segunda-feira, 17 de maio de 2021

PRECEITOS DE EGUN NUMA CASA DE ORIXÁ

Por Erick Wolff de Oxalá


Sacerdote de orixá desde 1989, na tradição do Batuque do Rio Grande do Sul

17/05/2021

Respeitando o direito de cada um e a liberdade de culto, este ensaio tem por finalidade esclarecer alguns conceitos sobre o culto de Egun e o ritual de Orixá ou Ori, nos rituais do Ilê Axé Nagô Kóbi, tradição Batuque do Rio Grande do Sul. 

No dia 10 de maio, publicamos um ensaio esclarecendo alguns pontos sobre o que seria Iboku, Balé e os rituais dos mortos (O link está disponível no final da  página). No entanto, sabemos que na tradição da Kanbina, antes de rituais de Orixá é costume dar de comer aos ancestrais, para poderem nos orientar e apaziguar os nossos mortos, entre eles louvamos o nosso Olùpilèsè (fundador).

Conforme pontuamos acima, antes de obrigações que envolvam orixá, ou ori, deve alimentar os mortos, o que pode levar um ou três dias, pois é inviável manter a casa em preceito de Egun por 32 dias, sendo que no ano temos apenas 12 meses, o que diminuiria para seis meses livres para rituais e obrigações de Orixá ou Ori, sendo assim impossibilitaria até mesmo da prática de serviços ou jogo de búzios durante estes 32 dias de rituais de Egun. Lembrando que algumas casas ainda possuem rituais de Umbanda ou Exu que necessitariam de ficar em preceito, devendo esperar o termino dos rituais de Egun. 

Outro fator que devemos considerar é sobre o kamuka o rei da Kanbina, que em caso de morte de algum individuo da família religiosa, e, caso o Kamuka esteja comendo, não perderá a obrigação, mas terá restrições, como silenciar o tambor, e finalizar as obrigações, para assim que possível darem o início aos rituais do morto (egun), desta forma sendo a única a não perder as obrigações arriadas. 

O que não fica claro, como é que alimentam o Kamuka durante a obrigação para que não se perca o que está sendo feito, caso não possua a segurança do meio do salão, ou, não tem ele sento.

A segurança do Kamuka que fica no meio do salão, não existe nenhum corte especial ou oferenda em cima que se possa afirmar que esteja comendo, para poder segurar a casa enquanto estiver em rituais.


Considerações finais

Antes das obrigações de orixá ou ori, alimentam os mortos, em rituais de alguns dias.

Fica totalmente inviável manter o terreiro 32 dias em preceito de Egun, antes de qualquer obrigação, pois as suas atividades ficariam limitadas, considerando que o ano possui apenas 12 meses. 

Para que Kamuka segure a obrigação, ele deve estar comendo. 

Referencias 

DIFERENÇAS DOS RITUAIS FUNEBRES PARA OS MORTOS DO BATUQUE


domingo, 16 de maio de 2021

IEMANJÁ NÃO É DONA DE TODAS AS CABEÇAS

Por Erick Wolff

Postado em 16/05/2021


Fragmento da entrevista com o Bàbá Omikunle (sacerdote de Iemanjá), a Dra. Paula Gomes, pergunta se Iemanjá é dona de todas as cabeças, e ele responde que não.



Dra. Paula Gomes entrevista o sacerdote de Iemanjá Bàbá Omikunle, Iyakun Compound, Sepeteri, Oyo State, tradutor Oke Adejare Adisa.

Video completo:
(3) Clarifications about Yemoja, Iyakun Compound, Sepeteri, Oyo. - YouTube

quarta-feira, 12 de maio de 2021

OMOLU NÃO É OMOLOLÚ

Por Sangodiran Ibuowo

Postado em 12/05/2021


Tradução online


Maike Figueiredo Gomes Vi seu post sobre Obalúayé e gostaria de comentar.

Agradeço seu interesse por nossa tradição, mas nossa cultura é muito complexa, especialmente nossa língua Yorùbá.

A história de cada Òrìsà está nas famílias e em seus Oríkì é preciso um trabalho profundo para que não haja erros.

Òrìsà Sànpònná é conhecido como Obalúayé ou Omolú.

