sábado, 5 de outubro de 2024

PESQUISA DE CAMPO VIRTUAL: OYA ATIMBOWA E OYA DIRÃ NA KAMBINA

Abrimos uma pesquisa de Campo Virtual, para aprofundarmos o estudo sobre o culto de Oya Atimbowa e Oya Dirã, na comunidade Nação Kambina do RS, no Facebook, em 04/10/2024.

Nesta postagem pedimos informações de quem entrega cabeça para feitura de Oya Atimbowa ou Oya Dirã, a seguir:


"PESQUISA DE CAMPO VIRTUAL

Por Erick Wolff 

Em 04/10/2024 

O intuito desta pesquisa é mapear as famílias que entregam cabeça para Oya Atimbowa ou Oya Dirã.
Não temos interesse em coletar fundamentos de feitura.
Por gentileza, ao responder informe a família."

 

Os participantes contribuíram com as seguintes informações:


Diego da Rosa

Boa tarde! Entregamos cabeça para ambas divindades!


Erick Wolff

Quem não entrega pode comentar também, pois neste mapeamento familiar, desejamos pontuar quem entrega e quem não entrega cabeça para estas divindades.


Cauhan Rodrigo

Eu não sei por que não dar cabeça para essas entidades kkkk


Erick Wolff

[Cauhan Rodrigo] por gentileza, poderia fundamentar o seu pensamento, seria muito importante para os nossos estudos.


Cauhan Rodrigo

[Erick Wolff]

No caso é só uma questão de opinião mesmo, se o Orixá é uma divindade, ele vem pra ajudar o filho e dar um caminho melhor, por que Dirã, Timboa, Lode, Avagan não podem


Erick Wolff

[Cauhan Rodrigo] faz sentido seu pensamento, considerando que o indivíduo é desta divindade desde que nasceu, logo, já pertence a pessoa.


Paulo Damata

Se foi jogado os Búzios e confirmado que o Pai ou Mãe é Orixá de Rua , porque não fazer .... existem alguns momentos que já ouvi filha de timboá e trocar por uma Oyá do quarto de santo, pra que isso?


Rogério Rodrigues

Eu dou cabeça conforme os búzios, quem sou eu pra ir contra os Orixás.


Malony Saint Pierre

[Rogério Rodrigues] por curiosidade, ao dar a cabeça para um orixá de rua, onde virá a ficar o bori e o assentamento do orixá de cabeça da pessoa?


Rogério Rodrigues

[Malony Saint Pierre] , bori junto com os outros bori da casa no quarto de Santo, pois bori é ligado ao Ori


Erick Wolff

[Rogério Rodrigues] massss, se o ori comer, pois, se foi sagralizado para orixá não pertence ao ori, desta forma pode ficar com o orixá, afinal este bori que comeu com o orixá não pertence ao ori.


Rogério Rodrigues

[Erick Wolff], sim daí é consagrado ao Orixá


Malony Saint Pierre

No caso de dar a cabeça para um orixá de rua, o assentamento e o bori passam a ficar dentro do quarto de santo, ou na rua junto com os outros orixás de rua?


Babalorixá João Òsún Olobomi

Malony Saint Pierre na minha casa e família religiosa os Orixás ficam na rua (lógico) e o Obori na prateleira dentro de casa...

 

Erick Wolff

[Malony Saint Pierre] o bori e o orixá sao distintos, no caso do bori pertencer ao ori, fica no local onde os bori do ori ficam.

No caso deste “bori” ser consagrado pelo orixa, deveria ficar com o orixá, pois pertence ao orixá, e não tem ligação com ori.


Erick Wolff

Que por sinal, no caso do bori de orixá do batuque, o indivíduo ficará c dois igba de orixá, já que pertencem ao orixá podem muito bem ficarem juntos.


Erick Wolff

[Malony Saint Pierre] por gentileza, a sua família entrega cabeça para Atimbowa ou Dirã?


Malony Saint Pierre

[Erick Wolff] na minha família não se da cabeça a estes orixás

 

Babalorixá João Òsún Olobomi

Nossa família faz cabeça pra timboà, no ajuntó com lodê e Avagã seja para pessoa do sexo feminino quanto masculino.

Também faz cabeça homem ou de mulher para lodê e ou Avagã.

Basta Orixá pedir no búzio.

Sou Cabinda, feito na casa de lodê (São Leopoldo), que foi feito por a saudosa mãe Carminha de Oxum ( São Leopoldo) que foi feita por Henrique de Oxum que foi feito por sua mãe Adotiva mãe Palmira de Oxum...

 

TÓPICO 1

Já neste extrato de uma live onde o Babalorixá e Tamboreiro Antonio Carlos de Xangô, falecido em 2020, fala sobre a Oya Atimbowa, vejamos:



[...] Atimbowa ela é uma orixá guerreira, de rua, Atimowa, para isso ela é feita la junto lá no Lode, junto com Lode e Avagã, Não é da minha Nação, ela é do Ijexá, do Oyo de outras nação, da Cabinda não [...]

 

TÓPICO 2

Entretanto, neste outro extrato de uma entrevista coletada no tiktok, pai Cleon Fala sobre a Atimbowa, vejamos:


[...] nao cultuamos nem Dirã.... Dirã para nós é uma qualidade de Iansã de dentro do quarto de santo, nós cultuamos a Atimbowa, vamos fazer assim, nós jogamos o búzio, a pessoa é de Atimbowa, nos fazemos a passagem para Iansã de dentro de casa, que que nós fizemos, nós vamos debaixo de uma Figueira,  tratemos a Atimbowa, matemos para ela como se tivesse borindo uam pessoa, mas no axé dela no quatro pé, as aves, os pombo i tudo, dentro de 21 dias ela fica comendo, ela come 21 dias, dentro desses 21 dias, aquela pessoa que é dela, que a gente vai passar para a Iansã para dentro de casa, aquela pessoa tem que fazer uma obrigação, por que se não ela intervem, e a pessoa não tem como se livrar[...]

 

Fonte da postagem inicial - https://www.facebook.com/groups/1444295859135612/posts/3872434669655040

Imagens comprobatórias:








Tópico 1 

Tópico 2

Links que possuem conteúdo semelhante:

PESQUISA DE CAMPO VIRTUAL: A MÃE EVA DO OSSANHE
Ensaio, publicado na comunidade Nação Kambina do RS, em 26/09/2024, acessado em 03/10/2024.

quinta-feira, 3 de outubro de 2024

TOMBAMENTO DO TEMPLO AFRICANO DE OXUM BRILHAM

Na data 19 de setembro de 2024, foi declarado que o Templo Africano de Oxum Brilham, sob a direção do sacerdote Bàbá Pedro de Oxum Brilham, se torna integrante do Patrimônio Histórico e Cultural do Município do Rio Grande.

Uma vitória para o Batuque e seus seguidores.


Fonte Meire Francisca.

O CULTO DOS EGUNS NO CANDOMBLÉ

Este artigo foi publicado no site do Aulo Barret, publicado em março de 1986, acessado em 03/10/2024.

O tema é sobre o culto de Egun no Candomblé.


