domingo, 27 de março de 2011

A Umbanda virtual.

Por Erick Wolff
(Òrìṣà Èṣù)
A comunicação virtual fornecendo conteúdo para a comunidade, isso é confiável?
Infelizmente eu tenho as minhas dúvidas, o que deveria ser para ajudar e levar conhecimento a todos, chega a confundir e às vezes até mesmo ludibriar o estudante que assimila informações erradas, que trará um conhecimento errado e ou graves consequências espirituais.

Observe os temas de um Curso:

  • -Os Mistérios de Exu e suas Lendas
  • -Exu Natural, Exu Guardião e Exu de trabalho
  • -Exu na Umbanda e seus costumes
  • -As Guias de Exu
  • -Como usar, guardar e cuidar da Guia do seu Exu
  • -Identificando o Orixá regente através do nome do Exu
  • -Qual a relação do Exu com o numero 7
  • -Qual o significado dos elementos de uma oferenda
  • -Como fazer corretamente a oferenda para o Exu
  • -Como fazer a firmeza de Exu na própria residência
  • Entre outros...

(Entidade Exu da Umbanda)

Ao contatar a organização, fui informado que o curso presta informações apenas das entidades da Umbanda, porem a confusão é nítida e demonstra total desconhecimento de causa e filosofia da Umbanda, confundindo conceitos e lendas dos Òrìṣà Africanos com os Orixás da Umbanda (brasileiros), mas como assim?

As divindades Africanas são diversas e sua origem energética mais diversificada ainda, porem os Okú (entidades), não são divindades, pelo que eu sei, apenas os ancestrais cultuados pela tradição africana que foram divinizados, alguns se tornaram-se  Òrìṣà, mas isso é uma história que não tem nada haver com o que estamos discutindo aqui, apesar de estar falando de divindades e ancestrais, os mesmo são distintos.

Um Okú (entidade) é cultuado pela Umbanda, segue os preceitos e fundamentos daquela religião, quando falamos de Exu logo vem duas imagens para este mesmo nome, para os Umbandistas entidades com capa, tridentes e paramentos muito semelhante a divindade Èṣù, mas sem nem uma ligação com a divindade Èṣù, que assume um grande papel no culto tradicional africano.

  • -Identificando o Orixá regente através do nome do Exu
Segundo a organização o curso, cada Exu possui uma origem energética, esta chamada de Orixá, sabendo que a Umbanda possui seus Orixás e divindades, que apesar da semelhança dos nomes e sincretismo com os africanos, energeticamente não tem nada haver com os cultuados na África. Sim porque Orixá não se mistura com Okú, apenas com Ègún, Ègúngún e Ancestrais divinizados, o que sabemos que nem um deles são cultuados na Umbanda.

  • -Os Mistérios de Exu e suas Lendas
Bara Òrìṣà Yorùbá

Eu considero que cada entidade seja única, apesar de assumir um nome ou uma linha de um famoso Exu (entidade), ele não é o mesmo, basta colocar um Marabo ao lado do outro para ver que cada um portará de uma forma e ou contará uma história de vida diferente, logo cada um é um, não existe uma forma de codificar ou formatar esta entidade, podemos chegar perto de conceitos de forma de trato ou elementos que possam carregar, mas mentiu quem disse ou está dizendo que Marabo é tudo igual (risos), tenho certeza que eles mesmos não irão concorda...

  • -Como fazer a firmeza de Exu na própria residência

Outro perigo, manter um Exu na própria residência, será que todos podem ter um Exu na residência, como saber qual é o Exu adequado, como fazer isso e dominar, sendo que a maioria dos templos sabem que manter um Exu dentro de um templo requer sérios cuidados, qual o poder e domínio que uma pessoa terá com diante desta entidade? Fiquei realmente preocupado com este tópico...

Sem falar que a organização afirmou que “Exu tem passagem para todos os mundos, esta a disposição de todos os Divinos Orixás.“, sim ela está corretíssima, porem ela está se referindo ao Òrìṣà e não a entidade, pois Okú não entra no Ọ̀run (céu espiritual) assim, ele tem seus limites e tem que respeitar, não é uma bagunça sem eira nem beira que chega qualquer um e vai entrando assim, Exu entidade com todo respeito tem o seu caminho e trabalho, que respeita e sabe muito bem trabalhar. Mas não caiam no mesmo erro de  considerar que uma entidade pode entrar assim, e  não se confundam também.

Para um iniciante é importantíssimo saber o que cultua e como cultua, por isso que fico preocupado com a realidade dos cursos On Line que mais traduzem confusão do que segurança.

O que devemos fazer, como difundir e apoiar determinados cursos?
Quem orienta estes ministradores de cursos?
Quais os parâmetros para defirnir o que deve ou não ser divulgado?



_____________________
Direito de resposta
_____________________

O jornalista, e publicitário especialista em mídia digital a 8 anos e dedica 24h por dia disso a nossa religião. Organizador do “Curso Virtual de Exu”.

Pediu apenas que publicasse esta resposta; “O Candomblé sobrevive até hoje porque não quer convencer pessoas sobre uma verdade absoluta, ao contrário da maioria das religiões
(Pierre Verger)

E assina pelo e-mail, caso queiram estrar em contato para o curso ou informações.
BARBIERI.NEGOCIOS@HOTMAIL.COM



_________________________
Resposta do editor Erick Wolff
_________________________

A liberdade e a diversidade sempre foram respeitadas, tanto neste Blog quanto em qualquer matéria publicada, por qualquer um que disponibilizamos espaço. A diferença está em quando eu publiquei esta matéria o foco foi a Umbanda, não estamos ou me suponho que eu não estou falando do Candomblé, por isso, focando a Umbanda que eu respondo chamando a atenção para certos pontos que devem ser policiados, para que o leitor possa ter acesso aos devidos conteúdos e conhecimento, afinal como um leigo vai manter um Exu dentro de casa, ou melhor, como ele irá saber qual é o Exu dele?
Mistérios da Inclusão Digital...

Grato

quarta-feira, 23 de março de 2011

Museu de Jacareí recebe exposição sobre orixás

sosni - Museu de Jacareí recebe exposição sobre orixás

Por Erick Wolff8
A mostra traz oito telas com 17 orixás. As visitas podem ser feitas de terça-feira a domingo, até o dia 20 de abril, com entrada gratuita


O Museu de Antropologia do Vale do Paraíba recebe até o dia 20 de abril a exposição A Benção dos Orixás de Terreiro. Localizado em Jacareí, a 80 km de São Paulo, o museu traz essa exposição que é composta por oito telas de 17 orixás, com 2x2 metros cada. As obras foram idealizadas pelo umbandista Sidney Lorca e pintadas pelo artista plástico Cláudio Koca.

