domingo, 25 de maio de 2014

PAÍS DIOLA

Senegal 
País Diola

Bosques sagrados, boekin e costumes históricos como salvaguarda cultural

Casamance, região do sul do Senegal, é um território de valores íntimos, iluminado por sua riqueza cultural e pela vivacidade de suas tradições. A capital Ziguinchor foi, no século XVII, um grande centro de comércio português e ainda preserva alguns prédios da arquitetura colonial. A fauna local é distinguida pela grande diversidade de aves, que se destacam no cenário que mistura mangues e baobás. Mas não é a arquitetura ou a natureza que prevalecem como símbolo da região. Encaixada entre Gâmbia e Guiné-Bissau e dividida pelo rio homônimo, Casamance é marcada pela preservação das mais antigas culturas, sendo o atual coração de grandes reinos. É ali que se encontra o País Diola.

A origem do povo Diola é pouco conhecida, uma vez que a história da comunidade é considerada confidencial, conservada a sete chaves pelos seus guardiões, que fazem questão de preservar a tradição em segredo. A sociedade ocupa a região da Baixa Casamance, território que abrange toda parte sul do rio, e é conhecida e respeitada por ter conseguido fazer prevalecer sua estrutura fundamental, perpetuar antigas normas e manter vivos os numerosos costumes locais. Em um país onde 95% da população incorporou o islamismo ou o cristianismo como principal crença, a cultura Diola é marcada pela salvaguarda do animismo e suas tradições e crenças endógenas do continente africano.

O rei fica instalado no vilarejo de Oussoye e desempenha papéis econômicos, sociais e religiosos na sociedade Diola. Entre suas funções principais está a justiça, sendo o encarregado de solucionar intrigas e problemas sociais, aconselhando os envolvidos e podendo até punir os responsáveis. Ainda, dono de grandes terras de arroz, o Rei Sibulumbaï Diédhiou explica que ele é incumbido de empregar em seu cultivo parte da população e que o arroz colhido deve ser divido entre as comunidades. Ele enfatiza ainda que as terras pertencem àquele que ocupa o cargo e não ao indivíduo e por isso devem ser utilizados em função do povo.

“Quando um rei está bem é porque a população está bem. É um círculo vicioso”, aponta o Diédhiou ao comentar que um rei pode perder o cargo se a população estiver insatisfeita. Ele ainda explica que na cultura Diola o reinado não funciona como uma dinastia e que quando um líder morre ou é deposto, existem três famílias que possuem o poder de decidir o novo encarregado. “Outro membro da família do antigo até pode ser escolhido, mas nunca o filho”, deixa claro o líder, que faz questões de receber os visitantes, sejam turistas ou não. Sibulumbaï Diédhiou acredita que é essencial esclarecer as dúvidas da população sobre seu reinado e sobre as tradições Diola. E para não deixar mal entendidos, prefere ele mesmo responder aos questionamentos.


As três famílias, além da escolha do rei, possuem outras importantes funções na sociedade, como a guarda de alguns espíritos. Pierre Diatta faz parte de uma delas. É um grande conhecedor das histórias e tradições de sua cultura, qualidade exigida pela família. Ele explica que apesar da incidência no país ser o oposto, na região de Casamance 90% da população é considerada animista. “Mas são apenas números. Na verdade, toda população do Senegal carrega seus valores tradicionais e a maioria ainda participa dos rituais mais importantes. O que existe na África não é um ou outro, mas sim um forte sincretismo religioso. A diferença aqui em Casamance é que somos exclusivamente animistas”.


Os animistas Diola acreditam que a energia cósmica, também conhecida como energia vital, mora em todas as coisas, sejam animais ou materiais. Acreditam também na existência de inúmeros espíritos, conhecidos como boekin, que moram e transitam pelas casas, vilarejos, plantações de arroz e bosques. Os intermediários da conexão entre os humanos e os boekin são os Oeyi, influentes figuras do domínio espiritual que junto ao rei, são responsáveis por definirem as obrigações e deveres dos cidadãos, por manter a ordem e a moral e, antes de tudo, por manter a paz. A conexão com os espíritos pode acontecer de diferentes formas: em rituais sagrados, em cerimônias tradicionais ou grandes comemorações.