"O Culto dos Eguns no Candomblé

Sociedades


Os mortos do sexo feminino recebem o nome de Ìyámi Agbá (minha mãe anciã), mas não são cultuados individualmente. Sua energia como ancestral é aglutinada de forma coletiva e representada por Ìyámi Oxorongá chamada também de Ìyá Nlá, a grande mãe. Esta imensa massa energética que representa o poder da ancestralidade coletiva feminina é cultuada pelas “Sociedades Gëlèdé“, compostas exclusivamente por mulheres, e somente elas detêm e manipulam este perigoso poder. O medo da ira de Ìyámi nas comunidades é tão grande que, nos festivais anuais na Nigéria em louvor ao poder feminino ancestral, os homens se vestem de mulher e usam máscaras com características femininas, dançam para acalmar a ira e manter, entre outras coisas, a harmonia entre o poder masculino e o feminino (veja o mito sobre Ìyámi).


Além da Sociedade Gëlèdé, existe também na Nigéria a Sociedade Oro. Este é o nome dado ao culto coletivo dos mortos masculinos quando não individualizados. Oro é uma divindade tal qual Ìyámi Oxorongá, sendo considerado o representante geral dos antepassados masculinos e cultuado somente por homens. Tanto Ìyámi quanto Oro são manifestações de culto aos mortos. São invisíveis e representam a coletividade, mas o poder de Ìyámi é maior e, portanto, mais controlado, inclusive, pela Sociedade Oro.


Outra forma, e mais importante, é culto aos ancestrais masculinos é elaborada pelas “Sociedades Egungun“. Estas têm como finalidade elaborar ritos a homens que foram figuras destacadas em suas sociedades ou comunidades quando vivos, para que eles continuem presentes entre seus descendentes de forma privilegiada, mantendo na morte a sua individualidade. Esses mortos surgem de forma visível mas camuflada, a verdadeira resposta religiosa da vida pós-morte, denominada Egun ou Egungun. Somente os mortos do sexo masculino fazem aparições, pois só os homens possuem ou mantêm a individualidade; às mulheres é negado este privilégio, assim como o de participar diretamente do culto. (veja os mitos de Oyá).


Esses Eguns são cultuados de forma adequada e específica por sua sociedade, em locais e templos com sacerdotes diferentes dos do culto dos Orixás. Embora todos os sistemas de sociedade que conhecemos sejam diferentes, o conjunto forma uma só religião: a iorubana.


No Brasil existem duas dessas sociedades de Egungun , cujo tronco comum remonta ao tempo da escravatura : Ilê Agboulá, a mais antiga, em Ponta de Areia, e uma mais recente e ramificação da primeira, o Ilê Oyá, ambas em Itaparica, Bahia (veja o anexo: Histórico).


Egúngún


O Egun é a morte que volta à terra em forma espiritual e visível aos olhos dos vivos. Ele “nasce” através de ritos que sua comunidade elabora e pelas mãos dos ojé (sacerdotes) munidos de um instrumento invocatório, um bastão chamado ixan, que, quando tocado na terra por três vezes e acompanhado de palavras e gestos rituais, faz com que a “morte se torne vida”, e o Egungun ancestral individualizado está de novo “vivo”.


A aparição dos Eguns é cercada de total mistério, diferente do culto aos Orixás, em que o transe acontece durante as cerimônias públicas, perante olhares profanos, fiéis e iniciados. O Egungun simplesmente surge no salão, causando impacto visual e usando a surpresa como rito. Apresenta-se com uma forma corporal humana totalmente recoberta por uma roupa de tiras multicoloridas, que caem da parte superior da cabeça formando uma grande massa de panos, da qual não se vê nenhum vestígio do que é ou de quem está sob a roupa. Fala com uma voz gutural inumana, rouca, ou às vezes aguda, metálica e estridente — característica de Egun, chamada de séégí ou sé, e que está relacionada com a voz do macaco marrom, chamado ijimerê na Nigéria (veja os mitos de Oyá).



– Bàbá Egun, sob vigilância do Ojé, aconselha um fiel prostrado à sua frente. –

As tradições religiosas dizem que sob a roupa está somente a energia do ancestral; outras correntes já afirmam estar sob os panos algum mariwo (iniciado no culto de Egun) sob transe mediúnico. Mas, contradizendo a lei do culto, os mariwo não podem cair em transe, de qualquer tipo que seja. Pelo sim ou pelo não, Egun está entre os vivos, e não se pode negar sua presença, energética ou mediúnica, pois as roupas ali estão e isto é Egun.


A roupa do Egun — chamada de eku na Nigéria ou opá na Bahia , ou o Egungun propriamente dito, é altamente sacra ou sacrossanta e, por dogma, nenhum humano pode tocá-la. Todos os mariwo usam o ixan para controlar a “morte”, ali representada pelos Eguns. Eles e a assistência não devem tocar-se, pois, como é dito nas falas populares dessas comunidades, a pessoa que for tocada por Egun se tornará um assombrado”, e o perigo a rondará. Ela então deverá passar por vários ritos de purificação para afastar os perigos de doença ou, talvez, a própria morte.


Ora, o Egun é a materialização da morte sob as tiras de pano, e o contato, ainda que um simples esbarrão nessas tiras, é prejudicial. E mesmo os mais qualificados sacerdotes — como os Ojé atokun, que invocam, guiam e zelam por um ou mais Eguns — desempenham todas essas atribuições substituindo as mãos pelo ixan.


Os Egun-Agbá (ancião), também chamados de Babá-Egun (pai), são Eguns que já tiveram os seus ritos completos e permitem, por isso, que suas roupas sejam mais completas e suas vozes sejam liberadas para que eles possam conversar com os vivos. Os Apaaraká são Eguns ,ainda mudos e suas roupas são as mais simples: não têm tiras e parecem um quadro de pano com duas telas, uma na frente e outra atrás. Esses Eguns ainda estão em processo de elaboração para alcançar o status de Babá; são traquinos e imprevisíveis, assustam e causam terror ao povo.


O eku dos Babá são divididos em três partes: o abalá, que é uma armação quadrada ou redonda, como se fosse um chapéu que cobre totalmente a extremidade superior do Babá, e da qual caem várias tiras de pano coloridas, formando uma espécie de largas franjas ao seu redor; o kafô, uma túnica de mangas que acabam em luvas, e pernas que acabam igualmente em sapatos, do qual ,também caem muitas tiras de pano da altura do tórax ; e o banté, que é uma larga tira de pano especial presa ao kafô e individualmente decorada e que identifica o Babá.


O banté, que foi previamente preparado e impregnado de axé (força, poder, energia transmissível e acumulável), é usado pelo Babá quando está falando e abençoando os fiéis. Ele o sacode na direção da pessoa e esta faz gestos com as mãos que simulam o ato de pegar algo, no caso o axé, e incorporá-lo. Ao contrário do toque na roupa, este ato é altamente benéfico. Na Nigéria, os Agbá-Egun portam o mesmo tipo de roupa, mas com alguns apetrechos adicionais: uns usam sobre o alabá máscaras esculpidas em madeira chamadas de erê egungun ; outros, entre os alabá e o kafó, usam peles de animais; alguns Babá carregam na mão o opá iku e, às vezes, o ixan. Nestes casos, a ira dos Babás é representada por esses instrumentos litúrgicos.