Criou-se um mito no Brasil dizer que o povo Africano costuma não dar feições às divindades africanas, pelo simples fato de considerar que as mesmas não deveriam ser retratadas, porem não é verdade, pois eles modelam imagens no barro, madeira, forjam estatuas no ferro e costumam até pintar os deuses com rosto, segundo a sua cultura algumas divindades desceram do Ọ̀run (céu), se instalando aqui para viver como os seres humanos, seus descendes, mistura de homens e divindade foram chamados de Ẹbọra, e se tornaram ancestrais, que através dos seus grandes feitos tornaram-se Òrìṣà, um exemplo mais famoso deles é Ṣàngó.

Contudo a cultura Africana divide-se em várias etnias, numa diversidade que chega a gerar certa confusão, mesmo assim eles se entendem, contudo aqui no Brasil, formaram-se alguns mitos em volta de algumas divindades, que necessita ser quebrado, não sabemos ao certo como isso começou, mas os candomblecistas e a tradicional família afro-brasileira estão corrigindo os conceitos e fazendo um Up Grade dos Ìtan (História) da cultura.

Um exemplo claro de renovação dos Ìtan é explicar que Ọ̀sányìn um Òrìṣà conhecido pela sua sabedoria em manusear folhas medicinais, por isso conhecido como o dono das folhas, não deve ser retratado pela forma feminina, visto que ele possui um papel importante na religião afro-brasileira sendo uma divindade masculina. Uma das delas da exposição retrata Ọ̀sányìn como uma divindade feminina, não sei se foi influencia de Sidney Lorca (Umbandista) que não deve dominar a cultura Africana, reforçando o mito da duplicidade na personalidade de Ọ̀sányìn, ou se foi o artista Cláudio Koca, que decidiu mudar a forma deste Òrìṣà.  Sendo importantíssimo para a Umbanda, que segundo a liturgia desta religião, não fazem o uso do Ẹ̀jẹ̀ (sangue animal) trocando o mesmo pelo sangue vegetal, retirado da maceração de folhas de Ọ̀sányìn.

A exposição deve ser vista, afinal a cultura Afro-brasileira está recebendo espaço e devemos considerar uma vitória num país onde considera o “Estado Laico”, porem vemos uma cruz cravada nas câmaras municipais e estaduais de todo o País, obrigando à todos ficarem de baixo de um único símbolo, sem respeitar a diversidade religiosa, esta que em momento algum é lembrada.


Serviço – O Museu de Antropologia do Vale do Paraíba está localizado na Rua XV de Novembro, n.º 143 – Centro – Jacareí. As visitas podem ser feitas de terça a sexta-feira, das 9h00 às 18h00, e aos sábados e domingos, das 11h00 às 17h00, sempre com entrada gratuita. Para agendar visitas ou obter mais informações sobre a exposição, o telefone para contato é (12) 3953-3574.

domingo, 20 de março de 2011

Egungun pertence à Mitologia Yoruba.

Por Arrundegy Ojé Deyi

Maio de 2008
Egungun, espírito ancestral de pessoa importante, homenageado no Culto aos Egungun, esse culto é feito em casas separadas das casas de Orixá. No Brasil o culto principal à Egungun é praticado na Ilha de Itaparica no Estado da Bahia mas existem casas em outros Estados.

Normalmente chamado de Babá (pai) Egun, Babá-Egun. Também pode ser referido como Êssa nome dos ancestrais fundadores do Aramefá de Oxóssi (conselho de Oxóssi, composto de seis pessoas). Ou Esa espírito dos adoxu e dignatários do egbe (casa).

Os nagôs, cultuam os espíritos dos mais velhos de diversas formas, de acordo com a hierarquia que tiveram dentro da comunidade e com a sua atuação em pról da preservação e da transmissão dos valores culturais. E só os espíritos especialmente preparados para serem invocados e materializados é que recebem o nome Egun, Egungun, Babá Egun ou simplesmente Babá (pai), sendo objeto desse culto todo especial. Porque o objetivo principal do cultos dos Egun é tornar visível os espíritos dos ancestrais, agindo como uma ponte, um veículo, um elo entre os vivos e seus antepassados. E ao mesmo tempo que mantém a continuidade entre a vida e a morte, o culto mantém estrito controle das relações entre os vivos e mortos, estabelecendo uma distinção bem clara entre os dois mundos: o dos vivos e o dos mortos (os dois níveis da existência).

Assim, os Babá trazem para seus descendentes e fiéis suas bênçãos e seus conselhos mas não podem ser tocados, e ficam sempre isolados dos vivos. Suas presença é rigorosamente controlada pelos Ojé (sacerdotes do culto) e ninguém pode se aproximar deles. Os Egungun se materializam, aparecendo para os descendentes e fiéis de uma forma espetacular, em meio a grandes cerimônias e festas, com vestes muito ricas e coloridas, com símbolos característicos que permitem estabelecer sua hierarquia. Os Babá Egun ou Egun Agbá (os ancestrais mais antigos) se destacam por estar cobertos com uma roupa específica do Egun — chamada de eku na Nigéria ou opá na Bahia, são enfeitadas com búzios, espelhos e contas e por um conjunto de tiras de pano bordadas e enfeitadas que é chamado Abalá, além de uma espécie de avental chamado Bantê, e por emitirem uma voz característica, gutural ou muito fina.

Os Aparaká são Egun mais jovens: não têm Abalá nem Bantê e nem uma forma definida; e são ainda mudos e sem identidade revelada, pois ainda não se sabe quem foram em vida. Acredita-se, então, que sob as tiras de pano encontra-se um ancestral conhecido ou, se ele não é reconhecível, qualquer coisa associada à morte. Neste último caso, o Egungun representa ancestrais coletivos que simbolizam conceitos morais e são os mais respeitados e temidos entre todos os Egungun, guardiães que são da ética e da disciplina moral do grupo. No símbolo "Egungun" está expresso todo o mistério da transformação de um ser deste-mundo num ser-do-além, de sua convocação e de sua presença no Aiyê (o mundo dos vivos). Esse mistério (Awô) constitui o aspecto mais importante do culto.