Obalúayé é conhecido como Omolú, porque Obalúayé era filho de uma mulher chamada Olú em Tapa, então o chamado Omo Olú que significa filho de Olú, contraído é Omolú.

Òrìsà Omololú é conhecido como Omolú ou Nàná Burúkú em Abeokuta, Estado de Ogun, Nigéria.

Omololú significa Omo ni olú - “a criança é importante” e a palavra contraída também é Omolú.

Assim, chegamos à conclusão de que tanto Òrìsà Obalúayé quanto Nàná Burúkú são conhecidos como Omolú na terra Yorùbá, mas em diferentes localidades

Consideração final:

Omo Olú, filho da mulher Tapa, não é o mesmo Omololú adorado em Abeokuta.

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Versão Original

Maike Figueiredo Gomes I saw your post about Obalúayé and would like to comment.
I appreciate your interest in our tradition, but our culture is very complex, especially our Yorùbá language.
The history of each Òrìsà is in the families and in their Oríkì , there is a need for deep work so that there are no mistakes.
Òrìsà Sànpònná is known as Obalúayé or Omolú.
Obalúayé is known as Omolú, because Obalúayé was the son of a woman named Olú in Tapa, then the so-called Omo Olú which means the son of Olú, contracted is Omolú.
Òrìsà Omololú is known as Omolú or Nàná Burúkú in Abeokuta, Ogun State, Nigeria.
Omololú means Omo ni olú – "the child is important" and the contracted word is also Omolú.
Thus we come to the conclusion that both Òrìsà Obalúayé and Nàná Burúkú are known as Omolú in Yorùbá land, but in different localities
Final consideration:
Omo Olú, son of the Tapa woman is not the same Omololú worshipped in Abeokuta.

Fonte - (4) Facebook

Imagem comprobatória:



segunda-feira, 10 de maio de 2021

DIFERENÇAS DOS RITUAIS FUNEBRES PARA OS MORTOS DO BATUQUE

Por Erick Wolff de Oxalá

Sacerdote de orixá desde 1989, na tradição do Batuque do Rio Grande do Sul

26/04/2021

Respeitando o direito de cada um e a liberdade de culto, este ensaio tem por finalidade esclarecer alguns conceitos sobre o Arissun e o Egun, e rituais de origem Ioruba, na tradição do Ilê Axé Nagô Kóbi, tradição Batuque do Rio Grande do Sul. 

A palavra Ibo é uma introdução recente que expressa adequadamente o que praticamos. Não há registro de que os mais velhos a utilizavam, usualmente utiliza-se a palavra Balé. Nesta imagem poderemos ver a tradução:


O templo possui um local reservado para o culto aos ancestrais, onde se fazem sacrifícios e oferendas para os mortos.

No Ibóku ficam os assentamentos de Egun, onde veneramos a memória dos nossos ancestrais.

Filhos e netos são descendentes, não são ancestrais, por isso, não se abre Ibóku com filhos nem netos.

No Ibóku ou no Balé não se cultua orixá, pois orixá não é, nem vira Egun.

Não há culto de Egungun ou Baba Egun, no Batuque do Rio Grande do Sul. Não é possível dizer que um Babalorixá quando morre virará Baba Egun, simplesmente baseando-se no cargo dele.

Homens e mulheres são cultuados no Ibóku do Batuque do Rio Grande do Sul. 

Os iniciados terão seus rituais fúnebres garantidos, que poderão variar conforme a sua graduação.  Todo e qualquer iniciado no Batuque, tem o direito de um ritual fúnebre, no entanto, nem todos terão um arissun completo, pois dependerá da sua graduação e iniciação.  

Antes de rituais de Bori, iniciações ou eventos religiosos, são feitas oferendas ou sacrifícios no Ibókuconforme a orientação do orixá da casa através do jogo de búzios. 

Os rituais fúnebres variam, podendo durar 12Hrs, 24Hrs, 3 dias, 7 dias, 32 dias, 3 meses, 6 meses, ou, chega a um ano, conforme os ritos ou cerimonias exigidas, sendo que cada caso é um tempo de preceito.


Considerações finais:

Ibóku é diferente de balé. 

Não se cultuam Egungun, nem Baba Egun. 

O cargo do Babalorixá não o torna um Baba Egun. 

Orixá não vira Egun.

Homens e mulheres são cultuados no Ibóku.


