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quinta-feira, 27 de abril de 2023

CULTURA BANTÚ (NKISI)

 Por Baba Osvaldo Omotobatala 

Postado em 24 de fevereiro de 2017 acessado em 27/04/2023


Coletamos este artigo da página do Baba Osvaldo, que foi escrito no idioma nativo do autor, para que o afro brasileiro possa ler com maior facilidade, disponibilizamos o  texto em português, usando tradução online.

  acess

A seguir:

CULTURA BANTÚ (Nkisi)

TEXTO IDIOMA ORIGINAL

Reflexiones:
1 - Los cultos candomblé Angola /Congo en Brasil que seguramente comenzaron con cierta pureza en sus rituales y costumbres, con el tiempo fueron adquiriendo costumbres inherentes a los cultos de vodun (djeji de ex-Dahomey) y de orisa (yoruba), tal vez debido a la discriminación que hubo hacia los grupos de culto a Nkisi en Brasil, donde fueron muy criticados sus preceptos originales, tan diferentes en un principio de los de vodun u orisa.
2 - No he constatado que se rape la cabeza a los que se inician para Nkisi en tierra bantú (Africa), esa es una costumbre que las casas de candomblé de culto Nkisi introdujeron en Brasil, tal vez bajo la óptica de que la creencia popular en la mayoría de las casas de candomblé brasileñas de matriz vodun u orisa, creen que si no se afeita la cabeza no hay iniciación.
3 - No existe en los cultos a Nkisi en la tierra africana el uso de búzios (caracoles) para hacer adivinación. La adivinación la hace directamente el Nkisi manifestado en su "cavalo" o es hecha a través del "ngombo" por sacerdotes especializados. Tampoco se usa obi, coco u orogbo para adivinar. Lo que lleva a suponer que el uso de búzios, obi, orogbo o coco en los candomblé de culto Nkisi en Brasil, es una influencia de las casas de culto a orisa o vodun.
4 - En el culto Nkisi en Africa no existen los "orisa" ni los "vodun", tampoco hay un sincretismo o asociación donde se divulguen historias o mitos de Orisa relacionándolos con algún Nkisi. Ni se usan nombres de orisa o vodun que sean intercambiables con los de los Nkisi.
5 - En el culto de Nkisi en Africa, al igual que en los candomblés de Angola y/o Congo de Brasil, existen tabúes para los iniciados y cada Nkisi tiene sus tabúes.
6 - Tanto en el culto a Nkisi de Brasil como en Africa, no se usan huesos de personas muertas para la preparación del Nkisi.
7 - En la iniciación para Nkisi en Africa, se hacen cortes pequeños (kuras) en el homóplato de los novicios y se les pone "medicina", esta costumbre que también se practica en el candomble de Nkisi brasileño, lo que deja claro que no es influencia yoruba ni djeji.
8 - En el culto Nkisi de tierra africana, si bien el Nkisi es una fuerza de la naturaleza, se cree que algunos héroes y heroínas al morir, pueden pasar a formar parte de la energía espiritual de Nkisi, por lo que estos ancestros entran en una categoría casi de Nkisi, teniendo un estatus diferente con respecto al de los Ancestros en general (bakulu).
9 - No existe "Esu", "Exu", "Eshu", "Echu", "Lucero", "Elegguá", "Elegba", "Legba" en el culto tradicional a Nkisi en tierra bantú, tampoco existen asentamientos que sean parecidos al Legba o Esu de tierra vodun u orisa, esto es, una imagen de barro (o cemento) cuyos "ojos, nariz y boca" han sido hechos con cowries (búzios). Esa idea, en ciertos cultos de América al Nkisi, claramente fue tomada de los cultos de Vodun u Orisa.