O criador de culto dos ancestraisSegundo a tradição, o culto de Egungun é originário da África, região de Oyò. O culto de Egungun, é exclusivo de homens, sendo Alápini o cargo mais elevado dentro do culto tendo como auxiliares os Ojés. Todo integrante do culto de Egungun é chamado de Mariwó. Xangô (Sòngó), é o fundador do culto aos Egungun, somente ele tem o poder de controlá-los, como diz um trecho de um Itan:

"Em um dia muito importante, em que os homens estavam prestando culto aos ancestrais, com Xangô a frente, as Iyami-Ajé fizeram roupas iguais as de Egungun, vestiram-na e tentaram assustar os homens que participavam do culto, todos correram mas Xangô não o fez, ficou e as enfrentou desafiando os supostos espíritos. As Iyami ficaram furiosas com Xangô e juraram vingança, em um certo momento em que Xangô estava distraido atendendo seus súditos, sua filha brincava alegremente, subiu em um pé de Obi, e foi aí que as Iyami-Ajé atacaram, derrubaram a Adubaiyni filha de Xangô que ele mais adorava. Xangô ficou desesperado, não conseguia mais governar seu reino que até então era muito próspero, foi até Orunmilà, que lhe disse que Iyami é que havia matado sua filha, Xangô quiz saber o que poderia fazer para ver sua filha só mais uma vez, e Orunmilà lhe disse para fazer oferendas ao Orixá Ikù (Oniborun), o guardião da entrada do mundo dos mortos, assim Xangô fez, seguindo a risca os preceitos de Orunmilà. Xangô conseguiu rever sua filha e pegou para sí o controle absoluto dos Egungun (ancestrais), estando agora sob domínio dos homens este culto e as vestimentas dos Egungun, e se tornando estremamente proibida a participação de mulheres neste culto, provocando a ira de Olorun, Xangô, Ikú e os próprios Egungun, este foi o preço que as mulheres tiveram que pagar pela maldade de suas ancestrais as Iyami".

BrasilCulto aos Egungun é uma das mais importantes instituições, tem por finalidade preservar e assegurar a continuidade do processo civilizatório africano no Brasil, é o culto aos ancestrais masculinos, originário de Oyo, capital do império Nagô, que foi implantado no Brasil no início do século XIX. O culto principal aos Egungun é praticado na Ilha de Itaparica no Estado da Bahia mas existem casas em outros Estados. Quanto ao aspecto físico, um terreiro de Egungun ou Egun apresenta basicamente as seguintes unidade: * um espaço público, que pode ser freqüentado por qualquer pessoa, e que se localiza numa parte do barracão de festas; * uma outra parte desse salão, onde só podem ficar e transitar os iniciadores, e para onde os Egun vêm quando são chamados, para se mostrar publicamente; * uma área aberta, situada entre o barracão e o Ilê Igbalé (ou Ilê Awô - a casa do segredo), onde também se encontra um montículo de terra preparado e consagrado, que é o assentamento de Onilé; * um espaço privado ao qual só têm acesso os iniciados da mais alta hierarquia, onde fica o Ilê Awô, com os assentamentos coletivo, e onde se guardam todos os instrumentos e paramentos rituais, como os Isan pronuncia-se (ixan), longas varas com as quais os Ojé invocam (batendo no chão) e controlam os Egungun.

OrigensEgungun veio da África junto com os Orixás trazidos pelos escravos. Era um culto muito fechado, secreto mesmo, mais que o dos Orixás por cultuarem os mortos. A primeira referência do Culto de Egun no Brasil segundo Juana Elbein dos Santos foram duas linhas escritas por Nina Rodrigues, refere-se a 1896, mas existem evidências de terreiros de Egun fundados por africanos no começo do século XIX. Os Terreiros de Egun mais famosos foram:
• Terreiro de Vera Cruz, fundado +/- 1820 por um africano chamado Tio Serafim, em Vera Cruz, Ilha de Itaparica. Ele trouxe da África o Egun de seu pai, invocado até hoje como Egun Okulelê, faleceu com mais de cem anos.
• Terreiro de Mocambo, fundado +/- 1830 por um africano chamado Marcos-o-Velho para distingui-lo do seu filho, na plantação de Mocambo, Ilha de Itaparica. Teria comprado sua carta de alforria, anos mais tarde teria voltado à África junto com seu filho Marcos Teodoro Pimentel conhecido como Tio Marcos, lá permanecendo por muitos anos aperfeiçoando seus conhecimentos litúrgicos, onde também seu filho foi iniciado. Quando voltaram trouxeram com eles o assento do Baba Olukotun, considerado o Olori Egun, o ancestre primordial da nação nagô.
• Terreiro de Encarnação, fundado +/- 1840 por um filho do Tio Serafim, chamado João-Dois- Metros por causa de sua altura, no povoado de Encarnação. Foi nesse terreiro que se invocou pela primeira vez no Brasil o Egun Baba Agboula, um dos patriarcas do povo Nagô.
• Terreiro de Tuntun, fundado +/- 1850 pelo filho de Marcos-o-Velho, chamado Tio Marcos, num velho povoado de africanos denominado Tuntun, Ilha de Itaparica. Marcos possuiu o título de Alapini, Ipekun Ojé, Sacerdote Supremo do Culto aos Egungun, na tradição histórica Nagô, o Alapini representa os terreiros de Egun ao afin, palácio real. Tio Marcos, Alapini, faleceu por volta de 1935, e com sua morte desapareceu o terreiro do Tuntun, porém a tradição do culto a Baba Olokotun continuou através de seu sobrinho Arsênio Ferreira dos Santos, que possuia o título de Alagba, este migrou para o Rio de Janeiro levando o assento de Baba Olokotun para o município de São Gonçalo. Depois do falecimento de Arsênio, os assentos dos Baba retornaram para Bahia, através do atual Alapini, Deoscoredes M. dos Santos, conhecido como Mestre Didi Axipá, presidente da Sociedade Cultural e Religiosa Ilê Axipá. Mestre Didi foi iniciado na tradição do culto
aos Egungun por Marcos e Arsênio.
• Terreiro do Corta-Braço, na Estrada das Boiadas, ponto de reunião de praticantes da capoeira, atualmente bairro da Liberdade, cujo chefe era um africano conhecido como Tio Opê. Um dos Ojé, sacerdotes do culto aos Egungun, conhecido como João Boa Fama, iniciou alguns jovens na Ilha de Itaparica, que se juntariam com os descendentes de Tio Serafim e Tio Marcos para fundarem o Ilê Agboulá, no bairro Vermelho, próximo à Ponta de Areia. Outros terreiros de Egungun foram registrados no final do século XIX, um localizado em Quitandinha do Capim, que cultuava os Egun Olu-Apelê e Olojá Orum, o de Tio Agostinho, em Matatu que se tornou ponto de concentração de vários Ojés de outras casas inclusive o Alapini Tio Marcos, o Terreiro da Preguiça, ao lado da Igreja da Conceição da Praia.
• Ilê Babá Agboulá, Localizado em Ponta de Areia, na Ilha de Itaparica, o Ilê Agboulá é, hoje, no Brasil, um dos poucos lugares dedicados exclusivamente ao culto dos Egun. Sua fundação remonta ao primeiro quarto do século XX por Eduardo Daniel de Paula, Tio Opê, Tio Serafim e Tio Marcos, mas a comunidade que lhe deu origem e que lhe mantém os fundamentos está estabelecida na Ilha, como já vimos há cerca de duzentos anos.
• Ilê Babá Olokotun, na Ilha de Itaparica * Ilê Axipá- Sociedade Cultural e Religiosa Ilê

Axipá.
Ritual
Tanto a tradição Nagô como a Jeje e a Congo-Angola cultuam os ancestrais. Para os Nagôs existem no Brasil três formas de cultuar os ancestrais, os Esa, os Egungun e as Iya-mi Agba. Os terreiros de Candomblé possuem um local apropriado de adoração do espírito de seus mortos ilustres, esse local é denominado de Ilê ibo aku, casa de adoração aos mortos, enfim todos iniciados no culto aos Orixás, os essa, que são considerados os ancestrais coletivos dos afro-brasileiros. Seu culto se refere à comunidade em geral. O que destaca o Esa é o fato dele ter-se destacado em vida por servir a comunidade e de continuar atuando em outro plano, contribuindo para o bom desenvolvimento do destino dos fiéis e da casa.

