segunda-feira, 25 de agosto de 2008

CABINDAS

Os CABINDAS, designação hoje dada aos habitantes do País de Cabinda (abrangendo todos os clãs irmãos - Bauoio, Bakongo, Basundi, Balinge, Bavili, Baiombe, Bakoki ... ) mas que, de começo, por proveniência Clánica era confinada aos do antigo Reino de Ngoyo e mais propriamente aos da região da actual cidade de Cabinda e arredores mais chegados, sendo povos que fazem parte da grande família banta, por suas qualidades, usos e costumes sobressaem entre os outros.

O Cabinda é, certamente, de todos os povos africanos, o que se aponta com mais freqüência como exemplo de índice de, maior desenvolvimento e progresso em toda a gama de valores humanos.

Casas arejadas e asseadas, mesmo as de colmo e papiros, alinhadas ao longo das estradas por entre filas de palmeiras c coqueiros que emprestam, nos dias de grande calma, a sua sombra aos habitantes; gente palradora e comunicativa entre a qual havia sempre alguém - e hoje quase todos e todas - a poder dar-nos informações pedidas num português já muito sofrível e ajuda pronta em qualquer necessidade.

A língua dos Cabindas -o Kiuoio (ou Iuoio) e Kikongo

As principais «divindades» eram:
Kuiti-Kuiti
Mboze
Lusunzi
Nkanga
Mvemba
Lunga
Bunzí ou Mbungi
Nkunda Mbaki Nranda
Makunku

1 - KUITI-KUITI (Nzambi-Mpungu, uivanga naveka = O Nzambi-Mpungu, o que se fez a si mesmo)
Apresenta-se como filho de um deus que nasceu velho na terra, em Mboma Yala Linsongo.
Teve como irmãos a Nkunda Mbaki Nranda e Mboze.
A mulher era a sua própria irmã, Mboze, de quem teve dois filhos: Né-Mbinda Né-Mboma e Nkanga.
Numa das ausências de Kuiti-Kuiti, Mboze teve relações com o seu próprio filho Nkanga. Concebeu. Kuiti-Kuiti tendo conhecimento da traição e vileza da mulher, conhecimento através de um sonho, regressou a casa e pegou-se com seu filho Nkanga. Isto aconteceu em dia de nevoeiro cerrado (= Mbungi).
Nkunda Mbaki Nranda reprova o proceder de Kuiti-Kuiti, seu irmão, por ter morto Mboze e Nkanga. Então, Kuiti-Kuiti faz ressuscitar os dois ao mesmo tempo.
À criança nascida deste crime de incesto foi dado o nome de BUNZI que, na interpretação de Fernandes, queria dizer: «Assistente de dois deuses em luta.»

Passados tempos, Né-Mbinda Né-Mboma, o outro filho de Kuiti-Kuiti, pede ao pai uma mulher para casar.
Kuiti-Kuiti mata os dois gémeos aIbinos, abandona na Europa os filhos destes e regressa sozinho às terras de Ngoio, indo habitar Mboma.
Sua mulher Mboze vai visitá-lo e, mostrando-lhe as duas filhitas que levava, diz-lhe: «aí tens duas filhas que tive de teu filha Né-Mbinda Né-Mboma.»

2 - MBOZE
É irmã e mulher de Kuiti-Kuiti, como se deixou dito.
Depois da ressurreição de Kuiti-Kuiti, Mboze reformou a sua vida.
Mulher de grande beleza, umas vezes era encontrado muito bem vestida, outras fingindo de pobre miserável, esfarrapada e imundal

3 - LUSUNZI
Filha de Né-Mbinda Né-Mboma e de Mboze.
Teve por marido seu irmão Nkanga.
Seus irmãos: Bunzi (irmão e sobrinho), Mvemba (irmã e sobrinha) e Madia-Mamboze (irmã e prima)!

4 - NKANGA
Filho de Kuiti-Kuiti e de Mboze é marido de sua própria irmã Lusunzi,
Presidia a todas as grandes cerimónias.
Governava, espiritualmente, as terras de Kingangaka, Ngoio, Kankatu e outras.

5 - MVEMBA
Filha de Né-Mbinda Né-Mboma e de Mboze e irmã de Lusunzi e de Bunzi.
Era invocada nas grandes calamidades.