TEXTO TRADUZIDO PARA O PORTUGUÊS

CULTURA BANTU (Nkisi)
Reflexões:
1 - Os cultos candomblé Angola /Congo no Brasil que certamente começaram com alguma pureza nos seus rituais e costumes, com o tempo foram adquirindo costumes inerentes aos cultos de vodun (djeji de ex-Dahomey) e de orisa (yoruba), talvez devido a discriminação que houve em relação aos grupos de culto a Nkisi no Brasil, onde seus preceitos originais foram muito criticados, tão diferentes no princípio dos de vodun ou orisa.
2 - Eu não constatei que raspei a cabeça dos que estão começando para Nkisi em terra bantu (África), esse é um costume que as casas de candomblé de culto Nkisi introduziram no Brasil, talvez sob a ótica de que a crença popular na maioria das casas de candomblé brasileiras de matriz vodun ou orisa, acreditam que se não raspar a cabeça não tem iniciação.
3 - Não existe nos cultos de Nkisi na terra africana o uso de búzios (caracóis) para fazer adivinhação. A adivinhação é feita diretamente pelo Nkisi manifestado no seu "cavalo" ou é feita através do "ngombo" por sacerdotes especializados. Também não se usa obi, coco ou orogbo para adivinhar. O que leva a supor que o uso de búzios, obi, orogbo ou coco nos candomblé de culto Nkisi no Brasil é uma influência das casas de culto de orisa ou vodun.
4 - No culto Nkisi na África não existem "orisa" nem "vodun", nem um sincretismo ou associação onde se divulguem histórias ou mitos de Orisa relacionando-os a algum Nkisi. Nem se usa nomes de orisa ou vodun que sejam intercambiáveis com os Nkisi.
5 - No culto de Nkisi na África, tal como nos candomblés de Angola e/ou Congo do Brasil, existem tabus para os iniciados e cada Nkisi tem seus tabus.
6 - Tanto no culto de Nkisi do Brasil como na África, não se usa ossos de pessoas mortas para a preparação do Nkisi.
7 - Na iniciação para Nkisi na África, fazem-se pequenos cortes (kuras) no homóplato dos noviços e colocam-lhes "medicina", costume este que também é praticado no candomble de Nkisi brasileiro, o que deixa claro que não é influência yoruba nem djeji.
8 - No culto Nkisi de terra africana, embora o Nkisi seja uma força da natureza, acredita-se que alguns heróis e heroínas ao morrer podem se tornar parte da energia espiritual de Nkisi, então esses antepassados entram em uma categoria quase de Nkisi, tendo um status diferente em relação ao dos Antepassados em geral (bakulu).
9 - Não existe "Esu", "Exu", "Eshu", "Echu", "Lucero", "Elegguá", "Elegba", "Legba" no culto tradicional a Nkisi em terra bantu, também não existem assentamentos que sejam semelhantes ao Legba ou Esu de terra vodun ou orisa, isto é, uma imagem de lama (ou cimento) cujos "olhos, nariz e boca" têm foram feitos com cowries (búzios). Essa ideia, em certos cultos da América al Nkisi, claramente foi tirada dos cultos de Vodun ou Orisa.





segunda-feira, 21 de setembro de 2020

NKISI É ORIXÁ?

Márcio Brito Neto
21/09/2020

 




Doutorando em Cinema e Audiovisual (UFF). Pesquisa sobre cinema negro, identidade e representação étnico-racial e visibilidade social de populações vulneráveis. É Mestre em Comunicação (PUC-Rio), com ênfase em Representação Social. 

 

Quero compartilhar com vocês, principalmente meus irmãos do candomblé e da umbanda uma pequena resenha (grande para Facebook), sobre o complexo tema "Nkisi é ou não é Orixá?" Fica aí uma longa reflexão maturada após muita pesquisa e noites de pensamentos. Que resultou no projeto de longa-metragem documental "Munzenza: O brado do tempo". Aproveito pra agradecer meu pai Tata Sajemi Ia Lemba pela paciência e tantas trocas. 



Nkisi é Orixá?


Demorei muitos anos para escrever este texto, talvez pelo fato de ter escolhido o Cinema como expressão sobre a religiosidade afro-brasileira, a partir da perspectiva de dentro dos cultos afro-bantu-indígenas, chamado de candomblé Angola-Congo. 

Quero com este texto ajudar aos irmãos mais novos e também a alguns mais velhos que julgam que nada mais têm para aprender, bem como aos resistentes em tentar compreender a própria religião, pois se hoje temos acesso à informação que nossos antepassados não tinham, que a usemos para não perpetuar o histórico de apagamentos que atingiu a população negra no Brasil, onde os alvos que foram mais massacrados por esta lógica foram os nossos antepassados que vieram da África subsaariana ou o antigo reino do Kongo, chamados de negros bantu. 

Não busco aqui impor uma verdade, mas apresentar dados que sustentam minha argumentação, que não é minha em si, mas nossa, amparada por conversas, vivências e métodos de pesquisa.

Ao leitor que não é do candomblé, farei uma breve explicação superficial sobre como o candomblé se divide. 

Aqui no Brasil desembarcaram negros de diversas etnias trazidos de reinos diversos da África, com culturas e crenças próprias, cosmovisões e teologias distintas. 

Primeiro desembarcaram os negros bantu, como já expliquei de onde vieram; posteriormente, aproximadamente 200 anos depois, chegaram os povos falantes do yorubá, conhecidos como “nagôs” e por último cerca de meio-século depois, os africanos escravizados de origem sudanesa, os jejes, falantes do fon, ashanti e outros idiomas nativos. 

De cada grupo populacional surgiu uma linhagem que compõe o candomblé, ou candomblés, sendo Angola-Congo, dos bantu; Ketu, dos “nagôs” da Nigéria e Benin; e Jeje, dos Mahim ou daomeanos, da região onde hoje encontra-se o Sudão/Etiópia e outros.