Ilê Axé Nagô Kóbi

ILÊ AXÉ NAGÔ KÓBI | Fundado em 1989 (wordpress.com)


sábado, 8 de maio de 2021

BRONZE: A RIQUEZA DE OXUM

 Por Erick Wolff de Oxalá


Sacerdote de orixá desde 1989, na tradição do Batuque do Rio Grande do Sul

26/04/2021


Respeitando o direito de cada um e a liberdade de culto, este ensaio tem por finalidade esclarecer alguns conceitos sobre Oxum divindade de origem Ioruba, cultuada na tradição do Ilê Axé Nagô Kóbi, tradição Batuque do Rio Grande do Sul. 




Na diáspora, considera-se que Oxum seja a divindade do ouro e da riqueza, não é errado, pois a cor do ouro lembra muito o mel, ao qual é um elemento muito usado para oxum, na religião Batuque do R.S. 

No entanto, não é possível ignorar os fundamentos da origem de Oxum, pois na Matriz, onde o culto de Oxum esta bem vivo e ativo, fala-se que a riqueza de oxum está no Bronze, conforme a imagem a seguir: 
Estes versos narram a riqueza de Oxum, e é com o bronze que Oxum enfeita os seus filhos.

sexta-feira, 30 de abril de 2021

BORI E ORI SÃO OS CAMINHOS PARA A BOA SORTE.

Por Erick Wolff de Oxalá

Sacerdote de orixá desde 1989, na tradição do Batuque do Rio Grande do Sul

26/04/2021


Respeitando o direito de cada um e a liberdade de culto, este ensaio tem por finalidade esclarecer alguns conceitos e rituais de origem Ioruba sobre o Ori e o Bori, na tradição do Ilê Axé Nagô Kóbi, tradição Batuque do Rio Grande do Sul. 



Ori uma palavra Iorubá que pode ser empregada a diversos significados, porém, quando falamos do conceito de Noção de Pessoa, estamos nos referindo a tudo que nos representa no orun (mundo espiritual). 

Ori não possui gênero, destina a nossa pessoa enquanto vivos, e após a nossa morte, não existirá mais, pois cumpriu a sua finalidade enquanto estávamos vivos. Por isso, não consideramos Ori um orixá. 

O Bori, ritual de origem ioruba também conhecido como oribibó, através das oferendas, fortifica, apazigua e equilibra Ori. Nesse ritual pedimos vida longa, prosperidade, amor e saúde. 

Assim, Iku, a personificação da morte, não está, de nenhuma forma, relacionada com o rito do Bori. 

Ao seguirmos os caminhos que o oráculo informa, poderemos alcançar o sucesso, se formos capacitados e fizermos a nossa parte. Qualquer individuo poderá fazer o Bori sem necessidade de vínculos com a casa religiosa, podendo frequentar outras religiões, dando manutenção quando necessário, determinado pelo oraculo do sacerdote de orixá. 

O Bori dos filhos da casa poderá conter uma cremeira (um recipiente que possui elementos do culto do Ori) e/ou uma quartinha, e após a sua morte, a cremeira deve ser desfeita. 

Ori determinará o que ele deseja comer, é feito um jogo para aquele momento. Dificilmente Ori determina bichos de 4 pés, pois geralmente usa-se aves, peixe, comidas secas, entre outros elementos.

No Bori não há necessidade de jogar o orixá, pois o Ori não irá comer com o orixá nem precisa o orixá ser convidado para comer. O Bori é para que Ori possa comer completamente e sozinho, reforçando a individualidade daquela pessoa, e criando caminhos para a felicidade daquele individuo. Se Ori não permitir ou sancionar orixá não consegue ajudar.  

Considerações finais:

Ori é uma palavra Ioruba, que possui diversos significados, porem ela pode ser usada para resumir todo o conceito de noção de pessoa.

Ori se alimenta sozinho, e pede através do oráculo o que ele deseja comer. 

O Bori pode ser feito para clientes da casa sem necessidade de uma cremeira, e quando os filhos possuem uma, esta deve ser desfeita após a sua morte.

No Bori não devemos louvar Iku, e sim pedir que se afaste da nossa casa e vida. 


Ilê Axé Nagô Kóbi

ILÊ AXÉ NAGÔ KÓBI | Fundado em 1989 (wordpress.com)


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