6 - LUNGA
Também filha de Né-Mbinda Né-Mboma e de Mboze e irmã de Lusunzi.
É «deusa» de muita representação nos casos que dizem respeito à salvação do «seu» mundo. Habitava nas pequenas florestas das margens do rio que tem o seu nome, na Muanda (Rep. do Zaire), junto à foz.

7 - BUNZI ou, melhor, MBUNGI
Filha de Nikanga e de Mboze.
Foi por causa deste nascimento incestuoso que Kuiti-Kuiti, marido de Mboze, matou esta e seu filho Nkanga.
No momento em que os dois homens lutavam, Mboze, antes de morrer, ouviu dentro de si uma voz que lhe dizia: «Telamena bobo, kaza minu nzoleze umona monso mivioka avava» - Espera que eu quero ver tudo o que se passa aqui». E nesse mesmo instante nasceu MBUNGI e este nome recebeu porque nessa altura, dizem, havia muito nevoeiro (Nevoeiro = Mbungi).
MBUNGI (ou BUNZI) é invocado, principalmente, nas terras de Mputu Kinzazi e Matamba.

8 - MPANGI
Filha adoptiva de Lusunzi.
O seu habitat era numa pedra que se encontrava na encosta do morro do antigo Porto Rico. A essa pedra lhe chamavam: Limanha liMpangi = Pedra de Mpangi. Era o Nkisi-Nsi da terra, o espírito protector.
E por causa desta «destruição», afirmam os naturais de Cabinda, tanto Mpangi como Lusunzi deixaram as terras de Ngoio. Lusunzi foi para S. Tome e Mpangi para a antiga capital do Reino do Loango, Buáli. Mas não deixaram, contudo, de ter influência sobre as gentes de Cabinda.

9 - NKUNDA MBAKI NRANDA
Irmão de Kuiti-Kuiti e marido de Nsansa-Kunda.
Era o «deus» da chuva. Tinha cauda. Quando invocado para fazer cair chuva, apontava a cauda para o céu. Mas quando julgasse bem, como castigo, apontar a cauda para baixo era mais do que o bastante para não chover!

10 - MAKUNKU
Filho adoptivo de Lusunzi.
Era o «deus» das preocupações. Era grande o seu poder sobre o movimento do sol. Trabalho que começasse, tinha que ser terminado antes do sol posto. Mas se se enganava e o trabalho levava mais tempo do que contara? Era simples. Mandava recuar o sol para que lho desse tempo de terminar a tarefa!
(Até parece o dito milagre de Josué, na Bíblia - Cf. Livro de Josué, X12,15!)

11 - DIVINDADES DE SEGUNDA ORDEM
São todos filhos adoptivos de Lusunzi, «deusa» dos bons costumes e a restauradora da moral natural nas terras de Ngoio.
Vela-Ke-Lusunzi, andrajoso e pobretão, vagueava pela praia e pelo Kizu.
Mbaki-Lukola-LiMpangi; Mundala-Mpangi; Lukika-LiMpangi. Estes habitavam junto ao riacho Lukola.
Kinkinda e Kilili - na Muanda.
Kimpukulo e Kinsunda - por várias regiões.

Esta mitologia Cabinda, não destrói nem exclui o sistema Religioso comum a todos os clãs Bakongo.

Se pode haver, v. g. entre os de Ngoio, uma ou outra particularidade, fruto da rica Tradição dos Cabindas - como a de A. J. Fernandes - o sistema religioso que vamos apresentar é o de todos: Bauoio, Basundi, Balinge, Baluango, Bavili, Bakongo propriamente dito, etc., etc., (dos nove clãs descendentes de Vua li Mabene).

NZAMBI - A maior divindade
Todos os clãs Bakongo conhecem Deus sob o vocábulo NZAMBI ou NZAMBI MPUNGU.

NZAMBI é bom. Chamam-lhe Tata, Tat itu: Pai, Pai Nosso; Tata Nzambi = Deus Pai.

É do Nkisi-Nsi que o chefe recebe o poder. É do Nkisi-Nsi que, nos Bauoio - Cabindas - toda a comunidade, por cerimónias públicas, procurava conquistar graças e favores. É em nome do Nkisi-Nsi que os Zindunga, chamados também mulheres do Nkisi-Nsi (Bakama Bakisi-Nsi) ou «soldados», fazem o policiamento das terras de Cabinda e velam pela guarda dos bons costumes e leis de Lusunzi, que não são mais do que as leis do Nkisi-Nsi.
É ainda pelo Nkisi-Nsi que, praticamente, em todos os clãs do num País de Cabinda, fazem entrar as jovens, chegadas à idade núbil, no NZO KUMBI («Casa da Tinta») para, depois, tomarem estado, casando-se ou, mesmo, entregando-se a uma vida fácil.