Cada linhagem traz consigo cosmovisões próprias, culturas, línguas e crenças também singulares, apesar de muitos pesquisadores equivocados, como o racista Nina Rodrigues, terem dito e escrito que o candomblé é o culto aos Orixás, assim se perpetuou e até hoje há quem acredite nestas afirmações. Nina Rodrigues chegou a dizer que os bantu não tinham uma religião. 

Uma mentira contada muitas vezes e referendada pelo aporte acadêmico torna-se uma “verdade” e se cristaliza no imaginário social, inclusive dentro da própria religião. 

O apagamento histórico que sofreu os povos bantu, que eram destinados para as áreas rurais, pela força física e pela “pouca beleza”, não tinham acesso às Casas Grande, bem como não compartilhavam com os brancos nenhuma informação da sua fé nos ancestrais e na figura de Nzambi Mpungu.


Hoje, muitos adeptos compram e propagam o discurso de que Nkisi e Orixá tratam-se da mesma “coisa”, ou da mesma “divindade”. Há aí um certo paradigma que é preciso desconstruir, mas para isso precisamos entender. 

Categoricamente, posso afirmar que NÃO, Nkisi não é Orixá e Orixá NÃO é Nkisi. Mas como posso ser tão assertivo? Vejamos o caminho lógico para tal informação, balizado por muitas leituras e conversas com angolanos e congoleses.

Muitos adeptos do candomblé têm imensa dificuldade em concordar que Nkisi NÃO é Orixá.

 

Escrevo este texto, não com base em achismo ou crença pessoal, nem porque "aprendi assim, assim que é", menos ainda porque "ouvi dizer". Escrevo a partir de um método rigoroso de pesquisa que cruza dados quantitativos e qualitativos, para compreender o campo religioso do candomblé, a partir de um longo levantamento bibliográfico, histórico, oral e uma diversidade de fontes aliadas com a vivência nos terreiros. Pois bem, dito isto vamos para questão central. Nkisi e orixá são a mesma "coisa"?

Tal perspectiva apaixonada dos adeptos não se sustenta se olharmos 3 pilares que diferenciam o culto a Nkisi do culto aos Orixás - aqui não farei nenhum juízo valorativo, tampouco de hierarquia, mas apontar as diferenças. São esses pilares: teologia, cosmovisão e historicidade.

Do ponto de vista teológico é impossível afirmar que Nkisi e Orixá são as mesmas “divindades”, vamos usar o objeto da Teologia, a relação do humano com “Deus”.

 

O elemento criador do universo e dos humanos para os bantu é Nzambi Mpungu, ou Kalunga (a depender da região e da etnia sofre variações no nome, mas a crença é similar); já para os nagôs é Olodumaré (ou Olorun). Precipitadamente, alguns se apressam para dizer que Nzambi é análogo a Olodumaré, eis o primeiro equívoco sincrético inter-religioso.

 

Quem ou o que é Nzambi Mpungu?


Primeiro, os povos bantu - não digo na modernidade, digo os mais antigos da era tribal, bem como os indígenas brasileiros - não acreditavam em um “ser supremo”, destacado dos humanos e das coisas do mundo.

Nzambi Mpungu é considerado a união das energias do mundo. A força geradora de tudo que existe e que move todos os seres viventes.

 

Nzambi habita cada elemento da Natureza e por ela também é formado. Não há nada no mundo que não tenha a presença de Nzambi Mpungu como energia que move e que é animada por ele.

 

Nzambi, antes da definição do colonizador europeu, que o assimilou ao Deus cristão e o descaracterizou, não significa “Deus poderoso”, “supremo”, mas “ser vivente”. Ou seja, tudo que vive contém Nzambi e Nzambi contém tudo que vive.


É preciso fazer uma distinção na palavra “viver”, que para os bantu não é estar vivo no plano material, mas existir no mundo, pois vida e morte coabitam no mesmo mundo – falarei disso adiante.

Nzambi não foi o criador do universo, mas a sua força geradora, através dele as forças naturais se autocriaram, como no Big-Bang. Não há nesta figura nenhuma aproximação com o humano, com seus sentimentos e personalidades.


Nzambi não encontra uma forma, logo é amorfo, tampouco é um delegador de poderes, pois ele é O Poder e todos dele que provém também são O Poder.

Nzambi está dentro de nós, não fora de nós. Isso faz com que se aceite a Natureza também como divindade, pois se ela é Nzambi, ela também é “Deus”, logo teologicamente os bantu são henoteístas.


Dito isto, e Olôdumare?

Esta figura nagô é mais assimilada ao “Deus” cristão, todavia é preciso cautela antes de dizer que é a mesma “coisa”, pois é impossível conceber Olôdumarepela ótica cristã e ocidental.

 

Olôdumare criou o mundo e se afastou da criação se recolhendo no Orun, onde habitam os mortos notáveis e as divindades, seria equivalente (mas diferente) do céu cristão.