O Ilê ibo aku onde são assentados e cultuados os Esa é afastado do templo onde são cultuado os Orixás. Os sacerdotes que são iniciados especialmente para cuidar do Ilê ibo aku não são adoxu, isso é, não manifestam Orixá. Os ancestrais cultuados no Ilê ibo aku são diferentes dos cultuados no Culto aos Egungun, no primeiro são os espíritos dos falecidos da casa de Candomblé e o segundo são os ara-orun em geral e aos espíritos dos Ojé africanos ou brasileiros. Os Esa são invocados e cultuados em diversas situações, especialmente no padê, e no axexê quando é constituído o assentamento de um adoxu ou dignitário ilustre falecido. O assento de Esa se caracteriza pela representação da existência genérica, e o Egungun pela representação do espírito individualizado, o Egungun se caracteriza pela aparição no aiyê. Os Esa e os Egun são invocados no padê.

Ìyámi Agbá Os mortos do sexo feminino recebem o nome de Ìyámi Agbá (minha mãe anciã), mas não são cultuados individualmente. Sua energia como ancestral é aglutinada de forma coletiva e representada por Ìyámi Oxorongá chamada também de Ìyá NIa, a grande mãe. Esta imensa massa energética que representa o poder da ancestralidade coletiva feminina é cultuada pelas "Sociedades Gëlèdé", compostas exclusivamente por mulheres, e somente elas detêm e manipulam este perigoso poder. O medo da ira de Ìyámi nas comunidades é tão grande que, nos festivais anuais na Nigéria em louvor ao poder feminino ancestral, os homens se vestem de mulher e usam máscaras com características femininas, dançam para acalmar a ira e manter, entre outras coisas, a harmonia entre o poder masculino e o feminino.Além da Sociedade Gëlèdé, existe também na Nigéria a Sociedade Oro. Este é o nome dado ao culto coletivo dos mortos masculinos quando não individualizados. Oro é uma divindade tal qual Ìyámi Oxorongá, sendo considerado o representante geral dos antepassados masculinos e cultuado somente por homens. Tanto Ìyámi quanto Oro são manifestações de culto aos mortos. São invisíveis e representam a coletividade, mas o poder de Ìyámi é maior e, portanto, mais controlado, inclusive, pela Sociedade Oro. Outra forma, e mais importante, é culto aos ancestrais masculinos é elaborada pelas "Sociedades Egungun". Estas têm como finalidade elaborar ritos a homens que foram figuras destacadas em suas sociedades ou comunidades quando vivos, para que eles continuem presentes entre seus descendentes de forma privilegiada, mantendo na morte a sua individualidade.

Esses mortos surgem de forma visível mas camuflada, a verdadeira resposta religiosa da vida pós-morte , denominada Egun ou Egungun. Somente os mortos do sexo masculino fazem aparições, pois só os homens possuem ou mantêm a individualidade; às mulheres é negado este privilégio, assim como o de participar diretamente do culto.Esses Eguns são cultuados de forma adequada e específica por sua sociedade, em locais e templos com sacerdotes diferentes dos do culto dos Orixás. Embora todos os sistemas de sociedade que conhecemos sejam diferentes, o conjunto forma uma só religião: a iorubana. No Brasil existem duas dessas sociedades de Egungun , cujo tronco comum remonta ao tempo da escravatura : Ilê Agboulá, a mais antiga, em Ponta de Areia, e uma mais recente e ramificação da primeira, o Ilê Oyá, ambas em Itaparica, Bahia. Esses Eguns são cultuados de forma adequada e específica por sua sociedade, em locais e templos com sacerdotes diferentes dos do culto dos Orixás. Embora todos os sistemas de sociedade que conhecemos sejam diferentes, o conjunto forma uma só religião: a iorubana.
http://aulobarretti.sites.uol.com.br/Egungun.htm

Os mortos do sexo feminino recebem o nome de Ìyámi Agbá (minha mãe anciã), mas não são cultuados individualmente. Sua energia como ancestral é aglutinada de forma coletiva e representada por Ìyámi Oxorongá chamada também de Ìyá NIa, a grande mãe. Esta imensa massa energética que representa o poder da ancestralidade coletiva feminina é cultuada pelas "Sociedades Gëlèdé", compostas exclusivamente por mulheres, e somente elas detêm e manipulam este perigoso poder. O medo da ira de Ìyámi nas comunidades é tão grande que, nos festivais anuais na Nigéria em louvor ao poder feminino ancestral, os homens se vestem de mulher e usam máscaras com características femininas, dançam para acalmar a ira e manter, entre outras coisas, a harmonia entre o poder masculino e o feminino.Além da Sociedade Gëlèdé, existe também na Nigéria a Sociedade Oro. Este é o nome dado ao culto coletivo dos mortos masculinos quando não individualizados. Oro é uma divindade tal qual Ìyámi Oxorongá, sendo considerado o representante geral dos antepassados masculinos e cultuado somente por homens. Tanto Ìyámi quanto Oro são manifestações de culto aos mortos. São invisíveis e representam a coletividade, mas o poder de Ìyámi é maior e, portanto, mais controlado, inclusive, pela Sociedade Oro. Outra forma, e mais importante, é culto aos ancestrais masculinos é elaborada pelas "Sociedades Egungun". Estas têm como finalidade elaborar ritos a homens que foram figuras destacadas em suas sociedades ou comunidades quando vivos, para que eles continuem presentes entre seus descendentes de forma privilegiada, mantendo na morte a sua individualidade.

Esses mortos surgem de forma visível mas camuflada, a verdadeira resposta religiosa da vida pós-morte, denominada Egun ou Egungun. Somente os mortos do sexo masculino fazem aparições, pois só os homens possuem ou mantêm a individualidade ; às mulheres é negado este privilégio, assim como o de participar diretamente do culto.Esses Eguns são cultuados de forma adequada e específica por sua sociedade, em locais e templos com sacerdotes diferentes dos do culto dos Orixás. Embora todos os sistemas de sociedade que conhecemos sejam diferentes, o conjunto forma uma só religião: a iorubana. No Brasil existem duas dessas sociedades de Egungun , cujo tronco comum remonta ao tempo da escravatura : Ilê Agboulá, a mais antiga, em Ponta de Areia, e uma mais recente e ramificação da primeira, o Ilê Oyá, ambas em Itaparica, Bahia.

