Postado por Hérick Lechinski
Em 15/03/2023 acesso em 16/03/2023.
"AFRICANIZAÇÃO OU RE-AFRICANIZAÇÃO DO CANDOMBLÉ
Em decorrência dos acontecidos nos últimos dias, algumas pessoas têm me questionado qual é a minha opinião sobre: adeptos do Candomblé que vão buscar aprendizados dentro da África, em tradições africanas e trazem isso para o Candomblé, fazendo uma "religião mista", tipo: pessoas levando balaio na rua vestidos de roupas metade preta e metade vermelha, pessoas de Candomblé falando de Ẹgbẹ́ Ọ̀run, sem citar aquelas que são de Candomblé, mas também são iniciadas em Ifá cubano ou nigeriano, porque é moda no Brasil.
Vamos lá, com todo respeito a quem pensa e acredita diferente do que eu acredito.
Eu sou totalmente contra esta AFRICANIZAÇÃO (ou RE-AFRICANIZAÇÃO) do Candomblé. Isso tem dado uma mistura do kacete, e confundindo muito as pessoas. Eu mesmo já vi "famoso de Internet" cultuar Exu Tranca-Ruas, Òrìṣà Èṣù e Osha Elegguá tudo junto, maior salada. Eu conheço, sei diferenciar, não caio nestes balaios de gato, e quem não conhece? Está lascado, coitado.
Não sou a favor disso, sou a favor de adeptos do Candomblé preservarem suas tradições AFRO-BRASILEIRAS através das suas casas matrizes e não da Nigéria. Mas e quando a Casa Matriz também está fazendo estas misturas? Aí meu caro, phodeu.
A única coisa que sou a favor de resgatar é o idioma, isso facilita as pessoas aprenderem e saberem o que falam, rezam e cantam. Vão saber por exemplo, que pombo é Ẹyẹlé (Éiélê) e não Erinlê como muitos falam. Vão aprender que serpente/cobra é Ejò (Edjô) e não Dan. Isso eu sou totalmente a favor de irem buscar e trazerem para o Candomblé. Nem as roupas africanas de Ankara eu sou a favor, porque roupas tradicionais de Candomblé é baiana, pano da costa, etc. Tão bonito ver uma baiana bem montada.
Agora se você não está contente com uma tradição afro-brasileira (Candomblé, Batuque, Tambor de Mina), largue e vá para uma tradição africana (Ẹ̀sìn Òrìṣà Ìbílẹ̀, Vodunsisen, etc.), não está contente, largue e vá para uma tradição brasileira (Umbanda, Quimbanda, etc.). Quer praticar duas, três, tudo bem, SÓ NÃO MISTURE. Eu vim de uma casa mista, e sei como é complicado, tive que estudar muito para colocar cada coisa no seu lugar.
Se você ama a tradição religiosa que diz amar, ENTÃO PRESERVE SUA TRADIÇÃO.
NÃO É A QUESTÃO DO QUE É CERTO OU ERRADO E SIM A QUESTÃO DE O QUE É TRADICIONAL E O QUE NÃO É.
Hérick Lechinski
Foto meramente ilustrativa"
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