Olôdumare deixou na Terra humanos, delegando a eles poderes para regerem (ou zelarem) pelos elementos da Natureza, assim com características humanas, tanto em forma como em personalidade, considerados os nossos primeiros ancestrais, que ao se desligarem deste plano foram alçados ao grau de ancestrais divinizados, para viverem no Orun, mas também junto aos elementos da Natureza, o que não quer dizer que eles sejam a Natureza. Essas figuras ancestrais são veneradas até hoje nas terras da Nigéria, Benin, e demais países falantes do Yorubá.

Logo, os nagôs são teologicamente politeístas, apesar da figura de um “Deus supremo”, acreditam que há outros deuses capazes de intermediar a relação dos humanos vivos e/ou mortos com Olôdumare, inacessível aos humanos.


Diante desta diferença teológica, vamos ao segundo ponto: cosmovisão, pois estão entrelaçados.

Se Nzambi está entre nós, então não existem dois mundos para os bantu?

A resposta é NÃO.

 

Existe um único espaço coabitado por seres materializados (vivos) que trazem em si a energia vital de Nzambi, mas também os “mortos” habitam esse mesmo espaço, o que há é uma divisão energética, imaginária entre esses mundos, porém não há céu e terra, não há um espaço onde habita Deus e as divindades destacadas dos humanos.


Quando morremos, nos tornamos antepassados, que podemos ser venerados e lembrados pelos seres “viventes”, permanecemos “vivos” como energia e podemos auxiliar os “viventes” na sua passagem pela “vida”. A depender do papel social que desenvolvemos e da relação harmoniosa que tivemos com o mundo (dos vivos/mortos), podemos após muitos e muitos anos sem “viver” (materialmente) nos tornar ancestrais que regressam à energia da Natureza (opa, não parece algo que ocorreu com os primeiros ancestrais nagôs?).

Nós acessamos “Deus” (Nzambi) muito facilmente através de reequilíbrio energético, onde estas energias que são a própria Natureza é que nos ligam uns aos outros e a Nzambi, daí surge a filosofia do Ubuntu, “eu sou porque nós somos”. Todos os elementos do mundo estão interligados, não há distinção entre Deus/Natureza/ humano/animais, pois nos humanos e em seres animados e inanimados habita água, fogo, ar, terra, materiais químicos que também são Natureza.

Pois bem, uma vez que o ser humano ao “morrer” vira antepassado e a depender da circunstância torna-se ancestral divinizado, não estaria esta figura muito próxima aos Orixás nagôs? ... A reposta é sim.

 

Mas estas figuras “mortas” que se tornam ancestrais são os Jinkisi (plural de Nkisi)? A resposta é NÃO!!!

 

Pois o Nkisi seria a própria Natureza, que liga todos os elementos do mundo a energia condensada e mobilizadora chamada Nzambi. 


Nkisi é anterior aos ancestrais, pois é a energia vital de tudo que existe e coabita. 


Nkisi não é diferente de Nzambi, mas é muito diferente de Orixá.


Daí qualquer tentativa de sincretização inter-religiosa corrobora com o apagamento destas filosofias e cosmovisões dos povos bantu. Por isso vou ao terceiro ponto, para que não reste dúvidas: a historicidade. 

Muitos irmãos dizem que o candomblé nasceu misturado. Afirmam categoricamente que Nkisi e Orixá são as mesmas divindades, pois os negros tiveram contato na senzala e por isso partilharam sua fé comum e construíram uma religião. 

Outros vão além e se aventuram a dizer que a mistura se deu já nos navios negreiros. Com o passar do tempo na troca cultural, o candomblé nasceu como um culto basicamente a Orixás no ketu, Nkisi no Angola-Congo e Vodun no Jeje, e que só muda o nome.

Esses são equívocos precedidos de preguiça para uma mirada histórica. Vamos a elas:

a) Os negros bantu desembarcaram no Brasil em 1517, pois já havia colonização portuguesa na África banta, alguns estudos mais ousados apontam desembarque em 1507.

Fato é que os primeiros nagôs a desembarcarem no Brasil datam do século XVIII, ou seja dois séculos de diferença, ou no mínimo 3 gerações. Os bantu tiveram até bisnetos antes da chegada nagô, como pode o culto às divindades africanas no Brasil ter surgido misturada?

 

Se houve mistura foi dos bantu com os indígenas, talvez a primeira grande característica ritualística que separa os cultos bantu dos demais cultos do candomblé. Pois o angola-congo nasce de uma mistura com as crenças indígenas, não com nagôs.


b) É sabido, ou deveria ser, que havia uma separação entre bantu e nagôs. Após a abolição da escravização de indígenas, se acentuou o desembarque nagô, enquanto os bantu foram direcionados para áreas rurais, lavouras e minas, os nagôs por serem “mais bonitos” e “mais inteligentes” - típico do racismo brasileiro que tenta criar apartamento entre negros - eram direcionados para as Casas Grande e para “cidades”, enquanto os bantu permaneciam no campo.

