sexta-feira, 27 de julho de 2018

Arole, Aremo e Adele


Luiz L. Marins


27/07/2018

A palavra ioruba àrólé (pronuncia-se arolê) quer dizer: “herdeiro, aquele que sucede o chefe da casa ou um posto oficial.”

A palavra ioruba àrèmo (pronuncia-se arémó) significa: “príncipe primogênito e futuro herdeiro do trono real”.

A palavra ioruba adèlé (pronuncia-se adelê) significa: “representante de uma pessoa, delegado; aquele que age em nome de outra pessoa; uma pessoa por uma casa na ausência de seu proprietário”.


Entretanto, no trato de sucessão real Ioruba, não é tão simples assim. Por isso, queremos registrar aqui a fala da Ioruba Rukayat Adelakun, que a ofereceu em uma postagem do grupo Òrìsà University, no Facebook (link abaixo), na qual esclarece um pouco mais sobre o significado de “àrólé”.

 Vejamos:

RUKAYAT ADELAKUN







“Na terra e cultura iorubá, o primogênito masculino de uma família é chamado de "àrólé".


A palavra àrólé não tem nada a ver com a realeza ou linhagem da família real. 

Todo filho primogênito macho de uma família é um "àrólé". Seu primeiro filho nascido macho é um àrólé.
 

O Aláàfin não pode ser um àrólé porque a primeira filha de Okanbi, que por acaso era neta de Oduduwa, era uma mulher. Os sete filhos de Okanbi eram três mulheres e quatro homens.


A primeira mulher é a mãe de Owu, e a primeira criança do sexo masculino é Orangun, que é, na verdade, o àrólé de Okanbi.
 

O único àrólé de Odùduwà é Okanbi, não o Ooni. O Aláààfin é o último filho nascido de Okanbi.


Um rei só terá UM “àrémo” (príncipe). Já que Aláààfin tem irmãos e irmãs mais velhos, ele não pode ser o Àrólé.

O Ooni Ifè não é biologicamente ligado a Odùduwà, que veio a ser o progenitor da raça Iorubá.


Ooni é um zelador, e na terra ioruba o nome é "Adèlé" um zelador dos deuses, porque ele era um adivinho para o Aláààfin, ele consultava os deuses (òrìsà) para o Aláààfin.


Se Ooni está chamando a si mesmo de "Àrólé Oduduwa", é apenas um auto intitulamento para si mesmo, porque, na verdade, representa o zelador dos deuses e dos santuários.


Seria melhor que ele fosse um “Adèlé” e não “Àrólé".



















 Um exemplo “real” sobre adèlé, está no livro “A História dos Iorubas”, Samuel Johnson, que registra o mito de Oraniyan, então rei em Ilé Ifè, o qual, ao sair para lutar, deixa um representante em seu lugar para cuidar das obrigações religiosas chamado Adimu Ola, conhecido Omo Oluwo mi. (Ver link abaixo)


Referências: 



QUEM FOI O PRIMEIRO OONI IFE – Ile Axé Nagô Kóbi


JOHNSON, Samuel. The History of the Yoruba, CMS, Lagos, 1921.


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