Em atenção ao Nkisi-Nsi, abstêm-se as pessoas de certos actos fora do casamento ou observam certos costumes nas relações conjugais...
Ao Nkisi-Nsi ficam ligados todos os que nascem de uma forma tida por «anormal», a saber:

A) Os ZINDUNDU (sg. NDUNDU) = Albinos.
Porque os aIbinos, de um e outro sexo, são incapazes de geração (dizem) atiram-nos para o número dos monstros.
Outrora, era costume apresentarem os «Zindundu» ao Rei. Eram, depois, ensinados na prática da magia e passavam a servir de magos ao Rei, que seguiam e acompanhavam sempre.
Ninguém ousaria ofendê-los com qualquer afronta. Eram respeitados por todos. Se iam ao mercado podiam tomar o que quisessem e ninguém lhes iria à mão.

B) BASIMBA, os gémeos. Tidos também por filhos, do Nkisi-Nsi. Havia para com eles as atitudes respeitosas que tinham para com os aIbinos

C) Os NSUNDA (pl. BASUNDA), os que nascem pondo, primeiro, as pernas fora do ventre materno.

D) Os KILOMBO - Os que revelam, em sonho, a sua origem estrangeira.

E) Os mortos com VIMBU. Vimbu, doença que faz inchar. Vem do verbo Kuvimba -Inchar, engrossar.

F) As que morrem grávidas e todo aquele ou aquela a quem não cortaram os cabelos ou as unhas...

Jura-se e amaldiçoa-se, ainda hoje, pelo Nkisi-Nsi.
É que o Nkisi-Nsi, por bom e generoso que seja, também pode encolerizar-se e vingar-se.
Há quem tenha visto nesta espécie de culto uma como que idolatria.
«Je n'oserais pas me prononcer en faveur de cette thèse», afirma o P. Bittremieux.

Assim, o nome de Nzambi dado a uma estatueta, ou o facto de recorrer «directa e unicamente aos bons serviços dos espíritos», estes «agindo por sua vontade e como se fosse por seu próprio poder», dispondo da vida e da morte, da saúde e da doença, - da chuva e da seca, como se fosse DEUS, parece-me, continua Bittremieux, susceptível de uma outra interpretação bem diferente de uma idolatria formal, ou mesmo material.

VUÁ-LUSANGA
Na aldeia do Kakata. Este Nkisi-Nsi «vivia» numa árvore de nome Nunga-Nsende que se encontrava num pequeno bosque, mesmo junto à casa do soba Estanislau Kimpolo.

Havia um outro Nkisi-Nsi de nome KIUNGU-MPATI.

Este tinha o seu habitat em duas mateveiras, tão juntinhas, diziam, «que até pareciam homem e mulher.»

KIVUMA
Era o Nkisi-Nsi do Lusiese. Seu habitat: numa pedra que se encontrava no bosque vizinho. E, convencidos, afirmam tratar-se «de um pedaço de uma estreia, caída em dia de trovoada.»

TULA-KITUNZI
Encontrava-se num embondeiro junto à lagoa deste nome. Era lagoa, em tempos, muito abundante de peixe.
O embondeiro estava pintado a vermelho, branco e amarelo.

NKULU
Um pequeno riacho de nome NKULU MUANA NTELA=Nkulu, filho de Ntela.
Antigamente, dizem, na lagoa que ali perto existia, as canoas não se aquentavam. Canoa que lá se colocasse aparecia no dia seguinte rachada em duas!

MBUKU
Nkisi-Nsi da aldeia do Kinguinguili. Residia numa mafumeira que se encontrava no meio de um pequeno bosque. Estava ela pintada, até à altura de um homem, a vermelho e branco.
As mulheres estavam proibidas de se aproximarem. Eram os homens quem limpava o recinto.

NHOKO-NDOMBE
O Nkisi-Nsi do Banda-Sanvi
Tinha assento numa árvore de nome MBULU (dizem que semelhante à da fruta-pão) no meio de um pequeno bosque.