Esses Eguns são cultuados de forma adequada e específica por sua sociedade, em locais e templos com sacerdotes diferentes dos do culto dos Orixás. Embora todos os sistemas de sociedade que conhecemos sejam diferentes, o conjunto forma uma só religião: a iorubana.
http://aulobarretti.sites.uol.com.br/Egungun.htm

O salão e a festaO espaço físico do salão é dividido entre sacro e profano. O sacro é a parte onde estão os tambores e seus alabês e várias cadeiras especiais previamente preparadas e escolhidas, nas quais os Eguns, após dançarem e cantarem, descansam por alguns momentos na companhia de outros, sentados ou andando, mas sempre unidos, o maior tempo possível, com sua comunidade. Este é o objetivo principal do culto: unir os vivos com os mortos. Nesta parte sacra, mulheres não podem entrar nem tocar nas cadeiras, pois o culto é totalmente restrito aos homens.

Mas existem raras e privilegiadas mulheres que são exceção, como se fossem a própria Oyá; elas são geralmente iniciadas no culto dos Orixás e possuem simultaneamente oiê (posto e cargo hierárquico) no culto de Egun — estas posições de grande relevância causam inveja à comunidade feminina de fiéis. São estas mulheres que zelam pelo culto, fora dos mistérios, confeccionando as roupas, mantendo a ordem no salão, respondendo a todos os cânticos ou puxando alguns especiais, que somente elas têm o direito de cantar para os Babá. Antes de iniciar os rituais para Egun, elas fazem uma roda para dançar e cantar em louvor aos Orixás; após esta saudação elas permanecem sentadas junto com as outras mulheres. Elas funcionam como elo de ligação entre os atokun e os Eguns ao transmitir suas mensagens aos fiéis. Elas conhecem todos os Babá, seu jeito e suas manias, e sabem como agradá-los . Este espaço sagrado é o mundo do Egun nos momentos de encontro com seus descendentes. A assistência está separada deste mundo pelos ixan que os amuixan colocam estrategicamente no chão, fazendo assim uma divisão simbólica e ritual dos espaços, separando a "morte" da "vida". É através do ixan que se evita o contato com o Egun: ele respeita totalmente o preceito, é o instrumento que o invoca e o controla.

As vezes, os mariwo são obrigados a segurar o Egun com o ixan no seu peito, tal é a volúpia e a tendência natural de ele tentar ir ao encontro dos vivos, sendo preciso, vez ou outra, o próprio atokun ter de intervir rápida e rispidamente, pois é o Ojé que por ele zela e o invoca, pelo qual ele tem grande respeito. O espaço profano é dividido em dois lados: à esquerda ficam mulheres e crianças e à direita, os homens. Após Babá entrar no salão, ele começa a cantar seus cânticos preferidos, porque cada Egun em vida pertencia a um determinado Orixá.

Como diz a religião, toda pessoa tem seu próprio Orixá e esta característica é mantida pelo Egun. Por exemplo: se alguém em vida pertencia a Xangô, quando morto e vindo como Egun, ele terá em suas vestes as características de Xangô, puxando pelas cores vermelha e branca. Portará um oxê (machado de lâmina dupla), que é sua insígnia; pedirá aos alabês que toquem o alujá, que também é o ritmo preferido de Xangô, e dançará ao som dos tambores e das palmas entusiastas e excitantemente marcadas pelos oiê femininos, que também responderão aos cânticos e exigirão a mesma animação das outras pessoas ali presentes. Babá também dançará e cantará suas próprias músicas, após ter louvado a todos e ser bastante reverenciado. Ele conversará com os fiéis, falará em um possível iorubá arcaico e seu atokun funcionara como tradutor. Babá-Egun começará perguntando pelos seus fiéis mais freqüentes, principalmente pelos oiê femininos; depois, pelos outros e finalmente será apresentado às pessoas que ali chegaram pela primeira vez. Babá estará orientando, abençoando e punindo, se necessário, fazendo o papel de um verdadeiro pai, presente entre seus descendentes para aconselhá-los e protegê-los, mantendo assim a moral e a disciplina comum às suas comunidades, funcionando como verdadeiro mediador dos costumes e das tradições religiosas e laicas.
Finalizando a conversa com os fiéis e já tendo visto seus filhos, Babá-Egun parte, a festa termina e a porta principal é aberta: o dia já amanheceu. Babá partiu, mas continuará protegendo e abençoando os que foram vê-lo. Esta é uma breve descrição de Egungun, de uma festa e de sua sociedade, não detalhada, mas o suficiente para um primeiro e simples contato com este importante lado da religião. E também para se compreender a morte e a vida através das ancestralidade cultuadas nessas comunidades de Itaparica, como um reflexo da sobrevivência direta, cultural e religiosa dos iorubanos da Nigéria.

Todos os aspectos do ser, não morrem junto com ele voltam as suas origens, isto é, ao orun, pois pertencem a olorun e só ele pode liberá-las. Estas forças divinas, animaram os antepassados, os ancestrais, as raízes mães do asé orisá, ao partirem do aiyê e voltam ao aiyê para animar seus descendentes e discípulos. A ancestralidade confirma a imortalidade, pois a vida continua no orun como ancestrais.do orun a ancestralidade a tudo assiste.no culto de orisá, ancestrais significa:"aqueles que um dia tiveram a energia de vida no aiyê e que cuja energia de vida é repassada as novas gerações, garantindo a continuidade da vida e do culto aos deuses africanos".

"Como conclusão a vida presente depende da vida passada de nossos ancestrais"Através do culto aos ancestrais, os Egun ou Egungum é possível reconstruir origens, etnias, memória.

Essa memória, enraizada na multiplicidade da herança negro-africana, expande com força total, um ethos que passando a diversidade de suas expressões manifestas - Nagô, Jeje, Angola, Cango, etc. - permite revelar estruturas, valores, normas, denominadores comuns onde a questão da ancestralidade mítica e histórica, marca a existência de uma forte comunalidade. É na memória e no culto aos antepassados que essa comunalidade se afirma. Egungun ou Egun, espírito ancestral de pessoa importante, homenageado no Culto aos Egungun, esse culto é feito em casas separadas das casas de Orixá. No Brasil o culto principal à Egungun é praticado na Ilha de Itaparíca no Estado da Bahia mas existem casas em outros Estados.

