Mostrando postagens com marcador orixas. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador orixas. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 2 de novembro de 2021

LIVRO - KANBINA: ORIGENS IORUBÁ E CONTINUIDADE NO BATUQUE DO RS - ATUALIZAÇÃO

Por Erick Wolff de Oxalá

Postado em 02/11/2021


Este presente artigo tem por finalidade registrar novos dados sobre as pesquisas do livro Kanbina e a sua origem Iorubá.

Durante os nossos estudos até a publicação do livro KANBINA: ORIGENS IORUBÁ E CONTINUIDADE NO BATUQUE DO RS, em 2019, os dados coletados no site Xangô Sol apontam que pai Antoninho seria filho de mãe Donga [informante Mãe Nélia de ossanhe], e Bolivar nos informa que um dos ícones da nação Oyo seria Antoninho Gululu de Yemanjá, nos levando sempre ao entendimento que Antoninho da Oxum seria a mesma pessoa que o Gululu.



No entanto, dados novos publicados por "Histórias de Batuques e Batuqueiros? Rio Grande, Pelotas e Porto Alegre" (GOMES & SCHERER & OLIVEIRA, 2021) apresentam a possibilidade ainda não comprovada, que Gululu, seria Antonio Gululu, que os pesquisadores afirmam ter origem no culto Iorubá, sendo um sacerdote de orixá. 

O centro de nossa pesquisa no livro "Kambina..." sempre foi mostrar a sua origem Iorubá.

Os dados sobre Antoninho da Oxum não ser o Gululu, não são relevantes para nossa pesquisa, e não mudam a direção dos estudos que publicamos no livro "Kambina..." pois os recentes dados publicados confirmam ainda mais nossa pesquisa da origem ioruba da Kambina do Batuque do R. S.


VIDEOS

A seguir transcrevemos extratos de um vídeo on-line dos pesquisadores GOMES &  OLIVEIRA, "Seria Pai Antoninho o Antônio Gululu? - ft. Vinícius de Aganjú" (https://www.youtube.com/watch?v=1nyUpRILxqU) que pontuam informações sobre a origem do Gululu, mesmo que não conclusivas e ainda com dados insuficientes, sempre nos impulsionam para o povo Iorubá: 

Neste trecho Vinicius informa que não possui informações sobre origem do Gululu.

A seguir, a informação do Xangô do Povo tem origem no nordeste do país. Mas não esclarece em qual região nordestina, e de qual casa trouxeram.


VINICIUS DE AGANJU - [...] verificar, até por que não se sabe, o nome completo dele, por exemplo, não se sabe o termo gululu, o próprio  termo gululu, nós não sabemos exatamente a que se refere, podemos especular, né, podemos buscar referencias na África, mas ter certeza mesmo não teremos [...] por exemplo pai Sarin, um grande tamboreiro, antigo tamboreiro, filho da mãe Chininha do Oxalá, que por sua vez, foi filha de santo do Antoninho da Oxum [...] ele comenta, né, a mãe Chininha e as antigas comentavam que os dois se conheciam andavam juntos, que isso era sabido e notório, pela comunidade batuqueira, né... iiiii, tem mais o pai Sari comenta em que o Gululu trouxe pronto do norte um Xangô do Povo, né, ele fala do Norte, não sabemos exatamente de onde, Norte, Nordeste, possivelmente o Nordeste. 
 
Sobre o Cujoba, né um pouco mais complicado tem ainda , apenas alguns relatos que chegaram até os dias de hoje, né, não, eu como acho que toda a comunidade toda de pesquisa não crê que sejam a mesma pessoa. 


O professor e pesquisador Denis, ao perguntar qual seria o orixá do Gululu, reforça a questão da origem Iorubá, considerando que os orixás possuem origem entre os iorubá. A seguir professor  Vinicius informa que a sua fonte possui duvidas sobre o orixá do Gululu seria Bara ou Xapanã, no entanto, a informação de que Gululu é feito para orixá, reafirma novamente a origem Iorubá. 





DENIS DE ODÉ - Qual era o orixá do Gululu? 
 
VINICIUS DE AGANJU - Olha... O Gululu, eeeee, temos informação que seria do Xapanã, até alguma memoria o pai Sarin comenta talvez tenha a possibilidade de ter sido do Bara, mas ele mesmo informa que não tem certeza, mas o que temos assim de mais efetivo que seria de Xapanã.


Neste trecho Vinicius apresenta um documento do jornal de Porto Alegre, 1920, assinado por Mob, que informa o Gululu ser negro e ser do orixá Xapanã, destacando a cultura Iorubá. Levantando a possibilidade de ser ex-escravo, mas não confirmado pelos pesquisadores. 