No dia da limpeza e «benção» cantavam:
Kunhema bantu, kunhema nsí ko - Nsi a bantu.
Gabar-se de ter gente, não se gabar da terra - A terra tem gente.

KIKALA-NGUNGO
Encontrava-se num pequeno bosque o numa árvore NSANHA que lá existia.
Porque se chama Kikala-Ngungo?
Uma mulher, certo dia, foi ao seu campo colher ngungo, uma espécie de Uando (Guando) - Cajanus flavus. Apanhou muito ngungo.
Ao passar junto ao tal bosque onde se encontrava o Nkisi-Nsi ouviu alguém a perguntar-lhe se tinha feito boa recolha.

NGULUNGU-MBUSI
Na aldeia do UANGULO.
Este Nkisi-Nsi encontrava-se no meio do povo, debaixo de um pequeno coberto «muanza».
O que fazia parte do «feitiço» estava encerrado dentro de dois grandes cestos, de dois Ntende-Ngoio.
Ntende = Cesto.
Ngoio = de Ngoio, por ser feito em Cabinda.
Dentro dos cestos havia: ossos de ngulungu, de pacaça e de porco do mato, giz, cal e paus MpalaBanda e de Kindombe.
Os paus tinham que ser tortos, bifurcados ou curvos, e limpos da casca.
Quando faltava a caça ou o pescado nos rios e, sobretudo, nas lagoas, passando bastante tempo sem se conseguir caça e pesca, o dono da terra (Nfumu-Nsi) mandava capinar o local para atrair a bênção do Nkisi-Nsi.
As mulheres, nessa altura, ao mesmo tempo que capinavam, cantavam:

É ... i... à, Ngulungu-Mbusi
Aié... bálale...
Ngulungu-Mbusi
Aié... bálálé...

P. JOAQUIM MARTINS, C. S. SP.
(Historiador Laureado de Cabinda)



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quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Politeismo, a base das religioes espalhadas pelos continentes.

Religião; um tema às vezes tão complexo quanto sua origem. Capaz de expressar a cultura, a estrutura de um povo e relatar a história de vida por meio da fé, levando em consideração a diversidade dos costumes e até mesmo as ramificações de cada religião. Muitas vezes elas se contradizem entre o monoteísmo e abrem poder na trindade, que seriam três personalidades de grande importância no pilar da religião, justamente como o cristianismo, que mesmo sob a bandeira de um Deus maior baseia-se na trindade incorpóreo da fé contrapondo, para alguns, a tese monoteísta.

Indo além, se o cristianismo tem um Deus onipotente, mas é para Jesus que todos recorrem. Jesus Cristo além de mais famoso é considerado mais importante que o próprio Deus dos cristãos. Algumas religiões que o referenciam acreditam que ele tem mais poder que o próprio “Criador” assumindo a frente dos votos e solicitações dos seguidores. Tanto que Jesus é referenciado até mesmo dentro de alguns templos de origem afro-brasileira como a Umbanda, Quimbanda e Espíritas.

Uma grande contradição paira sobre a cultura africana, até mesmo as religiões com influência dos Deuses negros (orisás). Uma religião que acredita num Deus supremo com nome de Olódúmarè - agregando o povo do céu chamado de Irum - baseia-se na criação do universo. Desta forma, Olódúmarè desejou criar a Terra e pediu para um Irum descer e iniciar a criação, seu nome é conhecido por todos como Odùdúwa, assim ele fez a Terra e onde começou a criação é conhecido até hoje por Ilé-Ifé. Deste ponto surge o planeta, os reinos e o homem.

Ilé-Ifé é conhecido por ser o primeiro local a ser tocado pelas demais divindades e foi nesta cidade que se iniciou o culto aos Iruns que mais tarde passariam a ser chamados de Orisás (os que escolhem as cabeças – Ori = cabeça; sá = escolhem).

Com grande quantidade de Orisás cultuados no planeta, a religião africana e as religiões afro-brasileiras se contradizem ao afirmar que são monoteístas, pois para que isso seja feito existe a necessidade de cultuar um Deus único, ou seja, sem as demais divindades chamadas de Orisás.

Para os africanos e seus descendentes religiosos Olódúmarè, o grande Deus, tem a finalidade, apenas, de criar os Iruns . Ele não exerce mais atividade e não é cultuado nos templos. Assim, acreditar num ser Onipotente como o gerador deste poder e não cultuá-lo não quer dizer que os seguidores da cultura afros são monoteístas.