Os yorubás, então, cultuam os espíritos dos "mais velhos" de diversas formas, de acordo com a hierarquia que tiveram dentro da comunidade e com a sua atuação em prol da preservação e da transmissão dos valores culturais. E só os espíritos especialmente preparados para serem invocados e materializados é que recebem o nome Egun, Egungun, Babá Egun ou simplesmente Babá (pai), sendo objeto desse culto todo especial. Porque o objetivo principal do cultos dos Egun é tornar visível os espíritos dos ancestrais, agindo como uma ponte, um veículo, um elo entre os vivos e seus antepassados. E ao mesmo tempo que mantém a continuidade entre a vida e a morte, o culto mantém estrito controle das relações entre os vivos e mortos, estabelecendo uma distinção bem clara entre os dois mundos: o dos vivos e o dos mortos (os dois níveis da existência)

Os Egungun se materializam, aparecendo para os descendentes e fiéis de uma forma espetacular, em meio a grandes cerimônias e festas, com vestes muito ricas e coloridas, com símbolos característicos que permitem estabelecer sua hierarquia. Os Babá-Egun ou Egun-Agbá (os ancestrais mais antigos) se destacam por estar cobertos de búzios, espelhos e contas e por um conjunto de tiras de pano bordadas e enfeitadas que é chamado Abalá, além de uma espécie de avental chamado Bantê, e por emitirem uma voz característica, gutural ou muito fina. Os Aparaká são Egun mais jovens: não têm Abalá nem Bantê e nem uma forma definida; e são ainda mudos e sem identidade revelada, pois ainda não se sabe quem foram em vida. Acredita-se, então, que sob as tiras de pano encontra-se um ancestral conhecido ou, se ele não é reconhecível, qualquer coisa associada à morte.

Neste último caso, o Egungun representa ancestrais coletivos que simbolizam conceitos morais e são os mais respeitados e temidos entre todos os Egungun, guardiães que são da ética e da disciplina moral do grupo. No símbolo "Egungun" está expresso todo o mistério da transformação de um ser deste-mundo num ser-do-além, de sua convocação e de sua presença no Aiyê (o mundo dos vivos). Esse mistério (Awô) constitui o aspecto mais importante do culto.

O Egun é a morte que volta à terra em forma espiritual e visível aos olhos dos vivos. Ele "nasce" através de ritos que sua comunidade elabora e pelas mãos dos ojé (sacerdotes) munidos de um instrumento invocatório, um bastão chamado ixan, que, quando tocado na terra por três vezes e acompanhado de palavras e gestos rituais, faz com que a "morte se torne vida", e o Egungun ancestral individualizado está de novo "vivo".

A aparição dos Eguns é cercada de total mistério, diferente do culto aos Orixás, em que o transe acontece durante as cerimônias públicas, perante olhares profanos, fiéis e iniciados. O Egungun simplesmente surge no salão, causando impacto visual e usando a surpresa como rito. Apresenta-se com uma forma corporal humana totalmente recoberta por uma roupa de tiras multicoloridas, que caem da parte superior da cabeça formando uma grande massa de panos, da qual não se vê nenhum vestígio do que é ou de quem está sob a roupa. Fala com uma voz gutural inumana, rouca, ou às vezes aguda, metálica e estridente — característica de Egun, chamada de séégí ou sé, e que está relacionada com a voz do macaco marrom, chamado ijimerê na Nigéria.

Fontes:

https://aulobarretti.wordpress.com/a-revista/o-culto-dos-eguns-no-candomble/
http://arrundegy.blogspot.com.br/

Pesquisa e organização de texto:
Luiz Marins / Grupo Orixas
http://grupoorixas.wordpress.com

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Hierarquia - direito de resposta

Caro Hendrix,

Eu preferi trazer o senhor para este campo, meu blog, pois tantas vezes eu postei comentários e foram apagados quando os mesmo não suportavam a realidade, ditando assim apenas uma realidade pessoal e restrita, sendo assim, prometo que manterei cada post, desde que não haja ofensas pessoais ou palavrões cada palavra aqui postada será de suma importância para o conhecimento da tradicional família Afro-brasileira.

Segundo suas palavras eu devo lembra-lo de que o senhor também é caucasiano, como eu e o amigo Luiz L. Marins que pertence à mesma religião que o senhor, pois ambos foram iniciados no Batuque, devo lembrá-lo também que ambos lutam pela comunidade religiosa e que ambos são detentores de uma posição importante na cultura e perante a comunidade, sabendo que o Luiz acabou de lançar um livro “Dos Yorubá ao candomblé d e Ketu, editado pela Edusp, que por sinal é um grande livro, aconselharia e lê-lo, que mais uma vez tem um trecho de autoria de um escritor "Norton Correa", que seria interessante ficar a par do tema, mas vamos ao assunto que interessa.

Eu acredito que poderia levar horas para explicar aqui o conteúdo da matéria, para que o senhor entendesse, mas irei resumir, assim abreviamos o tempo de cada um afinal o material enviado é muito extenso e quero dar espaço para que o senhor responda.

  • “Acabei de ler alguns trechos da revista online Olorun.com.br, editada pelo jornalista (branco) e babaloriá Erick Wolff de Oxalá onde o próprio, num pequeno artigo sobre Hierarquia, cita uma frase de Luiz L. Marins (branco que só aparece como escritor e que acho que é iniciado no candomblé) afirmando que tenta-se camuflar o “autoritarismo e absolutismo dos reis negros [...] jogando a culpa do tráfico nos europeus, quando a guerra e a captura eram feito pelos próprios negros contra negros, dentro do território africano”. “

Gostaria também de esclarecer que apesar de pertence à religião afro-brasileira, em momento algum eu uso títulos ou cargos para engrandecer o meu conteúdo. Faço um trabalho voluntario para a comunidade Negra e a tradicional família Afro-brasileira, a qual tenho lutado bravamente em prol da mesma.

Devo imaginar que o senhor deve ter lido muito rápido e pelo calor do tema, que realmente é um assunto que envolve certa calma para ler e entender, não deve ter  chegado ao amago do conteúdo.

Não estou acusando ninguém das atrocidades acometidas pelo passado, mas sim comentado a história a qual vemos nua e crua, pois sabemos que os negros eram vendidos na  África pelos próprios  negros,  consta da história universal, não falei e nem distorci nem um centímetro da realidade, mas o tema em momento algum é este... O assunto da matéria é justamente o contrario, pois eu faço uma clara menção da inversão dos valores e onde vemos um Òrìṣà tendo que se prostra aos pés de um sacerdote ao invés de vermos o contrario...

Concorda que o assunto não tem nada haver com preconceito e ou racismo?