Neste trecho os pesquisadores apresentam o agente (Pai Fiorentino) do documento que faz o inventário para a sua filha (omitida a informação a pedido da família), mas mesmo sem assinatura e sem mais informações sobre a origem da coleta do documento, registra o parentesco religiosos do Gululu com Antoninho da Oxum. 




VINICIUS DE AGANJU - Na década de 70, o Mob Caldas, que é uma figura conhecida principalmente no meio da Umbanda, né, por que ele foi um... inclusive Deputado, que teve esta questão da pauta, né, relativa da Umbanda, nesse documento, neste artigo publicado na década de 70 no jornal de porto alegre, onde ele faz referencia a vários, varias lideranças,  antigas já falecidas do Batuque, ele refere aqui por onde o cursor esta mostrando, né, há uma referencia ao Gululu, né, do Xapanã, preto, morreu com 102 anos a mais de 40 anos, as datas não são precisas, né, então aproximadas, então talvez este falecimento tenha ocorrido ainda anterior a, a projeção feita pelo Mob Caldas.

DENIS DE ODÉ - Um exemplo 1920, por aí? 
 
VINICIUS DE AGANJU - Por aí, aproximadamente, é! 
 
DENIS DE ODÉ - Então a gente já sabe que  era um negro, mais ou menos que habitava o beco do poço, morreu com 102 anos... possivelmente é óbvio, óbvio não, possivelmente ex-escravo... ahhh, outro ponto também, qual a relação do Gululu com Waldemar e Antoninho de Oxum?

VINICIUS DE AGANJU - Então a questão , né, que .... grande anseio da comunidade batuqueira, né, figura do Waldemar que nos ainda estamos, né, correndo atrás. 

 

Então, aqui nos temos a imagem, né, uma foto conhecida do pai Antoninho da Oxum, morreu muito novo, morreu com 40 e poucos anos, 43 não me recordo bem, na década de 30, né, essa foto um pouco anterior.

 

Então aqui temos um documento, que já foi apresentado na nossa publicação, tá disponível lá no canal, nu perfil da, do face moforibale alafiá, esse é um certificado de apronte emitido pelo pai Florentino do Ogum, que era filho do pai Antoninho, e nesse certificado em que nós omitimos o nome da filha de santo.

Neste extrato continua à informação sobre a preservação da fonte,  e os pesquisadores apresentam outro documento da primeira mãe de santo do Antoninho, mas não apresentam nenhum outro documento que foi a única, mãe de santo, e que após ela ele teve apenas o Gululu como sacerdote, esta informação ainda pode ser esclarecida. 

E neste mesmo trecho, o professor Denis solicita ao seu parceiro de trabalho, informações comprovando o vinculo religioso do Waldemar com o Gululu, desta forma criando um paralelo maior entre a Kanbina e o Oyo, que o próprio Vinicius ao confirmar serem irmãos completam que a Cabinda e o Oyo possuem a mesma origem. 



VINICIUS DE AGANJU - [...] a pedido da família religiosa, ele pai Florentino informa, né, que essa sua filha de santo, por ser sua filha consequentemente é, ela era herdeira direta, né, neta de Antonio da Cruz Ferrari, e bisneta de Antonio Gululu, ambos já falecidos, documento datado do ano de  1950, do berço do Oyó, um dos berços do Oyó, em Porto Alegre, que é região do Montserrat, a casa do pai Florentino, ele viveu na Eudoro Benir, que possivelmente ele tinha residência... na região baixa ali do Petrópolis, rua Alegretes se não me engano, né...  

 

Temos aqui então já falando de Antoninho da Oxum, a sua primeira mãe de santo, temos uma referencia oral, né, qui, o pai Antoninho seria filho da mãe Donga, mas isso, nos conseguimos identificar uma narrativa e nós conseguimos avançar, até eu mostro para vocês um registro feito, isso também na década de 50, no verso desta foto no acervo do prof Carlos Galvão Krebs, onde ele anota, Chininha de Xangô primeira mãe de santo de Antonio da Cruz Ferrari, linha de Oyó. 

DENIS DE ODÉ - Vou te fazer mais uma pergunta, que agora estilo do professor Krebs. 

 

Eu não entendi muito bem pode explicar de novo o Antoninho era irmão de santo do Waldemar? 

