sexta-feira, 4 de maio de 2018

OU É DO BATUQUE, OU É DO CANDOMBLÉ ... QUEM É DOS DOIS, NÃO É NADA

Por Babalorixá Erick Wolff de Oxalá.

Fazer duas iniciações uma em cada religião, não resolverá os seus problemas e dificuldades com o conhecimento, nem mesmo o fará um afro religioso melhor.

O iniciado que escolhe uma religião a faz seguindo seus dogmas e rituais, isso o conduz a uma tradição e cultura que transmite a ancestralidade religiosa através das iniciações.

Um indivíduo que pertença ao Batuque do RS passará por iniciações e rituais que completarão todas necessidades para que ele possa se tornar um sacerdote pleno dentro desta religião, não havendo necessidade de iniciações ou ebos do candomblé, desejar iniciações das duas além de não fazer sentido é totalmente contraditório.

Os conceitos e liturgias do Candomblé não servem para o Batuque, e vice-versa. Fazer uma dupla iniciação é criar uma nova religião: batublé!

quinta-feira, 19 de abril de 2018

A LEI DO PRECONCEITO E O (PSEUDO) RACISMO RELIGIOSO

A LEI 7.716/89, CHAMADA TAMBÉM DE LEI CAÓ

A Lei trata do crime de preconceito de cor, raça, religião, etc.

Entretanto, é preciso que se diga, em nenhum momento a Lei cita, ou prevê, "racismo religioso". Portanto, "racismo religioso" não existe ponto de vista legal.
 

Segue o texto da Lei para que possam analisar com mais profundidade o tema. Sugiro que digitem control +F para abrir janela de busca, e procurem pela palavra "racismo". Poderão constatar que ela não existe no texto da lei:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7716compilado.htm


Outrossim, também é preciso registrar que, segundo o IBGE 2010 (temos os dados), os evangélicos são formados por uma maioria preta/parda, o que derruba a tese de racismo contra as religiões afro-brasileiras.

quarta-feira, 18 de abril de 2018

IFA EM SAMUEL JONHSON


IFÁ EM SAMUEL JONHSON


THE HISTORY OF THE YORUBA, 1921, pags. 32, 33, 34


Tradução de Diego Sango



18/04/2018


Este é o grande oráculo de consulta no país Yoruba e foi introduzido em um período tardio pelo rei Onigbogi, que foi dito ter sido destronado por ter feito isso.

Outra tradição diz que foi introduzida no país iorubá por um Setilu, nativo do país Nupe, que nasceu cego. Isso foi no período da invasão maometana.

Os pais de Setilu lamentando sua infelicidade em ter um filho cego, a princípio duvidaram de que curso deveriam seguir, se matariam a criança, ou se poupariam sua vida para se tornar um fardo a família. Os pais decidiram que poupariam a criança. Cresceu como uma criança peculiar e os pais ficaram espantados com seus extraordinários poderes de adivinhação.

Na idade de 5 anos, ele começou a excitar sua admiração e curiosidade ao predizer quem lhes pagaria uma visita no decorrer do dia e com que objeto. À medida que avançava em idade, começou a praticar magia e medicina.

No início de sua prática, ele usou 16 pedrinhas e impôs com sucesso a credulidade daqueles que se reuniam em sua angústia pela consulta. A partir dessa fonte, ele ganhou um meio de vida confortável.

Descobrindo que os adeptos estavam rapidamente se tornando seguidores de Setilu, e que mesmo sacerdotes respeitáveis não escaparam do contágio geral, os maometanos resolveram expulsar Setilu para fora do país.

Feito isso, Setilu cruzou o rio Níger e foi para o Benin, ficando por um tempo em um lugar chamado Òwò, daí para Ado. Posteriormente, ele migrou para Ilé Ifè, e encontrando aquele lugar mais adequado para praticar sua arte, ele resolveu fazer dele sua residência permanente.

Logo se tornou famoso lá também, e suas performances também impressionaram o povo, e a confiança depositada nele era tão absoluta, que ele teve pouca dificuldade em persuadi-los a abolir as marcas tribais em seus rostos, pois tais marcas de distinção não eram praticadas em Nupe, o próprio país de Setilu.

No decorrer do tempo, nozes de palma, pedaços de ferro e bolas de marfim foram utilizados em vez de seixos. Nos dias de hoje, apenas as [sementes de] palmeiras são usadas, pois são mais facilmente propiciadas. As outras exigem sacrifícios dispendiosos e até mesmo sangue humano.

Setilu iniciou vários de seus seguidores nos mistérios da adoração de Ifá, que gradualmente se tornou o oráculo de consulta de toda a nação iorubá. Para se tornar um sacerdote Ifá, é necessário um longo curso de estudo sério.

Para consultar Ifa, o modo mais comum, 16 nozes de palma devem ser mexidas juntas na cavidade de ambas as mãos, enquanto certas marcas são traçadas com o índice atrasado em uma tigela plana polvilhada com farinha de inhame ou yerosun em pó.