Para o monoteísmo reinar dentro da cultura afro haveria necessidade de uma revolução religiosa e o poder dos Orisás caírem para simples intercessores de Olódúmarè. Cada terreiro deverá descer a comunheira do dono da casa e dos Orisás do Ilê, deixando todos os demais assentamentos sagrados para fora e cultuar apenas Olódúmarè. Como foi feito por Akenathon no antigo Egito, durante a revolução religiosa, onde ele parte para Heliópolis e funda o templo do deus Rá. Abandonando o panteão egípcio e assumindo Rá como o deus supremo.

Observando que cada Orisá possui o poder de criar e mudar o destino do povo da Terra, conforme seus caprichos, nos faz acreditar que a religião afro-brasileira é politeísta mesmo acreditando em um deus central, “Olódúmarè”.

Não há registro de algum templo erigido para Olódúmarè em lugar algum do planeta. Sabe-se apenas que os templos religiosos afro-brasileiros são estruturados e fundamentados para a divindade da cabeça do seu fundador ou de algum antepassado. Até mesmo na África os templos são destinados a alguma divindade, não existem imagens ou sacrifícios para “Olódúmarè” dentro dos templos.

Para as casas de cultura afro-brasileiras, o orisá é uma ramificação do deus maior com poder e manifestações que invocam grandes forças e revelações, como os deuses egípcios, gregos e os demais citados abaixo.

Com a vinda dos negros para o Brasil houve um telefone sem fio quebrando o elo da tradição das aldeias e seus orisás. Contudo, a herança religiosa e a fundamentação de uma nova religião, no culto aos orixás, se formaram no Brasil Imperial. Mais tarde, com a estruturação das nações definiu-se bem a origem do culto dividindo-se em Vodum, Nikissi e Orisás. Tal diferença se faz notável dentro de cada nação, pois alguns se diferenciam em elementos da natureza e antepassados. Para o homem moderno, a religião afro-brasileira busca o resgate do elo perdido com os escravos, aquele que rompeu com a vinda dos negros e com o assassinato cultural das religiões imperialistas ao tentar sufocar a cultura afro-brasileira no Brasil.

O candomblé e as nações dos orisás é politeísta e fundamentam-se num grande Deus, que simplesmente teve vontade de criar o Universo e delegou poder para os Iruns fazerem a sua moda e vontade esta criação. Por isso, as religiões de origem direta com a cultura afro têm sua base no politeísmo.

O mesmo acontece com a Umbanda que possui um Deus central, que também é esquecido pelos terreiros e seus sacerdotes dando lugar a Oxalá, orixás e entidades. Peculiarmente a Umbanda possui Orixás muito semelhantes aos orisás das nações africanas, com um diferencial no culto e na origem deles, pois os sacerdotes da Umbanda cultuam apenas os intermediários dos orixás e não diretamente os orixás africanos.

Um bom exemplo de monoteísmo é o espiritismo baseado no Deus maior, seu intercessor Jesus cristo e as entidades. E tudo que é feito nos seus rituais envolve a indulgencia de Jesus para chegar a Deus supremo. Não cultuam orixás ou divindades, nada além de Jesus. Trabalhando com espíritos que já sabemos que são almas e não divindades.


Aproveitei e estendi o convite para alguns sacerdotes das religiões afro-brasileiras.

Tatetu Nkosi Oluandeji – Nação Angola
“Considero Politeísta, porque apesar de ter um grande "Deus" “NZambi Umpungu" como o criador adoramos as divindades os Mikisi, na África era feito por aldeia, cada aldeia cultuava seu Nkisi, seu Deus próprio apensar de NZambi ser o criador”.
Xenu pangi
Tatetu Nkosi Oluandeji
Campinas SP

Josi Moreira - Umbanda
“Eu acredito que a Umbanda seja politeísta pelo fato que cultuarmos orixás”.
São Paulo – SP

Babalorixá Paulo de Oyá do Ilê Aba Axé Oyá Obakosso.
O Candomblé é uma religião monoteísta, pois acredita num único criador supremo - Olorum!
Os Orixás que são os ancestrais divinizados associados aos aspectos da natureza, são parte do todo maior!
São Paulo - SP

Egbomi Omindowo de Yemanjá do Ilê Aba Axé Oyá Obakosso.
Olorum é o Deus único! O grande criador! Os Orixás - ancestrais divinizados e associados com as forças da natureza- desempenham uma função como se fossem anjos. Por isso o Candomblé é monoteísta.
São Paulo - SP

Observe a semelhança das antigas religiões com as religiões afro-brasileiras;

A religião Egípcia era riquíssima com seus deuses (muitos deles com corpo formado por parte humana e parte animal sagrado) e mitos. A cada deus era atribuído um poder, que atuava sobre a natureza ou mortais.
Realizavam muitas oferendas e festas para agradar aos deuses, que possuíam personalidades e vontades.
Cada qual com sua característica e templo, eram tratados pelos sacerdotes aos quais guardavam seus segredos a sete chaves.