Existem várias qualificações de Egun, como Babá e Apaaraká, conforme seus ritos, e entre os Agbá, conforme suas roupas, paramentos e maneira de se comportarem. As classificações, em verdade, são extensas.


O Rito


Nas festas de Egungun, em Itaparica, o salão público não tem janelas, e, logo após os fiéis entrarem, a porta principal é fechada e somente aberta no final da cerimônia, quando o dia já está clareando. Os Eguns entram no salão através de uma porta secundária e exclusiva, único local de união com o mundo externo.


Os ancestrais são invocados e eles rondam os espaços físicos do terreiro. Vários amuixan (iniciados que portam o ixan) funcionam como guardas espalhados pelo terreiro e nos seus limites, para evitar que alguns Babáou os perigosos Apaaraká que escapem aos olhos atentos dos Ojé saiam do espaço delimitado e invadam as redondezas não protegidas.


Os Eguns são invocados numa outra construção sacra, perto mas separada do grande salão, chamada de ilê awo (casa do segredo), na Bahia, e igbo igbalé (bosque da floresta), na Nigéria. O ilê awo é dividido em uma ante-sala, onde somente os Ojé podem entrar, e o lêsànyin ou balé, onde só os Ojé agbá entram (veja o anexo: Oiê masculinos).


Balé é o local onde estão os idi-egungun, os assentamentos – estes são elementos litúrgicos que, associados, individualizam e identificam o Egun ali cultuado -, e o ojubô–babá, que é um buraco feito diretamente na terra, rodeado por vários ixan, os quais, de pé, delimitam o local.


Nos ojubô são colocadas oferendas de alimentos e sacrifícios de animais para o Egun a ser cultuado ou invocado. No ilê awo também está o assentamento da divindade Oyá na qualidade de Igbalé, ou seja, Oyá Igbalé – a única divindade feminina venerada e cultuada, simultaneamente, pelos adeptos e pelos próprios Eguns (veja mitos de Oyá e Egun).


No balé os Ojé atokun vão invocar o Egun escolhido diretamente no seu assentamento, e é neste local que o awo (segredo) – o poder e o axé de Egun — nasce através do conjunto Ojé–ixan / idi-ojubô. A roupa é preenchida e Egun se torna visível aos olhos humanos.

– Ojé e Amuixan, atentos, acompanham Bàbá Egun na sua caminhada. –

Após saírem do ilê awo, os Eguns são conduzidos pelos amuixan até a porta secundária do salão, entrando no local onde os fiéis os esperam, causando espanto e admiração, pois eles ali chegaram levados pelas vozes dos Ojé, pelo som dos amuixan, branindo os ixan pelo chão e aos gritos de saudação e repiques dos tambores dos alabê (tocadores e cantadores de Egun). O clima é realmente perfeito.


O Salão e a Festa 


O espaço físico do salão é dividido entre sacro e profano. O sacro é a parte onde estão os tambores e seus alabês e várias cadeiras especiais previamente preparadas e escolhidas, nas quais os Eguns, após dançarem e cantarem, descansam por alguns momentos na companhia de outros, sentados ou andando, mas sempre unidos, o maior tempo possível, com sua comunidade. Este é o objetivo principal do culto: unir os vivos com os mortos.


Nesta parte sacra, mulheres não podem entrar nem tocar nas cadeiras, pois o culto é totalmente restrito aos homens. Mas existem raras e privilegiadas mulheres que são exceção, como se fossem a própria Oyá; elas são geralmente iniciadas no culto dos Orixás e possuem simultaneamente oiê (posto e cargo hierárquico) no culto de Egun — estas posições de grande relevância causam inveja à comunidade feminina de fiéis. São estas mulheres que zelam pelo culto, fora dos mistérios, confeccionando as roupas, mantendo a ordem no salão, respondendo a todos os cânticos ou puxando alguns especiais, que somente elas têm o direito de cantar para os Babá. Antes de iniciar os rituais para Egun, elas fazem uma roda para dançar e cantar em louvor aos Orixás; após esta saudação elas permanecem sentadas junto com as outras mulheres. Elas funcionam como elo de ligação entre os atokun e os Eguns ao transmitir suas mensagens aos fiéis. Elas conhecem todos os Babá, seu jeito e suas manias, e sabem como agradá-los (veja o anexo: Oiê femininos).


Este espaço sagrado é o mundo do Egun nos momentos de encontro com seus descendentes. A assistência está separada deste mundo pelos ixan que os amuixan colocam estrategicamente no chão, fazendo assim uma divisão simbólica e ritual dos espaços, separando a “morte” da “vida”. É através do ixan que se evita o contato com o Egun: ele respeita totalmente o preceito, é o instrumento que o invoca e o controla. As vezes, os mariwo são obrigados a segurar o Egun com o ixan no seu peito, tal é a volúpia e a tendência natural de ele tentar ir ao encontro dos vivos, sendo preciso, vez ou outra, o próprio atokun ter de intervir rápida e rispidamente, pois é o Ojé que por ele zela e o invoca, pelo qual ele tem grande respeito.


O espaço profano é dividido em dois lados: à esquerda ficam mulheres e crianças e à direita, os homens. Após Babá entrar no salão, ele começa a cantar seus cânticos preferidos, porque cada Egun em vida pertencia a um determinado Orixá. Como diz a religião, toda pessoa tem seu próprio Orixá e esta característica é mantida pelo Egun. Por exemplo: se alguém em vida pertencia a Xangô, quando morto e vindo como Egun, ele terá em suas vestes as características de Xangô, puxando pelas cores vermelha e branca. Portará um oxê (machado de lâmina dupla), que é sua insígnia; pedirá aos alabês que toquem o alujá, que também é o ritmo preferido de Xangô, e dançará ao som dos tambores e das palmas entusiastas e excitantemente marcadas pelos oiê femininos, que também responderão aos cânticos e exigirão a mesma animação das outras pessoas ali presentes.


Babá também dançará e cantará suas próprias músicas, após ter louvado a todos e ser bastante reverenciado. Ele conversará com os fiéis, falará em um possível iorubá arcaico e seu atokun funcionara como tradutor. Babá-Egun começará perguntando pelos seus fiéis mais freqüentes, principalmente pelos oiê femininos; depois, pelos outros e finalmente será apresentado às pessoas que ali chegaram pela primeira vez. Babá estará orientando, abençoando e punindo, se necessário, fazendo o papel de um verdadeiro pai, presente entre seus descendentes para aconselhá-los e protegê-los, mantendo assim a moral e a disciplina comum às suas comunidades, funcionando como verdadeiro mediador dos costumes e das tradições religiosas e laicas.


Finalizando a conversa com os fiéis e já tendo visto seus filhos, Babá-Egun parte, a festa termina e a porta principal é aberta: o dia já amanheceu. Babá partiu, mas continuará protegendo e abençoando os que foram vê-lo.


Esta é uma breve descrição de Egungun, de uma festa e de sua sociedade, não detalhada, mas o suficiente para um primeiro e simples contato com este importante lado da religião. E também para se compreender a morte e a vida através das ancestralidade cultuadas nessas comunidades de Itaparica, como um reflexo da sobrevivência direta, cultural e religiosa dos iorubanos da Nigéria.