VINICIUS DE AGANJU - Então... Antonio da Cruz Ferrari, sendo filho de Antonio Gululu era irmão de santo do Waldemar , do pai Waldemar, né, então interessante esta relação entre o Oyó e a Cabinda, está ainda por desvendar, mas existe que pelo menos uma ancestralidade comum, isso já acho um ponto importante pra, para pensarmos, principalmente para a comunidade, né, da nação Cabinda, né, para guiarmos ai um pouco....


Procuramos o Baba Márcio de Oxalá*, tradição Oyó, parente religioso do Antoninho da Oxum, que buscou na casa do tio de orixá dele, pai Sarin de Xangô, para maiores informações sobre o pai Gululu, pai Antoninho da oxum e Pai Valdemar.  Seguem as informações coletadas:

O pai Antoninho da Oxum é Antonio Cruz, não se recorda do restante do nome, diz que existem duas vertentes sobre o pai Antoninho, uma ele era filho da mãe Donga e outra que ele era filho de orixá de alguém de Pernambuco, que radicou e, Rio Grande e depois veio para Porto Alegre. Onde nasce o culto de Aganju do povo. 

 

O Gululu seria de Batuque vindo de Pernambuco. O nome Gululu era dado para filhos de Ogum, no entanto, o feitor de pai Antoninho seria de Oxalá, desconhece quem seja mãe Deolinda. Inclusive cita o babalorixá Máximo de Odé pai de santo da esposa do Antoninho da Oxum. [Sarin de Xangô, apudi Marcio de oxalá]


Revisado e aumentado em 03/04/2023

Pai Sarin, retornou aos ancestrais nesta segunda feira 02/03/2023

O professor Denis de Odé, assim homenageou o ilustre pai Sarin:

  

Passo aqui hoje para prestar uma singela homenagem ao Pai Sarinha , "que os Orixás te recebam no orun" .Pai Sarinha foi o único na contemporaneidade a revelar  informações corretas , sobre o Batuque , entre essas informações registra-se o ultimo Baba de Pai Antoninho de Oxum ,  que foi Antonio Gululu  ,conhecido também  como Gululu de Xapanã .“ 

 

Interessante observamos que o professor Dênis informa que, pai Sarin foi o único na contemporaneidade a revelar  informações corretas.

CONSIDERAÇOES FINAIS 

Diante das recentes informações, eticamente citamos cada fonte e cada informante. Ressaltamos que o norte da nossa pesquisa e estudos sempre foi a origem iorubá e a sua continuidade no Batuque do R.S., que destes diante fatos, hoje poderemos dar continuidade aos nossos estudos neste segmento. 

E as recentes informações nos levam a possibilidade de que o pai Waldemar era irmão de pai Antoninho da Oxum, dando a mesma origem entre os dois, através do mesmo sacerdote, que apesar das divergências com a pessoa Gululu, sempre realça que ele era de orixá, tradição de origem Iorubá, e que, pelo Waldemar e o Antoninho terem o mesmo sacerdote criam uma origem comum ambos no mesmo segmento religioso.

Sobre o nome Gululu, possivelmente foi muito popular, apesar das divergências existentes entre os dados envolvendo a pessoa do pai Waldemar, pai Antoninho da Oxum e pai Gululu, nota-se que vários informantes e documentos registram o Gululu de Yemanjá, o Gululu de Xapanã, possivelmente o Gululu de Bara, e que Gululu era um nome comum para filhos de Ogum. 


REFERÊNCIAS

TITA DE XANGÔ. site XangôSol, internet, www.xangosol.com.br, acessado em 02/11/2021, às 2:40  

GOMES & SCHERER & OLIVEIRA. Histórias de Batuques e Batuqueiro, Rio Grande, Pelotas e Porto Alegre, Dos autores, 2021.

WOLLF, Erick, KANBINA: ORIGENS IORUBÁ E CONTINUIDADE NO BATUQUE DO RS, edição do autor, 2019 (https://iledeobokum.blogspot.com/2019/12/kanbina-origens-ioruba-e-continuidade.html)


Professor Dênis publicou homenagem ao pai Sarinha, em 02/03/2023, acessar em: https://www.facebook.com/100004777351528/posts/pfbid02UAvJEffSQu5g5BcKNJP7QfS8EKMJDutHrUFydQEmyfch7buH8qA896wtaJJUqxEwl/?mibextid=cr9u03


INFORMANTE

* Marcio Goulart dos Santos, BOLAJI, Marcio de Oxalá, iniciado em 8/12/1995, por Dora de Oxalá, neta de Antoninho da Oxum. Herdeiro do templo Ilé Àse Òrìsà Omi, Batuque do RS, raiz Oyó, reside em Gravataí, Porto Alegre. 