Cada marca sugere ao sacerdote consultor os feitos heróicos de alguns heróis fabulosos, que ele conta de antemão, e assim ele continua com as marcas em ordem, até que ele encontre certas palavras ou frases que pareçam ter sobre o assunto do requerente antes ele. Muitas vezes as respostas são dadas muito depois, [como] o antigo oráculo de Delfos.

Ifá foi aceito pelos Iorubas através de Oduduwa, que conheceu Setilu em Ilé Ifè, mas sua adoração só foi oficialmente reconhecida pelo Aláàfin Ofiran, filho de Onigbogi.
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Transcrição: Luiz L. Marins – www.luizlmarins.com.br

sexta-feira, 6 de abril de 2018

O ÌTÀN E O ESE NA ACULTURAÇÃO DA PALAVRA


Luiz L. Marins

Atualização em
Abril de 2018


Aos estudiosos mais atentos, uma explicação técnica sobre o uso da palavra ìtàn (história) no corpo de um léselése (poema) se faz necessária, esclarecendo o conceito das palavras ìtàn (história) e ese (verso), e o seu uso.

Algumas palavras da língua ioruba, em virtude das convenções gráficas adotadas depois da colonização europeia, vêm recebendo importantes modificações conceituais e criando alguns embaraços linguísticos. Uma destas palavras é a palavra ìtàn (história).

Em língua portuguesa, uma história geralmente é contada em prosa[1], mas pode ser em verso[2], como no caso de “Os Lusíadas”, de Camões, sem deixar de ser, ou ter, o conceito de história. Portanto, história, para os falantes da língua portuguesa, pode ser em prosa ou verso.

Mas, em ioruba, isto não ocorre, pois, a palavra ioruba para história é ìtàn, enquanto que a palavra para verso, é ese. Como o idioma ioruba era originalmente ágrafo. Supomos que, talvez seja este o motivo pelo qual os dicionários de ioruba não registraram uma palavra nesse idioma que carregue os dois conceitos, tal qual ocorre com a palavra “história”, na língua portuguesa.

Na diáspora afro-brasileira a palavra ese não é usual, ficando restrita ao meio intelectual. A palavra ìtàn, ao contrário, é muito conhecida, mas adquiriu o conceito utilizado em português para palavra “história”.

Assim, arriscamos a afirmar na área da linguística que a palavra ioruba ìtàn está aculturada, mesmo em terras iorubas. A seguir, vamos dar alguns exemplos disso:

Pierre Verger apud Julio Braga, “O jogo de Búzios”, 1988, p. 27 na transcrição abaixo relata um encontro mensal dos babalaôs. Repare que Verger usa a palavra “história” quando está referindo-se aos versos de Ifá, percebendo-se claramente embutido o conceito europeu sobre a palavra “verso” (ese):

“[...] escuta-los repetir docilmente, verso por verso, uma nova história. É assim que os babalaôs presentes transmitem uns aos outros a sua ciência.”

Wande Abimbolá em Ifá, A Exposition of Ifá Literaty Corpus, 1976, p. 43, referindo-se aos ese Ifá, da mesma forma, utiliza o conceito inglês da palavra story, assim conceituando:

“[...] Ese Ifá pode ser uma simples história sobre [...]

Juana Elbein em “Os Nagô e Morte”, 1993, apresenta dois interessantes registros etnográficos da tradição oral por ela recolhida em pesquisa de campo na Nigéria, os quais trazem, em língua nativa, o uso da palavra ìtàn (história) em dois extensos ese (poemas) do oòsétùrá[3] de Èsù, utilizando esta palavra de forma aculturada, mesmo em língua ioruba:

“Èyè ni ìtàn Òsetùá odù Ifá. Ìtàn Èsù ni ònà ti Èsù ti Èsù gbà tí n fi'n gbé ebo lo esè Olódùmarè [...] (p. 139)

“Esta é a história de Òsetùwá tal qual é revelado pelo Odù Ifá. Diz a história como Èsù chegou a transportar todas as oferendas aos pés de Olódùmarè [...] (149)

Itàan Èsù! Níbi tí Èsù gbé gba àgbà [...] (p. 171)

A história de Èsù, do modo como Èsù tomou a primazia [...]

Pelo exposto, do ponto de vista técnico, é correto o uso da palavraa ìtàn com o significado de história para um ese (poema) ioruba, devido à aculturação linguística. Tal forma procura atender aos conceitos da diáspora, dos falantes de língua portuguesa, mantendo, porém, tanto quando possível, a forma do poema ioruba tradicional na sua construção poética. Tecnicamente o classificamos como “um poema de versos livres”.


·       Publicado em: “Obàtálá e a Criação do Mundo Ioruba”, 2013.


[1]  A maneira natural de falar ou de escrever, sem forma retórica ou métrica, por oposição ao verso. (Aurélio, 1995, p. 533)

[2]  Cada uma das linhas constitutivas de um poema, o gênero poético. (Aurélio, 1995, p. 671)

[3] Signo divinatório de Ifá.

segunda-feira, 19 de março de 2018

ORI NIKAN



REVISTA OLORUN,  n. 01, dezembro de 2010
ISSN 2358-3320 – www.olorun.com.br

ORÍ NÌKÀN:O CULTO DE ORÍ COMO ÒRÌSÀ INDIVIDUAL.