Aulo Barretti Filho

Março/1986"


Fonte https://aulobarretti.wordpress.com/a-revista/o-culto-dos-eguns-no-candomble/



 


PESQUISA DE CAMPO VIRTUAL: A MÃE EVA DO OSSANHE

Ensaio, publicado na comunidade Nação Kambina do RS, em 26/09/2024, acessado em 03/10/2024.
Abrimos esta publicação com intuito de pesquisa de campo virtual de mãe Eva de Ossanhe, para estudo da sequência da imperial desta família. 

A seguir: 


ERICK WOLFF
"Pesquisa de campo, para estudo e memórias do Batuque, segmento Kambina (atualmente conhecida por Cabinda) fundada por pai Waldemar.
Por gentileza, alguém sabe informar "a" sequência da Imperial da família da mãe Eva de Ossanhe (falecida) de Caxias do Sul?"

 

COMENTÁRIOS

 

"Henry Mello

Se entendi bem a pergunta a sequência é: Bará, Ogum, Iansã, Xangô, Odé, Otin, Obá, Ossanha, Xapanã, Oxum, Iemanjá e Oxalá.


Sadi de Bará

Sou neto da finada mãe Eva... Então para mim foi passado pelo meu finado pds que p nós vinha pai ossanha antes de mãe obá. E assim eu sigo ... Só fiz diferente em breve passagem após falecimento de meu pds quando fez 5 anos busquei outra bacia de raiz de finado pai cleon onde era diferente . Aliás várias coisas e fundamentos diferentes . Na época não tinha condições ainda de governo optei me ligar a outra pessoa . Mas hoje tento resgatar tudo de meu finado pai.


Sadi de Bará

Uma coisa para se saber bem os fatos tem dois caminhos .. falando em relação a finada vó Eva .

Primeiro buscar saber com pessoas vivas hoje e que foram filhos dela QUAL FOI O TRAJETO QUE MAE EVA VIVEU NA RELIGIAO exemplo.. ela quando filha de pai ONOFRE DE YEMANJA grande pds qual era sua bacia e fundamentos quais influências ele carregava e depois quando foi para mão de finado pai Hélio de xangô e tudo mais.. para se entender teve algumas influências que não vou citar aqui as quais umas ele absorveu e outras de outra bacia ele manteve ...

Segunda maneira é buscar saber com pai 

Antonio Cesar que era filho carnal de pai ONOFRE e está bem vivo e lúcido para relatar tudo pois ele vivenciou toda essa história e seus desdobramentos dessas pessoas mais antigas .

Só para contribuir !


Sadi de Bará

[Erick Wolff] mas aí que está .. oque falei acima tinha algumas coisas que eles mantinham de herança de pai ONOFRE pois ela passou a ser Cabinda após a ida de pai ONOFRE p a mão de pai Hélio.. mas parece que ele não se adotou bem e não permaneceu mas mãe Eva deu continuidade até mesmo as coisas era feitas mais ao lado de Cabinda quando pai Hélio os visitava etc kkkkk


Erick Wolff

[Ronaldo De Aganjú] mas, se ele foi filho da mae Eva, e ambos eram Kambina, por que ele teria o feito o fio conforme a sequencia Oyo igbomina , se ele era filho antigo dela e não teve outro sacerdote ou sacerdotisa.


Sadi de Bará

[Italo Sidnei Gomes de Oliveira] contribuindo tio Italo eu conservo aqui como pai jusa me passou mãe obá antes de pai ossanha e ele me explicou a questão da influência na época do oyo .. e assim mantenho


Erick Wolff

[Odilon Maciel]

bom dia meu querido, o irmão conheceu o Silvio de XAPANA e a imperial dele seguia uma sequência diferente, mas usava Ogun verde e vermelho e azulão como a sua e para Oyá o marrom, saberia qual seria o motivo destas cores?


Odilon Maciel

Não sei mesmo , nos sempre usamos nesta sequência e cores, azulão para o Ogun, e verde vermelho Avagan. Iansa na verdade é o grená ( cor de telha) que se assemelha ao marrom , na falta usamos o marrom por ser parecido e marrom e vermelho para Diram ou timboa..... mas como diz meu irmão Tite ( italo) só ele mesmo pra responder , mas o irmão tbm conheceu o Silvio em São Paulo, não?


Erick Wolff

[Odilon Maciel] sim conheci em SP, a muitos anos.

Retornando ao tema, muito interessante a informação da cor telha para Oyá, saberia informar se esta tradição vem pai Hélio ou pai Onofre?


Odilon Maciel

Quando me aprontei com a mãe Eva a 29 anos atrás e ela já estava nas mãos do pai Hélio de Viamao, meus irmãos mais velhos saberão lhe dizer, mas acredito que o pai Onofre que era Cabinda tbm usava a mesma sequencia, mas vc conheceu o Silvio tem coisas que ele mesmo fazia por sua conta e risco, pois no entendimento dele era assim. Mas como ele não está aqui para explicar ... fica assim


Erick Wolff

[Odilon Maciel] obrigado mais uma vez pela gentileza de responder, quanto as cores dos orixás, se ambos eram Kambina, sendo que o pai Hélio vinha da família do pai Tati, interessante saber, qual família o pai Onofre pertencia?


Odilon Maciel

Meu irmão querido , não sei te responder mas meus irmãos mais velhos que participaram desta época podem te esclarecer, porém em meu humilde conhecimento, Pai Hélio, era filho do pai Adão do Bara, que por sua vez era filho do pai Romário do pai Oxala, que por sua vez era filho de Madalena da Oxum e por sua vez era de Waldemar me corrija se eu estiver errado pois pra mim esta do pai Tati é novidade


Fernanda Pandolfo

[Odilon Maciel] Boa tarde meu irmão ,estou aqui para assinar em baixo de suas sábias palavras , mãe Eva era filha de pai Onofre de Iemanjá ,migrando para a bacia de pai hélio de xangô de Viamão que por sua vez filho de pai Adão do Barã que por sua vez neto de pai Romário,de encontro com a imperial de pai Silvio de xapanã ,temos em conta que ele fazia coisas aleatórias aos fundamentos a ele passado ,sendo que muitos costumes do tempo de pai Onofre , mãe Eva continuou a preservar assim como pai Onofre que também foi para bacia de pai hélio ,sou filha de mãe Eva feita por ela a mais de 40 anos ,também filha e neta de pai hélio a quem sentou meu lodé e desconheço dele ser filho de pai Tati ,espero poder ter reforçado suas palavras meu irmão querido.


Erick Wolff

[Odilon Maciel] estes dias eu mapeei a família do pai Hélio, segundo registros ele seria filho do pai Tati de Bará.

Sobre ser da família do pai Romário, podemos confirmar com a família mãe Nara Almeida ou mãe 

Mary Faleiro que podem nos ajudar


Erick Wolff

**** ATENÇÃO

O intuito desta pesquisa é contar as memórias e história do Batuque, não desejamos normatizar nem julgar certos ou errados, porém, registrar os costumes e tradições do Batuque, com a finalidade do Batuque ser respeitado por outros segmentos e para os nossos descendentes terem a oportunidade de recontar a nossa história para seus descendentes


Erick Wolff

[Sadi de Bará] grato nobre amigo, temos que contar a história para que outros segmentos respeitem o Batuque.


