sábado, 13 de abril de 2024

HISTÓRIA DAS SETE LINHAS DA UMBANDA

CEPMM - Centro de Estudo e Prática por um Mundo Melhor

Rua dos Cristais, 555

Jd. Holanda, Uberlãndia

Minas Gerais

2016


Transcrição e adaptação: Luiz L. Marin


Abril de 2024


Sabemos que foi o Caboclo das Sete Encruzilhas o espírito responsável pela organização da Umbanda, orientando logo na primeira reunião como seria esta nova religião, como seriam os trabalhos espirituais, o horário de início e termino, os estudos, etc.

Somente em 1913 (passados cinco anos do inicio da religião) é que Zélio de Moraes começou a trabalhar com a entidade conhecida como Orixá Mallet. É importante deixar registrado que até esta data (conforme gravação de áudio do próprio Zélio de Moraes) o nome da nova religião era ALABANDA. 

Segundo Zélio de Moraes nome original da religião foi Alabanda, onde Alá é uma palavra árabe que significa “Deus” e banda significando “do lado de”. Logo, Alabanda significa ao lado de Deus. Esse nome foi dado pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, como uma homenagem ao Orixá Mallet, que era malaio e muçulmano. (Alá é a forma como os muçulmanos chamam Deus). 

Portanto até esta data não se falava em “SETE LINHAS DA UMBANDA”, também não existia na umbanda crianças, exus, pomba-gira, ciganos, baianos e outras linhas conhecidas atualmente. (o grifo é nosso)

Somente em 1925 (passados dezessete anos do início da umbanda) é que o senhor Leal de Souza em entrevista a um jornal do Paraná, chamado “Mundo Espírita” apresenta pela primeira vez uma codificação das Sete Linhas da Umbanda. 


Leal de Souza era escritor, jornalista e redator chefe do jornal “A Noite” do Rio de Janeiro; foi um participante ativo e dedicado, durante 10 anos, da Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade e amigo de Zélio de Moraes. Afastou-se da Tenda Nossa Senhora da Piedade, sob as ordens do Caboclo das Sete Encruzilhadas, para fundar a Tenda Nossa Senhora da Conceição. 


Em 1932 é convidado para escrever uma série de artigos sobre Espiritismo e Umbanda e novamente apresenta as Sete Linhas da Umbanda. 


Em 1933 publica o primeiro livro a falar sobre a umbanda: “O Espiritismo, a Magia e as Sete Linhas da Umbanda”.

 

Segundo Leal de Souza, que vivia a Umbanda em sua origem, as Sete Linhas da Umbanda eram:

 

  1. OXALÁ;

  2. OGUM;

  3. OXOSSI;

  4. XANGÔ;

  5. IANSÃ;

  6. IEMANJÁ;

  7. AS ALMAS.

 

Em 1941 (passados 33 anos da fundação da Umbanda) foi  realizado no Rio de Janeiro o Primeiro Congresso Brasileira de Umbanda e neste congresso é ratificado as Sete Linhas da Umbanda.

As linhas são chamadas de “Pontos da Linha branca de Umbanda” ou graus de iniciação e são:

 

1º grau de iniciação – ALMAS;
2º grau de iniciação – XANGÔ;
3º grau de iniciação – OGUM;
4º grau de iniciação – IANSÃ;
5º grau de iniciação – OXOSSI;
6º grau de iniciação – IEMANJÁ;
7º grau de iniciação – OXALÁ.

 

Os Sete Pontos ou Graus de iniciação confirmados no Primeiro Congresso Brasileira de Umbanda (1941) são as Sete Linhas da Umbanda apresentadas por Leal de Souza em 1925.


É neste primeiro congresso de umbanda que a Tenda Mirim apresenta um trabalho sugerindo que o nome da religião seria Aumbandã.