A Mitologia Grega também teve grande influência sobre a cultura mundial, os gregos antigos enxergavam vida em quase tudo que os cercavam, buscando explicações para tudo. Poderemos notar também grande influência dos personagens divinos e figuras mitológicas que mesclam corpo humano e animais. Heróis, deuses, ninfas, titãs e centauros habitavam o mundo material, extensão em suas vidas. A Pitonisa, espécie de sacerdotisa, era convocada a interpretar a vontade dos deuses através dos sinais.

Xintoísmo se baseia na cultura nipônica, nos deuses que criaram o Japão e o seu povo em meados de 1868 até 1946. Os japoneses adoravam o imperador como um descendente direto de Amaterasu-Omikami, a deusa do sol e mais importante divindade da religião.
O imperador Hiroíto renunciou ao caráter divino atribuído à realeza, e a nova Constituição do país passou a defender a liberdade de religião.
Contudo, 90% da população japonesa é xintoístas, e os que pertencem a outra religião, permanecem oferecendo sacrifícios devocionais aos deuses e celebrando suas cerimônias e rituais.
O xintoísmo é representado por um portal de madeira vermelho, chamado de Tori. Todas as estradas para os templos possuem este Tori que é formado por duas colunas de madeira ligadas por duas vigas.

Mitologia Nórdica, os vikings são vistos como agressivos, primitivos, violentos e sedentos de sangue, semeando terror e morte. O Odin (Wotan) o deus maior, também com vários outros deuses primitivos alguns com formas animais.

Astecas e Maias, também possuíam vários deuses com poderes que decidiam a vida e estações do ano, formas animais eram usadas constantemente para representar seus deuses.


Olódúmarè – O deus central da cultura africana – ọlọ = senhor, ọdu – destino, maré – supremo;
NZambi Umpungu - idem a Olódúmarè;
Odùdúwa – quem criou a terra;
Irum – divindades que habitavam o ọ̀run;
ọ̀run – céu;
llé-Ifẹ́ – aldeia sagrada do culto de Ifá, acredita-se que ali deu origem a humanidade;
Ilé - casa
orí – cabeça;
ṣá – escolher;
vodum - baseada nos ancestrais, que tem as suas raízes primárias entre os povos Ewe-Fon;
Nkissi - baseada nos ancestrais kassanje ou bantu;
oriṣá – divindades do panteão africano;
orixá – divindade do panteão umbandista;
Tatetu – cargo de sacerdote na nação Angola;
Umbanda – culto afro-brasileiro aos espíritos e orixás;
Espiritismo – sessões que envolvem desobsessões e contatos com espíritos,baseada no cristianismo;
Candomblé – culto aos oriṣá, vodun e nkissi;
Quimbanda – culto aos espíritos da legião dos exus;
Kimbanda – culto ancestral de origem bantu, que lida com ervas e magia, prática branca;

Pesquisa com prof. Jorge Claudio Ribeiro (Depto) de Teologia Universidade PUC.
TV PUC http://tv.pucsp.br/blog/
www.pucsp.br


Por Erick Wolff8
Edição - Kueynislan Teodósio

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Òòṣàálá

 
Revisado e aumentado em 18/10/2023

Òrìṣàálá ou Obàtálá na África, "O Grande Òrìsà" ou "O Rei do Pano Branco" para os Yorubás, criador do mundo, dos homens, animais e plantas. Foi o primeiro Òrìṣà criado por Olodumare, é considerado o maior de todos os Òrìṣà

É o mais velho dos Òrìsás, o rei de vestes brancas, raiz de todos os outros Òòṣàálá

Representa a massa de ar, as águas frias e imóveis do começo do mundo, controla a formação de novos seres, é o senhor dos vivos e dos mortos, preside o nascimento, a iniciação e a morte.