Odilon Maciel

Babá [Erick Wolff] sei de todo seu esforço admirável em resgatar e documentar os fatos, a não ser que não estejamos falando da mesma pessoa, sua pesquisa deve estar equivocada.

O Pai Hélio de Xango , nascido em Caxias pai da mãe Eva deu suas primeiras obrigações com a mãe Dionísia de Odé e depois foi para Miguelina do Xangô e com o falecimento dela foi para a mão do pai Adão do Bará! Pesquisa ai


Erick Wolff

[Odilon Macielon] querido, como disse, são pesquisas, segundo informações, inclusive neste vídeo os descendentes falam que ele iniciou na mãe Dioniza do Ode depois foi para a mãe Miquelina Xangô e após pai Adão do Bara.

No entanto, outra fonte informou que ele teria se iniciado ou passado pela família do pai Tati do Bara, como o meu trabalho é coletar informações não julgo apenas registro.

Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=Q5HBinIzRys 


Erick Wolff

Sadi de Bará grato pela contribuição, por gentileza, não ficou claro, em qual momento seria esta influência de Oyo e por que?


Odilon Maciel 



 Erick Wolff

Por gentileza, ainda não ficou claro se pai Onofre era Kambina ou Oyo, e neste caso, por que Ogun e Oya mudam de cor?

Pode ser uma imagem de 1 pessoa e texto que diz "Odilon Maciel Quando me aprontei com a mãe a 29 anos atrás e ela já estava nas mãos do pai Hélio de Viamao, meus irmãos mais velhos saberão lhe dizer, mas acredito que pai Onofre que era Cabinda tbm usava a mesma sequencia, mas VC conheceu o Silvio tem coisas que ele mesmo fazia por sua conta e risco, pois no entendimento dele era assim. Mas como ele não está aqui para explicar... fica assim"


Erick Wolff

[Thiago Oliveira] grato pela informação, por gentileza, a cor na família de mãe Miguela, seria de Ogun é azulão ou verde e vermelha e para Oyá marrom?


Erick Wolff

DURANTE A PESQUISA SURGIU UMA DÚVIDA

Segundo a família, mãe Eva teve foi filha de pai Onofre, que pelo que informam tbm seria Kambina, depois foi para a mão do pai Helio que também é Kambina... E mostraram que mãe Eva dava marrom para Oya, e também Azulão para Ogun, estas cores seria comum na Kambina?


Diego da Rosa

[Erick Wolff] sua benção! Aqui usamos Marrom e vermelho para Timboá, branco e vermelho para demais oyás! Azulão, verde e vermelho para Adiolá, demais Oguns usamos verde e vermelho


Erick Wolff

Bençãos trocadas [Diego da Rosa], interessante a sua informação, vocês são descendentes do pai Henrique da Oxum, né?


Diego da Rosa

[Erick Wolff] isso! pai Nado tbm usa essas cores! Não me recordo se a dirã ele usa vermelho e marrom tbm 


Erick Wolff

Por gentileza baba [Diego da Rosa], qual a família do pai Nado?


Diego da Rosa

[Erick Wolff] Pai Silvio da Oxum, pai Silvio filho da Vó Quina de Iemanjá, Vó Quina filha do pai Romário! 


OBSERVAÇÕES

Conforme observamos que:
Há famílias da Kambina, que adotam a cor marrom com vermelho para Atimbowa.
Há famílias da Kambina, que adotam a cor marrom, inclusive para as Oya que ficam dentro do quarto de orixá.
Há famílias da Kambina que adotam a cor vermelho e branco para as Oyas que cultuam, incluindo a Oya Atimbowa.
 
REFLEXÕES

Existe uma divergência na cor usada para Oya Atimbowa, numa mesma família religiosa, por isso, buscamos referência em Oyo, na Nigéria, com o intuito de chegarmos a pontos comuns entre a Matriz ioruba e a diáspora Afro-brasileira.

Importante destacar que o Oyo do Batuque não representa Oyo, na Nigéria, porem, podemos encontrar elementos da matriz Oyo, nos segmento Jeje, Ijesa, Oyo e Kambina do Batuque.

Possivelmente a mudança da cor de Oya Atimbowa, possa ter influência do livro do Paulo Tadeu, que não fica claro por que ele cita apenas a cor vermelho e branco para a Atimbowa, sendo que na própria família do pai Waldemar existem descendentes que usam marrom com vermelho, enquanto outros usam vermelho com branco.

Considerações 

Não foi possível determinar com a qual original de Oya Atimbowa.
O marrom é a cor predominante que vemos as elegun de Oya usarem em Oyo, na Nigéria.








Imagem comprobatória:











 

quarta-feira, 25 de setembro de 2024

ESTUDO DE CASO: O ASSENTAMENTO DO XANGO KAMUKA

Por Erick Wolff
Postado na Revista Olorun, número 99, outubro a novembro, em 22/11/2024.

O objeto de estudo deste trabalho é o assentamento do Xangô Kamuka, no seguimento Kambina (atualmente conhecida por Cabinda) fundada por pai Waldemar.

A forma de abordada ocorre baseada na Netnografia, na plataforma de mídia social Facebook. Analisamos os debates, conceitos, ritos e práticas do indivíduo que pertence ao grupo povos de terreiro, e o resultado no comportamento social afro-religioso.

TÓPICO 1 



Durante uma live, o Babalorixá e tamboreiro pai Antonio Carlos de Xangô, afirma que pai Waldemar não sentou para ninguém, um Xangô Kamuka, no entanto, não revela como coletou esta informação.

Para estudo e pesquisa, disponibilizamos o extrato da fala em que pai Antonio menciona o fato no canal Nagô Kóbi, na plataforma Youtube.

Vejamos a seguir:



Transcrição: https://youtu.be/_Mj_GDKTLcM

[....] Na nação de Cabinda, não existe Kamuka sento... Waldemar de Xangô Kamuka faleceu em 16 de setembro de 1935, e ele não sentou Kamuka para ninguém... se ele não sentou não pode ter Kamuka sento... ele tinha cinco filhos... era Tati de Exu Lanã, Romário de Oxalá, Palmira de Oxum, Nascimento de Sapata e Madalena da Oxum... ele não sentou para nenhum, então ninguém tem [...]

TÓPICO 2

Numa publicação na página UMBANDA DE VERDADE (AFRO-INDIGENA), na mídia social Facebook, o autor da página André Luiz afirmou, que uma dita frase seria pronunciada pelo Xangô Kamuka, acessado em 26/09/2024 as 6h:

[...] A frase dita não pelo pai Waldemar e sim pelo pai Kamuká foi: Depois de mim, não pegarei mais cabeça e nem mais serei assentado, permanecerei como protetor da minha nação! [...]

Esta frase abre dúvidas: se pai Waldemar era de Xangô Agodô, em quem o Xangô Kamuka ocupou para deixar esta mensagem?

TÓPICO 3

O batuqueiro Fabio (Argentino), administrador do perfil Ile Ase Igbomina, em 09/09/2020, se denominava Ijexa, um segmento do Batuque do R.S... porém, atualmente se diz Oyó puro, fez uma publicação no Facebook, que menciona Kamuka.