Obviamente, qual culto era mais visível aos brancos?

 

Dos nagôs, certamente, é onde nasce o sincretismo, visto que a cosmovisão e a teologia nagô é mais próxima (não similar) ao cristianismo?

 

É fácil apontar Ogum como São Jorge ou São Sebastião, Yansã como Santa Bárbara, visto que ambos são ancestrais divinizados, guardada as proporções teológicas e cosmovisão, porém tal correlação é impossível com as divindades banta, daí aparentemente surge o sincretismo inter-religioso, movido pelo sincretismo extra religioso com o catolicismo. 


Os bantu para explicarem ao branco o que era Nkisi, precisavam assemelhá-lo ao Orixá, que por sua vez era sincretizado como santo católico. Convenhamos que hoje já não precisamos mais disso.


c) No campo já havia culto a antepassados e às “divindades” Natureza, muito similar ao que acreditavam os indígenas:

“Deus sol” para o bantu é Muilo, 
“Deusa Lua e água doce” é Ndanda Lunda; 
“Deusa mar” é Samba Kalunga, 
“Deus planta” é Katendê e assim por diante. 

Nkisi nesta concepção não tem forma, nem personalidade, nem sentimento humano. É simplesmente a força da Natureza.

Tal concepção partilhada com os nagôs fez criar um sincretismo inter-religioso, pois o mais similar a Ndanda Lunda é Oxum, mas não significa que se trate da mesma “divindade”, segundo os nagôs Oxum viveu, virou antepassada e ancestral que “rege” (zela) as (pelas) águas doces, seria então Oxum zeladora da força da água doce, a “sacerdotisa” ancestral capaz de invocar e intermediar a relação dos humanos com a força Ndanda Lunda? (obviamente isto é só uma provocação para pensarmos, mera ilustração).

 

Não seria nenhum absurdo fazer tal afirmação, mas Ndanda Lunda não é Oxum. E Oxum não é Ndanda Lunda, embora haja uma possível correlação pelo elemento água. Todavia isso nem sempre é possível, uma vez que os bantu tem divindades singulares que não encontram similaridades com Orixás nagô. Como Kitembo.


d) O ritual de morte, conhecido como Ntambi, pode ser visto no interior de Minas Gerais, até os dias atuais, e tal ritual é extremamente similar ao que se passa no candomblé bantu, com corpo presente e demais elementos ritualísticos. 

Logo, não se sustenta a ideia de que foram os bantu que incorporaram elementos nagôs, com o passar do tempo as trocas se tornaram ferramentas de resistência, mas cada um respeitando as suas singularidades. Se houve um hiato de duzentos anos entre bantu e nagôs, é absurdo dizer que não havia culto africano ou até mesmo candomblé antes dos nagôs.

Para não me estender mais, finalizo dizendo que tentei pontuar algumas características teológicas, de cosmovisões e historicidades que diferem a crença bantu da crença nagô. Fazendo isso, acredito que respeito ambas identidades culturais/religiosas, devolvendo aos nagôs a possibilidade de contarem as suas histórias e a nós religiosos bantu o reforço a nossa identidade e filosofias. 

Devemos ser gratos aos antepassados que resistiram e trouxeram nossa tradição banta até hoje, pois esta ideia de que Orixá é Nkisi e vice-versa faz parte de um sistema opressor, violento de apagamento cultural, social e religioso de negros bantu no Brasil.

É preciso muita responsabilidade para expor socialmente dilemas do candomblé. Obviamente num dado momento foi vital para luta negra e da religião que fossemos todos uma coisa só, porém este tempo passou e é necessário, nos dias atuais, que demarquemos nossas identidades, isso não significa separar, mas respeitar a historicidade de cada linhagem, pois ancestral que não é lembrado deixa de existir.

Evitei entrar em pormenores religiosos, que explicam ainda mais as diferenças, mas acredito que tem coisas que só quem é de dentro deveria saber, porém já que muitos “estudiosos” do candomblé de dentro e de fora, tratam este ponto da “não diferença” como uma verdade, achei por bem expor ao menos um pouco uma outra mirada.

 

Argumentos aparentemente bem balizados, podem reforçar paradigmas excludentes e que invisibilizam uma população de terreiro que resiste até hoje para sustentar seus ancestrais bantu.

 

 

Publicado no perfil Facebook de Tata Sajemi la Lemba

https://www.facebook.com/photo/?fbid=3325655300888165

 

Transcrição: Luiz L. Marins

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

CABINDAS

Os CABINDAS, designação hoje dada aos habitantes do País de Cabinda (abrangendo todos os clãs irmãos - Bauoio, Bakongo, Basundi, Balinge, Bavili, Baiombe, Bakoki ... ) mas que, de começo, por proveniência Clánica era confinada aos do antigo Reino de Ngoyo e mais propriamente aos da região da actual cidade de Cabinda e arredores mais chegados, sendo povos que fazem parte da grande família banta, por suas qualidades, usos e costumes sobressaem entre os outros.