Pierre Diatta explica que cada espírito tem o seu lugar e cada um é responsável por uma função específica na sociedade. “Tem o boekin da floresta, tem o da família que fica no fundo da casa, tem o boekin da fecundidade que é exclusivo das mulheres etc. Os maiores e mais importantes são protegidos e guardados por uma das três famílias”. O responsável por guardar o principal boekin de Oussoye é o pai de Pierre. Nas cerimônias de conexão, ele obrigatoriamente deve estar presente, escutando todos que buscam a ajuda do boekin. “Os pedidos são na maioria das vezes relacionados à saúde, fertilidade, bons estudos, justiça, proteção e trabalho, podendo ser tanto um problema pessoal e individual quanto um social”, completa o filho.


Normalmente na cerimônia é trazido como oferenda ao boekin galinhas, cabra ou porco e vinho de palma, suco da palmeira que chega a ter 4 a 5% de teor alcoólico quando fermentado por mais de dois dias. Alguns espíritos aparecem mais constantemente, outros são mais raros e alguns só aparecem no principal evento da cultura Diola, o Boukout, um ritual de passagem realizado no bosque sagrado, que marca a saída da adolescência para idade adulta. Quando é o período da cerimônia, todos os jovens não iniciados são encaminhados para o bosque, onde passam semanas ou meses.



No entanto, não há periodicidade certa para a realização do Boukout, que pode demorar até 30 anos para acontecer. E quando esse é o caso, os não iniciados, mesmo os mais velhos, não podem nem casar e nem ter filhos, pois são vistos pela sociedade como adolescentes. O que acontece no bosque sagrado é outro segredo guardado a sete chaves. “O que se passa lá a gente não pode contar, mas posso dizer que é uma experiência, sobretudo de educação, trabalho e ética”, explica Pierre. Formando a estrutura da sociedade e movendo o motor cultural da região, bosques sagrados, boekin, reinados e costumes históricos fazem do país Diola uma das principais e mais ricas tradições da África Ocidental.






Fonte - http://www.afreaka.com.br/pais-diola

sexta-feira, 18 de abril de 2014

O LÓROGÚN UM RITUAL REMANESCENTE DA ESCRAVIDÃO.

Por Bàbálòrìà Erick Oxalá
19/04
Revisado e aumentado em 03/04/2021




O Ritual de mandar os òrìà  para a guerra, no período da Quaresma, sabemos que é costume de algumas famílias do Batuque Afro-gaúcho, fechar o Yàrá-òrìà (quarto de òrìà) assim que chega o Carnaval, ficando o período da Quaresma sem sacrifícios e restringe ao máximo as iniciações, neste período não há  toques nem festas religiosas, por isso, não há iniciações, claro que nem uma iniciação está vinculada a toque, porem o tambor anuncia festas decorrentes de iniciações.

Entre estas familias do Batuque do R. S., se dedicam a rituais chamadas de Missa do Égún, um ritual vinculado aos ancestrais e antepassados que são homenageados neste período. Quando não estão dedicados a rituais de Égún (culto aos restos mortais dos antepassados) ele se voltam para os trabalhos com Exú e Pomba-Giras, entidades que trabalham para proteção ou demanda dos templos. 

Este período entre o Carnaval e a Páscoa Cristã, é chamado por alguns de Lórogún, um costume que foi adquirido do Candomblé, assim como narra Beniste, em seu livro Ọ̀run Àiyé.


  • [...] O Lórogún é uma cerimónia que marca a paralisação das atividades do Candomblé, e que coincide propositadamente com o período da Quaresma católica. É realizado após o Carnaval, com o iré Ògún - brincadeira de guerra, numa simulação de luta entre duas alas previamente escolhidas. A ala em que primeiro se manifestar o òrìà será a vencedora. O Lórogún é a motivação para o descanso dos componentes do Candomblé. [...] (p. 332)

E reforçado o Lórogún, em outro livro, As águas de OXALÁ, o autor detalha melhor este ritual do Candomblé.