A publicação acessada em 26/09/2024 as 6h, contendo as seguintes informações:

[...] E o que sei é que Kamuká só seria cultuado na cabinda e que nenhuma outra nação deveria ou poderia cultuá-lo, pois esse Orixá é o do fundador dessa nação [...]

Fabio não deixa claro se estaria falando do Xangô Agodo de pai Waldemar ou do assentamento do Kamuka que pai Waldemar possuía.

E continua:

[...] O que sei também é que o assentamento desse Orixá é feito no balé, pois teria ele grande aproximação com eguns. Meu tio-avô carnal, Cláudio de Oxum Docô, falecido babalorixá de Cabinda me disse inclusive que nem devemos pronunciar esse nome (Kamuká) dentro de casa, pois poderia atrair algum tipo de mal, porém sou totalmente cético sobre isto.

Dizem ainda que Kamuká reside no cemitério, mais precisamente no forno (lugar onde se cremam os ossos) e que, por conta disso, se prestaria só ao dano [...]

Observamos que Fabio informa que seus descendentes diziam que Kamuka seria um egun, sugere que egun seria usado para o dano.

Nos trechos a seguir ele completa o pensamento com outros conceitos equivocados.

Vejamos:

[...] pois esse Orixá é o do fundador dessa nação [...] Esses são alguns dos motivos pelos quais não se dá cabeça de filhos para esse Orixá (que a essa altura me pergunto se é Orixá mesmo) [...]
 
[...] Agora refletindo: se Valdemar (ou Gululu) cultuava Kamuká por que este era o Nkisi nsi de sua família, fica explicado o porquê de Kamuká não pegar mais filhos, nem de poder baixar em alguém. Por outro lado, também fica explicado do porquê desse “Orixá” ser cultuado próximo ou junto ao balé, pois na cosmogonia iorubá Kamuká seria um egun[...]

Sem informar como chegou à conclusão, sugere que Kamuka seria um nKissi, e este pertencia à família do Gululu, e, ao mesmo tempo, cria outro conflito quando afirma que Kamuka seria um orixá, sendo que nKissi e orixá são divindades totalmente diferentes.

Entretanto, o ponto mais conflitante é quando sugere que um suporto conceito Ioruba sem ao menos citar fontes: "pois na cosmogonia iorubá Kamuká seria um egun".

TÓPICO 4

Rôh Farias Rosanna criou uma publicação na antiga comunidade "Nação Cabinda do RS", atualmente conhecida por “Nação Kambina do RS, na data 24 de agosto de 2023, acessado em 26/09/2024 as 7h.

Nesta publicação Rôh homenageia pai Waldemar menciona uma frase que teria sido coletada, porém, não informa como nem quando:

"Depois de mim nesta terra, NÃO haverá mais de um, sendo um NÃO me apresentarei duas vezes...

Eu como UM, só serei UM, NÃO mais pegarei cabeça, NEM MAIS serei assentado, permanecerei como protetor da minha nação" 
 
Entre os comentários, selecionamos os seguintes:

[...] Erick Wolff
Boa noite a todos e linda homenagem ao pai Waldemar. 
Para registros seria de grande importância para memória e cultura do Batuque, sabermos quem coletou, quando e local, está fala:
"Depois de mim nesta terra, NÃO haverá mais de um, sendo um NÃO me apresentarei duas vezes...
Eu como UM, só serei UM, NÃO mais pegarei cabeça, NEM MAIS serei assentado, permanecerei como protetor da minha nação" [...]

[...] Malony Saint Pierre
[Erick Wolff] eu tinha ouvido falar que é uma qualidade de xango que pega cabeças ainda, embora muito raro, é uma afirmação e tanto [...]

[...] Malony Saint Pierre
[Erick Wolff] A respeito de assentamentos, meu pai de santo, filho do pai Henrique D'Oxum, também havia comentado que assentamentos desse orixá vieram a ser moda de uns tempos para cá, pois antigamente (cerca de 40 anos atrás), ao menos aqui na cidade de Pelotas, apenas se fazia seguranças para o Kamuka enterradas no pátio do ilê, e que os assentamentos deste orixá no centro do quarto de santo vieram a se espalhar depois de um pai de santo a qual não vou nomear falar sobre ''dando aval'' e normalizando a prática. [...]

[...] Erick Wolff
Caro irmão [Malony Saint Pierre], a mãe Mariza do Kamuka foi feita pelo pai Henrique da Osun, temos registros de uma mãe de santo que faleceu a pouco tempo que possuía um Kamuka no quarto de orixá, feito pelo pai Henrique…
E ainda há informações de mais pessoas que possuíam Kamuka sento, porém ainda não confirmei. [...]

[...] Malony Saint Pierre
[Erick Wolff] Pois então, eu havia ouvido do meu pai de santo que Kamuka ainda seria um orixá como qualquer outro, com a diferença que haviam criado todo um culto para louvar o ancestral.
A mulher de um tio de santo que há pouco tempo nos deixou, afirmou que ele tinha um filho de santo filho do Kamuka, e que seria uma pessoa muito tranquila e não causava alvoroços , porém essa moça não é uma pessoa a qual eu possa confiar para assinar embaixo desta fala.
Obs: Perguntei a ele sobre a Oxum Gama há um tempo atrás, e ele me disse que era muito cultuada antigamente, que até mesmo todos se abaixavam na roda do batuque na reza dela, porém isso já se perdeu. [...]

[...] Erick Wolff
[Malony Saint Pierre] surgiu uma dúvida, os registros que possuo é que o pai cleon fazia a segurança no salão, enquanto o pai Henrique possuía o Kamuka… saberia informar mais sobre a segurança do salão na família do pai Henrique? [...]

[...] Malony Saint Pierre
Sim, pai henrique tinha uma filha, ou um casal de filhos que viriam a ser filhos de xango kamuka, tinha a segurança deste orixá, porém o local desta já era guardado apenas para os mais próximos pois antigamente essas coisas eram bem fechadas e muito poucos tinham acesso [...]

TÓPICO 5

Nesta publicação da página Batuque Do Rio Grande do Sul, na mídia social Facebook, contendo 125 mil seguidores, publicada em 19/01/2021, acessado em 26/09/2024 as 8h, contém o seguinte:

“QUEM É XANGÔ KAMUCÁ?

este magnifico orixá é exclusivamente cultuado na nação de cabinda! ou seja xangô kamucá, naõ é cultuado por outras nações.

XANGÔ AGODÔ KAMUCÁ BARUÁLOFINA. é o rei da nação religiosa de cabinda, praticada e cultuada no estado do rio grande e do sul.

xangô é o nome do orixá; agodô é a classe deste orixá; kamucá é o nome deste orixá rei que foi assentado para o babalorixá rei, WALDEMAR ANTONIO DOS SANTOS; baruálofina é o sobrenome deste orixá rei da nação de cabinda.

KAMUCÁ NÃO É CLASSE DO ORIXÁ XANGÔ, É UM NOME APENAS.