O Cabinda é, certamente, de todos os povos africanos, o que se aponta com mais freqüência como exemplo de índice de, maior desenvolvimento e progresso em toda a gama de valores humanos.

Casas arejadas e asseadas, mesmo as de colmo e papiros, alinhadas ao longo das estradas por entre filas de palmeiras c coqueiros que emprestam, nos dias de grande calma, a sua sombra aos habitantes; gente palradora e comunicativa entre a qual havia sempre alguém - e hoje quase todos e todas - a poder dar-nos informações pedidas num português já muito sofrível e ajuda pronta em qualquer necessidade.

A língua dos Cabindas -o Kiuoio (ou Iuoio) e Kikongo

As principais «divindades» eram:
Kuiti-Kuiti
Mboze
Lusunzi
Nkanga
Mvemba
Lunga
Bunzí ou Mbungi
Nkunda Mbaki Nranda
Makunku

1 - KUITI-KUITI (Nzambi-Mpungu, uivanga naveka = O Nzambi-Mpungu, o que se fez a si mesmo)
Apresenta-se como filho de um deus que nasceu velho na terra, em Mboma Yala Linsongo.
Teve como irmãos a Nkunda Mbaki Nranda e Mboze.
A mulher era a sua própria irmã, Mboze, de quem teve dois filhos: Né-Mbinda Né-Mboma e Nkanga.
Numa das ausências de Kuiti-Kuiti, Mboze teve relações com o seu próprio filho Nkanga. Concebeu. Kuiti-Kuiti tendo conhecimento da traição e vileza da mulher, conhecimento através de um sonho, regressou a casa e pegou-se com seu filho Nkanga. Isto aconteceu em dia de nevoeiro cerrado (= Mbungi).
Nkunda Mbaki Nranda reprova o proceder de Kuiti-Kuiti, seu irmão, por ter morto Mboze e Nkanga. Então, Kuiti-Kuiti faz ressuscitar os dois ao mesmo tempo.
À criança nascida deste crime de incesto foi dado o nome de BUNZI que, na interpretação de Fernandes, queria dizer: «Assistente de dois deuses em luta.»

Passados tempos, Né-Mbinda Né-Mboma, o outro filho de Kuiti-Kuiti, pede ao pai uma mulher para casar.
Kuiti-Kuiti mata os dois gémeos aIbinos, abandona na Europa os filhos destes e regressa sozinho às terras de Ngoio, indo habitar Mboma.
Sua mulher Mboze vai visitá-lo e, mostrando-lhe as duas filhitas que levava, diz-lhe: «aí tens duas filhas que tive de teu filha Né-Mbinda Né-Mboma.»

2 - MBOZE
É irmã e mulher de Kuiti-Kuiti, como se deixou dito.
Depois da ressurreição de Kuiti-Kuiti, Mboze reformou a sua vida.
Mulher de grande beleza, umas vezes era encontrado muito bem vestida, outras fingindo de pobre miserável, esfarrapada e imundal

3 - LUSUNZI
Filha de Né-Mbinda Né-Mboma e de Mboze.
Teve por marido seu irmão Nkanga.
Seus irmãos: Bunzi (irmão e sobrinho), Mvemba (irmã e sobrinha) e Madia-Mamboze (irmã e prima)!

4 - NKANGA
Filho de Kuiti-Kuiti e de Mboze é marido de sua própria irmã Lusunzi,
Presidia a todas as grandes cerimónias.
Governava, espiritualmente, as terras de Kingangaka, Ngoio, Kankatu e outras.

5 - MVEMBA
Filha de Né-Mbinda Né-Mboma e de Mboze e irmã de Lusunzi e de Bunzi.
Era invocada nas grandes calamidades.

6 - LUNGA
Também filha de Né-Mbinda Né-Mboma e de Mboze e irmã de Lusunzi.
É «deusa» de muita representação nos casos que dizem respeito à salvação do «seu» mundo. Habitava nas pequenas florestas das margens do rio que tem o seu nome, na Muanda (Rep. do Zaire), junto à foz.

7 - BUNZI ou, melhor, MBUNGI
Filha de Nikanga e de Mboze.
Foi por causa deste nascimento incestuoso que Kuiti-Kuiti, marido de Mboze, matou esta e seu filho Nkanga.
No momento em que os dois homens lutavam, Mboze, antes de morrer, ouviu dentro de si uma voz que lhe dizia: «Telamena bobo, kaza minu nzoleze umona monso mivioka avava» - Espera que eu quero ver tudo o que se passa aqui». E nesse mesmo instante nasceu MBUNGI e este nome recebeu porque nessa altura, dizem, havia muito nevoeiro (Nevoeiro = Mbungi).
MBUNGI (ou BUNZI) é invocado, principalmente, nas terras de Mputu Kinzazi e Matamba.

