem conter sal. Os albinos, os anões, os estropiados e os corcundas são considerados sagrados por esse Òrìṣà.

Òrìṣàla é o nome comum, conhecido e adorado em diversas cidades e sob diversos nomes: Òrìṣà Oluofin em Iwofin, Òrìṣàko em Oko, Òrìṣàkire em Ikire, Òrìṣàgiyan em Ejigbo, Òrìṣàeguin em Owu, Òrìṣàjaye em Ijaye, Obatala em Oba."

Oṣalá é o Òrìṣà associado à criação do mundo e da espécie humana. Apresenta-se de duas maneiras: moço – chamado Oṣaguian, e velho – chamado Oṣalufan.

Os símbolos do primeiro é uma idá (espada), "mão de pilão" e escudo. O do segundo é uma espécie de cajado em metal, chamado ôpá ṣôrô.

A cor de Oṣaguiam é o branco levemente mesclado com azul, a de Oṣalufam é somente branco. O dia consagrado para ambos é a sexta-feira.

Sua saudação é ÈPA BÀBÁ ! Oṣalá é considerado e cultuado como o maior e mais respeitado de todos os Òrìṣàs do panteão africano.

Simboliza a paz é o pai maior nas nações das religiões de tradição africana. É calmo, sereno, pacificador, é o criador, portanto respeitado por todos os Òrìṣàs e todas as nações. A Oṣalá pertence os olhos que vêem tudo.


Saudação: Epaô Baba!

Dia da Semana:
Domingo

Número:
08 e seus múltiplos

Cor:
Branco para todos com exceção de Branco com preto para Oṣalá de Orumiláia ou cinza bem claro para Obokun
Guia: toda branca fora 01 branca, 01 preta, 01 branca para Oṣalá de Orumiláia

Oferenda: canjica branca e merengue e coco ralado

Qualidade:

Òrìṣà Obokun = O rei de Ijesá, conhecido entre os Nago como Òṣàlá porem foi um guerreiro, filho de mais novo de Oduduwá (branco rajado de cinza claro ou cinza muito clarinho).
Òrìṣà Olokun - senhor do oceano para os Yorubás, pai de Yemonjá. (branco com cristal 1x1)
Òrìṣà Dakùn ou Olofon – O fiador de algodão (branco).
Òrìṣà Jobocum – que traz as águas. (branco)
Orinṣáálá /Obàtálá - é casado com Yemowo, suas imagens são colocadas uma do lado da outra e cobertas com traços e pontos desenhados com efum, no ilésin, local de adoração, dizem que Yemowo foi a única mulher de Òrìṣàlá - Obàtálá um caso excepcional de monogamia entre Òrìṣàs e eboras (branco com cristal 1 x 1)
Òrìṣà de Orumiláia = importantíssimo para o culto Yorubá, pois com ele recebemos nosso àṣe de búzios (branco com preto 1 x 1)
Òrìṣà Oduduwá = O Òrìṣà funfun mais antigo, responsável pela criação do universo. (branco)


Ferramentas: jóias em prata, caramujo, sol, cajado, pomba de prata, moedas e búzios, para Oṣalá de Orumiláia acrescentamos olhos de prata Ave: Galinha branca com exceção de galinha branca mais galinha preta para Oṣalá de Orumiláia

Quatro pé:
cabrita branca e cabrita branca com pequenas manchas pretas para Oṣalá de Orumiláia.


Oduduwa, foneticamente escrito como Odùduwà, e às vezes contraído como Odudua, Oòdua, geralmente é mantido entre os Yorubas por ser o ancestral dos reis Yorubas coroados.

Brasil
É um Òrìṣà, Odùduà - Oduduwa - Odùduwà , foi um rei que teria vindo do leste, no momento das correntes migratórias causadas por uma invasão berbere no Egito.

Segundo Pierre Verger, esse fato provocou deslocamentos de populações inteiras, expulsando-se progressivamente umas às outras, em direção ao oeste, para terminar em Borgu, também chamada região dos Baribas.

O rei Oduduwa ou Oduwa, era o pai de Oranian o fundador de Òyó.




Lendas

Oṣalá é preso injustamente


Oṣalá Jobocum era um rei muito idoso que andava com dificuldade, apoiado em seu cajado (opaṣorô).