  • [...] O Lórogún é um ritual que se realiza no primeiro domingo após o Carnaval. Literalmente, Orò - ritual, Ogun - guerra, batalha que revive a ida dos òrìà para a guerra com uma representação de batalha entre dois grupos que se enfrentam: o exercito de àngó, carregando uma bandeira vermelha, e o de Òṣàlá, carregando um estandarte branco. Não há sacrifícios, somente comidas secas. No período em que os òrìà estão ausentes, o Candomblé paralisa suas atividades, só terminando em 29 de junho, quando àngó retorna para a sua festa. Somente a oferenda do Àmàlá é mantida todas as quartas-feiras. Trata-se de um resquício do período constrangedor da escravidão, quando os senhores dos engenhos não permitiam aos negros dançarem no decorrer da Semana Santa. Deveriam mostrar tristeza, mesmo contra a vontade. (o grifo é nosso)
  • Durante este período apenas um òrìà permanece na Casa para tomar conta dela e dos filhos. O jogo é quem determina, a cada ano, qual será o òrìà. Durante este período fica na casa de àngó um recipiente com grande quantidade de pipoca com a função de garantir a paz na casa. Quando àngó retorna, ela deve ser despachada. 
  • Para a realização deste ritual, que se inicia, geralmente, às 19 horas, portanto mais cedo, primeiramente faz-se uma procissão passando-se pelas Casas de todos os òrìà, como se fosse uma viagem por toda a cidade. terminada a caminhada, segue-se para o Barracão  formando-se lá duas alas, uma à esquerda e outra à direta. O exercito de àngó, com todos usando roupas vermelhas e brancas, e a mais velha do grupo empunhando o estandarte vermelho; o de Òṣàlá, da mesma forma, porém, vestido com roupas brancas e a mais velha do grupo empunhando o andor de Òṣàlá. A função de Òṣàlá é apaziguar as disputas. Todos são enfeitados com folhas de samambaia, em formato de coroa para as mulheres e folhas de tiracolo para os homens. Trata-se de um ritual muito alegre, com todos em suas posições, e alguns cânticos são entoados:
  • Olórògun olórògun.
  • Elémasa sá o
  • Olórògun e jẹ wa pá ìwà
  • Olórògun pá
  • Elémasa sá o
  • Olórògun e jẹ wa pá ìwà
  • Akaja
  • Lógún masa
  • Ọlọ́w
  • Bẹru já [...](p. 158 á 159)

No Batuque do R.S. os antigos diziam que no período da Quaresma as divindades iriam para a guerra, vejam como segue o ritual e conceitos empregados neste período

Na semana do Carnaval algumas famílias do Batuque do R.S., fecham o Yàrá-òrìà, da mesma forma que procede em cerimonias fúnebres, esvaziando as quartinhas e apagando as velas, neste período o templo fica com suas atividades encerradas. Aproveitando este tempo ao qual as quartinhas estarão vazias, são dietas as devidas manutenções de pintura, e assim permanecem secas durante toda a Quaresma, acreditando que neste período as divindades foram para  a guerra, por isso, não há toques, nem iniciações, nem mesmo consulta através dos búzios ou Eb para as divindades. Assim ficando  até a Sexta-Feira Santa, a qual os iniciados do templo se reúnem no mesmo para preparar os à e comidas de òrìà para o Sábado de Aleluia, para o retorno das divindades. Enquanto os templos preparam uma limpeza espiritual usando determinadas divindades, para passar nas  pessoas e no templo. Após a limpeza espiritual, enchem as quartinhas novamente e lavam os olhos com algodão e água sagrada da quartinha de Òòṣàálá, simbolizando a retirada de qualquer magia e ou feitiço que possa prejudicar a visão dos sacerdotes e ou dos iniciados em seu oráculo ou rituais.

Enfim o tambor inicia uma sessão de cantigas para chamada dos òrìṣà, acredita-se que é Xapanã, quem traz as divindades da guerra de volta para o templo.

Conforme citamos acima, nem todas as famílias praticam o ritual de enviar os òrìṣà para a guerra, no período da Quaresma, há templos que não fecham os Yàrá-òrìà,  seguindo com as atividades normalmente neste período, ficando livres para praticar a religião sem preceitos ou restrições, seguem dois exemplos de famílias e raízes diferentes;

Bàbálòrìṣà Lucas Prates, Ilê Oxalá e Cacique 7 Montanhas, iniciado por Henrique de Ògún, Nação Batuque, Raiz Ijeṣà. Porto Alegre, Brasil.

Ìyáòrìṣà Patricia Nievas, Reyno Africano Oṣala, 14 años de aprontamento com, Nação Batuque, Raiz Jeje-Ijeṣà, iniciada por Tinancia de Osala (Igba e), Leopoldo de Ianza (igba e), Jorge Veradi Ti Sango, Buenos Aires, Argentina.