8 - MPANGI
Filha adoptiva de Lusunzi.
O seu habitat era numa pedra que se encontrava na encosta do morro do antigo Porto Rico. A essa pedra lhe chamavam: Limanha liMpangi = Pedra de Mpangi. Era o Nkisi-Nsi da terra, o espírito protector.
E por causa desta «destruição», afirmam os naturais de Cabinda, tanto Mpangi como Lusunzi deixaram as terras de Ngoio. Lusunzi foi para S. Tome e Mpangi para a antiga capital do Reino do Loango, Buáli. Mas não deixaram, contudo, de ter influência sobre as gentes de Cabinda.

9 - NKUNDA MBAKI NRANDA
Irmão de Kuiti-Kuiti e marido de Nsansa-Kunda.
Era o «deus» da chuva. Tinha cauda. Quando invocado para fazer cair chuva, apontava a cauda para o céu. Mas quando julgasse bem, como castigo, apontar a cauda para baixo era mais do que o bastante para não chover!

10 - MAKUNKU
Filho adoptivo de Lusunzi.
Era o «deus» das preocupações. Era grande o seu poder sobre o movimento do sol. Trabalho que começasse, tinha que ser terminado antes do sol posto. Mas se se enganava e o trabalho levava mais tempo do que contara? Era simples. Mandava recuar o sol para que lho desse tempo de terminar a tarefa!
(Até parece o dito milagre de Josué, na Bíblia - Cf. Livro de Josué, X12,15!)

11 - DIVINDADES DE SEGUNDA ORDEM
São todos filhos adoptivos de Lusunzi, «deusa» dos bons costumes e a restauradora da moral natural nas terras de Ngoio.
Vela-Ke-Lusunzi, andrajoso e pobretão, vagueava pela praia e pelo Kizu.
Mbaki-Lukola-LiMpangi; Mundala-Mpangi; Lukika-LiMpangi. Estes habitavam junto ao riacho Lukola.
Kinkinda e Kilili - na Muanda.
Kimpukulo e Kinsunda - por várias regiões.

Esta mitologia Cabinda, não destrói nem exclui o sistema Religioso comum a todos os clãs Bakongo.

Se pode haver, v. g. entre os de Ngoio, uma ou outra particularidade, fruto da rica Tradição dos Cabindas - como a de A. J. Fernandes - o sistema religioso que vamos apresentar é o de todos: Bauoio, Basundi, Balinge, Baluango, Bavili, Bakongo propriamente dito, etc., etc., (dos nove clãs descendentes de Vua li Mabene).

NZAMBI - A maior divindade
Todos os clãs Bakongo conhecem Deus sob o vocábulo NZAMBI ou NZAMBI MPUNGU.

NZAMBI é bom. Chamam-lhe Tata, Tat itu: Pai, Pai Nosso; Tata Nzambi = Deus Pai.

É do Nkisi-Nsi que o chefe recebe o poder. É do Nkisi-Nsi que, nos Bauoio - Cabindas - toda a comunidade, por cerimónias públicas, procurava conquistar graças e favores. É em nome do Nkisi-Nsi que os Zindunga, chamados também mulheres do Nkisi-Nsi (Bakama Bakisi-Nsi) ou «soldados», fazem o policiamento das terras de Cabinda e velam pela guarda dos bons costumes e leis de Lusunzi, que não são mais do que as leis do Nkisi-Nsi.
É ainda pelo Nkisi-Nsi que, praticamente, em todos os clãs do num País de Cabinda, fazem entrar as jovens, chegadas à idade núbil, no NZO KUMBI («Casa da Tinta») para, depois, tomarem estado, casando-se ou, mesmo, entregando-se a uma vida fácil.

Em atenção ao Nkisi-Nsi, abstêm-se as pessoas de certos actos fora do casamento ou observam certos costumes nas relações conjugais...
Ao Nkisi-Nsi ficam ligados todos os que nascem de uma forma tida por «anormal», a saber:

A) Os ZINDUNDU (sg. NDUNDU) = Albinos.
Porque os aIbinos, de um e outro sexo, são incapazes de geração (dizem) atiram-nos para o número dos monstros.
Outrora, era costume apresentarem os «Zindundu» ao Rei. Eram, depois, ensinados na prática da magia e passavam a servir de magos ao Rei, que seguiam e acompanhavam sempre.
Ninguém ousaria ofendê-los com qualquer afronta. Eram respeitados por todos. Se iam ao mercado podiam tomar o que quisessem e ninguém lhes iria à mão.

B) BASIMBA, os gémeos. Tidos também por filhos, do Nkisi-Nsi. Havia para com eles as atitudes respeitosas que tinham para com os aIbinos

C) Os NSUNDA (pl. BASUNDA), os que nascem pondo, primeiro, as pernas fora do ventre materno.