 

Em 1942 Lourenço Braga publica sua tese chamada “Umbanda e Quimbanda”, na qual apresenta o primeiro esquema formulado e pensado das Sete Linhas da Umbanda com sete legiões para cada linha, também marca seu pioneirismo na apresentação da LINHA DO ORIENTE e das sete linhas da Quimbanda:

 

  1. Linha de Santo ou de Oxalá – dirigida por Jesus Cristo;

  2. Linha de Iemanjá – dirigida por Virgem Maria;

  3. Linha do Oriente – dirigida por São João Batista;

  4. Linha de Oxossi – dirigida por São Sebastião;

  5. Linha de Xangô – dirigida por São Jerônimo;

  6. Linha de Ogum – dirigida por São Jorge;

  7. Linha Africana ou de São Cipriano – dirigida por São Cipriano.

 

Em 1952 (após 44 anos do inicio da religião) o Primado de Umbanda, ente federativo que tem como seu Primaz o Senhor Benjamim Figueiredo, responsável pela Tenda Mirim apresenta sua doutrina e os Sete Seres Espirituais responsáveis pela luz espiritual emanada de Deus, o primeiro elo entre Deus e as outras hierarquias espirituais.
Em nosso sistema solar, os chamados Orixás Maiores regem as Sete Linhas da Umbanda:

 

  1. ORIXALÁ;

  2. OGUM;

  3. OXOSSI;

  4. XANGÔ;

  5. YORIMÁ (IOFÁ, OBALUAÊ);

  6. YORI (IBEJI – ERÊS – CRIANÇAS);

  7. IEMANJÁ.

 

Em 1955 Lourenço Braga publica o livro “UMBANDA E QUIMBANDA – VOLUME 2”, onde apresenta a seguinte distribuição, atribuindo a cada linha um Arcanjo como responsável e relaciona com os planetas:

 

  1. Linha de Oxalá ou das almas – Jesus – Jupiter;

  2. Linha de Yemanjá ou das águas –Gabriel – Vênus;

  3. Linha do Oriente ou da sabedoria – Rafael – Urano;

  4. Linha de Oxossi ou dos vegetais – Zadiel – Mercurio;

  5. Linha de Xangô ou dos minerais –Oriel – Saturno;

  6. Linha de Ogum ou das demandas – Samael – Marte;

  7. Linha dos Mistérios ou encantamentos – Anael – Saturno.

 

Em 1956 W.W.Mata e Silva apresenta no livro “Umbanda de Todos Nós” as Sete linhas da Umbanda:

 

  1. ORIXALÁ;

  2. IEMANJÁ;

  3. YORI (CRIANÇAS );

  4. XANGÔ;

  5. OGUM;

  6. OXOSSI;

  7. YORIMÁ (LINHA DAS ALMAS, PRETOS VELHOS).

 

Notamos que foi a partir da década de cinquenta que os estudiosos retiram das sete linhas a vibração de Iansã e substituem pela Yori (Crianças).


Em 1964 no livro “Okê Caboclo – Mensagens do Caboclo Mirim”, de Benjamim Figueiredo fundador da Tenda Mirim, os Orixás se dividem em menores e maiores, sendo estes últimos os regentes das sete linhas:

 

  1. OXALÁ – INTELIGÊNCIA;

  2. IEMANJÁ – AMOR;

  3. XANGÔ CAÔ – CIÊNCIA;

  4. OXOSSI – LÓGICA;

  5. XANGÔ AGODÔ – JUSTIÇA;

  6. OGUM – AÇÃO;

  7. IOFÁ – FILOSOFIA.

 

Em 2003, Rubens Saraceni, apresenta uma nova organização no livro “Sete Linhas da Umbanda – A Religião dos Mistérios”:

 

  1. OXALÁ – essência cristalina – FÉ;

  2. OXUM – essência mineral – AMOR;

  3. OXOSSI – essência vegetal – CONHECIMENTO;

  4. XANGÔ – essência ígnea – JUSTIÇA;

  5. OGUM – essência aérea – LEI;

  6. OBALUAIÊ – essência telúrica – EVOLUÇÃO;

  7. IEMANJÁ – essência aquática – GERAÇÃO/VIDA

 

