POR ERICK WOLFF DE OXALÁ
Revisado e aumentado em 25/08/2022 às 15:20
Note do Editor:
Hoje 25/08/2022, às 15hrs, recebemos a notícia da finalização do processo de adoção, ou seja, hoje o nosso filho Pietro é oficialmente parte da nossa família.
Após alguns anos de espera, com muito axé, orientação e ajuda das divindades, chegamos ao final de um processo sofrido e árduo, ao qual foi totalmente compensado com o ser mais lindo e maravilhoso do mundo, não desejamos que o Pietro seja perfeito, pois o aceitaremos como ele é e o ajudaremos a ser uma pessoa melhor e feliz.
Esperamos poder ajuda-lo e ama-lo com todo o amor do mundo e que ele é um presente da divindade da pureza, que Oxum gerou esta riqueza.
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21/07/2017
Este artigo tem por
finalidade esclarecer um tema ao qual as pessoas ainda consideram tabu: a adoção de um individuo
poderá ou
não fazer parte da nossa descendência.
Pela iniciação o
indivíduo passa a fazer parte
de uma família
religiosa; da mesma forma
que a
esposa ou o esposo, através do matrimonio, passam a fazer parte de uma
determinada família biológica.
Consideramos assim que descendentes religiosos ou biológicos não são apenas
aqueles sanguíneos.
Para os afro
religiosos no Brasil ainda é um tema não comentado, onde a noção de pessoa está
ligada ao conceito familiar consanguíneo, mesmo considerando a existência da
família religiosa através das iniciações.
A descendência é um ponto de discussão: como
família consanguínea, possui deveres e direitos a serem preservados; como
família espiritual garante a sucessão dos templos e centros religiosos.
Por isso,
é muito importante para a humanidade deixar
descendentes vivos, ter filhos e expandir a sua família, para que possam
levar o seu nome e até mesmo as suas tradições vivas e ativas.
A “matéria de origem” transmitida
pelos pais estende o DNA familiar passando de pais aos filhos; assim como foram
feitos pelos avós aos nossos pais biológicos, assim também poderíamos olhar
para o espiritual, pois através das iniciações são passados os rituais o DNA
espiritual, e passamos a fazer parte de determinadas famílias religiosas assim
que somos iniciados.
Assim, entendemos que no segmento religioso,
através da iniciação é possível um indivíduo ao entrar em uma família
religiosa, receberá este DNA espiritual, repassando-o depois, ativado pela
nossa ancestralidade familiar, através do bori, oferenda à cabeça e à ancestralidade,
um ritual que nos ajuda a equilibrar a nossa família, os descendentes
religiosos, biológicos, e tudo que representa o seu orí, ou seja, tudo que
representa a sua individualidade no plano espiritual enquanto estiver vivo no
plano físico.
Se fecharmos os olhos e tentarmos imaginar tudo que
compõe a nossa pessoa no mundo espiritual, veremos que foram os fatores
ancestrais que formaram a base individualizada da nossa pessoa, uma parte da
massa ancestral que originou nossa existência.
Sabemos que o destino imutável de nascer de um
determinado pai e mãe, garante a nossa ancestralidade. Porém o destino coletivo
daquela família, e até mesmo do próprio indivíduo podem levá-lo a um novo
caminho, na possibilidade de, através da adoção, formar uma nova família.
Para nós ocidentais, o casamento não é apenas uma
instituição para gerar filhos. Claro que os filhos são consequência deste
matrimonio, pois, a realidade atual de maior diversidade na formação da
família, atualmente temos famílias indivíduos do mesmo sexo, e até mesmo, os
que passaram pela adequação de gênero.
Família também é formada por mães ou pais
solteiros, ou em mães ou pais transgêneros, porque família tem também
como base de sua formação, a perpetuação do nosso DNA espiritual, carregando
a nossa ancestralidade, sendo
de um ou vários indivíduos, podendo assim mudar o destino de uma ou mais pessoas através da
adoção, proporcionado a qualquer individuo receber
qualquer pessoa na sua ancestralidade e torna-lo um descendente:
Família contemporânea: é caracterizada pela inversão dos papéis do
homem e da mulher na estrutura familiar passando a ser a mulher a chefe de
família. Abrange a família monoparental, constituída por mãe solteira ou
divorciada. (www.significados.com.br/familia/ )
Assim a nossa ancestralidade e descendência se
mantém viva e ativa, e desta forma, através do nosso presente podemos mudar o
futuro, com erros ou acertos; por isso, em todas as atitudes e escolhas devemos
dar oportunidades para descendentes ajudarem pessoas, uma oportunidade ao
caminho da boa sorte.
- "Dar
a chance de mudar o mau destino e uma criança, é uma dádiva legada aos
seres humanos" [Roberto
Tamelini JR, de Oxum]
A adoção não se baseia apenas em adotar
uma descendência, mas principalmente em dar oportunidade a
alguém, e desta forma, mudar o destino de uma pessoa, antes incerto, agora para
melhor, criando vínculos familiares onde não existiam. Neste aspecto,
religiosamente, citaremos um mito do religioso dos iorubás:
- [...] vivia em
terras de Queto um caçador chamado
Odulecê.
- Era o líder de
todos os caçadores.
- Ele tomou por sua
filha uma menina nascida em Irá, que por seus modos espertos e ligeiros
era conhecida por Oiá [...]
- [...], mas um dia a
morte levou Odulecê, deixando Oiá muito triste.
- A jovem pensou
em fazer uma forma de homenagear o seu pai adotivo [...]
- [ Mãe
Stella de Oxossi em: “Meu Tempo é Agora”, 1993, p. 91, apud, Reginaldo Prandi,
Mitologia dos Orixás, p. 310]
Esta lenda narra que Oiá foi adotada por um
guerreiro, que na sua morte, ela a filha adotiva pode render homenagem e criou
o rito funerário, chamado de Arissun ou Axêxe, conforme a tradição
religiosa. O importante deste mito é relatar o poder da ancestralidade não está
apenas ligada aos descendentes sanguíneos, e que um filho adotivo
pode honrar pais mãe apôs a sua morte. Assim mantendo-o vivo nesta
memória atraves dos rituais, cultuando assim a memoria do seu pai, no
caso: Odulecê.
Assim como no filme “Lion, uma jornada para casa”, onde Nicole Kidman (Personagem: Sue),
interpreta a mãe de Dev Pate (Personagem: Saroo), e numa cena linda,
ele se desculpa por não ser o filho que ela não pode ter, e ela o interrompe e
diz que ela sempre pode engravidar, mas escolheu dar uma vida melhor a dois
seres humanos, lindos e perfeitos: Saroo e
seu irmão problemáticos Mantosh, personagem de Divian Ladwa.
FONTE CONSULTADA SOBRE
ADOÇÃO
Dr. Roberto Tamelini Junior, Advogado, Roberto de
Oxum, em 12/06/2009, religião Batuque do RS,
tradição Kambina, por Gui de Xapanã.
BIBLIOGRAFIA PESQUISADA
FILME
LION - UMA JORNADA PARA CASA, Direção: Garth
Davis, EUA, Austrália, Reino Unido, 2017.