Um dia, sentindo saudades do filho Ṣàngó, resolveu visitá-lo. Mas, um babalaô recomendou que não viajasse, no entanto Oṣalá estava determinado e foi aconselhado a levar três roupas brancas e limo da costa e fazer tudo o que lhe pedissem.

Sua viagem teve início e no meio do caminho, encontrou Eṣú Elepô, dono do azeite-de-dendê, sentado à beira do caminho, com um pote ao lado, este solicitou a ajuda do ancião para colocar o pote no ombro. E Oṣalá assim o fez, lembrando-se das palavras do babalaô, mas, Eṣú derramou o dendê sobre Oṣalá. O Òrìṣà manteve a calma, limpou-se no rio e vestiu outra roupa para prosseguir a viagem.

Mais adiante encontrou Eṣú Onidu, dono do carvão, e Eṣú Aladi, dono do óleo do caroço do dendê. Por duas vezes mais foi vítima dos brincalhões, mas limpou-se e trocou de roupa e prossegui viagem até o reino de Ṣàngó.

Ao chegar aos domínios do filho, avistou um cavalo perdido que outrora foi dado como presente a Ṣàngó e o amarrou para levar de volta ao seu dono. Os soldados do palácio o julgaram um ladrão. E o espaçaram até quebrar os ossos e o colocaram no calabouço.

Usando seus poderes, Oṣalá fez com que não chovesse mais desse dia em diante, as colheitas foram prejudicadas e as mulheres ficaram estéreis. Preocupado com isso, Ṣàngó consultou seu babalaô e este afirmou que os problemas se relacionavam a uma injustiça cometida sete anos antes, pois um dos presos foi acusado de roubo indevidamente.

O Òrìṣà dirigiu-se á prisão e reconheceu o pai. Envergonhado, ordenou que trouxessem água para limpa-lo e, a partir desse dia, exigiu que todos no reino se vestissem de branco em sinal de respeito ao pai. Pai de todos os Òrìṣà e mortais, Oṣalá é o maior e mais respeitado Òrìṣà nas Nações africanas, a paz e a harmonia espiritual são as características deste que é o Criador e Administrador do Universo.

Quando moço, se manifesta em seu Cavalo-de-Santo dançando como os outros Òrìṣà, quando se apresenta em suas passagens velhas, chega se arrastando caminhando com dificuldade, muitas vezes fica parado no lugar esperando o auxílio de algum Òrìṣà moço.

Pertence a Oṣalá de Orumiláia a visão espiritual, como consequência o jogo de Búzios


Oaguiã manda libertar o amigo preso injustamente



O filho de Oṣalá tornou-se um guerreiro forte e decidiu um dia conquistar um reino para si. Partiu em companhia de seu amigo Auoledjê, conquistou Ejigbô, tornando-se seu rei, o Elejigbô.


O rei tinha uma grande paixão, comer inhame pilado, e comia com gula, tanto que o chamavam Oaguiã, que quer dizer " Oṣalá Comedor de Inhame Pilado".


Um dia Auoledjê, que era grande babalaô, precisou partir de Ejigbô, antes disso, aconselhou Oaguiã que fizesse oferendas, que tornariam o reino próspero.


Assim, como previa Auoledjê, Ejigbô tornou-se uma grande cidade, rica e bem guardada pelos bravos soldados de Oaguiã. O rei Elejigbô vivia em fausto entre seus súditos, por quem era chamado de "Kabiyesi", que é o mesmo que Sua Majestade.


Na intimidade os amigos o chamavam de "Comedor de Inhame Pilado", mas em público isso era uma heresia. Anos mais tarde, Auoledjê retornou a Ejigbô. Ao adentrar a cidade, procurou logo por Oaguiã, "Onde está o Comedor de Inhame Pilado?", perguntaram, os soldados, que não o conheciam, ficaram furiosos com tamanha insolência. Isso era jeito de se referir ao rei?


Prenderam e maltrataram o desconhecido amigo de Kabiyesi, Auoledjê ressentiu-se da humilhação, com seus poderes mágicos, vingou-se. Durante sete anos todas as catástrofes conhecidas, e não faltando a seca, assolaram o reino de Oaguiã.


Oaguiã, desesperado, procurou os adivinhos, e pelo oráculo eles viram a prisão de Auoledjê, um amigo de rei estava preso injustamente. Oaguiã correu para prisão para libertar o velho amigo. Oaguiã libertou-o, mas ainda ressentido, escondeu-se na mata.