O sacerdote Luisinho de De Adiola, relata que a mãe dele com mais de 99 anos de idade, nunca enviou seus orixás para "guerra". 

Considerações finais

Como puderam observar, o Lórogún, de origem escrava imposto pelos senhores do engenho, praticada pelas casas de Candomblé, não possuem nem uma similaridade com os ritual praticado pelo Batuque do R.S.

Sabemos que nem todas famílias do Batuque do R. S., fecham o seu Yàrá-òrìà neste período, da mesma forma que o Lórogún, no Candomblé, não tem sido divulgado. 

Se divindades se afastam da terra, segundo narram estas famílias do Batuque R.S., quando enviam os òrìà para a guerra, e só voltam no Sábado de Aleluia as 11 horas da manhã, numa cerimonia  que Xapanã os trazem da guerra. Devemos considerar que sem òrìà, não há o jogo de búzios e os serviços religiosos deveriam parar, afinal seria um período ao qual o mundo estaria sem a presença destas divindades, e até mesmo para aqueles iniciados suas divindades não estariam com eles. Por isso, é um período de muita vigília e segurança para preservar o bem estar  espiritual familiar.

Notem que o Sábado de Aleluia, é o único dia ao qual estas famílias aceitam que as divindades possam chegar durante o dia, pois acreditam que o òrìà só chega a noite, com exceção dos serões de cortes, que geralmente começa na madrugada e terminam de cortar para Òòṣàálá, já com o sol claro e as  divindades ainda no mundo.

As demais famílias do Batuque, que não seguem o Lórogún, praticam seus rituais normalmente, dão toques e fazem iniciações  sem encerrar atividades na Quaresma ou Semana Santa, sem dar atenção aos rituais Católicos. 

Quanto ao ritual do Lórogún, nas atividades do Candomblé, não temos mais relatos da pratica, eu acredito que poucos templos ainda o pratiquem.


Bibliografia 

BENISTE, José. Ọ̀run Àiyé, O encontro entre dois mundos. Editora Bertrand Brasil, 1997.
BENISTE, José. As águas de OXALÁ, ÀWỌN OMI ÒṢÀLÁ. Editora Bertrand Brasil


Revisado e aumentado em 09/04/2023

Conformes a nossa publicação (2014),  este relato da Iyalorixá do candomblé Paola Ferreira, ilustra os costumes e tradições remanescentes do candomblé:



"Há 30 anos atrás eu com 15 anos era levada por minha irmã Claudia Maria e sua tia dona Cecília na casa daquele que viria a ser meu pai de santo, Manoel de Xangô, de Petrópolis ( aquele que foi induzido a se iniciar em 9 Orixás numa das primeiras casas RTY do Brasil) mas isso é outra história rs , continuando....
Sexta feira santa, da paixão, tínhamos que madrugar na casa, tomávamos axé, abriamos curas, comíamos com Oxalá,bebíamos vinho moscatel preparado por ele, vestiamos branco e comíamos peixe e de sobremesa cangica, tudo feito com muito amor e tudo muito saboroso( meu pai era cozinheiro).
SINCRETISMO PURO mas de intenções verdadeiras, reunia pessoas de muita fé,e todo esse ato religioso ajudou a me formar dentro do culto aos Orixas e como pessoa, eu aprendi a ver além do que se fazia, do que estava explícito e entendi que precisava conhecer e passar por essas coisas tão nossa, tão do Brasil !
Obrigada meu pai, quanta saudade do senhor, quantas sextas feiras da paixão passamos juntos, reunidos pela fé!
Hoje o meu primeiro prato de peixe é de cangica foi pra ele."


 

Link https://www.facebook.com/story.php?story_fbid=pfbid0bZ8sjCMcrk2Arv6t1bDctAHWJ7UQcMcrYZUNrRYREkQnU4PZP8mh8SjKDvzpueoKl&id=1172666909&sfnsn=wiwspwa&mibextid=VhDh1V 


quinta-feira, 17 de abril de 2014

POR QUE O BATUQUE R.S. É CONSIDERADO UMA NAÇÃO, COM RAÍZES ADJACENTES?

Por Bàbálòrìà Erick Óbokún
17/04/2014
Revisado e aumentado em 01/10/2021


O QUE É UMA NAÇÃO

As religiões de matriz africana são formadas por grupos religiosos, cada um com as suas divindades, costumes, rituais e idioma. Nas religiões afro-brasileiras identificamos grupos étnicos e religiosos por costumes, idioma e ou rituais, notem que além do Batuque do R.S., existem outras Nações afro-brasileiras, como Banto, Fons e etc...