Obàtálá é quem rege tudo o que é branco sobre a terra em todos os sentidos da palavra; pureza... Obàtálá - Oba (rei) alá (branco) Òòṣàálá - Palavra de origem árabe, mais precisamente de inshalla, com o significado de "se Deus quiser, se Deus o permitir".

Òrìṣà-Nla, Òrìàálá ou (Orixalá e Oxalá em português) é o primeiro Òrìṣà Funfun nascido diretamente de Olórun (DEUS) (tudo desses Òrìṣà é de cor branca).

O Reverendo Samuel Johnson, no livro The History of the Yorubas, Lagos, 1937, escreve: "Òòṣàálá é encarregado do poder criador e é considerado um co-trabalhador de Ọlọ́run. Supõe-se que o homem tenha sido feito por Deus e modelado por Òòṣàálá.

Seus adeptos se distinguem pelo uso de colares de contas brancas e pelas roupas brancas. Não podem beber vinho de palmeira.

Os sacrifícios por eles oferecidos não podem conter sal.
Os albinos, os anões, os estropiados e os corcundas são considerados sagrados por esse Òrìṣà.
Òòṣàálá é o nome comum, conhecido e adorado em diversas cidades e sob diversos nomes: Òrìṣà Oluofin em Iwofin, Òrìṣàko em Oko, Òrìṣàkire em Ikire, Òrìṣàgiyan em Ejigbo, Òrìṣàeguin em Owu, Òrìṣàjaye em Ijaye, Obàtálá em Oba." Òòṣàálá é o Òrìṣà associado à criação do mundo e da espécie humana.

Apresenta-se de duas maneiras: moço – chamado Òrìàjiyán, e velho – chamado Oṣalufan. Os símbolos do primeiro é uma idá (espada), "mão de pilão" e escudo. O do segundo Òrìṣàjiyán é o branco levemente mesclado com azul, a de Oṣalufam é somente branco. O dia consagrado para ambos na africa é a sexta-feira.
No Nàgó é domingo.
Sua saudação é ÈPA BÀBÁ !
Òòṣàálá é considerado e cultuado como o maior e mais respeitado de todos os Òrìṣà do panteão africano. Simboliza a paz é o pai maior nas nações das religiões de tradição africana.
É calmo, sereno, pacificador, é o criador, portanto respeitado por todos os Òrìṣà e todas as nações.
A Òòṣàálá pertence os olhos que vêem tudo.

Alguns Oriṣás que pesquisamos:

Òrìṣà Óbokún = O rei de Ijesá, conhecido entre os Nago como Òṣàlá porem foi um guerreiro, filho de mais novo de Odùdúwá (branco rajado de cinza claro ou cinza muito clarinho).
Òrìṣà Olokun - senhor do oceano para os Yorubás, pai de Yemonjá. (branco com cristal 1x1)
Òrìṣà Dakùn  – o fiador de algodão (branco).
Òrìṣà Jobokún – que traz as águas. (branco)
Òrìṣàálá /Obàtálá - é casado com Yemowo, suas imagens são colocadas uma do lado da outra e cobertas com traços e pontos desenhados com efum, no ilésin, local de adoração, dizem que Yemowo foi a única mulher de Òrìṣàlá - Obàtálá um caso excepcional de monogamia entre Òrìṣà e eboras (branco com cristal 1 x 1)
Òrìṣà de Oromilaia = importantíssimo para o culto Yorubá, pois com ele recebemos nosso àṣe de búzios (branco com preto 1 x 1)

Saudação: Epaô Baba!
Dia da Semana: Domingo
Número: 08 e seus múltiplos
Cor: Branco para todos com exceção de Branco com preto para Òòṣàálá de Oromilaia ou cinza bem claro para Óbokún
Guia: toda branca fora 01 branca, 01 preta, 01 branca para Òòṣàálá de Orumiláia
Oferenda: canjica branca, Igbin, merengue e coco ralado
Ferramentas: jóias em prata, caramujo, sol, cajado, pomba de prata, moedas e búzios, para Òòṣàálá de Oromilaia acrescentamos olhos de prata.
Ave: Galinha branca com exceção de galinha branca mais galinha preta para Òòṣàálá de Oromilaia
Quatro pé: cabrita branca e cabrita branca com pequenas manchas pretas para Òòṣàálá de Oromilaia.


TIKTOK ERICK WOLFF