O fato de xangô kamucá não ser cultuado pelas demais nações religiosas, no estado do rio grande do sul, apenas podendo ser cultuado na cabinda; e também de não poder ser assentado para pessoa alguma na nação religiosa de cabinda, se dá por uma questão de respeito ao grandioso babalorixá waldemar antonio dos santos. falecido em 15 de setembro de 1935. é simples; imaginarmos que algum babalorixá ou yalorixá da nação de cabinda assente o orixá xangô kamucá baruálofina para algum dos seus filhos de religião.este filho ou filha, apartir da primeira gota de sangue (axorô) que caia sobre a sua cabeça (eledá) ou ocutá, estaria de volta á terra o rei da nação religiosa de cabinda. se o xangô kamucá incorporesse no filho ou filha, o babalorixá ou yalorixá teria que se curvar bater cabeça para aquele orixá rei da nação de cabinda.” (os grifos são nossos)

Autor: Pai Zezé de Oxalá
 
Pai Zezé faz várias afirmações, entretanto, sem fornecer as fontes, o que descredibiliza às informações.
 
A mesma postagem foi replicada pelo perfil do Ilê Primeiro de Maio, em 19/05/2020, acessado em 26/09/2024 as 9h, apesar de ser anterior a postagem do perfil Batuque Do Rio Grande do Sul. Vejamos:
 
Em 14/11/2023, a página do Kizomba também divulga a mesma postagem:
 
TÓPICO 6

Em 25/11/2020 a página ILÊ Primeiro de Maio, fez uma manifestação referente a um comentário postado sobre o assentamento do Kamuka. A seguir:

"A título de esclarecimento sobre a postagem veiculada no grupo Nação Cabinda do Facebook em que o Sr. Gustavo Jacques Schefer afirma que pai Romário assentou o Xangô Kamuca para o seu então ex pai-de-santo cujo nome não é citado. Afirmo com veemência que em hipótese alguma isso ocorreu, pois Xangô Kamuca rei da nação Cabinda jamais será assentado em sinal de respeito.— sentindo-se p... da vida em ILÊ Primeiro de Maio."
 
 
 
Dos comentários da publicação:

"Luciano Zúllu
Eu ainda fico impressionado com o charlatanismo que existe no nosso meio. É sabido por antigos e por novos, que esse assentamento não existe. Mas hoje em dia nos deparamos com gente falando que tem Kamuca na cabeça. Já sai de um grupo por causa dessa afirmação. Mas enfim, Infelismente nossa Nação esta morrendo aos poucos. Se não houver luta e uma severa fiscalização, o Batuque do RS será apenas motivo de chacota, nada mais.

Mary Faleiro
MENTIROSOS
INVENTORES
NÃO SABEMOS NEM MESMO QUEM É ESSE TAL GUSTAVO.

Vera Mirales
[Mary Faleiro] mais um mentiroso querendo aparecer ...gozado é que não cita ninguém da Goa que está vivo ...
Invenção pura, como gostam de falar de Kamuká

Vera Mirales
Mais um querendo aparecer ..
Mãe [Nara Almeida] desmentir esse pessoal é tão cansativo , saem de qquer canto e se sentem os Bambam. Nojento e mentiroso

Nara Almeida
[Vera Mirales] minha irmã tem que provar oque falam , quando que ano a onde?
Testemunhas quantas??? Fica fácil mentir se esquecem que ainda somos vivos "

TÓPICO 7

Professor Denis de Ode, informa a existência do culto de Kamuka em outros seguimentos do Batuque:
 
 
 
A propósito, Bará Lode também é guardião, mas pega cabeça, então, talvez não seja este o motivo.

TÓPICO 8

O tema foi sobre o Xangô de Pai Waldemar, e uma [suposta] frase que não sabemos quem falou, quem coletou, e quem divulgou.

A frase é atribuída ora ao Xangô Kamuka, ora ao Xangô de Pai Waldemar, gerando um debate na mídia social TikTok, entre os integrantes do Batuque sobre sua legitimidade.

Link na referência, vejamos a seguir o debate: 

@erick_wolff8
“O XANGÔ DE PAI WALDEMAR A suposta frase… referente ao Xangô de pai Waldemar. quem teria dito?”

Seguem alguns comentários que possuem relevância e devem ser registrados. Vejamos a seguir:

paulinho
os iles de kambinda pelo menos o de meu pai tinha um xango do povo no pátio.
como kamuca seria único e ficaria a frente de sua nação pergunta
"Todos os iles tem um xango kamuca sento no pátio?

Erick Wolff8
Por gentileza, onde coletou esta informação, pois se o Kamuka fica no pátio, onde ficaria o Agodo de pai Waldemar segundo a sua fonte?

Erick Wolff8
[@paulinho] para atualização do nosso trabalho, seria importante registrarmos a sua fala, e se possível informar a família, ajudaria muito para as memórias do batuque.

paulinho
Que eu tenha conhecimento:
meu pai mario de oxala jobocon , meu avô pai joao manoel cabral de oxala de orumilaia e meu bisavô pai Henrique de oxum panda possuíam. n

Erick Wolff8
Por gentileza, quantos da sua família possuíam ou possuem o Kamuka sento, e em qual local ele fica?

paulinho
sou filho de pai Mário de oxala jobocum de rio grande rs ( falecido) que era filho de pai João Manoel Cabral de oxala de urumilaia ( falecido) de pelotas que era filho de pai Henrique de oxum (poa)

Adrian Toledo5485
xango agodo sundijina hera kamuca. y esto trasendio por su hija de sangre tras una historia muy triste al perder a su padre

Erick Wolff8
@Adrian Toledo5485 grato pela participação, mesmo assim, segundo sua afirmação, se trata de outra divindade, pois Kamuka é uma divindade, não é um nome do sango agodo. 

Erick Wolff8
Lembrando que pai Waldemar era do xangô agodo, e ficou conhecido por ter um Kamuka no pátio

Informações complementares sobre os filhos de pai Waldemar.
 
TÓPICO 9
 
Luciano Zullu informa o parentesco de pai Romário com pai Waldemar, vejamos:

“PAI ROMÁRIO DE OXALÁ JOBOCUM ONIFAN
Por Luciano Zúllu
16/07/22
Neto de Pai Valdemar de Xangô Kamuka e filho de Mãe Madalena de Oxum Demúm. Pai Romário, simplesmente o Dadá ou Dindo para os mais próximos foi o fundador da Sociedade Beneficente Religião Africana 1° de Maio hoje sob o comando de sua sobrinha-neta e filha de santo Mãe Nara de Bará Lanã” (o grifo é nosso)

Em 2024 confirma que a feitura de pai Romário, vejamos:

"𝘾𝙖𝙗𝙞𝙣𝙙𝙖 𝘾𝙖𝙢𝙗𝙞𝙣𝙙𝙖 𝙤𝙪 𝙋𝙖𝙞 𝙍𝙤𝙢𝙖𝙧𝙞𝙤 𝙙𝙚 𝙊𝙭𝙖𝙡𝙖?
Por Luciano Zulu
Postado em 16/06/2024
A exatos 34 anos atrás, nos deixava o homem que talvez tenha sido o maior nome da Nação Cabinda após Waldemar do Xango Kamuka.
Jamais iria aqui não lembrar de Mãe Madalena de Oxum, que fez Pai Romário de Oxalá, mas ela infelismente faleceu muito cedo, enquanto Pai Romário passou dos 80 anos de vida.”
 