  • “Questão essa que o jornalista acredita ser “um ponto importantíssimo a ser estudado e discutido pelos estudiosos”.   Ora, de que história estamos falando aqui então? Da história contada pelos brancos que querem se eximir da responsabilidade histórica que sua raça possui? Ou a da verdade, que esses brancos difundiram o seu mal no continente Mãe, espalhando a mentira, o ódio e o medo entre comunidades agrícolas, pastorís e mineradoras. “

Hendrix como disse acima o senhor também é caucasiano e sei que um grande estudioso, deve saber que estamos falando de duas coisas diferentes, onde o amigo Luiz L. Marins cita fatos claros da história, agora o que os Europeus fizeram com os irmão negros, aí é outro assunto, porem como eu jamais participei disso, não posso testemunhar e muito menos acusar ou assumir uma culpa a qual eu não participei, da mesma forma que sou solidário com os demais povos que sofreram no mundo antigo e  ainda sofrem no mundo  contemporâneo. Pois é fácil culpar  os  outros e não fazer  nada, por isso que me  dedico voluntariamente para  a comunidade Afro residente no Brasil e mundo afora, pois de certa forma eu possuo sangue negro na minha família e tenho orgulho, foi por este sangue que resolvi lutar e contribuir culturalmente, sem distorcer  realidade e ou a história.
  • “O Egbé Òrun Àiyé nacional e todas as suas seccionais regionais se integram aos quadros do movimento social negro em defesa da reparação histórica através de políticas públicas e do estudo metodologicamente qualificado das culturas africanas como pressuposto opositor ao esvaziamento da africanidade do culto e ao seu branqueamento.   Trabalhamos na perspectiva do enegrecimento, conceito fundamentado em valores afrocentrados. De forma alguma apoiamos o racismo e suas formas intelectualizadas de expressão, pois só servem para destituir de legitimidade as lutas em pról do povo negro.  “

Aqui temos um ponto muito interessante que apesar de não ter a oportunidade de presenciar alguma palestra sua, sempre dei apoio e até postei nos meus veículos a sua programação, sendo sempre simpatizante com o seu trabalho. Eu devo acreditar que diferente da luta que tenho empenhando aqui em São Paulo, a sua critica é em vão, e ofereço espaço para que assim que houver algum tema que ofenda ou deprecie realmente  a cultura, a família e os descendes afro-brasileiros, para que possa expor suas ideias e conceitos, desde que haja uma responsabilidade com a moral, leis e fatores religiosos, afinal a magazine Ọlọrun é um veículo que agrega e soma a diversidade, por isso sinta-se convidado a expor uma matéria e ou um estudo.



Mensagem enviada pelo professor e Bàbálòrìṣà
Prof. Bàbá Hendrix Ifáomi Silveira ti Òrúnmìlá
Dir. Pres. Egbé Òrun Àiyé/RS
www.egbeorunaiye.blogspot.com

Segue o material ao qual eu acredito que todos devam partilhar.

Por Erick Wolff8

O culto aos ancestrais


A segunda edição da Magazine On Line Ọlọrun, aborda conceitos importantíssimos para a comunidade Afro-brasileira, o estudo de quatro colunistas  abordando o tema “noção de pessoa”, discutindo abertamente sob as considerações de várias vertentes religiosas.

Aulo Barretti Filho e Luiz. L. Marins –,Concepção Iorubá da Alma – os dois escritores traduzem e comentam um texto riquíssimo de Willian Bascom, que aborda noções de pessoa e posiciona conceitos sobre a alma que ainda é muito confundido aqui no Brasil.

Rudinei Oliveira – Arísùn Ara Okú -, trouxe um texto do Chief Adisa Awoyemi Olaifa, muito interessante que exemplifica costumes e rituais, mais tarde o colunista apresenta o conceito do Arísùn Ara Okú afrosul, também muito interessante permeando   o Batuque em geral.

Tateto Oluandeji, que fala sobre – Nascimento nos tempos antigos -, este sacerdote pertence a cultura Bantu, e  colabora muito com texto e matérias que somam a rica diversidade deste veiculo.

Entre estas matérias  temos ainda mais algumas postadas que abrangem o tema ancestralidade.

Visite a magazine On Line - www.olorun.com.br

Por Erick Wolff8

domingo, 16 de janeiro de 2011

“Deusa dos Fluídos” o declínio de uma Divindade

Vulgaridade e pretenciosismo desfigurando a face de Yèyé omo ejá (Mãe cujos filhos são peixes), esta é uma exposição fotográfica assinada por Gal Oppido, que abrirá no próximo dia 26 de Fevereiro, no  Museu Afro Brasil.

Há algum tempo um lixo cinematográfico – Yansan, produzido por Carlos Eduardo Nogueira, para o Porta Curtas Petrobras, no ano de 2006, patrocinado pelo Ministério da Cultura, Petrobras e Sabesp. A família tradicional Afro-brasileira se constrangeu diante da criação depreciativa e distorcida daquele filme, ofendendo assim os pais que desejam educar seus filhos sem o vulgar e infeliz material divulgado.

E agora me deparo com outra possível aberração artística que transforma Yemonja, numa vulgar efígie saliente e insensível. Para meu desagrado um significativo texto que continha partes intima de uma masturbação ótica, distorcendo mais uma vez a cultura Afro-brasileira, transformando num avacalhamento cultural.

Devo imaginar que a visão do ensaísta Gal, foi sob uma perspectiva nublada que tenta transformar um ensaio sexual feminino, para derrubar a tradição do orixá africano. Chegando a misturar “Nossa Senhora” à “Yemonja”, sem ao menos decifrar a própria essência da Odò (rio) ìyá (mãe) do povo Egbá. A mostra também inclui uma instalação para a exibição dos vídeos  "Bras au Vent” e "Iemanjá Deusa dos Fluídos: processo de construção de um ensaio”.


E não para por aí, ainda temos a apresentação da tal “Obra”


A concepção da criação dos deuses Yorùbá transformado num simples  anódino orgasmo vulvário, em alguns momentos parece que as águas mencionadas, assemelham a corrimentos vaginais, sem pretensão alguma para desmerecer o trabalho que me chegou as mãos, o leitor poderá acompanhar no próprio texto que segue.

Deusa dos Fluido

A partir da figura de Iemanjá, despojada de suas vestes marianizadas e entendida como aparição palpável, aquela que com o cordão umbilical alimenta dentro de seu mar interno a vida sêmen-ada que jorra para o mundo seus oceanos vaginais com felizes náufragos incubados durante meses para aportarem na praia dos humanos.

O erótico como provedor dos ritos de celebração e pró-criação da vida, o corpo da mãe que se orgulha da não-virgindade, pois possibilita o outro corpo, que protege o irmão, o companheiro de luta e desespero; o mesmo corpo que na vigília e no caminhar épico pelos campos africanos religou todos os continentes.

Num sincretismo distorcido e despregado da cultura afro-brasileira, devo imaginar que a própria divindade se sentiria coagida  diante tal comparação, devo imaginar que o criador de qualquer obra possa registrar o que gosta de levar para a  cama, porem transformar o sagrado numa copula, já excede a liturgia desta cultura.