Luiz L. Marins


Revisão 2 em janeiro de 2012
Republicada Revista Olorun n. 07


Revisão 3 em março de 2018
Não republicada.


RESUMO

O propósito deste texto é apresentar alguns versos dos oráculos iorubas que mostram a independência de Orí em relação aos Òrìsà, atendendo assim o aspecto filosófico do tema. No aspecto litúrgico, apresentaremos um rito de bori registrado por Pierre Verger na década de 1950, que mostram na prática ritual esta independência. Finalizaremos com algumas observações filosóficas sobre a perca do conceito de Orí como Òrìsà individual , e a reinvenção do rito.

PALAVRAS CHAVES:  Ioruba, Orí, Filosofias Africanas


quarta-feira, 14 de março de 2018

ERINDINLOGUN NÃO TEM LIGAÇÃO COM IFÁ


Paula Cristina Gomes
Oloye do Alaafin Oyo

Texto publicado no Facebook
Grupo Orisa University
Debate Erindinlogun x Meji

14/03/2018

Bom dia a todos, o tema deste debate é interessante e gostaria também de participar com a seguinte informação de que segundo pesquisas feitas por membros da Unesco o sistema de adivinhação do eerindilogun é um sistema de CONTAGEM primordial. Este sistema não é geomântico, nem binário, isto quer dizer que este sistema nunca pode ser meji, e a contagem da caída nunca pode ser interpretada como figuras geomânticas.

Os dois sistemas de adivinhação são diferentes e distintos, no momento em que se tentam unir ou interlaçar se perde a sua metodologia original e se perde o patrimonio.

O sistema de adivinhação do eerindilogun baseia-se em apenas numa única caída, o que faz deste sistema ser bastante complexo, pois o sacerdote além de ter que ser bastante dotado e ter anos de pratica, conhecimento e uma diversidade de itans num único Odu para poder dar a solução ao problema apresentado. Enquanto que num sistema geomântico e binário como o de ifá o sacerdote tem o apoio de 2 pernas, 2 odu que formam o meji para arranjar solução.

O sistema do eerindilogun é dividido em dezesseis categorias numéricas antigas conhecidas em ioruba como Ònkà àgbà. Cada uma acumula inúmeros versos e histórias ainda não oficialmente registradas, como formas narrativas orais de histórias de famílias, de cidades e de um povo, entre outros conceitos culturais, que são registrados nesses versos formando um compêndio histórico, cultural e mitológico iorubá.

De acordo com relatos orais, antes dos búzios serem introduzidos como um instrumento, os pedaços de marfim, nozes e sementes eram usados para adivinhação e não adoração. Por este motivo, o novo sistema geomântico de Ifá quando introduzido ao povo ioruba foi primeiramente rejeitado, pois os iorubas não adoravam sementes como é o caso de ifá, em que as sementes são adorados como Orunmila. Somente a partir do sec. XVI este novo sistema foi oficialmente reconhecido entre o povo ioruba e adicionado ao panteão dos orisas.

A contagem antiga do eerindilogun é também conhecida como Ònkà àgbà e segue esta ordem que pode variar um pouco por zona, sendo as últimas quatro 13, 14, 15, 16 categorias não cantadas, devido à sua antiguidade.

1. àgbà Èkín-ní Òkànràn,
2. àgbà Èkejì Èjì Òkò,
3. àgbà Èketa Ògúndá,
4. àgbà Èkerìn Ìrosùn,
5. àgbà Èkarùn-un Òsé,
6. àgbà Èkefà Òbàrà,
7. àgbà Èkeèje Òdí,
8. àgbà Èkejo Èjì-Ogbè,
9. àgbà Èkèsàn-án Òtúá,
10. àgbà Èkwàá Òfún,
11. àgbà Èkokànlá Òwónrín,
12. àgbà Èkejìlá Èjìlá Asébora,
13. àgbà àgbà Èkín-ní Òkànràn àgbà,
14. àgbà àgbà Èkejì Èjì Òkò àgbà,
15. àgbà àgbà Èketà Ògúndá Àgbà,
16. àgbà àgbà Èkerìn Ìrosùn Àgbà


Onisegun

Outra questão interessante é a nova geração de curandeiros na terra ioruba que são conhecidos como Onisegun. Todos o sacerdotes de orisa são Onisegun, mas nem todos os Onisegun são devotos ou seguidores da religião ao orisa.

Com isto quero dizer que com a entrada de novas religiões, como o cristianismo ou islão, muitos abandonaram a religião ao orisa se convertendo a outra religião, e levaram consigo a sabedoria da medicina tradicional como profissão, então estes curandeiros tradicionais de profissão, usam o eerindilogun misturando tudo, para poder vender o seu mercado.

Então, temos os novos oniseguns muçulmanos e cristãos, curandeiros tradicionais a usarem o eerindilogun com um novo sistema adaptado, que não tem nada haver com a religião do orisa e sua origem.

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TIKTOK ERICK WOLFF

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