Revisado e aumentado em 24/05/2023

Produzimos este extrato para o Tiktok e mídias sociais do Ilê Axé Nagô Kóbi, para ilustrar e convidar o internauta a participar dos nossos estudos, vejamos:


Link - https://www.tiktok.com/@erick_wolff8/video/7236698383883193605?is_from_webapp=1&sender_device=pc&web_id=7205200879410071046

sábado, 27 de setembro de 2008

A variedade de divindades não pode caracterizar o monoteísmo

Ao observar os negros com sua visão religiosa, cada aldeia existe um Deus, como Togo – oyá, Oyo – Sango, Ilé-ifé – ifá, assim vamos entender quem são para eles não existe irunmale, não como aqui cultuamos. Um iniciado na terra de Oyá será de Oyá e cultuara Oya em seu conceito religioso... Sabemos sobre a historia da vinda dos negros e não precisamos citar novamente, pois todos estão cansados de saber... Porem acredito que a maioria deve ter notado que existe uma diferença entre o culto na áfrica e no Brasil e também de nação para nação.

Onde algumas nações deixaram de lado os segredos das folhas, a própria língua ancestre e nativa do culto (resumindo apenas ao itans, orikins ou NKORIN), comidas, vestimentas, tradições e produziram suas próprias tradições, o que até mesmo entre a mesma nação entre as vertentes (lados) que existem dentro da nação existe uma larga diferença.

Tudo isso para que entendam que para os africanos que cultuam um único “Deus” dentro da sua aldeia ele se considera monoteísta pelo fato que não existir uma ramificação cultural como a nossa com tantos irunmales. Pensar como os africanos seriam fáceis se o culto afro-brasileiro cultuasse um deus único sem deidades ou divindades, onde querer ser ou ser está distante entre a realidade que praticamos...

Um homem moderno que vive na era digital e tem acesso á culturas antigas e modernas deve entender a sua religião como um todo, analisar com clareza e absorver o que vê a não o que os outros lhe impõem... por isso que anos atrás eu fui pesquisar com sacerdotes africanos, sacerdotes brasileiros sobre a concepção religiosa, tive conversando com um príncipe nigeriano babaláwo-ifá (sacerdote de ifá), justamente para compor uma concepção dentro da religião, pois um grande telefone sem fio foi feito dentro da cultura afro-brasileira, e todos sabemos que distanciou demais as culturas e nações da sua matriz... claro que esta diferença dá espaço para a rica diversidade, mas quebra elos que hoje vejo muitos sacerdotes tentando resgatar...

Mesmo assim sabendo que para muitos a concepção de monoteísmo ou politeísmo se baseia na visão cristã que aqui no Brasil existe. Eu sei que uma religião seja ela qual for que possui Deuses, divindade, deidades ou divinos elementos estão em constate conflito com o monoteísmo por si só. Claro que cada um pode levar sua bandeira e deixar em seu templo a portas abertas paras leis que lhe é cabíveis, contudo independente de existir uma hierarquia ou dentro de uma religião onde exista um maior e menores, por si já deixa claro que existe a pluralidade e diversidade de divindades, e o que são divindades?

São deuses, estes Deuses que tomam espaço no irunmale e Iyara-bo (quarto sagrados de cada um), por isso, caros amigos eu não posso ser monoteísta pois eu tenho um orisá que foi sento e está no Iyara-bo acima dos demais... Sei da existência de Olowo e sei que ele deu a ordem de criar o universo e Ododúwa foi quem criou ao lado de Obatala, espero que quanto a isso não exista duvida, porem como os gregos, egípcios e mais alguns, nos Sacerdotes das religiões afro-brasileiras somos muito parecidos com eles. Como fatumbi mesmo escreveu no seu livro Deuses da áfrica.


Espero que não se ofendam com a minha concepção, afinal eu que estou contra a maioria estou argumentando sobre estudos e conceitos que fui buscar na fonte, com os africanos para entender a minha cultura religiosa... e acredito que todos devem ficar confortados com a sua concepção afinal quando se tem a verdade para si não precisa travar guerras. Mesmo porque ninguém aqui comprou o direito de ser mono ou poli, mas gostaria de ter mais referencia dos crentes no monoteísmo sobre algum culto ou ritual praticado para Olowo (deus maior) dentro ou fora do Brasil, pois não basta crer precisamos praticar o que somos.
Grato
Baba Erick de Osala

Mo júbà Omorisá
Àwa pàdé l’ònòn ipòrùn, ipòrùn
Asé pupo

TIKTOK ERICK WOLFF