Elejigbô buscou o velho amigo, suplicando seu perdão, Auoledjê cedeu com uma condição: que nuca aquele povo se esquecesse dessa injustiça, Todos os anos o povo deveria flagelar-se, em memória do funesto acontecido.


Assim, todos os anos, o rei deveria mandar pessoas à floresta cortar varetas. Os súditos, divididos em dois grupos, tomariam as varas, simulariam golpes uns nos outros, sem parar, até que as varetas se quebrassem, para que nunca se esquecessem daquela injustiça praticada contra o amigo de Oaguiã.


Assim foi feito e o reino de Oaguiã voltou à tranqüilidade e Oaguiã foi o maior dos reis de Ejigbô. Quando ele foi para o Òrum, transformado em oriá, seu culto não se esqueceu do velho amigo babalaô, coma as varetas de Oaguiã, com atoris, seus adeptos renovam sempre a memória da injustiça, para que ela não volte a acontecer.


Oaguiã inventa o pilão


Oalá, rei de Ejigbô, vivia em guerra, ele tinha muitos nomes, uns o chamavam de Elemoxó, outros de Ajagunã, ou ainda Aquinjolê, filho de Oguiriniã. Gostava de guerrear e de comer, gostava muito de uma mesa farta, comia caracóis, canjica, pombos brancos, mas gostava mais de inhame amassado, jamais se sentava para comer se faltasse inhame.


Seus jantares se estavam sempre atrasados, pois era muito demorado preparar o inhame, Elejigbô, o rei de Ejibô, estava assim sempre faminto, sempre castigando as cozinheiras, sempre chegando tarde para fazer a guerra.


Oalá então consultou os babalaôs, fez oferendas a Exu e trouxe para humanidade uma nova invenção. O rei de Ejigbô inventou o pilão e com o pilão ficou mais fácil preparar o inhame e Elejigbô pôde se fartar e fazer todas as suas guerras.


Tão famoso ficou o rei por seu apetite pelo inhame que todos agora o chamam de "Oriá Comedor de Inhame Pilado", o mesmo que Oaguiã na língua do lugar.


Oalá cria a galinha d'angola e espanta a Morte



Há muito tempo, a Morte instalou-se numa cidade e dali não quis mais ir embora. A mortandade que ela provocava era sem tamanho e todas as pessoas do lugar estavam apavoradas, a cada instante tombava mais um morto.


Para a Morte não fazia diferença alguma se o defunto fosse homem ou mulher, se o falecido fosse velho, adulto ou criança. A população, desesperada e impotente, recorreu a Oalá, rogando-lhe que ajudasse o povo daquela infeliz cidade.


Oalá, então, mandou que fizessem oferendas, que ofertassem uma galinha preta e o pó de giz efum, fizeram tudo como ordenava Oalá. Com o efum pintaram as pontas das penas da galinha preta e em seguida a soltaram no mercado.


Quando a Morte viu aquele estranho bicho, assustou-se e imediatamente foi-se embora, deixando em paz o povo daquela cidade. Foi assim que Oalá fez surgir a galinha d'angola. Desde então, as iaôs, sacerdotisas dos Òrìsás, são pintadas como ela para que todos se lembrem da sabedoria de Oalá e da sua compaixão


Orialá ganha o mel de Odé


Orialá vivia com Odé debaixo do pé de algodão, Odé ia para a caça e levava sempre Oalá,, eles eram grandes companheiros, mas Odé reclamava sempre de Orialá, que era muito lento e andava devagar, estava muito velho o orixá do pano branco, e Orialá reclamava de Odé (Òṣòssi), que era muito rápido e sempre andava bem depressa, era muito jovem o caçador, então os dois resolveram se separar, mas Odé estava muito triste, porque fora criado por Orialá, e Orialá estava muito triste, porque fora ele quem criara Odé.


Odé disse então a Orialá que todo o mel que ele colhesse seria sempre dado a Orialá e que ele mesmo nunca mais provaria uma gota, reservando tudo o que coletasse ao velho orixá, e que Orialá sempre dele se lembrasse, quando comesse seu arroz com mel do caçador.


Nunca mais Odé comeu do mel, nunca mais Orialá de Odé se esqueceu.

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