Luciano em comunicação pessoa pelo WhatsApp, informa:

"Na feitura de pai Romário, pai Waldemar estava presente" (informação pessoal)

TÓPICO 10
 
Nesta postagem informações sobre o apronte do pai Nascimento:

"Quarto de Santo de Pai Nascimento do Sapatá (Cabinda) um dos poucos filhos aprontado por Pai Waldemar de Xangô Kamucá.”

TÓPICO 11

Neste trecho o Elias de Oxalá, filho de pai Enio da Oxum, informa que:

“Waldemar foi operário da construção civil, e era filho de Sàngó Agodô, e ao falecer, ele deixou uma filha de religião pronta. A sacerdotisa Maria Madalena Aurélio de Òsùn foi ela quem aprontou bàbá Romário Òòsàálá e Palmira Torres Òsùn Pandá Olobomí, entre outros.” (Informação pessoal)

TÓPICO 12

Numa publicação que fizemos no antigo grupo Nação Cabinda do RS, atualmente conhecida por Nação Kambina do RS, houve um depoimento que registra a existência de mais Kamuka. Vejamos:

Schefer Gustavo
[Mary Faleiro] criar uma divindade???acho que resta totalmente errada,sou jeje ijexa e cultuamos zina...e somos da bacia da Ondina do xapana...minha mãe de santo tem 52 anos de vasilha e por sinal muito bem reconhecida no estado...
Porém fui 16 anos cabindeiro...conheço muita gente da bacia do pai Romário...pois fui neto dele...
Mas sobre kamuka podemos coletar algumas
informações com alguns filhos vivos do pai
Romário...até por sinal meu ex pai de santo tem ele
sento numa árvore de Oro no pátio de frente para o
portão o kamuka sento pelo pai Romário do oxalá...
 
 




TÓPICO 13

Norton registra o Kamuka sento no igbale de pai Cleon:

[...] Ìgbàlè Pai Cleon: Xangó Kamuka e Mãe Palmira.
Mãe Ester: Pai Manoel (Pai de santo) e Eugenia Ferreira (filha de santo) [...] (Norton, 2006, p. 148).

TÓPICO 14

Numa entrevista para o canal Kizomba, Pai Cleon, explica o seu conceito sobre o Kamuka:

Pai Cleon de Oxalá, min 14h41min.

[...] Kamuka é o nosso Rei, sabe que é o nosso rei né, Xango de Kamuka, é o nosso Rei, Xangó de Kamuka e nosso Waldemar, como ele trouxe a Cabinda para o Rio Grande do Sul, para o Rio Grande, Pelotas, Pelotas a Porto Alegre...

Então ele que é o nosso rei, é um Egun, por respeito a ele que é o nosso rei, que é o nosso maior orixá dentro da Cabinda, a gente tem o respeito muito grande, ele é o dono do balé... Pode ver que dele temos uma segurança para Kamuka, para segurar a casa.[...] (o grifo é nosso)

E completa que não se daria cabeça para Kamuka:

[...] E quem tem Kamuka, é só de Cabinda, existem pessoas que eu sentei Bale para as pessoas, o exu Lode, a pessoa tem que respeitar, canta para Kamuka, tem que cantar para o Legba, quando canta para Kamuka tem que se ajoelhar, e quando canta para Oxum da mãe Palmira, tem que se ajoelhar também... Têm muitas casas, pessoas que sentei balé, que sentei exu Lode que são de outra nação... Mas me pediram, joguei para Oxalá, deixou [...]

TÓPICO 15

Neste trecho, numa entrevista para o canal A Cabana, pai Cleon de Oxalá, informa que:

Pai Cleon, min 28h00min.

[...] Rio Grande do Sul. Que era o pai Waldemar que era de Xangô Kamuka [...].

Pai Cleon, min 28h22min.

[...] Xangô Kamuka não se pode dar para ninguém, e quem é de Cabinda não pode ter Kamuka [...].

TÓPICO 16

Em comunicação pessoal pelo WhatsApp, Carlos de Òòsàálá (2022), tentou o contato com a filha da Marisa do Kamuka, feita pelo Henrique da Òsun, porém, não houve sucesso, pois segundo ele a filha desejava preservar a mãe, pelo motivo da idade avançada e pela perseguição que sua mãe, já havia sofrido.

Carlos completou que dona Marisa, morava em Atlântica Sul, e nos forneceu um número para contato, que confirmamos ser da filha dela, no entanto, ao falarmos com a senhora Lopes, não houve interesse da família em seguir com as pesquisas, desta forma, respeitamos o desejo família.

Existem outros detalhes que preservaremos, que poderão ser fornecidos para estudos científicos, caso sejam necessários.

Considerações finais

Até os anos 2000, os integrantes da família do pai Cleon, não pronunciavam o nome de Kamuka na casa, pois, pensavam que faria algum mau.

O pai Waldemar foi feito para Agodô, ele possuía um Kamuka na frente da casa, que foi que lhe deu a fama de "pai Waldemar do Kamuka".

Há famílias que dizem que Kamuka seria um Egun, no entanto, nenhum Egun comanda uma religião de Orixá.

E a referida mensagem que teriam colhido não possui informações de como nem quando foi dita, nem há comprovação de que se tratava do Xangô Agodô do pai Waldemar, ou do Xangô Kamuka, nem na cabeça de quem Kamuka teria se manifestado, para fazer o anunciado.

Há registros de famílias que possuem o Kamuka sento, há registros até de manifestação do Kamuka, há registros de famílias que possuem a segurança feita no salão para o Kamuka.

Inversamente, há famílias que não necessitam do Kamuka sento, nem da segurança, e a casa funciona perfeitamente.

Assim, a nação Kambina é dividido entre as famílias que precisam do Kamuka sento para seus rituais, e as famílias que não precisam ter Kamuka sento.

Não se trata do certo/errado ... não há uma família melhor que outra por causa disso. Talvez, por ter Waldemar morrido muito cedo, algumas famílias adotaram o assentamento do Kamuka, e outras não.

Observamos que é o jogo do orixá que determinará se o Kamuka precisa ou não ser sento.

Sobre o Gululu, ser de origem Banto é uma especulação, pois, nem há registros que confirmem a identidade do mesmo... sobre pai Waldemar ser de origem Banto, não há nenhum registro que possa direcionar os estudos para este caminho.

REFERÊNCIAS

Tópico 1
Fonte: https://youtu.be/r7wMoQXAQbM

Tópico 2
Fonte: https://iledeobokum.blogspot.com/2023/10/umbanda-de-verdade-afro-indigena-quem-e.html

Tópico 3
Fonte: https://iledeobokum.blogspot.com/2020/09/kamuka-kanbina-e-o-conceito-de-nacao.html

Tópico 4
Fonte: https://iledeobokum.blogspot.com/2023/08/dia-do-orixa-rei-da-nacao-kabinda-por.html

Tópico 5
Fonte (Batuque Do Rio Grande do Sul):
https://www.facebook.com/photo/?fbid=2882597165298582&set=a.1967307540160887
 

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