  • Nação é a reunião de pessoas, geralmente do mesmo grupo étnico, que falam o mesmo idioma e tem os mesmos costumes, formando assim, um povo. Uma nação se mantém  unida pelos hábitos, tradições, religião, língua e consciência nacional. (Fonte - http://www.significados.com.br/nacao)

Para saber mais sobre Nações afro-brasileiras, sugerimos este artigo, link - NAÇÕES RELIGIOSAS AFRO-BRASILEIRAS NÃO SÃO NAÇÕES POLÍTICAS AFRICANAS 


SOBRE OS IORÙBÁS

Sabemos que os Yorùbá cultuam as divindades Òrìà que a sua origem pertence a este grupo religioso, porem há possibilidade de outras etnias cultuarem orixá, no entanto o orixá será sempre uma divindade Yorùbá. No entanto, assim como ocorreu com alguns orixás, passaram ser cultuados pelos Fon. Saber o que cultua é saber quem é perante a sua sociedade.

Apesar dos Sacerdotes do Batuque terem recebido em seus rituais alguns Vòdún, porem importante que seja esclarecido que cultuados nos costumes e ritos Yorùbá. Não temos conhecimento nem referencia alguma de nem um nKissi (divindade Banto), na tradição do Batuque. Assim como desconhecemos qualquer vínculo com os rituais Banto e seu idioma, para que possamos dizer que em qualquer momento houve uma influencia desta raça e religião, pois sabemos que os Banto não cultuam àngó muito menos cultuam Orí, Brí, Òrìà ou qualquer outro ritual Yorùbá.

BATUQUE DO RIO GRANDE DO SUL

Origem - Yorùbá com uma leve influencia Jeje
Idioma -  Yorùbá;
Raízes que subdividem este grupo religioso - Kànbína, Ijeṣa, Ọ̀yọ́ e Jeje. Agora todo mundo irá pensar que cada raiz religiosa possui seu Idioma Natal e cultua divindades diferentes... Então não é bem assim que funciona, por mais que tente aproximar de cada Nação, se os Jeje (Batuque) deixarem de cantar as cantigas no mesmo Idioma e seguir outra rituais, ele deixará de ser Batuque, formando uma nova Nação, assim com a Kànbína, que acreditamos que não tenha nada haver com Banto, afinal sabemos que os Banto não cultuam Ori nem mesmo Òrìà, por isso, que pedimos que leiam com atenção para que entendam que apesar dos nomes serem muito semelhantes, a estrutura religiosa está ligada aos rituais da Nação Batuque R.S., sem que estas raízes se distanciem da matriz.

Tocam em tambores na mão, com a possibilidade da raiz usar o Aquidavi um instrumento Yorùbá.


DIVINDADES CULTUADAS ENTRE OS BATUQUEIROS

Bara 
Ogum
Oya
Xango
Odé 
Otim
Obá
Ossanhe
Xapanã
Oxum
Iemanja
Oxala


Sabemos que o Candomblé se destaca justamente por receber várias Nações em sua estrutura, no entanto cada uma destas Nações possui os elementos necessários para se destacar, podendo haver até raízes como ocorre com a Nação Batuque R.S., em sua estrutura social. Observe;

CANDOMBLÉ

NAÇÃO ANGOLA

Origem -  Angola, Moçambique, Zaire Congo
Idioma - kimbundo, umbundu e kikongo
Raízes que subdividem este grupo religioso - Tumbajussara, Tumbassi, Bate-Folha, e etc.. (estas raízes da Nação Banto seguem com as mesmas divindades, rituais, idioma, cantigas e sequência de roda, mudando muito pouco entre si). 
Tocam na mão, sem Aquidavi (varetas usadas para tocar as atabaques).

DIVINDADES CULTUADAS ENTRE OS BANTOS

Lembaraganga
Kajanjá
Kanbaranqueje
Matamba
Kaitumbá
Dandalunda
Bombojira/aluvaiá
Mucumbe
Kassumbenca
Angoromea
Wunje
Yombe
Catendê
Kitembu
Zumbarandá
Kafundeji

NAÇÃO JEJE 

Importante registrar que não há registro até o momento de nenhuma nação, povo ou localidade denominada Jeje em nenhum local da África, a palavra jeje é usada para denominar estrangeiros, ou seja, os brasileiros são todos jeje (estrangeiros) para os fon e para os povos da África. 