D) Os KILOMBO - Os que revelam, em sonho, a sua origem estrangeira.

E) Os mortos com VIMBU. Vimbu, doença que faz inchar. Vem do verbo Kuvimba -Inchar, engrossar.

F) As que morrem grávidas e todo aquele ou aquela a quem não cortaram os cabelos ou as unhas...

Jura-se e amaldiçoa-se, ainda hoje, pelo Nkisi-Nsi.
É que o Nkisi-Nsi, por bom e generoso que seja, também pode encolerizar-se e vingar-se.
Há quem tenha visto nesta espécie de culto uma como que idolatria.
«Je n'oserais pas me prononcer en faveur de cette thèse», afirma o P. Bittremieux.

Assim, o nome de Nzambi dado a uma estatueta, ou o facto de recorrer «directa e unicamente aos bons serviços dos espíritos», estes «agindo por sua vontade e como se fosse por seu próprio poder», dispondo da vida e da morte, da saúde e da doença, - da chuva e da seca, como se fosse DEUS, parece-me, continua Bittremieux, susceptível de uma outra interpretação bem diferente de uma idolatria formal, ou mesmo material.

VUÁ-LUSANGA
Na aldeia do Kakata. Este Nkisi-Nsi «vivia» numa árvore de nome Nunga-Nsende que se encontrava num pequeno bosque, mesmo junto à casa do soba Estanislau Kimpolo.

Havia um outro Nkisi-Nsi de nome KIUNGU-MPATI.

Este tinha o seu habitat em duas mateveiras, tão juntinhas, diziam, «que até pareciam homem e mulher.»

KIVUMA
Era o Nkisi-Nsi do Lusiese. Seu habitat: numa pedra que se encontrava no bosque vizinho. E, convencidos, afirmam tratar-se «de um pedaço de uma estreia, caída em dia de trovoada.»

TULA-KITUNZI
Encontrava-se num embondeiro junto à lagoa deste nome. Era lagoa, em tempos, muito abundante de peixe.
O embondeiro estava pintado a vermelho, branco e amarelo.

NKULU
Um pequeno riacho de nome NKULU MUANA NTELA=Nkulu, filho de Ntela.
Antigamente, dizem, na lagoa que ali perto existia, as canoas não se aquentavam. Canoa que lá se colocasse aparecia no dia seguinte rachada em duas!

MBUKU
Nkisi-Nsi da aldeia do Kinguinguili. Residia numa mafumeira que se encontrava no meio de um pequeno bosque. Estava ela pintada, até à altura de um homem, a vermelho e branco.
As mulheres estavam proibidas de se aproximarem. Eram os homens quem limpava o recinto.

NHOKO-NDOMBE
O Nkisi-Nsi do Banda-Sanvi
Tinha assento numa árvore de nome MBULU (dizem que semelhante à da fruta-pão) no meio de um pequeno bosque.

No dia da limpeza e «benção» cantavam:
Kunhema bantu, kunhema nsí ko - Nsi a bantu.
Gabar-se de ter gente, não se gabar da terra - A terra tem gente.

KIKALA-NGUNGO
Encontrava-se num pequeno bosque o numa árvore NSANHA que lá existia.
Porque se chama Kikala-Ngungo?
Uma mulher, certo dia, foi ao seu campo colher ngungo, uma espécie de Uando (Guando) - Cajanus flavus. Apanhou muito ngungo.
Ao passar junto ao tal bosque onde se encontrava o Nkisi-Nsi ouviu alguém a perguntar-lhe se tinha feito boa recolha.

NGULUNGU-MBUSI
Na aldeia do UANGULO.
Este Nkisi-Nsi encontrava-se no meio do povo, debaixo de um pequeno coberto «muanza».
O que fazia parte do «feitiço» estava encerrado dentro de dois grandes cestos, de dois Ntende-Ngoio.
Ntende = Cesto.
Ngoio = de Ngoio, por ser feito em Cabinda.
Dentro dos cestos havia: ossos de ngulungu, de pacaça e de porco do mato, giz, cal e paus MpalaBanda e de Kindombe.
Os paus tinham que ser tortos, bifurcados ou curvos, e limpos da casca.
Quando faltava a caça ou o pescado nos rios e, sobretudo, nas lagoas, passando bastante tempo sem se conseguir caça e pesca, o dono da terra (Nfumu-Nsi) mandava capinar o local para atrair a bênção do Nkisi-Nsi.
As mulheres, nessa altura, ao mesmo tempo que capinavam, cantavam:

É ... i... à, Ngulungu-Mbusi
Aié... bálale...
Ngulungu-Mbusi
Aié... bálálé...

P. JOAQUIM MARTINS, C. S. SP.
(Historiador Laureado de Cabinda)



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