A Maria das Marias, a Maria do Mar, a Maria Preta, a Maria Ninguém, portanto etérea, fluída, onipresente, dos terreiros, terrenos e da terra.


"Humanos úmidos, uni-vos!"  Gal Oppido


Considero que Yemonja ou Nossa Senhora não sejam duas vadias retratadas dê propositalmente, espero que os artistas comecem a estudar melhor a cultura Afro-brasileira e a Cristã para colaborarem para ambas as culturas, que apesar de não conhecer muito a cultura cristã, devo imaginar que ambas as famílias possam não ficar satisfeitas em levar seus filhos para ver um trabalho com um teor sexual tão vulgarizado.

Diretor curador: Emanoel Araujo
Diretor executivo: Luiz Henrique Marcon Neves
Endereço: Av. Pedro Álvares Cabral, s/ nº
Parque Ibirapuera- Portão 10
São Paulo- SP - Brasil
CEP: 040094-050
Fone: 55 11 3320-8900
www.museuafrobrasil.org.br


Abertura: 26 de fevereiro
Hora: 12h00
Duração: 26 de fevereiro a 17 de abril
Funcionamento: de terça a domingo, das 10 às 17 horas (permanência até às 18h)
Estacionamento: Portão 3 – Zona Azul
Entrada: Grátis
Classificação: Livre
Para maiores informações: faleconosco@museuafrobrasil.org.br
Para agendar visitas: agendamento@museuafrobrasil.org.br ou
Fone: 55 11 3320-8900 ramal 121
------------------------

O direito de resposta do Ensaista


“Deusa dos Fluídos” – o direito do olhar

Quando resolvi em viagem a África em 2010 a iniciar um ensaio sobre Iemanjá eu começava a descortinar um véu que sempre carreguei de que essa Deusa tão cultuada no Brasil, tinha na África, uma essência muito mais humana do que eu estava habituado a ver.

Envolta sempre em grandes rituais, vestes, e na liturgia, eu não conseguia dissociar a imagem de Iemanjá de uma santa, mais uma imagem de Maria, de mãe, como na igreja católica.

Percorrendo os vilarejos, vivenciando a simplicidade do culto em terras africanas, percebi que Iemanjá é uma Deusa Palpável. Aliás, fui mais longe, Iemanjá pra mim é a única santa possível do século XXI.

Por quê? Porque sua vida, seus amores, seus filhos e a própria cultura africana, possibilitam, devolvem a ela e a mulher, o direito a sexualidade, sem que ela perca absolutamente nada do que representa dentro do culto. Essa é a grande vitória de Iemanjá, a grande vitória das mulheres que representa, a grande vitória de um culto que não coibi, e que mesmo permeando o lúdico, carrega em si, muito mais da realidade que enfrentamos todos os dias e que precisamos enfrentar para crescer.

Caro editor, o direito ao olhar é um direito adquirido. Sua interpretação, seus significados, também percorrem um caminho que é muito pessoal. Aceito a crítica, mas preciso expressar que talvez sim em minha vida eu tenha conhecido mulheres de Iemanjá, e talvez de Oyá ou Oxum. No entanto, nessa exposição eu mostro a imagem de uma Iemanjá que eu conheci não na intimidade de dois corpos que se encontram, mas aquela que me surpreendeu na África. Despojada de vestes, de luxo. Uma Iemanjá que me olhou fundo no olho e que me mostrou que além de deusa é mulher, e que enquanto mulher exercia seu direito maior, o de existir, o da sua sexualidade sim. Fluídos vaginais, fluídos do leite que alimenta, fluídos do rio, do mar, do vaso de água que carregavam por caminhos longos, as filhas de Iemanjá, e não só de Iemanjá, que encontrei em terras áridas.

Espero poder contar com sua presença. Espero que juntos tenhamos o direito do olhar. Iremos compartilhar dos fluídos dessa Deusa que também são aqueles fluídos invisíveis. Energéticos. Esses com certeza mais visível a você do que a mim, que só enxergo a imagem palpável, e permaneço no campo do estético, enquanto a ti, foi dado o campo da essência.

Iemanjá nessa exposição está longe da decadência, mas sim da mulher que exerce a sua sexualidade sem, pelo contrário, perder sequer uma gota de seu valor. Essa é uma ideia que deixa refém mulheres e mulheres ao longo de toda uma história, que sabemos injusta. Não caia nessa armadilha fácil do julgamento. Banhe-se nas águas profundas da Deusa. Banhe-se de sua energia fluídica e compartilhemos.

Atenciosamente,

Gal Oppido
____________________________________


Comentário do Redator

Gostaria de comentar que o fotógrafo Gal Oppido, não deve ter frequentado os atuais terreiros que aboliram o sincretismo com a cultura Cristã, fazendo uma enorme confusão entre os rituais da Umbanda e do Candomblé, onde Yemonjá não é mais associada a imagem de Maria, são pontos importantíssimos que fariam diferença na hora de fotografar, mesmo porque todos os sacerdotes que mostrei a matéria se sentiram ultrajados com a postura orgástica da modelo, que em momento algum traduz o prazer  de ser mãe, passando para teor sexual e  deixando de  lado a pureza e o sentimento de ser mãe, sabemos que na África é comum as mulheres andarem com os seios de fora, contudo adornar uma mulher com o Adé de Yemonja e colocar em poses maliciosas não faz desta exposição o merecimento de carregar uma homenagem à Deusa, sugerimos que reformule o conteúdo e  destine apenas a Maria, que quem sabe possa ser melhor aceita, não precisamos de mais conteúdo depreciativo para  a nossa  cultura.

Sugerimos também que retire nossos adornos sagrados, pois não são objetos d e chacota e muito menos desejamos que sejam usados desta forma, nossas Deusas e divindades possuem o poder da sedução e sensualidade, o que difere de uma vulgaridade registrada, nós sacerdotes e a família tradicional africana, esperamos que reconsiderem que está exposição irá nos ofender profundamente.

Por Erick Wolff8

--------------------------------

A assessoria de Imprensa do Museu Afrobrasil, antecipou um comunicado com o seguinte  recado - Olá amigos, comunico que a exposição do fotógrafo ensaísta,  Gal Oppido,  que abrirá no próximo dia 26 de fevereiro, às 12 horas, será “Antífona” e não mais “Deusa dos Fluídos”, como divulgado anteriormente.

Será uma mostra com 27 imagens baseada na obra de mesmo nome do escritor negro, Cruz de Souza. - esta vitória nos proporciona o respeito e o reconhecimento ao qual lutamos, chega  de  marginalizarem os nossos ícones e religião.
---------------------------------------------------------------------------------
Grato pelo bom censo ao redefinirem uma nova exposição, tenho certeza que será um sucesso.

Erick Wolff8 - redator

TIKTOK ERICK WOLFF

https://www.tiktok.com/@erickwolff8?is_from_webapp=1&sender_device=pc