Origem - Dahomey grupo étnico fon, ewe, fanti, ashanti, mina
Idioma -  Ewe, Fon e Mina;
Raízes que subdividem este grupo religioso - Mina Jeje, Jeje Mahi, Mana Jeje e etc. (As raízes seguem os mesmos rituais, muda-se muito pouco, o idioma é o mesmo praticado em cada raiz, tal qual as cantigas e culto a divindades).
Tocam em tambores ou atabaques na mão, sem Aquidavi.

DIVINDADES CULTUADAS ENTRE OS JEJES

Mahwú 
lissa
Xapanã
sapaktá
envioso
abé
abotó
Aziri
Odin 

elegbá

obessem
hoho - to bossa
geledê
neossum
loko
anbiocô
ajagun


NAÇÃO KETU

Origem - Yorùbá;
Idioma - Yorùbá;
Raízes que subdividem a Nação Ketu, não existe, porem podemos encontrar Nações como os Nàgó XambáNàgó Egbá, e etc... que fazem parte do grupo étnico e são muito semelhantes a Ketu, o que não quer dizer que sejam Ketu, pois seus rituais os distancia desta Nação. 
A Nação Ketu toca no aquidavi, uma vareta preparada para os rituais. Os Nàgó tocam em Tambores.

DIVINDADES CULTUADAS ENTRE OS NAGÔ

Òòṣàálá
Obaluaiyê
àngó
Ọya
Yem
njá

Òùn
Èṣù
Ògún
Oumarè
Ibeji
Eégun
Òsanyìn

Iroko
Nanã Burukun
Logun Ede
Obá(entre outros)


CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Note que a Nação Batuque não carrega divindades Banto, se existiu, se perdeu, e não existem registros. Observamos que as divindades Fon, já vieram aculturadas pelos Yorùbá. Desta forma, o Batuque possui elementos como iniciações, divindades e rituais dos Nagô, e não possui elemento, suficientes para distinção de nações, como visto pelos exemplos do Candomblé. 

É possível que a Nação Batuque R.S., e suas raízes tenha recebido influências de outros povos, no entanto, o que prevalece nos seus rituais continua a ser a cultura Yorùbá.


segunda-feira, 10 de março de 2014

O Adósù o símbolo de submissão ao grande Aláàfin







Imagem ilustrativa do pps Ori o orixá individual de Aulo Barreti
Por Bàbá Erick Óbokún
10/03/2014




O Adósù é um símbolo de submissão ao grande Aláàfin (o soberano da cidade de Òyó). Os seus seguidores, portam este tufo de cabelo, que situa-se no alto da cabeça para que todos possam visualizar,  o mesmo ocorre com os iniciados que carregam este símbolo para que sejam reconhecidos como os seguidores e submissos de Sàngó em território Yorùbá, sabe-se que é um dos símbolos mais importantes e sagrados para os iniciados desta divindade, origem Yorùbá.





O mesmo simbolo é usado em algumas  religiões da cultura Afro-brasileira. 
Imagem ilustrativa do pps Ori o orixá individual de Aulo Barreti


Mais sobre o 
Adósù

As mulheres do Aláàfin
A lya-Naso está ligada ao culto de Sàngó e geralmente é responsável por tudo ligado ao seu culto.
É de sua responsabilidade a capela privada do rei, para o culto a Sàngó, todos os privilégios decorrentes ao cargo são dela.
A lya-fin-Ikù é a segunda no comando, assistente da lya-Naso. Ela esta ligada ao rei através do “Adósù Sàngó”, devota do rei para os mistérios de Sàngó, como todos os adoradores de Sàngó, cedem um de seus filhos para trabalharem para o Deus, ela assume um lugar privilegiado ao lado do rei, podendo ir e vir livremente, além de comer qualquer coisa sem que seja cobrado dos vendedores.  (Johnson, p. 64)

Adósù – Iniciado, aquele que tem tufos de cabelo no alto da cabeça (Beniste, p. 43)


Bibliografia
JOHNSON, Samuel.The history of the yorubas

BENISTE, José. Dicionário Yorubá, Português

TIKTOK ERICK WOLFF

https://www.tiktok.com/@erickwolff8?is_from_webapp=1&sender_device=pc