Em 2009 no livro “Manual Doutrinário, Ritualístico e Comportamental Umbandista”, Rubens Saraceni, traz a seguinte ordenação:

 

  1. OXALÁ;

  2. OGUM;

  3. OXOSSI;

  4. XANGÔ;

  5. OXUM;

  6. OBÁ;

  7. IANSÃ;

  8. OXUMARÉ;

  9. OBALUAÊ;

  10. OMULU;

  11. NANÃ;

  12. OIÁ TEMPO;

  13. EGUNITÁ;

  14. EXU;

  15. POMBA-GIRA.

 

Em 2010, Janaina Azevedo Corral, no livro “As Sete Linhas da Umbanda”, traz a seguinte apresentação:

 

  1. Linha de OXALÁ;

  2. Linha das ÁGUAS;

  3. Linha dos ANCESTRAIS (YORI E YORIMÁ);

  4. Linha de OGUM;

  5. Linha de OXOSSI;

  6. Linha de XANGÔ;

  7. Linha do ORIENTE

 

Além das codificações citadas acima, existem outras. Estas codificações tentam explicar ou justificar como e porque, os espíritos se manifestam com determinadas características, porque possuem preferência por determinadas cores, nomes, regiões da natureza (praia, montanhas, matas, cemitérios etc.) e demais afinidades. Todos estes escritores e pesquisadores umbandistas, inspirados por seus mentores, observaram, estudaram e de acordo com suas observações agruparam as entidades espirituais em linhas, que foram em determinadas épocas separadas em falanges, legiões etc. 

Ao mesmo tempo em que a umbanda permite que as lideranças espirituais criem ritos, conforme a orientação de seus guias e o compromisso cármico evolutivo mantido com eles, é alvo de constantes conflitos, em razão das divergências apresentadas entre a infinidade de terreiros existentes, quando se compara esses fundamentos.


A umbanda não terá uma codificação; ao contrário, é como uma grande escola em que seu regimento pedagógico deve ser elaborado pelos próprios alunos, o que pode parecer uma desorganização aos olhos apressados dos aprendizes que aguardam o mestre para fazer a lição, não sabendo que a instrução é exatamente esta: aprender por si, a se tolerarem nos erros e se unirem nos acertos. Portanto, o movimento de umbanda tende naturalmente, com o tempo, a uma acomodação ritualística e, conseqüentemente, a uma salutar uniformização que a torna ética e caritativa.

Na visão espiritual do CEPMM, cada centro de umbanda tem o seu objetivo espiritual a ser alcançado, seja a doutrina humana, autoconhecimento, doutrina evangélica ou base moral nos preceitos de Jesus. Nossos objetivos são pautados na compreensão das energias dos Orixás com seus devidos arquétipos psicológicos e no conhecimento teórico e prático na manifestação dos guias em comunhão com os médiuns. Acreditamos que é preciso por em prática todo o ensinamento advindo da supremacia divina.

Desta maneira, vale ressaltar as Sete Linhas adotadas pelo CEPMM dadas às necessidades espirituais e compromissos assumidos pela nossa casa:

 

 1. Nanã

 2. Abaluaê

 3. Ogum

 4. Xangô/Iansã

 5. Oxóssi

 6. Oxalá

 7. Iemanjá

 

A ordem apresentada pelos orixás que compõem as 7 linhas da casa se relaciona com o dia da semana de cada um deles.
 

BIBLIOGRAFIA:


1) Umbanda Os Sete Reinos Sagrados – Manoel Lopes – Ícone Editora

2) Umbanda Um Século de História – Diamantino Fernandes Trindade – Ícone Editora

3) História da Umbanda – Alexandre Cumino – Madras Editora

4) Umbanda de Todos Nós – W. W. Matta e Silva

5) Curso Essencial de Umbanda – Ademir Barbosa Junior – Universo dos Livros

6) Curso EAD do Núcleo Mata Verde

7) As Sete Linhas de Umbanda


FONTE: Centro de Estudo e Prática por um Mundo Melhor


Prova documental:



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